INFORME INFRA-ESTRUTURA



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Docente: Willen Ferreira Lobato

Transcrição:

INFORME INFRA-ESTRUTURA ÁREA DE PROJETOS DE INFRA-ESTRUTURA JULHO/97 N 12 Resíduos Sólidos Urbanos INTRODUÇÃO Um dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna é o equacionamento da questão do lixo urbano. Além do expressivo crescimento da geração de resíduos sólidos, sobretudo nos países em desenvolvimento, observam-se, ainda, ao longo dos últimos anos, mudanças significativas em suas características. Essas mudanças são decorrentes principalmente dos modelos de desenvolvimento adotados e da mudança nos padrões de consumo. O crescimento populacional aliado à intensa urbanização, acarreta a concentração da produção de imensas quantidades de resíduos e a existência cada vez menor de áreas disponíveis para a disposição desses materiais. Juntam-se a esses fatos, as questões institucionais, que tornam cada vez mais difícil para os municípios dar um destino adequado ao lixo produzido. SITUAÇÃO ATUAL A produção de lixo tem sido diretamente associada ao estágio de desenvolvimento de uma região; em geral, quanto mais evoluída, maior o volume e peso de resíduos e dejetos de todo tipo. Todavia há outros fatores que influenciam a geração de lixo como: variações sazonais e climáticas, hábitos e costumes da população, densidade demográfica, leis e regulamentações específicas, entre outros. No Brasil são produzidas diariamente, segundo o Manual de Gerenciamento Integrado (IPT/CEMPRE, 1995), cerca de 241 mil toneladas de lixo, dos quais 90 mil são de origem domiciliar. Dessa forma, a média nacional de produção de resíduos por habitante, estaria em torno de 600g/dia. Uma cidade como São Paulo, no entanto, produz em média 1 kg/dia de lixo por habitante. inf4lixo.doc Produção de Resíduos Sólidos Per Capita em Alguns Países e Cidades PAÍSES g / hab-dia CIDADES g / hab-dia Canadá 1.900 México DF 900 Estados Unidos 1.500 Rio de Janeiro 900 Holanda 1.300 Buenos Aires 800 Suíça 1.200 Santiago de Chile 800 Japão 1.000 San Salvador 680 Europa 900 Tegucigalpa 520 Índia 400 Lima 500 Fonte: Oficina Pan-americana de La Salud/OMS, Zepeda, 1995,dados de 1990

2 1. LIXO COLETADO Nas áreas urbanas, o serviço de lixo coletado atingia, em 1991, 80% dos domicílios. Apesar desta boa cobertura no atendimento, vis à vis outros países em desenvolvimento, cerca de metade do lixo urbano brasileiro não coletado era simplesmente jogado (sem ser queimado ou enterrado). Isto significa a existência de quase 3 milhões de domicílios urbanos nesta condição. Por Grandes Regiões Desses 3 milhões de domicílios, 54% estão localizados na região NE. As regiões S e SE exibem as maiores proporções de domicílios urbanos com lixo coletado - 87%. Brasil - Lixo coletado por região nos domicílios urbanos - 1991 REGIÕES % BRASIL 80 Norte 55 Nordeste 64 Sudeste 87 Sul 87 Centro - Oeste 76 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 1991, in PMSS, vol.4 Por Regiões Metropolitanas (RMs) A situação da coleta em oito 1 Regiões Metropolitanas evidenciava, em 1991, um desequilíbrio de atendimento entre núcleo e entorno, na maioria dos casos, com destaque para as de Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Em Recife e Salvador as médias de atendimento são mais baixas mas o desequilíbrio é um pouco menor. Curitiba apresenta uma situação peculiar, pois embora o atendimento ao núcleo e entorno não seja equilibrado, a média é das mais altas. Já nas RMs de São Paulo e Porto Alegre, observa-se um nível de atendimento alto e equilibrado entre a capital e os municípios periféricos. Brasil - Percentual do lixo coletado nas Regiões Metropolitanas - 1991 REGIÕES TOTAL NÚCLEO ENTORNO METROPOLITANAS COLETADO RM de Fortaleza 80 85 49 RM de Recife 75 83 67 RM de Salvador 76 78 60 RM de Belo Horizonte 78 87 61 RM do Rio de Janeiro 80 96 60 RM de São Paulo 97 99 94 RM de Curitiba 94 98 83 RM de Porto Alegre 95 97 93 Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991, in PMSS, vol.4 1 Não há dados disponíveis para a RM de Belém, em 1991.

3 Por Tamanho de Cidade Em geral, à medida que aumenta o tamanho das cidades, aumenta também o atendimento à população com serviços de coleta de lixo. Nas duas categorias de cidades de menor tamanho: até 20 mil habitantes, e de 20 mil a 50 mil habitantes, a cobertura desses serviços gira em torno de 60% dos domicílios urbanos. Por Nível de Renda lixo: Quanto maior o nível de renda da população, maior o atendimento em termos de coleta de Brasil - População urbana, por nível de renda, com acesso à coleta de lixo - 1990 2 (Em %) NÍVEL DE RENDA Coletado 0-1 salário mínimo 51,3 1-2 salários mínimos 56,8 2-5 salários mínimos 69,6 mais de 5 salários mínimos 89,0 Total 78,4 Fonte: PNAD/90, in Texto para discussão nº 403, Seroa da Motta 2. COMPOSIÇÃO DO LIXO O conhecimento da composição do lixo é imprescindível para o planejamento de investimento em coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. No que se refere à composição do lixo brasileiro, os dados mais recentes mostram a seguinte distribuição: Brasil - Composição Média do Lixo ITENS % PESO Matéria orgânica 52,5 Papel e papelão 24,5 Plásticos 2,9 Vidros 1,6 Metais ferrosos e não ferrosos 2,3 Outros 3 16,2 Total 100,0 Fonte: Manual de Compostagem, J.T. Pereira Neto, 1992 Verifica-se que os países de maior renda per capita respondem por alto percentual de resíduos inorgânicos como vidro, papel, plásticos e metal. Ao contrário, os países de menor renda apresentam resíduos com alto conteúdo de alimentos. 2 Os dados do PNAD, onde 78% da população tem acesso à coleta referem-se a 1990, apresentando ligeira diferença em relação ao censo de 1991 onde este indicador é de 80%. 3 Inclui trapos, borracha, couro, madeira, etc.

4 Composição dos resíduos domésticos em diversos países - % do peso total Países Ano Metal Papel Vidro Orgânico Plástico Outros Nigéria 1990 5,0 17,0 2,0 43,0 4,0 29,0 Suécia 1987 7,0 50,0 8,0 15,0 8,0 12,0 USA 1983 9,2 42,7 10,3 14,6 1,7 21,5 Áustria 1992 4,9 40,3 8,1 22,4 9,0 15,3 Colômbia 1989 1,0 22,0 2,0 56,0 5,0 14,0 Dinamarca 1988 4,1 32,9 6,1 44,0 6,8 6,1 França 1992 3,2 49,0 9,4 16,3 8,4 13,7 Japão (Capital) 1988 1,2 43,6 1,0 34,0 5,6 14,6 Hungria (Capital) 1992 4,4 20,0 6,1 34,7 5,7 29,1 Fontes: Propia, Warner Bolletin, OPS/OMS, Boletim CEE 3. DESTINO FINAL DO LIXO No Brasil Cerca de 49% do lixo coletado é disposto em vazadouros, sem qualquer tipo de tratamento. Outros 45% destinam-se a aterros controlados ou sanitários e 5% recebem tratamento em usina. Nas regiões N e NE a parcela do lixo recolhido que é jogada em vazadouros é bem maior - em torno de 90%. Na Região Norte, dentro desses 90%, aproximadamente 23% são jogados em áreas alagadas. Nas regiões S e SE o quadro é menos dramático, principalmente para os municípios com mais de 300 mil hab., onde a maior parte do lixo coletado recebe tratamento adequado. Brasil - Destino Final do Lixo (Em %) Grandes Vazadouro Aterro Usina Regiões Contro- Sanitário Total Compostagem Reci - Total lado clagem Norte 89,7 4,0 3,7 7,7 2,6 0,0 2,6 Nordeste 90,7 5,4 2,3 7,9 0,7 0,7 1,5 C. Oeste 54,0 27,0 13,1 40,1 5,0 0,3 5,9 Sudeste 26,6 24,6 40,5 65,2 4,4 3,5 8,2 Sul 40,7 52,0 4,9 57,0 1,0 1,2 2,2 Brasil 49,3 21,9 23,3 45,3 3,0 2,2 5,4 Fonte: IBGE/DPE/Deiso - Depart.º de Estatística e Indicadores Sociais - PNSB/89, in Texto para Discussão nº 403, Seroa da Motta É importante destacar que nas regiões N e NE, apenas cerca de 10% de todo o lixo coletado recebia algum tipo de tratamento.

5 Em Outros Países O quadro a seguir mostra a situação do tratamento e a disposição final do lixo em alguns países desenvolvidos e na América Latina, em 1990. Entretanto atualmente, observa-se na Europa uma tendência à volta da reciclagem da maior parte do lixo inorgânico que era destinado à incineração. Este fato é conseqüência dos diversos problemas causados ao meio ambiente pela ineficácia dos equipamentos, quanto à qualidade dos gases lançados pelas usinas de incineração. Como exemplo, podemos citar recente lei italiana de fevereiro de 1997, que obriga as municipalidades a adotarem a coleta seletiva, de forma a aumentar a qualidade dos materiais recicláveis viabilizando, assim, sua comercialização. O não cumprimento da lei acarretará o impedimento à implantação de aterros e/ou usinas de incineração. Tratamento e Disposição Final do Lixo Coletado em outros países - 1990 (Em %) País ou Região Aterro Incineração Compostagem Sanitário Estados Unidos 80 19 < 1 Japão 30 70 2 Alemanha 70 30 3 França 55 40 9 Suíça 20 80 - Suécia 40 55 5 Espanha 80 15 5 América Latina 98 < 1 < 1 Oficina Pan-americana de La Salud-OPS/OMS, F. Zepeda, 1995 QUESTÃO INSTITUCIONAL A Constituição Federal confere aos municípios a competência para organizar e prestar os serviços públicos de interesse local, inserindo-se nestes as tarefas de limpeza pública: coleta, transporte e disposição de lixo municipal. A prestação dos serviços pode ser executada pela própria prefeitura ou por terceiros. A participação da esfera administrativa particular aumenta de acordo com o tamanho da população dos municípios. Nas cidades médias e pequenas prevalece a administração direta. Nas cidades grandes existe a tendência de se criarem entidades autônomas - empresas públicas, autarquias ou sociedades de economia mista. Em ambos os casos observa-se, na parte operacional, uma tendência crescente de terceirização dos serviços A maioria das capitais tem seu serviço de coleta de lixo terceirizado. A prefeitura é responsável pelo pagamento às empresas prestadoras do serviço, com base no número de toneladas coletadas. A inexistência de uma política brasileira de limpeza pública, a falta de capacitação técnicoprofissional, a descontinuidade política e administrativa e, em especial, a limitação financeira decorrente, entre outros fatores, da cobrança pelos serviços ser feita, em geral, sob forma de imposto ou taxa, dificultam ainda mais a atribuição da prefeitura de gerenciar de forma eficaz a prestação dos serviços.

A taxa relativa à prestação destes serviços, em geral insuficiente para cobrir os gastos do órgão de limpeza urbana, é usualmente cobrada junto com o IPTU. Assim, o montante arrecadado vai, primeiramente, para o Tesouro Municipal. Dessa maneira, dependendo das prioridades da administração municipal, o repasse à entidade de limpeza urbana pode se realizar ou não. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção per capita de lixo nas principais cidades brasileiras, se aproxima dos altos índices que os países desenvolvidos vêm tentando reverter. As administrações municipais não têm alternativa que dispense a necessidade de redução da produção de lixo. A disposição final do lixo no Brasil é, em geral, muito precária, e mesmo calamitosa nas regiões Norte e Nordeste. A falta de solução para este problema compromete perigosamente a saúde das populações urbanas. A disponibilidade de recursos para investimento, principalmente na destinação final, com ou sem a participação do setor privado depende do equacionamento da questão da remuneração dos serviços de limpeza urbana. Outros aspectos do tema Resíduos Sólidos estarão sendo abordados no Caderno de Infra- Estrutura - Foco: Resíduos Sólidos, a ser divulgado em breve. Equipe responsável: Geset-4/AI Zilda Borsoi - Gerente Maria Lucia Camisão Nora Lanari Solange Torres Simone Mures Gomes - Estagiária

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