Teoría Crítica de la Enseñanza: Ilustração na investigação-ação de Carr e Kemmis

Documentos relacionados
A FILOSOFIA NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR... PARA QUÊ? * Palavras-chave Filosofia da Educação ; Educação e emancipação ; Formação de professores

Toda educación no formal es educación popular? Una visión desde Argentina

A PRODUÇÃO DO SABER ESCOLAR INTERLIGADA AO DESAFIO DE PROMOVER PROCESSOS EDUCATIVOS DE PESQUISA-AÇÃO 1

Disciplina: 09124P Seminário: Grupo Mirar: Formação de Professores de Ciências Articulada ao Desenvolvimento Curricular II

UNIVERSIDADE DE UBERABA PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO HELENA BORGES FERREIRA

ATIVIDADES DE ASSISTÊNCIA E INCLUSÃO SOCIAL PRATICADAS PELO NÚCLEO DE PRÁTICA CONTÁBIL A GRUPOS VULNERÁVEIS

O Ensino do Espanhol como Língua Estrangeira: Estimular a Aprendizagem através do Lúdico. Índice. Introdução 11

Conocimiento Tradicional y Derecho Indígena

INDISSOCIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: A RELEVÂNCIA DO PROJETO PIBID COMO INSTRUMENTO VIABILIZADOR DA INSERÇÃO SOCIAL

22/08/2014. Tema 7: Ética e Filosofia. O Conceito de Ética. Profa. Ma. Mariciane Mores Nunes

Diagnóstico do Desenvolvimento e Oportunidades de Melhorias na Educação Profissional

O professor e o desenvolvimento do currículo: entre a conformidade e a transgressão

A ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM: PORTFÓLIO REFLEXIVO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

ALAYDE MARIA PINTO DIGIOVANNI ENTRE A SENSIBILIDADE E A RAZÃO: MÚLTIPLAS VOZES DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA ENUNCIADAS EM UM PROCESSO REFLEXIVO

[2012] Saberes Bolivianos Su espacio En la web. Boletín [Mayo]

Uma universidade brasileira, pública e gratuita, com caráter internacional Una universidad brasileña, pública y gratuita, con carácter internacional

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ARTES VISUAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA VISUAL MESTRADO PLANO DE ENSINO DISCIPLINA EMENTA

1. A dialética de Hegel a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, friocalor).

A Modernidade e o Direito

Seis pistas que relacionam as emoções à satisfação profissional

Perspectivas de Treinamento de Professores de Ciências secundários em Espanha

TEXTO. Post no Estratégia Tradução Livre 22/2016 Prof. Adinoél e Profa. Elenice. (Fonte:

RELATO DOS RESULTADOS DA ANÁLISE COMPARATIVA DA DISSERTAÇÃO MARX E FREIRE: A EXPLORAÇÃO E A OPRESSÃO NOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO HUMANA. 1.

Universidade de São Paulo Faculdade de Educação. Viviane Vieira

UFBA - 2ª FASE 2011 UFBA - 2ª FASE 2011 ESPANHOL QUESTÕES de 01 a 06 ESPANHOL TEXTO I QUESTÕES 01 E 02

Interbits SuperPro Web. Gabarito: Resposta da questão 1: [A]

O TRABALHO EDUCATIVO E SUA RELAÇÃO COM A APROPRIAÇÃO DE CONCEITOS CIENTÍFICOS E COM O DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO

IMMANUEL KANT ( )

A docência no ensino superior: a formação continuada do professor-formador e a reflexão crítica da sua ação docente

SABERES DE PROFESSORES E SABERES DOS PROFESSORES: PERCEPÇÕES E APROXIMAÇÕES TEÓRICAS 1

Jorge Patrício de Medeiros Almeida Filho

59. As perguntas dos estudantes sobre reações químicas e os livros didáticos: uma análise comparativa e compreensiva

Planejamento estratégico

FORTALECENDO A DEFESA, A CONFIANÇA MÚTUA E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO SUL-AMERICANA

IX SEMANA ACADÊMICA DE

LOS MINERALES INDUSTRIALES LOS ÁRIDOS Y EL CEMENTO LA PIEDRA NATURAL LA MINERÍA Y EL MEDIO AMBIENTE ANEXOS

ERGOS SHELL: UMA CADEIRA, INFINITAS POSSIBILIDADES.

LÍNGUA ESTRANGEIRA ESPANHOL 04/07/2010. Caderno de prova. Instruções. informações gerais. boa prova!

MODELOS DE RACIONALIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: LEVANTAMENTO DE PESQUISAS NA BDTD ( )

UNIVERSIDADE DE UBERABA PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÁTIMA GARCIA CHAVES O CICLO INICIAL DE ALFABETIZAÇÃO E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES

Instrumento. COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de Gêneros Textuais. Belo Horizonte: Autêntica, Mariângela Maia de Oliveira *

Reflexões Sobre a Prática e o Discurso Docente no Ensino Jurídico no Brasil e na Argentina ( ) em Particular na Disciplina de Direitos Humanos

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

LATIM ORIGEM E ABRANGÊNCIA CURSO, PERCURSO, ATO DE CORRER

Análise do discurso sobre o currículo presente em um referencial curricular oficial de Química para o ensino médio em Goiás-Brasil


Uma investigação sistemática destinada a produzir conhecimentos generalizáveis

Educação Inclusiva. O Panorama Latinoamericano e as perspectivas para Lisete Maria Massulini Pigatto.

Cómo citar el artículo Número completo Más información del artículo Página de la revista en redalyc.org

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2401N - Relações Públicas. Ênfase. Disciplina RP00007A - Filosofia e Comunicação.

Secretaria Municipal de Educação

A fugacidade das políticas, a inércia das práticas: a educação e as tecnologias da informação e da comunicação

ANÁLISE QUALITATIVA SUPORTADA POR COMPUTADOR ANÁLISIS CUALITATIVO APOYADO POR ORDENADOR COMPUTER SUPPORTED QUALITATIVE ANALYSIS

Espanhol 3º ano. Recursos

PRIMERA REUNIÓN DE COORDINACIÓN DEL PROYECTO RLA Santiago de Chile 2-4 May, 2012

O Projeto da Modernidade em Habermas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

SABER AMBIENTAL E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS A CONTRIBUIÇÃO DE ENRIQUE LEFF 1. Janaína Soares Schorr 2, Daniel Rubens Cenci 3.

ESCALA E TERRITÓRIO DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL RURAL: INTERPELAÇÕES PARA A GEOGRAFIA

EDITORIAL OS EDITORES

PROFESSOR-REFLEXIVO: DA ALIENAÇÃO DA TÉCNICA À AUTONOMIA DA CRÍTICA

1ª Fase PROVA OBJETIVA FILOSOFIA DO DIREITO

Bonifácio Andrada abordou Os fatos históricos de 1964 e a situação

Plano de Ensino-Aprendizagem do Componente Curricular

??0 2 ' 3*= (A B?);' ) 2<? 0"C- *D 2()2 ' 3 (E F BG?HA)GG? ) =!J4 KK &) A) ' * + 2 / ) ' ) C;H<AH(A?

Aula 19. Bora descansar? Filosofia Moderna - Kant

O Conceito de Esclarecimento Segundo Kant

CONCEPÇÕES ÉTICAS Mito, Tragédia e Filosofia

internacional MBA hispano-luso

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: CONCEPÇÕES DE ENSINO E PRÁTICA REFLEXIVA 1

GT Sujeitos: Pessoas com Deficiência e Educação Especial O SURDO NO ENSINO SUPERIOR: O QUE PENSAM OS SURDOS E O QUE DIZEM OS PROFESSORES?

Internacionalização e Permanência na Educação Superior: Um Olhar Voltado ao Ciência sem Fronteiras (CsF)

A CULTURA LEITORA, FUNDAMENTO PARA A CONSTRUÇÃO DE SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS

NEOCONSTITUCIONALISMO Avanços e Retrocessos

1) O problema da crítica do conhecimento: a distinção acrítica de sujeito-objeto

Doctorado en Educación en Ciencias Experimentales

Universidade Federal de São Carlos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA PRÓ REITORIA DE ENSINO DIRETORIA DE REGISTRO ESCOLAR

Percepções de professores de ciências sobre as relações entre a pesquisa e a prática

Programa de Curso. Tipo: de servicio

ALVORADA E AGONIA DE UMA ORQUESTRA JOVEM: a experiência do projeto Orquestra Sinfônica Jovens de Sergipe/Brasil (2006/2007)

Felin, Rafael Pasqualin y Gularte, Isis Karina Cardoso da Luz.

JUSTIÇA TRIBUTÁRIA E CAPACIDADE CONTRIBUTIVA: UMA LEITURA COMPREENSIVA DOS ENCARGOS NA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

A escola de Frankfurt. Profª Karina Oliveira Bezerra

ESCRITA DE SI E FORMAÇÃO DOCENTE

48 Aula prática: 0 Câmpus: SA horária: horas Código da. Turma: Turno: Quadrimestre: Ano: turma: Docente(s) responsável(is):

O LUGAR DA INTERPRETAÇÃO E DA REFLEXÃO NA ANTROPOLOGIA

O que você gostaria de ser quando Crescer?

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

Filosofia no Brasil e na América Latina Suze Piza e Daniel Pansarelli Cronograma das aulas, leituras e critérios e formas de avaliação Ementa:

II. Metodologia: 2.1. Desenvolvimento das seções. a) Explanação inicial do conteúdo pelo professor

GRUPO DE REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DOCENTE: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR

AVALIAÇÃO COMO PROCESSO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Responsabilidade Social das Instituições de Ensino Superior Lassalistas Brasileiras

Kant e a Razão Crítica

Prova Escrita de Espanhol

TEXTO. Post no Estratégia Tradução Livre 23/2016 Prof. Adinoél e Profa. Elenice. (Fonte: elpais.es) - adaptado

Profa Dra Leda Rodrigues de Assis Favetta UNIMEP- Piracicaba Março de 2012

Transcrição:

Teoría Crítica de la Enseñanza: Ilustração na investigação-ação de Carr e Kemmis Wisniewski, Rudião Rafael 1 ; Goettems, Lisiane 2 & Zanon, Lenir Basso 3 Categoría: Reflexiones y experiencias desde la innovación en el aula. Linha de trabalho 1. Relaciones entre investigación y enseñanza. Resumo Neste texto se pretende analisar a Ilustração no livro Teoría Crítica de la Enseñanza, escrito por Carr e Kemmis, em 1986, publicado com esse título em 1988. A organização metodológica baseia-se na análise textual discursiva, conforme referido por Moraes e Galliazi (2011). O termo relacionado com o Iluminismo, corrente filosófica da Modernidade, foi e continua sendo central para um tornar-se crítico como propõe o título original: Becoming Critical, no conhecimento, no Ensino, tendo a investigação-ação como uma ideia, concepção ou paradigma, com alusão ao enfoque crítico e emancipatório não como um método. Sendo assim, a ilustração é entendida dentro de um contexto histórico e dialético, permitindo a reflexão crítica e a ação transformadora. Palavras-chave: Ilustração. Teoria Crítica. Ensino. Investigação-ação. Introdução Ao estudar a investigação-ação do livro Teoría Crítica de la Enseñanza: La investigación-acción en la formación del profesorado, escrito por Wilfred Carr e Stephen Kemmis, nos deparamos com o constante uso da palavra ilustración ilustração em português. Emergiram dúvidas e controvérsias sobre o porquê de não ter sido utilizada outra como conhecimento, entendimento, saber, entre outras. A tradução literal de Becoming Critical seria tornando-se crítico e o original, publicado em 1986 pela Deakin University Press, ainda tem como subtítulo Education, Knowledge and Action Research, ou Educação, Conhecimento e 1 UNIJUÍ. rudiaorw@hotmail.com 2 UNIJUÍ. lisiane.goettems@iffarroupilha.edu.br 3 UNIJUÍ. bzanon@unijui.edu.br 316

Pesquisa-Ação. Tendo a palavra conhecimento no subtítulo, esse é um indício de que o uso de ilustração foi proposital. Diz respeito ao Iluminismo. Iluminismo, esclarecimento e ilustração são expressões habitualmente relacionadas à época ou à filosofia das luzes, ocorridas no início século XVIII. A expressão iluminismo provêm do latim iluminare e sintetiza diversas tradições filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e atitudes religiosas que, no livre exercício das capacidades humanas, no uso da razão e do engajamento, levam ao progresso da humanidade. Apoiado no conhecimento racional acreditava-se conseguir a superação dos preconceitos e ideologias tradicionais. Ilustração ou esclarecimento provém da expressão alemã Aufklärung que designa o processo pelo qual uma pessoa vence a ignorância (trevas) e o preconceito, projetando uma emancipação intelectual. Adorno e Horkheimer (1985) vinculam esclarecimento ao desencantamento do mundo que gera libertação do medo das potências míticas da natureza e Kant (2012) reforça que o esclarecimento representa a saída do homem da menoridade que ocorre sempre que se deixa de tomar decisão por si mesmo, quando o entendimento surge e deixa de ser usado para tomadas de decisão. Para o homem esclarecido, nada poderá estar fora ou acima da razão dele (Marques, 1993, p. 46), nisto se assentam os direitos humanos, a liberdade, o individual e autoconsciência. Com a ciência moderna, o espaço da Filosofia diminuiu, ela própria precisa encontrar o que a legitima. Na presença da subjetividade o paradigma ontológico cede espaço para o paradigma da razão, surge a epistemologia, ou seja, a teoria do conhecimento. Desenvolvimento A metodologia empregada neste texto, para o estudo da ilustración em Carr e Kemmis, principalmente no livro supracitado, bem como da teoria crítica do ensino, baseia-se na análise textual discursiva, conforme proposto por Moraes e Galliazi (2011). Na busca de provocar mudanças na ação educativa, Carr e Kemmis investem na produção da obra Teoría Crítica de la Enseñanza. Seu núcleo central é a preocupação com a emancipação educativa. O livro cita 47 vezes a palavra ilustración, sendo a primeira no Prólogo, escrito por Vicente Benedito catedrático de Didática da Universidade de Barcelona, ao explicar que Carr e Kemmis, no processo de investigação, intencionam entender quais condições objetivas e subjetivas uma determinada 317

situação educativa pode gerar e quais resoluções ficam disponibilizadas. La naturaleza colaborativa de la investigación-acción organiza a los practicantes en grupos colaborativos al objeto de su propia información, conciencia e ilustración, y al hacerlo así crea un modelo de orden social racional y democrático (Carr & Kemmis, 1988, p. 14). O termo ilustración não é citado nos dois primeiros capítulos do livro, voltando a aparecer no terceiro, quando os autores afirmam que: La ciencia social interpretativa no tiene otra finalidad que la ilustración y, a través de ésta, la racionalidad, entendida en un sentido crítico, moral y reflexivo (Carr & Kemmis, 1988, p. 108). Para cada processo de investigação importa a prudência e, sobretudo, a presença efetiva do conhecimento, o qual é um dos responsáveis pela ampliação de percepções e entendimentos, melhorando inclusive a descrição do que se está a descobrir. Sem nenhuma citação no capítulo 4, o termo ilustración retorna no capítulo 5, sendo usado 21 vezes para explicar que, com e através da práxis enquanto inacabada, em contínua reflexão, se promovem aproximações entre o conhecer (teoria) e o fazer (prática). O conhecimento associado a processos, desperta compreensão das variáveis, projeta a elaboração de outras oportunidades, em práticas sociais em transformação e aproximação com os projetos/desejos que os diferentes grupos requisitam. No capítulo 6, ilustración aparece 9 vezes. A primeira delas, em uma citação de Fay sobre a ciência social crítica, a qual é explicitamente concebida com a intenção de superar uma insatisfação sentida. Para Carr e Kemmis (1988), La fuente de los programas de educación y de acción diseñados con fines de ilustración, sin duda, no puede ser otra que los participantes mismos, no los investigadores críticos (p. 171). Ecoando Habermas, lembram que em um processo de ilustração só pode haver participantes. No capítulo 7, ilustración aparece 14 vezes. A primeira delas faz referência à expressão habermasiana organização da ilustração, o que Carr e Kemmis (1988) entendem como una forma particular de situación social para los fines de la autorreflexión (p. 196). A espiral autorreflexiva da investigação-ação vincula a reconstrução do passado com a construção de um futuro concreto e imediato através da ação e o discurso dos que intervêm na ação com sua prática do contexto social. Esses elementos do processo criam a condições os protagonistas podem estabelecer un programa de reflexión crítica para la organización de su propia ilustración y para la organización de su propia acción colaborativa con vistas a la reforma educativa (Carr & Kemmis, 1988, p. 198). 318

A investigação-ação emancipatória é um processo que impulsiona os participantes a lutar por formas de educação mais racionais, justas, democráticas e plenas. En cierto sentido, la organización de la ilustración es un paso hacia la organización de la acción y para la acción misma. Pero ésta es una descripción racionalista de esa relación que viene a dar a entender que la reflexión termina antes de que comience la acción. (Carr & Kemmis, 1988, p. 216) A grande questão de uma ciência crítica da educação é alcançar uma unidade dialética entre uma teoria organizada para a ilustração e uma prática que consiga concretizá-la. No capítulo final Investigación educativa, reforma educativa y el papel de la profesión ilustración aparece uma única e última vez, quando Carr e Kemmis (1988) afirmam que a investigação-ação emancipatória oferece critérios para a avaliação da prática em sua relação com a comunicação, a tomada de decisões e as atribuições da educação. Ainda, fornece meios para que os professores possam organizarse a sí mismos en comunidades de investigadores, a fin de organizar su propia ilustración. Ésta es una misión educativa excepcional: la investigación-acción es, en sí misma, un proceso educativo ( p. 230). Em 2013, a Revista Interuniversitaria de Formación del Profesorado publica o artigo Becoming Critical hoy escrito por Carr. Nele, a palavra ilustración é citada 7 vezes em 9 páginas, o que provoca a continuidade das análises pretendidas no percurso do presente texto. Carr (2013) destacou que, após vinte e cinco anos da publicação do livro com Kemmis, na Espanha, um grande número de artigos e livros acadêmicos foram produzidos, tendo como enfoque a investigação-ação e as referências produzidas por eles, e tem leituras incentivadas em diversos países. Muitas respostas críticas surgiram em relação ao Becoming Critical, o que Carr compreende como inevitável, dado que os contextos culturais se diferenciam do original. Ademais, os processos de tradução da obra e o tempo cronológico de circulação interferem no que atualmente se pode compreender com relação à abordagem por eles pretendida. Torna-se oportuno resgatar o que Carr e Kemmis pretendiam na obra de 1986: 319

El propósito de Becoming Critical, por un lado, fue exponer críticamente las debilidades de las formas existentes de la Teoría del Currículum e investigar para exponer una explicación satisfactoria de su relación con la práctica y, por otro, dar una explicación de ese fallo que nos permitiera entender lo que un enfoque más satisfactorio de la Teoría e Investigación del Currículum necesitaba. (Carr, 2013, p. 36-7) O desenvolvimento intelectual, político e educativo foi intenso, ao longo desses anos, e as críticas estabelecidas precisam ater-se aos dados que Carr apontou, para que se possa conceber, então, que a investigação-ação se mantém válida e legítima, apesar de passado mais de duas décadas. Entendendo a práxis enquanto ação ética vinculada a um contexto histórico, a conhecimentos que a educação constrói e transforma ao longo dos tempos, é que Carr (2013) destaca: la práctica educativa es de esta manera una forma de acción ética en la cual y a través de la cual se da una expresión práctica a un compromiso con algún fin educativo valioso (p. 39). Com e através da investigação-ação poder investigar a práxis educativa, deslocando da esfera técnica para uma esfera crítica e próxima às mudanças culturais. A respeito da ilustración, Carr (2013) menciona que a obra Becoming Critical foi produto dos tempos modernos, ou seja, fue una expresión, también sin complejos, del pensamiento ilustrado y, así, del proyecto de la modernidade que la Ilustración había creado (p. 40). Destaca ainda que, com o advento da pós-modernidade não há necessidade de total abandono dos valores da ilustração enquanto emancipatória. Seria um exagero assim proceder, pois os problemas da irracionalidade e injustiça do projeto da Ilustração/Esclarecimento ainda existem. Faz-se importante compreender as mudanças, e perceber que a noción de emancipación social, política y cultural y, en términos de racionalidad misma (la racionalidad crítica nunca es completa y satisfecha y está siempre abierta reflexivamente a nuevas perspectivas y correciones) (Carr, 2013, p. 41). Envolver os participantes colaborativamente, no entendimento de que mundo temos e que mundo queremos, expondo inquietações, principalmente em relação aos valores educativos dominantes, representa movimentos necessários. O projeto baseado na ilustração ainda existe e é pertinente. Precisamos ficar atentos para não ir de um extremo a outro, nem continuar tratando a investigação-ação como método, mas como uma concepção, um paradigma, uma idea que, mientras pasa de un momento histórico a otro, tiene que ser 320

reinterpretada y reconstruida para que pueda continuar ofreciendo maneras prácticas y realistas de realizar sus aspiraciones emancipatorias a través de la reflexión crítica y la acción transformadora (Carr, 2013, p. 42). A tarefa posta parece árdua e, sobretudo, urgente de ser assumida. Referencias Bibliográficas Adorno, T. W., & Horkheimer, M. (1985). Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar. Carr, W. (2013). Becoming Critical hoy. Revista Interuniversitaria de Formación del Profesorado, 77(27,2) 35-43. Carr, W., & kemmis, S. (1986). Becoming Critical: Education, Knowledge and Action Research. Geelong, Victoria: Deakin University Press. Carr, W., & kemmis, S. (1988). Teoría Crítica de la Enseñanza: La investigaciónacción en la formación del profesorado. Barcelona: Ediciones Martínez Roca. Kant, I. (2012). Textos seletos. (8a. ed.). Petrópolis, RJ: Vozes. Marques, M. O. (1993). Conhecimento e modernidade em reconstrução. Ijuí: UNIJUÍ. Moraes, R., & Galiazzi, M. C. (2011). Análise textual discursiva. (2a. ed.). Ijuí: UNIJUÍ. 321