MEMÓRIAS E TRAJETÓRIAS DO LAZER NO BRASIL: UMA PROPOSTA EM ANDAMENTO

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Transcrição:

MEMÓRIAS E TRAJETÓRIAS DO LAZER NO BRASIL: UMA PROPOSTA EM ANDAMENTO Paulo Cezar Nunes Junior, Silvia Cristina Franco Amaral RESUMO Trata-se de uma pesquisa de cunho histórico-biográfico, a partir das experiências de vida e relatos orais de alguns dos principais autores que influenciaram os estudos do lazer no Brasil. Para tanto, foram escolhidos inicialmente três nomes, que ilustram de forma interessante os diferentes períodos e ciclos de estudos sobre o tema, a saber: Ethel Bauzer Medeiros, Renato Requixa e Frederic Munné. 1 Introdução A proposta deste projeto materializa-se por meio de uma parceria entre a Universidade Federal de Itajubá e a Universidade Estadual de Campinas, sob a coordenação dos professores Paulo Cezar Nunes Junior (Unifei) e Sílvia Cristina Franco Amaral (Unicamp). Trata-se de uma pesquisa de cunho histórico-biográfico, a partir das experiências de vida e relatos orais de alguns dos principais autores que influenciaram os estudos do lazer no Brasil. Embora entendemos este projeto pode ganhar dimensões maiores, preferimos limitá-lo neste primeiro momento para a realização de três entrevistas, com autores que ilustram os diferentes períodos e ciclos de estudos do lazer brasileiros, segundo sugere o estudo feito por Peixoto (2007) a saber: a professora Ethel Bauzer Medeiros, grande influenciadora dos estudos sobre recreação na década de 1960 e 1970, Renato Requixa, precursor dos estudos do lazer no Brasil no Centro de Estudos de Lazer (CELAZER) do SESC, a partir dos anos 70, e o catalão Frederic Munné, cuja teoria da psicossociologia do tempo livre (MUNNÉ, 1980) influenciou recentemente os estudos mais críticos no campo do lazer. Embora o lazer tenha sido tema de inúmeros estudos realizados no Brasil a partir da década de 1940 (a exemplo dos trabalhos de Acácio Ferreira, José Vicente de Freitas Marcondes, João Camilo de Oliveira Torres), foi na produção científica de autores como a professora Ethel Bauzer Medeiros (a partir da década de 1950) e o pesquisador do SESC Renato Requixa (a partir da década de 1970) que o olhar científico sobre o lazer ganhou notoriedade em âmbito nacional. Tempos depois, a teoria da psicossociologia do tempo livre pensada pelo professor catalão Frederic Munné na década de 1970 chega até o Brasil através do livro Psicossociología del Tiempo Libre, publicada somente em 1980 pela editora mexicana Trillas e influenciando inúmeras pesquisas recentes no campo do lazer no Brasil, como é o caso dos trabalhos de Luciana Marcassa (2002) e Fernando Mascarenhas (2003). Fazendo um primeiro corte de abrangência e repercussões de pesquisas das primeiras gerações que se debruçaram sobre os estudos do lazer no Brasil, e tendo por base a prerrogativa de que estes pesquisadores ainda tem condições de concederem entrevistas e depoimento oral é que optamos pela escolha destes três nomes, visto que

representaram grande ajuda para a construção do olhar científico sobre o lazer no nosso país. 2 Objetivo Ouvir e dar voz aos autores do pensamento teórico sobre o lazer aos quais lemos e com os quais anda podemos dialogar. Captar, através do depoimento oral de cada um deles, impressões sobre sua vida acadêmica e construção de pensamentos sobre o lazer, evidenciando pistas e questionando fatos e informações da trajetória do tema no Brasil. 3 Metodologia Tomaremos como metodologia de realização da entrevista o depoimento oral, de viés temático, em que, após estudarmos as obras de cada um dos autores, lermos seus escritos e conhecermos um pouco mais sobre sua trajetória, formulamos as perguntas iniciais com as quais chegamos até os entrevistados. Daí podem decorrer ainda outras indagações, surgidas na medida em que o depoimento transcorrer. 4 Breves notas biográficas Renato Requixa Importante teórico do lazer no Brasil, Renato Requixa teve sua produção bibliográfica centrada principalmente nas décadas de 1970 e 1980. Foi diretor regional do SESC São Paulo e membro da Direção do Comitê de Lazer da Associação Internacional de Sociologia. Discípulo direto do sociólogo francês Joffre Dumazedier, Renato Requixa liderou os estudos sobre lazer no Brasil numa época em que o SESC estava interessado no caráter científico do tema. A comunicação sobre a gênese dos problemas do lazer na transformação da cultura brasileira das grandes aglomerações urbanas e uma série de trabalhos e atuações práticas ao lado de Joffre Dumazedier, garantiram ao pesquisador status e respaldo no campo de estudos do lazer, na década de 1970. Nas palavras do próprio Joffre Dumazedier, em prefácio da obra O Lazer no Brasil (REQUIXA, 1977): Ninguém está mais qualificado, por seus estudos científicos e por sua ação social, que Renato Requixa, para escrever este livro pioneiro. Ethel Bauzer Medeiros O pensamento de Ethel Bauzer está situado principalmente no que Peixoto (2007) irá chamar de primeiro ciclo de publicações brasileiras regular, que vai de meados da década de 1930 até meados da década de 1960, período marcado pela (1) produção de justificativas para a implementação de políticas de ocupação do tempo livre das crianças e de educação para o tempo livre; (2) organização e disseminação de acervos de jogos, brinquedos e brincadeiras,

entre outras práticas sociais consideradas adequadas para a ocupação do tempo livre das crianças no interior e fora da escola; (3) produção de justificativas científicas, relacionadas à produtividade no trabalho, para a redução regulamentada da jornada de trabalho e para o planejamento e implementação de políticas públicas voltadas a uma adequada ocupação do tempo livre do trabalhador. (PEIXOTO, 2007, p. 568). De acordo com Lima (2009), a relevância da professora Ethel Bauzer Medeiros no campo da recreação e do lazer é destacada tanto por autores contemporâneos de sua época, como por estudiosos da atualidade, em virtude de sua produção intelectual. Entre as décadas de 1920 e 1940, ainda na infância, ocorreu o primeiro contato com a recreação valorizada como meio de educar, tanto no seio familiar como no Instituto de educação do Rio de Janeiro. De 1940 a 1950, estabeleceu-se o interesse pela recreação e o vínculo profissional com esse campo e também com a psicologia. Entre as décadas de 1950 e 1980, Ethel publicou os livros Jogos para recreação na escola primária (1959), Lazer: necessidade ou novidade? (1975), O lazer no planejamento urbano (1975), O município e a recreação (1976), com os quais registrou seu legado no campo do lazer. As teorias da psicologia educacional e desenvolvimentista, que embasavam as práticas da Escola Nova no Brasil, foram as que mais a influenciaram. Ethel investiu em sua capacitação de forma continuada, estabeleceu contato com outros profissionais, participou de associações de recreação e lazer, produziu e disseminou conhecimento, e obteve considerável reconhecimento por suas realizações. Frederic Munné A teoria da Psicosociologia do Tempo Livre (PTL), proposta e publicada por Frederic Munné em 1980, foi e é uma referência de importantes trabalhos científicos desenvolvidos tanto no Brasil, quanto na Espanha. Atendendo aos antecedentes da PTL de 1980, no que se refere à produção brasileira, é possível identificar como elementos e idéias mais recorrentes a categorização da produção internacional, o debate sobre a organização social do tempo e do uso do tempo livre para a liberdade; e a respeito da espanhola, destacam-se aportes que, sensíveis a epistemologia da complexidade, enriqueceram a base teórica e proporcionaram instrumentalização e operacionalidade a mesma e, com isto, causaram avanços na sua vertente aplicada e empírica. Frederic Munné hoje é Professor Emérito da Universitat de Barcelona, Catedrático de Psicología Social e além da obra já citada, investigou e publicou vários artigos e livros sobre temas como: La complejidad del self y la identidad social; Sentido epistemológico de la pluralidad de teorías. El pluralismo teórico en la Psicología social.; Análisis de la complejidad y la actividad de los grupos; Construcción conceptual de la Psicología social como ciencia; El pensamiento de Marx en la Psicología social. La psicología social soviética; La influencia social de la publicidad como información y persuasión; Psicosociología crítica del ocio. El tiempo libre como el tiempo de goce de la libertad; Problemas interdisciplinarios de la psicología jurídica, como ciencia y como campo de intervención. (http://www.ub.edu/dppss/pg/fmunne.htm, ACESSO EM 13 DE NOVEMBRO DE 2009).

5 Considerações finais É Importante mencionar que trata-se de uma proposta em andamento, e encontra-se em um estágio inicial de execução. As repercussões desta pesquisa serão evidenciadas na medida em que as publicações das entrevistadas ganharem materialidade. Espera-se que estas informações sirvam de base para o desenvolvimento de pesquisas futuras no campo do lazer, bem como para avaliar a produção sobre o tema e sua trajetória no Brasil até os dias de hoje. Em decorrência do fechamento da primeira fase desta pesquisa, no mês de março de 2010 houve a publicação de um artigo na Revista Licere. (NUNES JUNIOR e AMARAL, 2010), no qual são apresentadas as impressões do entrevistador e depoimentos do entrevistado sobre suas produções teóricas no campo do lazer e as repercussões destas nos estudos relacionados à área. 6 Referências LIMA, João Franco. Ethel Bauzer Medeiros: trajetória no campo da recreação e do lazer. (Dissertação) Mestrado em Educação Física. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. 132f. MARCASSA, L. A invenção do lazer: educação, cultura e tempo livre na cidade de São Paulo (1888-1935). Dissertação de mestrado. Goiânia: UFG, 2002. MASCARENHAS, F. Lazer como prática da liberdade. Goiânia: Ed. UFG, 2003. MELO, V. A.; GOMES, C. L. Lazer no Brasil: trajetória de estudos, possibilidades de pesquisa. Revista Movimento, 9(1), 23-44, 2003. NUNES JUNIOR, Paulo Cezar; AMARAL, Silvia Cristina Franco. Entrevista com Frederic Munné: o percurso da psicossociologia do tempo livre nos estudos do lazer. Licere, v. 1, n.3, 03/2010. REQUIXA, R. O Lazer no Brasil. Braziliense: São Paulo, 1977. REQUIXA, R. Sugestões de diretrizes para uma política nacional de lazer. São Paulo: SESC, 1980. MUNNÉ, F. Psicosociología del tiempo libre: Un enfoque crítico. México: Trillas, 1980. PEIXOTO, E. Levantamento do estado da arte nos estudos do lazer: (Brasil) séculos XX e XXI alguns apontamentos. Educação e Sociedade., Campinas, vol. 28, n.99, p. 561-586, maio/ago.2007

Endereço para correspondência: Paulo Cezar Nunes Junior Rua Benedito Borges, 205 Jardim Bela Vista, CEP 37502173 Itajubá, MG pcn_junior@yahoo.com.br