A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PRÁTICA PROPOSITIVA NA INTERVENÇÃO DAS QUEIMADAS NO MUNICIPIO DE MUCUGÊ CHAPADA DIAMANTINA- BA Karla Christiane Ribeiro Tanan Graduanda em Geografia, Universidade Estadual de Feira de Santana, Pesquisadora do GP-SIG karla.tanangeo@gmail.com Joselisa Maria Chaves Doutora em Geologia, Universidade Estadual de Feira de Santana, Líder do GP-SIG josimariachaves@gmail.com Eixo 5: Cenários territoriais da conservação ambiental Resumo: A Chapada Diamantina sofre todos os anos com os incêndios, atingindo assim a biodiversidade de fauna e flora e importantes nascentes de rios. O objetivo deste trabalho é avaliar como está sendo desenvolvido o trabalho de sensibilização de Educação Ambiental (EA) no Projeto Sempre Viva, no município de Mucugê, e a sua extensão para a comunidade local e aos seus visitantes. Este artigo foi desenvolvido a partir do Projeto Modelagem de Zona de Riscos de Incêndios no Parque Nacional da Chapada Diamantina- Bahia, que contribui para as discussões sobre os incêndios na região. Portanto durante a pesquisa de iniciação cientifica podemos observar que o Projeto Sempre Viva, localizado no Parque Municipal de Mucugê consegue atuar com vista à conservação da natureza agindo desta forma a partir de objetivos relacionados à Educação Ambiental. Palavras-chaves: Projeto Sempre Viva, Incêndios, Educação Ambiental Introdução Ao longo da história da humanidade, a sociedade explorou de distintas formas os recursos naturais. Em períodos que o Homem era coletor, ele explorava a natureza para a sua sobrevivência, e neste sentido, intensos processos de degradação levavam anos para acontecer. Com o passar do tempo, e suas respectivas evoluções tecnológicas, 1
as sociedades intensificou a exploração dos recursos naturais principalmente para a utilização desses recursos no processo industrial. Neste contexto, a Educação Ambiental é uma forma de refletir/agir frente a estas problemáticas, podendo ser vista como aquela que aponta para as transformações da sociedade em direção a novos paradigmas de justiça social e qualidade ambiental (Guimarães 2000, p.11). Na atualidade vivemos em uma crise ambiental que perpassa por uma escala local e global. Esta crise reflete o atual modelo de sociedade urbano-industrial que potencializa, dentro da sua lógica, valores individualistas, consumistas e relações de poder que provocam dominação e exclusão, não só social como também com a própria natureza. É por isso que se faz importante uma educação ambiental crítica. A Educação Ambiental crítica que aponta para transformações radicais nas relações de produção, nas relações sociais, nas relações homem natureza, na relação do homem com sua própria subjetividade, num processo de construção coletiva de uma ética, uma nova cultura, novos conhecimentos (GUIMARÃES, 2000, p. 84). Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho é avaliar como está sendo desenvolvido o trabalho de sensibilização de Educação Ambiental no Projeto Sempre Viva e a sua extensão para a comunidade local e aos seus visitantes. Esta pesquisa está vinculada ao Projeto Modelagem de Zonas de riscos de Incêndios na Chapada Diamantina, que contribuiu para as discussões sobre os incêndios que ocorrem na região. Metodologia Conforme relata Funch (2008, p.237), o município de Mucugê (Figura 1) ocupa as terras altas da Serra do Sincorá no centro geográfico do Parque Nacional e está cercada por inúmeros rios, cascatas e serras de beleza excepcional. O Projeto Sempre Viva, localizado no Parque Municipal de Mucugê, foi inaugurado em maio de 1999, ocupa uma área de 540 hectares, protegendo mananciais, sítios históricos de garimpo, dentre outros atrativos naturais (Parque Municipal de Mucugê, 2010). A arquitetura do Parque é inspirada nas antigas casas dos garimpeiros, 2
possui laboratório, herbário, imagem de satélite, estação climatológica computadorizada, escritório, centro de visitantes e alojamentos para pesquisadores. Figura 1: Localização do Município de Mucugê no estado da Bahia. Fonte: Bahia (2003). O Projeto Sempre Viva tem como objetivos e metas conservar os aspectos naturais da região e promover educação ambiental para a comunidade local e aos seus visitantes como forma de reverter o quadro de práticas injustas ocasionadas ao meio ambiente, como as queimadas que acontecem e que causam um grande dano a biodiversidade das espécies. Para a base da pesquisa utilizou-se como referência o trabalho em Educação Ambiental do Projeto Sempre Viva e também o levantamento bibliográfico de artigos, revistas e livros para um melhor entendimento do que é a Educação Ambiental e os seus objetivos na contemporaneidade. Também foram feitas visitas de campo para uma análise da região de pesquisa, com coleta de dados, entrevistas com a comunidade e os guias de turistas. Resultados e Discussões O fogo é um dos graves problemas da Chapada Diamantina e que requer uma atenção mais criteriosa das autoridades públicas; a prática cultural de colocar fogo nas terras para a limpeza de pastagem traz grandes problemas ao Parque, Os problemas 3
ligados à ocupação e atividade humana no Parque precisam ser resolvidas com certa urgência, pois a fauna, a flora, os solos e os recursos hídricos estão sofrendo danos diários que custarão décadas para serem recuperados (Funch, 2008, p.233). Os incêndios na região da Chapada Diamantina ocorrem periodicamente nos períodos das estações que precedem as secas, devastando grandes áreas da Biodiversidade. A ação antrópica é um fator determinante na devastação do meio ambiente, e é por isso que se faz importante a sensibilização da Educação Ambiental em toda a Chapada Diamantina, para esclarecer a importância da conservação dos recursos naturais nos dias atuais. A ocorrência de incêndios em florestas nativas está fortemente associada ás transformações nos ecossistemas e nas formas de uso e ocupação do solo, como o desmatamento, práticas agrícolas, limpeza de pastagem e incêndios criminosos torna o fogo como um elemento de ameaça a sobrevivência de inúmeras populações vegetais e animais (GONDIM et al, 2009, P. 216). Outro fator importante levantado nesta pesquisa é o papel da Educação Ambiental diante de diversos grupos, que é de questionar de forma crítica os atos da sociedade enquanto agente dos impactos ambientais e levar a discussão na compreensão da real importância da preservação dos recursos naturais. Nesta perspectiva a Educação Ambiental cada vez mais vem se tornando importante como forma de amenizar os impactos ambientais. Para CARVALHO (2001) a Educação Ambiental vai além das reproduções puramente tradicionais da educação, a educação ambiental vai pensar o ambiente como sistema complexo de relações e interações da base natural e social e, sobretudo definido pelos modos de sua apropriação dos diversos grupos, populações e interesses sociais, políticos e culturais que se estabelecem. Portanto o que podemos constatar no município de Mucugê são as ações que ocorrem em detrimento da preservação dos recursos naturais existentes, que vem sendo destruída por fatores como as queimadas. E uma das formas de ação está na Educação Ambiental, como exemplo está a coleta seletiva do lixo, a cidade possui também uma 4
usina de compostagem empregando assim também a própria comunidade local, o lixo orgânico é transformado em adubo e distribuído para os pequenos produtores de hortaliças da região. A prefeitura de Mucugê junto com outros órgãos públicos também realização festivais com temáticas sobre o meio ambiente, como exemplo tem a primeira gincana que contou com a participação de escolas estaduais e municipais da região, cujo tema foi meio ambiente, água, lixo e mudanças climáticas. Os alunos realizaram apresentação teatral, músicas, poesias, paródias, esculturas, pinturas, desfiles de roupas de material reciclável (figura 2). Figura 02: Uma das provas da gincana era a confecção de roupas recicláveis. O evento aconteceu no dia 05 de junho de 2010, DIA DO MEIO AMBIENTE e contou com a participação de toda a comunidade neste dia tão importante para todos aqueles que ali estavam, antes do inicio da gincana foram plantadas árvores por crianças e professores de uma escola pública, este plantio representou a abertura das atividades do dia do meio ambiente e também a conscientização com as crianças da importância do cuidado com a natureza (figura 03). 5
Figura 03: Crianças com mudas de árvores para o plantio. Em entrevista também realizada na cidade de Mucugê com um guia turístico, percebeu-se que os incêndios que ocorrem na região são por muitas das vezes criminosos, provocados por atividades de garimpo e visitantes que saem as trilhas sem a orientação necessária. A associação dos guias sempre orienta aos visitantes com relação aos cuidados com o fogo na região além de alertar para que não jogue lixo nas trilhas e não faça fogueiras ao sair para acampar, prevenindo assim as queimadas. Com todas as orientações ainda podemos observar que muitos não as respeitam, pois ainda é encontrado lixo pelas trilhas e até mesmo o lixo já queimado (figura 4). Figura 4: Lixo queimado na trilha. TANAN, 2011 6
As queimadas é um dos graves problemas ambientais dos últimos tempos. Em virtude da crescente ocupação do território, acarretando uma perda da biodiversidade, aumento do efeito estufa, poluição do ar, doenças respiratórias e empobrecimento do solo. Segundo Florenzano (2002), fica evidente, portanto, que o excesso de áreas queimadas tem implicações ecológicas, climáticas e ambientais diversas. Para Mendonça (2007), o processo de industrialização desrespeitou a dinâmica dos elementos que compõem a natureza, ocorrendo assim uma considerável degradação do meio ambiente. Comprometendo a qualidade de vida das populações e ocasionando os acidentes ecológicos como: desmatamento, queimadas, qualidade da água e do ar e a morte de inúmeras espécies. Portanto a Educação Ambiental se faz importante neste território que é intensamente voltado para a economia do turismo, numa tentativa de amenizar os vários impactos gerados principalmente pelas ações antrópicas na forma de apropriação dos recursos naturais seja ele para o bem estar ou para atividades econômicas. Conclusão As frequentes ocorrências de incêndios criminosos têm em seu bojo a degradação de áreas com flora e fauna de reconhecimento nacional e internacional, apontando assim as reais necessidades de ações cada vez mais ativa e holísticas. A intensificação da degradação ambiental que existe em vários locais trazem cada vez mais danos à sociedade, que vem apresentando formas de como diminuir os impactos de um uso irresponsável dos recursos naturais. Neste contexto, a Educação Ambiental se apresenta como uma forma de intervenção em um nível prático que considera a formação de sujeitos ativos na sociedade atual. A partir das análises dos dados adquiridos em campo, podemos concluir que o Projeto Sempre Viva tem o seu público alvo os estudantes de ensino fundamental e médio e também os turistas, podemos observar as parcerias da prefeitura também na 7
preocupação com as questões ambientais, como a realização da gincana com os estudantes da cidade. Podemos considerar também que o projeto Sempre Viva consegue atuar com vista à conservação da natureza, agindo, desta forma, a partir de objetivos relacionados à educação ambiental. Esta atuação realiza-se tanto com a comunidade local como também com os seus visitantes. Referências Bibliográficas Bahia BAHIA. 2003. Superintendência de Recursos Hídricos (SRH). CD-ROM SIG CARVALHO, I. C.M. Qual educação ambiental? Elementos para um debate sobre educação ambiental e extensão rural. Disponível em: http://www.agroecologia.inf.br/biblioteca/educacao%20ambiental.pdf, acesso em 05. Abr.2011. FUNCH, R.R. Preservação e conservação na Chapada Diamantina. In: FUNCH, L.S; FUNCH, R.R; QUEIROZ; L.P (Org.). Serra do Sincorá: Parque Nacional da Chapada Diamantina. Feira de Santana: Radami,2008. cap.14, p.224-227. FLORENZANO, T. G. Imagens de satélite para estudos ambientais. Oficina de Textos. São Paulo, 2002. GONDIM, T. S. de A.; CONCEIÇÃO, A. A.; ROCHA, W. F.; PAIM, G. Identificação de áreas com abundante fitomassa combustível no Parque Nacional da Chapada Diamantina. In: Seminário de Iniciação Científica (SEMIC), 13, 2009, Feira de Santana. Anais... Feira de Santana, UEFS, 2009. Artigos, p. 216-219. CD-ROM. GUIMARÃES, Mauro. Educação Ambiental: No consenso um embate? Campinas, SP: Papirus,2000. 8
MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia e meio ambiente. 8ºed.,São Paulo: Contexto,2007. PARQUE MUNICIPAL DE MUCUGÊ, 2010. Perspectivas. Homepage: http://www.projetosempreviva.com.br, acesso em 07.Abr.2011. 9