PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS Resumo GORZONI, J. H.; BRANDÃO, N. Estudos têm demonstrado o crescimento da síndrome metabólica. No entanto, esta pesquisa tem por objetivo avaliar a prevalência dessa síndrome em pacientes hospitalizados. Foi realizado um estudo exploratório constituído por 89 pacientes internados no Hospital da Providência, analisando os preditores deste transtorno e os hábitos alimentares. A prevalência para a síndrome foi de 14,6%, onde 17,02% eram do sexo feminino e 11,9% do masculino, representando maior prevalência entre o gênero feminino. Palavras-chaves: Síndrome Metabólica, Riscos cardiovasculares, Doenças Crônicas não-transmissíveis. Abstract Studies have shown the growth of the metabolic syndrome. However, this research aims to assess the prevalence of this syndrome in hospitalized patients. We conducted an exploratory study comprised 89 patients at the Hospital of Providence, examining the predictors of this disorder and eating habits. The prevalence of the syndrome was 14.6%, where 17.02% were female and 11.9% male, representing higher prevalence among females. Keywords: Metabolic Syndrome, Cardiovascular Risks, Chronic noncommunicable Diseases. Introdução Atualmente a Síndrome Metabólica (SM) é vista como uma epidemia mundial que consiste na presença conjunta de fatores de risco cardiovasculares que podem trazer sérios problemas a saúde do indivíduo. As causas deste transtorno são de caráter multifatorial, onde a predisposição genética, hábitos alimentares inadequados e o sedentarismo da população em geral, estão contribuindo cada vez mais para o seu surgimento,
devido uma maior prevalência de sobrepeso/obesidade, aumentando assim a incidência de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) no mundo. Para ser diagnosticado com a SM o paciente deve apresentar ao menos três dos seguintes parâmetros alterados: circunferência abdominal, triglicerídeos, colesterol HDL, pressão arterial e glicemia em jejum. Estes dados foram propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e pela sua simplicidade foram adotados como definição pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM, 2005). Este trabalho teve por objetivo avaliar a prevalência de síndrome metabólica em pacientes internados em um hospital da cidade de Apucarana-PR. Referenciais teórico-metodológicos Essa síndrome inclui como fatores de riscos, a obesidade abdominal (circunferência), diabetes Mellitus tipo II, hipertensão arterial sistêmica e as dislipidemias. Onde todos esses critérios possuem seus pontos de cortes descritos na tabela abaixo. Quadro 1: Componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP III (2005) Componentes Níveis Circunferência Abdominal Homens Mulheres Triglicerídeos Colesterol HDL Homens Mulheres Pressão arterial Glicemia de jejum > 102 cm > 88 cm 150 mg/dl < 40 mg/dl < 50 mg/dl 130/85 mmhg 110 mg/dl A obesidade abdominal é caracterizada pelo acúmulo de gordura na região abdominal, esse excesso de peso é predominante na população em geral, pois é a partir dela que indivíduos tendem a desenvolver algumas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). (GHARAKHANLOU et al, 2012) A sociedade brasileira de diabetes (SBD) classifica o diabetes mellitus (DM) em quatro subgrupos: DM tipo 1, DM tipo 2, outros tipos e diabetes
gestacional. Em relação aos critérios diagnósticos para a SM, utiliza-se como parâmetro o DM tipo 2. Considerada também um problema de saúde pública, a hipertensão não tratada leva a muitas doenças degenerativas, incluindo insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença vascular periférica. É denominada como uma assassina silenciosa, motivo pelo qual alguns pacientes são assintomáticos por muitos anos e momentaneamente sofrem um acidente vascular cerebral (AVC). (KRAUSE, 2010) Por outro lado a dislipidemia é um quadro clínico caracterizado por concentrações anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue, tanto os fatores genéticos quantos os ambientais influenciam nessa doença. O colesterol e o triglicerídeo são os principais lipídeos circulantes no plasma sanguíneo. (FRANCA E ALVES, 2006) Trata-se de um estudo exploratório com abordagem quantitativa, caracterizado por um levantamento de dados com pacientes do Sistema único de Sáude (SUS), internados no Hospital da Providência da cidade de Apucarana-PR. A pesquisa incluiu todos os leitos oferecidos pelos SUS no hospital, totalizando um número de 89 leitos, sendo 35 leitos da clínica médica feminina, 25 leitos da clínica médica masculina e 29 leitos da clínica cirúrgica de ambos os sexos. Foi executado em um período de 60 dias, respeitando a rotatividade de internamentos e altas. O questionário de frequência alimentar foi previamente aplicado em 10% da amostra e corrigido por três professores da Instituição FAP (Faculdade de Apucarana), utilizados exclusivamente para o processo de validação. O mesmo contém quatro questões curtas e objetivas, relacionadas à frequência de consumo de lanches, frituras, frutas e saladas, que possivelmente poderiam contribuir para o aparecimento e/ou agravo da SM. Em relação a aferição da pressão arterial e aos exames laboratoriais (glicemia, dislipidemia, triglicerídeos e colesterol HDL), os mesmos foram coletados pelo prontuário de cada paciente, no qual os resultados foram analisados de acordo com a classificação sugerida pelo National Cholesterol Education Program s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III).
Conclusão A população estudada constituiu uma amostra de 89 pacientes, sendo que deles, 47 (52,8%) são do sexo feminino e 42 (47,2%) são do sexo masculino, cujo nº corresponde à 100% dos leitos oferecidos pelo SUS Eles tinham em média 48,52±17,07 (mínima de 18 e máxima de 83) anos de idade. Figura 1- População Estudada 55,00% 50,00% 45,00% 52,80% 47,20% Feminino Masculino 40,00% Feminino Masculino A presença de Síndrome Metabólica (SM) foi encontrada em 13 (14,6%) indivíduos da população estudada, onde 8 (17,02%) eram do sexo feminino e 5 (11,9%) eram do sexo masculino. O que representa uma maior prevalência no gênero feminino. Figura 2- Prevalência de Síndrome Metabólica entre os indivíduos avaliados. 100,00% 85,40% 50,00% 0,00% 14,60% Ausência de SM Presença de SM Ausência de SM Presença de SM Em relação aos critérios diagnósticos para a SM, a circunferência abdominal, hipertensão arterial e a diabetes mellitus, foram os preditores de diagnóstico que classificaram em 100% a síndrome neste estudo, uma vez que os outros parâmetros como HDL e triglicerídeos não foram encontrados em nenhum prontuário desses pacientes. Com relação ao questionário de frequência alimentar aplicado, foi possível observar através de relatos, que essas pessoas que apresentavam a SM
ultimamente vêm mudando seus hábitos alimentares, motivos pelo qual estão descobrindo o surgimento dessas DCNT. Uma vez que antes do aparecimento das doenças, eles tinham costumes totalmente inadequados, o que provavelmente resultou no seu surgimento. O quadro abaixo descreve a frequência alimentar dos pacientes classificados com a SM. Quadro 2- Frequência Alimentar dos portadores de SM. Alimentos Frequência de Consumo N R Q 1x 2 a 4x D Lanches 4 7 2 --- --- --- Frituras --- 1 2 7 2 1 Saladas 1 1 --- 1 3 7 Frutas --- 1 3 3 3 3 N: nunca R: raramente Q: quinzenalmente 1x: 1 vez por semana 2 a 4x: de 2 a 4 vezes por semana D: diariamente A adoção de um estilo de vida mais saudável, relacionado com a manutenção da saúde, uma dieta adequada com consumo de frutas e hortaliças e a prática de atividade física é uma solução rápida e básica, cuja prevenção e um desafio mundial, com grande repercussão para a saúde. Referências The Third Report of the National Cholesterol Education Program (NECP). Expert Panel on Detection. Evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult Treatment Panel III). JAMA, v. 16, n. 19, p. 2486-97, 2001. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de diagnóstico e tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM); Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 84, supl. 1, p. 1-28, 2005. GHARAKHANLOU, R.; et al. Medidas antropométricas como preditores de fatores de risco cardiovascular na população urbana do Irã. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 98, n. 2, p. 126-135, 2012. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. KRAUSE. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Rio de Janeiro. Ed. Elsevier; p. 865, 2010. FRANCA, E. F.; ALVES, J. G. B. Dislipidemia entre crianças e adolescentes de Pernambuco. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, n. 6, p. 722-7, 2006. SBD Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: www.diabetes.org.br. Acesso em: 28 maio 2012.