SÍNDROME DE DOWN X SALA DE AULA: UM LIMITE A SER TRANSPOSTO



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Transcrição:

RESUMO SÍNDROME DE DOWN X SALA DE AULA: UM LIMITE A SER TRANSPOSTO Taires Lorena Garozi Belfiori 1 O presente trabalho tem como objetivo analisar a Síndrome de Down, as dificuldades enfrentadas pelas famílias que possuem um portador dessa síndrome, professores que trabalham com a inclusão dentro da educação especial, e quais são os obstáculos enfrentados por esses profissionais. Para esse trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas (livros e artigos), que abordam temas como: inclusão, formação continuada, educação especial, Síndrome de Down, entre outros. Elaboramos um questionário, voltado para docentes, que atuam em instituições de ensino privado, público e filantrópico. Os resultados apontam que os docentes, ao trabalharem com alunos especiais, não obtiveram nenhum tipo de auxilio por parte da direção e da coordenação. Alguns durante sua formação receberam embasamento necessário para o trabalho com alunos portadores de necessidades especiais outros não. Esse trabalho justifica-se em compreender as atitudes dos docentes perante alunos portadores da Síndrome de Down, visto que trabalhar com essas crianças é um desafio, merecedor de estudos constantes e aprimoramento profissional. É de extrema relevância analisar a formação continuada dos professores, principalmente quando se trata da Educação Especial nas escolas. E, refletir sobre as dificuldades encontradas pelos docentes. Palavras-Chave: Síndrome de Down. Inclusão. Educação Especial.Dificuldades. ABSTRACT This study aims at analyzing the Down syndrome, the difficulties faced by families with a bearer of this syndrome, teachers working with the inclusion in special education, and the obstacles faced by these professionals. To reach the objectives, literature searches were conducted (books and articles), covering topics such as inclusion, inservice training, special education, Down syndrome, among others. Shortly after, we prepared a questionnaire, directed to teachers who work in private, public and philanthropic educational institutions, the results were the same: while working with special needs students, they did not receive any aid from the direction and coordination. Some of the teachers received necessary basis for working with students with special needs during their pre-service training, others do not. This work is justified as it seeks to understand the attitudes of teachers towards students with Down Syndrome, as working with these children is a challenge worthy of constant studies and professional development. It is extremely important to analyze the ongoing training of teachers, especially when it comes to special education in schools and reflect on the difficulties encountered by teachers. Keywords: Down Syndrome; Inclusion. Special Education. Difficulties. 1 Graduada na Faculdade Catuaí em Pedagogia.

1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre o trabalho com crianças portadoras da Síndrome de Down em sala de aula, e como os docentes reagem ao se deparar com este público. Justifica-se trabalhar tal problemática, visto que muitos docentes não sabem o que fazer ao se deparar com um portador de necessidades especiais, muitas vezes, pela falta de auxílio dos seus superiores, ou até, pela fragilidade da formação. É de extrema relevância analisar a formação continuada dos professores, principalmente quando se trata da Educação Especial nas escolas, e refletir sobre as dificuldades encontradas pelos docentes. Assim abordaremos brevemente o que é a educação especial, sua história no Brasil, em seguida apresentaremos um pouco da inclusão, visando analisá-la de uma forma mais explícita, diagnosticando sua importância em uma escola de ensino regular. Em um segundo momento com o tema Conceituando a Síndrome de Down, explicitaremos alguns dados sobre a Síndrome de Down, tendo como objetivo entender sua genética, suas características, a relação dessa criança com a família, com a escola, e como se dá a inclusão na rede regular de ensino. Ao longo do trabalho, elaboramos um questionário, voltado para docentes, com o intuito de descobrir como é trabalhar com a inclusão e com alunos portadores de necessidades especiais, questionamos os profissionais sobre seus entendimentos em relação aos termos como inclusão, formação continuada, e se acreditavam ser importante incluir alunos portadores de Síndrome de Down em uma sala da rede regular de ensino. 2 EDUCAÇÃO ESPECIAL Ao se tratar de Educação Especial, inicialmente se faz necessário conceituá-la e, segundo Mazzotta (1993, p. 21), a Educação Especial é: Um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar, suplementar, e em alguns casos substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos educandos que apresentam necessidades educacionais muito diferentes da maioria das crianças e dos jovens.

Para que a Educação Especial exista da melhor forma possível, devemos contar com uma série de elementos, como adaptações curriculares, currículos especiais, materiais, aparelhos e equipamentos adequados, profissionais capacitados para lidar com essa deficiência que muitas vezes não é única. Mazzotta (1993, p.26) afirma que a Escola Especial, ou também chamada de Educação Especial é considerada aquela que atende apenas alunos excepcionais, ou seja, não trabalham com alunos conhecidos como normais, pela sociedade, mas com os portadores de alguma deficiência. Segundo Mazzotta (2005, p. 27), alguns brasileiros baseados nas experiências promovidas na Europa e nos Estados Unidos da América do Norte, começaram, no século XIX, a organização de serviços para o atendimento a surdos, cegos, deficientes mentais e físicos; durante aproximadamente um século essas iniciativas ficaram isoladas, fazendo com que alguns educadores se interessassem pelo atendimento educacional especial. Mazzotta (2005) mostra-nos que a inclusão ocorreu somente no final dos anos 50 e no início da década de 70 do século XX. Podemos destacar dois períodos para a evolução da educação especial no país, a primeira de 1854 a 1956, e a segunda de 1957 a 1993. De acordo com Mazzotta (2005, p. 27), o período de 1854 a 1956 foi de iniciativas oficiais e particulares isoladas, no dia 12 de setembro de 1854 foi conquistada a primeira providência no que diz respeito à educação especial, que foi efetivada por D. Pedro II, que baseado no Decreto Imperial n 1428, criou, no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Em 1981, através do Decreto nº 1320, esse instituto passou a ser chamado de Instituto Benjamim Constant (IBC), em 1857 criaram-se também o Imperial Instituto dos Surdos e Mudos. No segundo período de 1957 a 1993, segundo Mazzotta (2005, p. 49) houve iniciativas de âmbito nacional, ou seja, O atendimento educacional aos excepcionais foi explicitamente assumido a nível nacional, pelo governo federal, com a criação de campanhas especificamente voltadas para esse fim. Algumas campanhas foram: -Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro; -Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes visuais;

-Campanha Nacional de Educação de Cegos e Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais, sob influência de movimentos liderados pela Sociedade Pestalozzi e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, mais conhecida como APAE, situadas no Rio de Janeiro. Segundo Mrech (1999 apud VOIVODIC, 2011, p. 21-22), a inclusão tem seu início em movimentos anteriores à década de 1960 e seus eixos básicos se formaram a partir de quatro vertentes : A primeira vertente de acordo com Mrech (1999 apud VOIVODIC, 2011, p. 21-22) é a psicanálise, que, com a ajuda de Freud e Lacan, encontrou uma nova concepção de seres humanos. Os estudos de Mannani, trouxeram um questionamento no que se diz respeito à deficiência e a aplicação do modelo médico à criança portadora de deficiência, e fez de tudo para que o direito de tais crianças fosse respeitado. A segunda vertente é a luta pelos direitos humanos, que se localiza nos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no ano de 1948. Nos movimentos da década de 1960, esses direitos foram retomados, em virtude dessa luta surgiu na França a Pedagogia Institucional. A terceira vertente, ainda segundo Mrech (1999, apud VOIVODIC, 2011, p. 21-22) demonstra uma nova visão da educação. Essa pedagogia foi a primeira a observar e dar o devido valor na importância do contexto educacional, revelando que dependendo da maneira que o aluno é trabalhado na instituição pode desenvolver-se ou não. A quarta e última vertente, de acordo com a autora, é o movimento de desinstitucionalização manicomial, esse movimento demonstrou uma nova maneira de se enxergar o deficiente mental, além de ter influenciado e transformado decisivamente a cultura nos anos de 1960 e 1970. Segundo Voivodic (2011), a inclusão tem relação com o movimento de pais de crianças com deficiência. Na Europa, esse movimento tenta conscientizar a sociedade e os poderes públicos a aceitarem seus filhos em escolas comuns, para que assim tenham os mesmos direitos que os demais. No Brasil, o movimento de inclusão é proveniente de diferentes influências, tais como: A Liga Mundial pela Inclusão; A Liga Internacional pela

Inclusão do Deficiente Mental; A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. A autora relata que, no Brasil, a educação de portadores de necessidades especiais iniciou-se em instituições especializadas, nas quais os alunos ficavam isolados do convívio com as pessoas normais. No ano de 1950 por decorrência de um acontecimento nos EUA (que não foi citado pela autora), São Paulo teve por experiência a primeira sala de aula do ensino regular com recursos para receber alunos portadores de necessidades visuais. Como conclusão dessa experiência, mais salas foram equipadas para receberem alunos com deficiência mental e sensorial. Voivodic (2011) relata que, nos anos de 1960 e 1970, foram inseridos programas voltados para a integração escolar de alunos com deficiência mental, como alternativa à institucionalização. Em nosso país, a palavra integração tem como significado a inserção dos alunos com deficiência nas salas de aulas regulares. O que vivenciamos hoje são integrações que não foram planejadas, ou podemos dizer também inclusões iniciais, ou seja, alunos em salas que não foram planejadas, sem apoio necessário para que assim aconteça o seu desenvolvimento. Muitas vezes, as escolas só aceitam incluir alunos por conta da lei que foi instaurada segundo o parágrafo 1º do artigo 58 da LDB 9394/96. Segundo Karagiannis, Stainback e Stainback (1999, p.21), a educação é um direito de todos, se excluímos nas escolas, refletimos assim a discriminação social e moral. Os portadores de deficiência, seja qual for, têm o direito de fazer parte integrante das escolas, as quais têm o dever de se adequar para receber alunos especiais. Falando de maneira mais clara, esse ensino inclusivo é a prática de inserir todos nas escolas, independentemente da sua dificuldade física, mental, cultural ou socioeconômica, no qual todos os alunos tenham a oportunidade de serem educados juntos, fazendo com que aqueles que possuem a deficiência tenham uma melhor preparação para o convívio social, além dos professores terem oportunidade de aumentarem suas habilidades profissionais, dependendo do trabalho que realizam. De acordo com os autores acima citados, os alunos inclusivos conseguem aprender de maneira mais rápida com o convívio em sala de aula regular. Quanto mais cedo se der a inclusão melhor será o rendimento no âmbito escolar, social e ocupacional, através disso o aluno aprenderá a respeitar, a ser mais sensível, e a

entender a relação professor aluno e aluno aluno, o que fará falta aos que possuem uma educação em instituições especiais. Karagiannis, Stainback e Stainback (1999, p.23) asseveram que os profissionais que têm a oportunidade de trabalhar com crianças portadoras de deficiência, conseguem compreender como é de grande importância a escola na preparação dos mesmos para a vivência na comunidade. Uma instituição com ensino segregado não consegue desenvolver de maneira satisfatória a independência desse aluno, pelo contrário passa para ele um sentimento de isolamento, fazendo com o que os mesmos regridam em alguns aspectos. Os mesmos autores expõem a importância de uma capacitação adequada a os profissionais que irão trabalhar com a inclusão, diariamente, em sala de aula. Toda ajuda é necessária e de grande valor, tanto da coordenação, quanto do corpo docente, e até mesmo desses alunos, não esquecendo que a transformação deverá partir primeiramente do professor, ele é quem dará o suporte necessário para que as crianças deficientes alcancem seus objetivos educativos, assim como as outras que as cercam. 3 CONCEITUANDO A SÍNDROME DE DOWN Alves (2007, p.27), explica-nos que toda herança biológica recebida dos pais estão no óvulo e no espermatozóide, ambos com 23 cromossomos cada, durante a fecundação, os dois gametas feminino e masculino se unem, os núcleos genéticos se fundem formando assim a célula, que é o ovo e o zigoto com 46 cromossomos, se o óvulo ou o espermatozóide mandarem um cromossomo a mais no par 21, o indivíduo gerado possuirá 47 cromossomos, esse acidente genético pode acontecer durante a primeira divisão celular, fazendo com que se forme esse cromossomo a mais, resultando assim em uma trissomia simples sem união de um cromossomo ao outro. Voivodic (2011, p. 39-40) conceitua que: a Síndrome de Down também é conhecida com Trissomia do cromossomo 21 e possuem três tipos principais: Trissomia Simples; quando o indivíduo possui 47 cromossomos em todas as células. A causa dessa trissomia é a não disjunção cromossômica. Translocação; o cromossomo a mais do par 21 fica agrupado a outro cromossomo. Mosaicismo: é quando a alteração genética não afeta a célula inteira e sim só partes delas, umas ficam com 47 e outras com 46 cromossomos. A autora relata que as características dessa Síndrome foram abordadas pela primeira vez pelo médico inglês John Langdon Down, no ano de 1866, daí a

origem do nome. Influenciado pelos estudos de Darwin, Down compreendeu que as características da síndrome eram um retorno a um tipo étnico oriental primitivo, por isso criou-se o termo mongolismo, popularizado durante muito tempo, nos tempos atuais essa maneira de se falar de um portador de necessidades especiais é repugnante, além de indevida, faz com que ele seja imaginado com um indivíduo incapaz. De acordo com Pimentel (2012, p. 30) somente no ano de 1950, a Síndrome de Down foi descoberta por fatores científicos e pela visualização dos cromossomos. Neste mesmo ano, o médico Lejeune (1926-1994) diagnosticou um cromossomo extra em crianças com Síndrome de Down, este cromossomo pode estar presente tanto no óvulo quanto no espermatozóide antes da geração. Esta descoberta anula o conceito de que a idade materna é a única causa da Síndrome de Down, embora a autora explique que a idade da mãe é um fator que interfere bastante para que essa Síndrome ocorra. Pimentel (2012, p. 31) comenta que é de extrema importância entender que a Síndrome de Down não é uma doença, portanto não há tratamento e nem medicamentos para ela. Apesar da Síndrome de Down apresentar características parecidas como: boca pequena, única prega palmar, pescoço curto, entre outros fatores físicos, os indivíduos diferenciam-se entre si pelo desenvolvimento, podendo citar a linguagem, a motricidade, a sua socialização, etc. De acordo com Saad (2003, p.29), a síndrome de Down tem como característica o atraso no desenvolvimento físico, mental e funcional. Os bebês portadores dessa síndrome são muito sonolentos, com dificuldades para sugar e engolir devido à hipotonia acentuada, a qual só irá diminuir com a idade e com a ajuda de estímulos musculares e táteis. Alves (2007, p. 29) menciona que o diagnóstico preciso é feito por meio de cariótipo, que é a representação do conjunto de cromossomos de uma célula, o cariótipo é geralmente, realizado a partir do exame de leucócitos obtido de uma pequena amostra de sangue, também é possível ser identificado antes do nascimento, utilizandose do tecido fetal. Segundo Matos et al (2012), a Síndrome de Down pode ser diagnosticada durante a gestação, esse processo possibilita que os pais se preparem psicologicamente para a chegada de um bebê portador dessa necessidade. Na maior

parte das vezes, os fetos que possuem essa síndrome não são diagnosticados durante o período pré-natal, pois são filhos de mães com idade menor há de 35 anos Já, segundo Voivodic (2011, p. 41), a Síndrome de Down pode ser diagnosticada no nascimento, pela presença de uma série de características, alterações fenotípicas, que trabalhadas em conjunto, permitem um diagnóstico mais preciso e quase total. Algumas das alterações fenotípicas podem ser observadas no feto por meio de uma ultrassonografia, embora essas características possam levantar suspeitas da presença dessa síndrome, não permite uma indicação precisa. De acordo com Schwartzman (apud VOIVODIC, 2011, p 42), não devemos esquecer, em nenhum momento, das grandes diferenças existentes entre os vários indivíduos com Síndrome de Down no que se refere ao próprio potencial genético, características raciais, familiares e culturais, para citar apenas algumas e que serão poderosos modificadores e determinantes do comportamento a ser definido como características daquele indivíduo. Devemos deixar claro que tanto os indivíduos portadores da Síndrome de Down, quanto os que não possuem alterações cromossômicas, possuem em seu desenvolvimento grandes diferenças, tanto em seu comportamento, quanto em sua personalidade. 3.1 Família X Síndrome de Down Pontua Alves (2007, p. 35), que os pais desde a gestação do bebê idealizam como eles serão, suas características, seu modo de agir, do que vai gostar etc. A partir do momento em que descobrem que seu filho terá algum problema, seja mental ou físico, a primeira reação é de choque, não imaginam como será, como irão lidar com essa criança, entram em uma incógnita, da qual não conseguem sair, o que será de agora para frente? Alves (2007) argumenta que desde a descoberta da Síndrome a mãe não pode rejeitar seu filho, pois ele sente todo e qualquer sentimento, seja ele bom, ou não, aceitar e amá-lo é o melhor sentimento a ser desenvolvido.

3.2 Escola x Síndrome de Down Voivodic (2011, p. 58) analisa que a inserção de um aluno portador da Síndrome de Down é de grande importância para o mesmo, pois a escola é um ambiente de grande desenvolvimento para a formação de indivíduos; o principal objetivo da escola é de transmitir conhecimentos. No caso da criança portadora da Síndrome de Down, a educação pode, ou não desenvolver esse indivíduo, tudo vai depender da prática que a escola utiliza. É claro que devemos deixar claro que a escola é um mediador, no que diz respeito à convivência social, pois saber respeitar seu colega por ele ser diferente, ou por ter algum problema é o mínimo que ela pode oferecer. A autora ainda nos relata que, nas décadas de 1950 e 1960, os portadores da Síndrome de Down estudavam em escolas especiais, ou centros específicos, já que as sociedades não os aceitavam em salas de aula regulares. Segundo Fierro (1995, apud. VOIVODIC, 2007, p. 59), o objetivo, na década de 1960, era deixar as salas de aula especiais com os mesmos objetivos de aprendizagem e ensinamentos que as das escolas regulares, mas a sua prática se desenvolvia de maneira diferenciada, utilizava-se de outras técnicas constituía um elemento essencial à homogeneidade dos alunos, e isso assegurava, na medida do possível, a semelhança de nível intelectual, mesmo com diferenças de idade cronológica. A escola especial teve um papel de grande importância na vida de alunos portadores de doenças mentais, mostrou que esses alunos podem e serão educados, mas a dificuldade de tornar esse aluno autônomo e capaz de se desenvolver na vida e na sociedade é muito grande. Na década de 1990, ficou estabelecido que os portadores da Síndrome de Down poderiam e deveriam frequentar salas de aula da rede regular de ensino, classes ditas como normais. Segundo Mazzotta (2005, p. 184), são bem poucos os municípios brasileiros que possuem na sua rede de ensino recursos educacionais apropriados para acolher um aluno portador de deficiência, ou seja, uma inclusão, muitas vezes os profissionais não estão devidamente capacitados para lidar com tamanha responsabilidade, como desenvolver seu aluno da maneira que ele necessita.

De acordo com Luiz et.al. (2008, p. 2), a educação inclusiva no Brasil tem como objetivo atender, nas redes regulares de ensino, alunos portadores de necessidades especiais, baseado na Constituição Federal de 1988, a qual garante a todos o direito a igualdade. O aluno portador da Síndrome de Down necessita de um atendimento especializado, de preferência em escolas comuns, essa assistência acontece também em redes especiais, como por exemplo, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, mais conhecida como APAE, essa instituição em especial é a associação de pais preocupados com o desenvolvimento escolar de seus filhos. Os autores fazem uma análise diagnosticando que ao longo dos anos ocorreu um aumento significativo de crianças portadoras da Síndrome de Down em redes regulares de ensino. O professor tem o papel principal para que o desenvolvimento desses alunos aconteça, pois ele é quem vai detectar as dificuldades apresentadas durante a convivência com os mesmos, o docente terá como tarefa desenvolver habilidades desses alunos para o convívio com colegas, familiares, comunidade, com todos que os cercam. Segundo Pimentel (2012, p. 33), os processos de escolarização de portadores da Síndrome de Down não devem ser diferentes do processo de inclusão social de pessoas com deficiência mental. 3.3 Formação Continuada Segundo Romanowski (2007), a formação continuada tem como objetivo a melhoria do ensino. Uma das principais preocupações, no que se diz respeito à formação docente são seus primeiros anos, pois professores em início de carreira levam um choque de realidade. Portanto os programas de formação continuada necessitam adicionar saberes científicos, críticos, didáticos, etc. Ainda de acordo com o autor, as dificuldades apresentadas pelos professores, na maioria das vezes, são as avaliações, o planejamento das atividades, a interação com os colegas de sala, o respeito com o professor, a disciplina, entre outros fatores. Romanowski (2007, p. 132) mostra-nos que o campo de formação continuada de professor apresenta-se bastante diversificado, contando com concepções, conteúdos e métodos que implicam aspectos políticos, culturais e profissionais.

Fusari (2007) relata que a formação continuada também depende das condições de trabalho as quais estamos submetidos, é claro que depende também das atitudes desses educadores diante do seu desenvolvimento profissional. O autor frisa muito bem que esses educadores não podem responsabilizar somente o Estado pela formação continuada, pois cada um é responsável pelo seu desenvolvimento profissional e pessoal. 4 PESQUISA DE CAMPO Com o intuito de saber quais as dificuldades encontradas no trabalho com alunos de inclusão, efetuamos uma pesquisa com docentes, que já trabalharam com alunos especiais, e passamos ao relato de algumas das respostas obtidas. A primeira professora pesquisada, trabalha em entidade filantrópica. Quando questionada sobre o auxílio recebido pela coordenação ou direção para lidar com esta inclusão argumentou que recebeu pouca ajuda. A docente relatou que as dificuldades que encontrou ao trabalhar com o aluno especial, é que não conhecia as dificuldades específicas da criança, e não tinha a formação adequada além da falta de estrutura. Ao ser perguntada sobre sua formação continuada, sua resposta foi que a mesma ocorre, porém de maneira superficial, apenas com noções básicas. Questionamos o que ela espera da formação continuada, a docente respondeu que espera receber novos conhecimento e direcionamentos de como trabalhar em sala de aula. Quando perguntado qual seu entendimento de inclusão a resposta foi que a mesma, a seu ver, é inserir o aluno de forma correta, ou seja, não apenas inseri-lo na sala, mas sim desenvolver suas habilidades, sociais e cognitivas. Perguntamos se ela acreditava ser importante incluir uma criança portadora da Síndrome de Down em uma rede regular de ensino e o porquê? A resposta foi que sim, pois assim os professores teriam formações continuadas, e entenderiam melhor essa deficiência. Uma segunda docente pesquisada, que trabalha em escola pública, informou que já trabalhou com alunos portadores de necessidades especiais, e seu trabalho foi com um aluno Autista. Segundo ela, não recebeu auxílio da coordenação e nem da direção, durante o trabalho com esse aluno. Questionada sobre as dificuldades, apontou que a falta de materiais e a falta de ajuda com o aluno foi algo que dificultou muito seu trabalho. Ao ser questionada se sua formação possibilitava o suporte

necessário para o trabalho com alunos especiais, a docente nos respondeu que não e que diante disso não estava preparada para lidar com essa situação. Quanto à questão sobre a formação continuada, a profissional relatou que espera que essa formação não vá somente até graduação, e que a sede de sabedoria, a entusiasmou na compreensão de novos conhecimentos que farão o professor ter uma formação continuada, ou seja, além do que ele tem que saber, ressaltando que essa formação não depende só das instituições, mas também do próprio profissional. Sobre o entendimento de inclusão, ela preferiu não opinar sobre o que entendia do assunto. Para finalizar, foi perguntado se ela acredita ser importante incluir uma criança com Síndrome de Down na rede regular de ensino e porquê? Sua resposta foi simples e afirmativa, argumentando que essa criança com a inclusão desenvolverá mais rápido sua autonomia, pois convivendo com crianças ditas normais pela sociedade, ela construirá sua autoestima de maneira mais acentuada. A terceira docente pesquisada trabalha em uma escola filantrópica, informando que também já trabalhou com aluno especial também autista. Como as anteriores, relatou que não recebeu nenhum auxílio da coordenação e nem da direção da instituição, fazendo com que suas dificuldades aumentassem, argumentou que além da falta de apoio, a escola não tinha base e nem estrutura para receber essa criança. Na mesma linha das docentes anteriores, nos explicou que, durante sua formação, não recebeu o suporte necessário para o trabalho com alunos desse perfil, e que se tivesse tido auxílio na sua formação seria mais fácil trabalhar a inclusão. Quando questionada sobre a formação continuada e o que espera da mesma, respondeu que considera todo conhecimento contínuo e que espera que contribua para práticas qualificadas. Sobre inclusão, afirmou que é o respeito ao cidadão, segundo o que ela entende. Ao ser questionada sobre a inclusão de alunos com Síndrome de Down em escolas regulares, demonstrou que acredita ser importante sim, desde que essa escola tenha estrutura física e profissional para lidar com a mesma. A quarta docente pesquisada trabalha em escola privada. Durante seu tempo de docência, a professora respondeu que trabalhou com um aluno portador da Síndrome de Down e que assim como as outras docentes não recebeu nenhum auxílio da coordenação e nem da direção da escola. Quando questionamos as dificuldades apresentadas para o trabalho com esse aluno, ela nos respondeu que a maior dificuldade era adaptar as atividades para o mesmo. Ao contrário das outras docentes, ela relatou

que recebeu, durante sua formação, o suporte para o trabalho com alunos especiais, mas não descreveu qual foi ele. Para ela, uma formação continuada é a promoção de cursos, que venham a contribuir para a ação docente. Para a profissional, inclusão significa receber alunos com necessidades especiais e inseri-los no meio social de forma que eles consigam interagir e fazer parte do meio em que vivem.para terminar, perguntamos se ela acredita ser importante incluir uma criança com Síndrome de Down em escolas regulares, sua resposta foi que sim, e ainda argumentou que pelo fato que eu não tive suporte pedagógico da escola para trabalhar com esse aluno, percebo pequenos gestos de desenvolvimento do mesmo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos que na teoria a implantação da inclusão pode ser considerada perfeita, mas que na prática não é bem assim que ocorre. Depois das análises realizadas, percebemos mediante as respostas da maioria dos docentes, que falta de cumplicidade e ajuda da coordenação e da direção da escola. Os alunos devem ser tratados todos iguais, independentemente, de suas dificuldades, pois todos têm o direito de fazer parte da escola e da sociedade, pois vivemos em um país cujas necessidades ainda não são totalmente supridas. Precisamos começar a enxergar nossos direitos e fazê-los acontecer da maneira que se deve, educação é um direito de todos, e a inclusão é um dever nosso. Acreditamos no poder de vencer as barreiras que nos são impostas e na união dos diferentes, afinal cada um difere do outro por suas características próprias, e é isso que a sociedade precisa buscar entender. Essas crianças tais como as outras, devem receber uma educação digna, e para que isso aconteça os profissionais devem estar preparados, para evitar falhas e conquistar resultados, levando-os a se desenvolverem como cidadãos críticos que saibam defender seus direitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Fátima. Para entender a Síndrome de Down. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007.

FUSARI, José Cerchi. Formação Contínua de Educadores na Escola e em outras Situações. In: BRUNO, Eliane Bambini Gorgueira; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; CHRISTOV, Luiza Helena da Silva. (Org). O coordenador pedagógico e a formação docente. 8.ed. São Paulo: Loyola, 2000, p. 17-24. KARAGIANNIS, Anastasios; STAINBACK, William; STAINBACK, Susan. Fundamentos do Ensino Inclusivo. In: STAINBACK, Susan; STAINBACK, William. (Org). Inclusão: um guia para educadores.porto Alegre: Artmed, 1999, p. 22-31. LUIZ, Flávia Mendonça Rosa e et. al. A inclusão da criança com síndrome de down na rede regular de ensino: desafios e possibilidades. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.14, n.3, p.1-8, set./dez. 2008.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1413-65382008000300011&script=sci_arttext>. Acesso em: 30 set. 2012. MATOS, Sócrates Bezerra de et al. Síndrome de Down: avanços e perspectivas. Rev. Saúde. Com, v.3, n.2, p.77-86. Disponível em: <http://www.uesb.br/revista/rsc/v3/v3n2a09.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2012 MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Educação especial no Brasil: história e políticas publicas. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2005.. Trabalho docente e formação de professores de Educação Especial. São Paulo: Epu, 1993. PIMENTEL, Susana Couto. Conviver com a Síndrome de Down em Escola Inclusiva. Rio de Janeiro: Vozes, 2012. ROMANOWSKI, Paulin Joana. Formação e profissionalização docente. 3.ed. Curitiba: Ibpex, 2007 SAAD, Nader Suad. Preparando o Caminho da Inclusão: dissolvendo mitos e preconceitos em relação à pessoa com Síndrome de Down. São Paulo: Vetor,2003. VOIVODIC, Maria Antonieta M. A. Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de Down. 6.ed. Rio de Janeiro: Vozes: 2011.