ANÁLISE DO ENTORNO E DOS RECURSOS HÍDRICOS DOS AMBIENTES ESTUARINOS DO LITORAL DA PARAÍBA

Documentos relacionados
Mapeamento espaço-temporal da ocupação das áreas de manguezais no município de Aracaju-SE

AULÃO UDESC 2013 GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA PROF. ANDRÉ TOMASINI Aula: Aspectos físicos.

Geografia. Aspectos Físicos e Geográficos - CE. Professor Luciano Teixeira.

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS DETERMINADOS PELA SUDEMA DO RIO JAGUARIBE COM PADRÕES CONAMA 357/05

Obtenção de Parâmetros para Simulação Hidrológica na Bacia do Rio Japaratuba por meio de Geotecnologias

O CRESCIMENTO URBANO E OS IMPACTOS SÓCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS:

ATUAL SITUAÇÃO DAS CLASSES DOS CORPOS HÍDRICOS DO RIO GRAMAME

Professora Leonilda Brandão da Silva

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES URBANAS NO SETOR SUL-SUDESTE DE JOÃO PESSOA - PARAÍBA

SISTEMA NACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO E SUAS DEFINIÇÕES de março 2015 Paramaribo, Suriname

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

¹ Estudante de Geografia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estagiária na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).

ANÁLISE AMBIENTAL DO ESTUÁRIO DO RIO POJUCA MATA DE SÃO JOÃO / CAMAÇARI BAHIA. Carlos Alves de Freitas Júnior¹. Fabrine dos Santos Lima²

Região Nordestina. Cap. 9

GESTÃO AMBIENTAL E POLITICAS PUBLICAS. INFLUÊNCIA DA URBANIZAÇÃO NA EROSÃO DA ÁREA COSTEIRA NA PRAIA DO MURUBIRA, ILHA DE MOSQUEIRO PA.

Mata Atlântica Floresta Pluvial Tropical. Ecossistemas Brasileiros

Figura 10- Mapa da Planície de Inundação para a cota de 15 m, nas proximidades da cidade de Propriá.

Problemas ambientais no setor paulista da Serra do Mar:

Exercícios Complementares de Ciências Humanas Geografia Ensino Fundamental. Regiões Brasileiras

Comparação de Variáveis Meteorológicas Entre Duas Cidades Litorâneas

O manguezal é um ecossistema complexo e um dos mais produtivos do planeta.

Pablo Merlo Prata. Vitória, 17 de junho de 2008.

Mapeamento Costeiro. Métodos e técnicas para configurar espacialmente feições costeiras para interpretações geológicas e geomorfológicas

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA BIOTA DO AÇUDE ITANS EM CAICÓ/RN: ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

B) Aponte duas causas para o aumento do consumo mundial de água das últimas décadas do século XX até os dias atuais.

Olá orientista, Te esperamos na 3ª Etapa do CPO

DIAGNÓSTICO DE RISCOS AMBIENTAIS E ALTERNATIVAS PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DE TRECHO DO RIO GUANDU

EIXO CAPACIDADES CONTEÚDOS / CONCEITOS CICLO COMPLEMENTAR

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO PORTO ORGANIZADO DE ÓBIDOS

II-173 A FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO COMO ORIGEM DA POLUIÇÃO DOS CORPOS RECEPTORES: UM ESTUDO DE CASO.

Biomas / Ecossistemas brasileiros

Geoprocessamento na delimitação de áreas de conflito em áreas de preservação permanente da sub-bacia do Córrego Pinheirinho

AVALIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO PARATI, MUNICÍPIO DE ARAQUARI/SC.

Erosão costeira e a produção de sedimentos do Rio Capibaribe

O GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA DE IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO THE GEOPROCESSING AS SUBSIDY OF IDENTIFICATION AREAS OF PRESERVATION

A TEORIA DO CONFORTO NATURAL, A DINÂMICA DA NATUREZA TERRESTRE E O PARADIGMA DA GEOGRAFIA ARTICULADA AO CONHECIMENTO HUMANO

PROCESSOS MORFODINÂMICOS NA PRAIA DA PONTA D AREIA: USO DE ESPAÇOS LITORÂNEOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

ANALISE ESPACIAL DAS TECNOLOGIAS SOCIAIS HÍDRICAS NO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

DISCIPLINA DE GEOGRAFIA

UNIDADES DE RELEVO DA BACIA DO RIO PEQUENO, ANTONINA/PR: MAPEAMENTO PRELIMINAR

ANÁLISE GEOESPACIAL DAS DINÂMICAS AMBIENTAIS DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DO RIO MONTEIRO-PB

COLETA E PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE ÁGUA E SEDIMENTO

Avaliação preliminar das nascentes do Rio Mundaú inserida na zona urbana do município de Garanhuns

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MÉDIO-BAIXO CURSO DO RIO ARAGUARI

SUMÁRIO 1. Considerações iniciais 2. Bacia do rio Macaé 3. Bacia do rio das Ostras 4. Bacia da lagoa de Imboacica 5.

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE ÁGUA (IQA) DE DUAS NASCENTES NO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA-SP

PROJETOS DE PESQUISA VINCULADOS AO MESTRADO PROFISSIONAL EM GEOGRAFIA

Aspectos físicos da região Nordeste

ANÁLISE DE IMPACTO AMBIENTAL EM CORPO HÍDRICO

Anais 1º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande, Brasil, novembro 2006, Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p

ANÁLISE DA DINÂMICA DUNÁRIA E DA EXPANSÃO URBANA DA CIDADE DE TUTÓIA (MA) ENTRE 1987 E 2010

Lagoa Urussanga Velha Lagoa Mãe Luzia

II Semana de Geografia UNESP / Ourinhos 29 de Maio a 02 de Junho de 2006

O 2º do artigo 22 passa a vigorar com a seguinte redação:

A regionalização do território brasileiro

A IMPORTÂNCIA DA INSTALAÇÃO DE ESTAÇÕES FLUVIOMÉTRICAS E PLUVIÔMETRICAS PARA O ESTUDO DA HIDROLOGIA: CASO DA BACIA DO RIO JUQUERIQUERÊ

DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DO ASSOREAMENTO NO RIO SÃO FRANCISCO ENTRE PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA.

Análise de Uso e ocupação do solo no Distrito São Félix na cidade de Marabá-Pará INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RESERVATÓRIO BANANEIRAS, ALEXANDRIA /RN

ESTUDO PRELIMINAR DA QUALIDADE DA ÁGUA DO ESTUÁRIO DO RIO PARAÍBA: ÁREA DE EXTRAÇÃO DE MARISCOS

A QUESTÃO DA ÁGUA NO NORDESTE Meio Ambiente e Qualidade da Água

MAPEAMENTO DE AMBIENTES DA PLANÍCIE COSTEIRA DE SOURE (ILHA DE MARAJÓ), A PARTIR DE IMAGENS IKONOS: UMA ABORDAGEM DE CLASSIFICAÇÃO ORIENTADA A OBJETO

ANÁLISE TEMPORAL E ESPACIAL DAS VARIAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS NA BACIA DO RIO MACAÉ/RJ: CONTRIBUIÇÃO NA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS SUSCETÍVEIS À EROSÃO.

FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DA REN

Título: Autores: Filiação: ( INTRODUÇÃO


Figura 1 Altimetria média de Minas Gerais. (Autor: Carlos Wagner G A Coelho)

SÍNTESE. AUTORES: MSc. Clibson Alves dos Santos, Dr. Frederico Garcia Sobreira, Shirlei de Paula Silva.

SUBTROPICAL (SÃO GABRIEL - RS)

LISTA DE EXERCÍCIOS CIÊNCIAS

Anais III Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

1º Período Conteúdos Habilidades Atividades desenvolvidas

Qualidade da Água em Rios e Lagos Urbanos

I Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental - COBESA

Distribuição Da Precipitação Média Na Bacia Do Riacho Corrente E Aptidões Para Cultura Do Eucalipto

Recursos Hídricos. Qualidade da água para usos múltiplos. Maurício A. Leite

Revista Brasileira de Geografia Física

Caracterização geral da população e do clima de 3 municípios do semiárdo do nordeste brasileiro para o período

¹ Universidade Federal de Campina Grande

DEGRADAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA BACIA HIDRÁULICA DO AÇUDE DE BODOCONGÓ

Complexo deltaico do rio Paraíba do Sul: caracterização geomorfológica do ambiente e sua dinâmica recente

GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA E BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BRASIL Profº Gustavo Silva de Souza

Utilização de imagens de satélite para criação do mapa de uso e cobertura da terra para o estado de Goiás Ano base 2015

Exercitando Ciências Tema Ecossistemas Brasileiros. (Terrestres, Litorâneos e de Transição)

Relevo brasileiro GEOGRAFIA 5º ANO FONTE: IBGE

Olá orientista, Te esperamos na 3ª Etapa do CPO

Tadeu Corrêa Pinheiro. Orientador: Prof. Dr. Gilberto Pessanha Ribeiro

AGENTES EXTERNOS DO RELEVO

Planos de Ordenamento. Planos de Ordenamento da Orla Costeira e. de Estuários O contínuo nuo desejado. Margarida Cardoso da Silva

REGISTROS HISTÓRICOS E RECENTES DA CAÇA DE PRIMATAS NO LITORAL NORTE DA PARAÍBA, BRASIL.

Praias Antropizadas Conforme citado anteriormente, os perfis 1, 5, 7, 9 (Passo de Torres), 13, 14, (Balneário Gaivota), 19, 21, 24, 25, 27 (Balneário

Vegetação Amenizadora da Poluição Industrial no Bairro Cidade Industrial de Curitiba / PR

ANÁLISE DAS INTRUSÕES ANTRÓPICAS NAS FISIONOMIAS VEGETAIS EM ÁREA DE FLORESTA ATLÂNTICA

INFLUÊNCIA DO RIO SÃO FRANCISCO NA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE

MAPEAMENTO COSTEIRO INTEGRADO

FLUTUAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO EM ALAGOA NOVA, PARAÍBA, EM ANOS DE EL NIÑO

COHIDRO PLANO INTEGRADO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL

Programa Plante Árvore. Instituto Brasileiro de Florestas - IBF

Transcrição:

ANÁLISE DO ENTORNO E DOS RECURSOS HÍDRICOS DOS AMBIENTES ESTUARINOS DO LITORAL DA PARAÍBA Coordenador: Eduardo Rodrigues Vianna de Lima (UFPB) eduvianalima@gmail.com autores: Lucimary Albuquerque da Silva (UFPB) lucimary@gmail.com José Jerônimo de Souza Nascimento Larissa Fernandes de Lavôr Geraldo Costa de Almeida Neto RESUMO Ao longo de 138 km de extensão, o litoral da Paraíba apresenta seis estuários representativos, que vem ao longo dos anos passando por mudanças devido ao aumento de atividades em seu entorno. É oficialmente divido em, litoral norte, rio Paraíba e litoral sul. O trabalho tem como objetivo determinar a qualidade ambiental e as formas de uso da água correlacionando-os com o uso e ocupação do solo em seu entorno. Utilizando-se de imagens de satélites Lansat 7, que demostram que o estuário do rio Paraíba é o maior e o mais degradado do Estado. O litoral sul apresenta uma acelerada ocupação, substituindo as plantações de cana-de-açúcar. E, o litoral norte é, ainda, o mais conservado. E analisando os parâmetros físico-químicos do período de 2008 a 2010, os mesmos mantiveram-se dentro do estabelecido pelo CONAMA. O trabalho está ainda em fase execução. Palavras chave: Estuários da Paraíba, uso do solo, qualidade da água, ocupação acelerada. Introdução Este trabalho faz parte do projeto PNPD (Programa Nacional de Pós Doutorado), vinculado a Pós-Graduação em Geografia da UFPB. E, ainda não está concluído, está na Tem como abordagem principal, o estudo dos estuários do litoral paraibano, buscando detectar os problemas ambientais nesses áreas, sobre tudo, causados pela ação antrópica. Estuários são áreas de transição entre os rios e oceano, que lhe garante propriedade que favorece a concentração de nutrientes que lhe proporciona um ambiente mais produtivo, do ponto de vista ecológico, do que os rios e os oceanos. É de grande importância na produção primária, e constituem o habitat de várias espécies, sendo ainda considerado como berçário, já que inúmeras espécies de água doce e salgada utilizam suas áreas para reprodução. Os ambientes estuarinos são ambientes complexos, e apresentam características distintas, de acordo com a sua localização do globo. No litoral paraibano eles se confundem com os ecossistema manguezal. Dentre os ambientes estuarinos, os manguezais é considerado um dos mais produtivos biologicamente, pois apresenta grande variedade de espécies, tanto aquática como terrestre. Para o seu desenvolvimento é necessário que o estuário apresente uma série de características próprias, dentre elas destacam-se, a temperatura da água, a disponibilidade de nutrientes e fundo areno-

lamoso, que contribuem para o desenvolvimento da vegetação de mangue, etc.. Por ser um ecossistema frágil, mudanças qualitativas e quantitativas no seu entorno, podem desencadear um desiquilíbrio ecológico. Nas últimas décadas é evidente a expansão de atividades distintas nas proximidades dos estuários da Paraíba, em razão das condições favoráveis para o desenvolvimento de tais atividades, como também o significativo crescimento populacional das cidades costeiras do estado, aumentando possibilidade de contaminação desse recurso hídrico, comprometendo, também, a qualidade de vida da população a diminuição de da sua oferta. A identificação das formas de contaminação dessas áreas leva em consideração o estudo de vários aspectos do meio físico e as atividades humanas. Caracterização Geral do Litoral Paraibano O litoral paraibano apresenta-se com cerca de 138 Km de costa, que inclui 12 municípios (Baia da Traição, Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa, Lucena, Marcação, Mamanguape, Mataraca, Pitimbú, Rio Tinto e Santa Rita), com uma população de aproximadamente um milhão de habitantes. É político-administrativo dividido em João Pessoa, Litoral Sul e Litoral Norte (IBGE, 2010). Apresenta clima, segundo a classificação de Koeppen, A' sem períodos frios, com média mensal de 20º C, com média pluviométrica de 1200 a 1800 mm/a. Os meses de Fevereiro e Março são os mais quentes, e Julho e Agosto os mais frios e chuvosos. Segundo o Atlas Geográfico do Estado da Paraíba (AGEP) (1985), a área está na região bioclimática conhecida como Mediterrâneo ou Nordestino Subseco (3d th), que apresenta médias térmicas anuais de 25º C, com pluviosidade em torno de 1500 a 1700 mm., com umidade relativa do ar de 80%, a estação seca curta de 1 a 3 meses. Geologicamente e de acordo com Barbosa e Lima-Filho (2005), está inclusa na bacia Paraíba e a área apresenta um domínio da unidade Barreiras, com arenitos variegados; seguido pelo grupo Paraíba, com arenitos calcários. Nas proximidades dos estuários apresenta areia-lamosa facilitando o desenvolvimento de manguezais. O relevo apresenta planície costeira e tabuleiros costeiros. A planície costeira tem menor expressão, com níveis altimétricos de até 10 metros, com formas de relevo resultante da ação fluvial e marinha, contendo praias arenosas, terraços, restingas, recifes e corsões litorâneos, no entanto, no setor norte, a ação dos ventos é mais efetivo, formando um acúmulo significativo de areia. Os tabuleiros costeiros são erodidos pela ação marinha o que resulta na formação de falésias mortas e vivas, muito expressivas no litoral central e sul da Paraíba.

A vegetação pioneira, foi gradativamente substituída por plantações, sobre tudo de cana-de-açúcar, restando apenas alguns pequenos trechos espaçados de mara de restinga, com árvores de pequeno e médio porte, com raras epífitas, devido ao clima. Segundo o AGEP (1985), as espécies dominantes são: Anacardium occidentale L (cajueiro), Schinus therebenthifolius R (aroeira), Moquilea tomentosa Benth (oiti), entre outros. Além da vegetação de restinga, é comum a vegetação de mangue, constante em todos os estuários, com espécies comuns a eles, tais como: Rizophora mangle, Conocarpus erectus, Laguncularia racemosa, Avicennia schaueriana S e L. Hidrologicamente, a AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba), estabelece a divisão das bacias de acordo com o critério políticoadministrativo, em: Bacia do rio Paraíba do Norte (João Pessoa/Cabedelo), Bacias do Litoral Sul e Bacias do Litoral Norte. Esta divisão também foi adotada por nós, para efeito de logística. Objetivos Assim, o principal objetivo deste trabalho é levantar dados que sirvam para determinar a qualidade ambiental e as formas de uso e da água e do entorno dos mananciais, correlacionando-os com o uso e a ocupação do solo no entorno dos estuários da Paraíba. Podendo, estas, servir de subsídios para as ações de exploração racional dos recursos hídricos da área de estudo, contribuindo assim, para a melhoria da qualidade de vida das comunidades presente. Procedimentos Metodológicos Os procedimentos metodológicos inclui o levantamento de dados, junto a órgão públicos e institucionais, tais como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca), analisando os Censos Demográficos 1950 a 2010 permitindo fazer uma análise espaço-temporal da disdribuição territorial da população da áerea de estudo; a SUDEMA/PB (Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba), onde foram adquiridas informações referentes à qualidade da água nos estuários por meio de monitoramento mensal dos parâmetros físico-químicos da água: Temperatura, Turbidez, Salinidade, Potencial Hidrogeniônico (ph), Oxigênio dissolvido (OD), Demanda bioquímica por oxigênio (DBO), onde foram elaboradas tabelas com médias anuais de algumas dessas informações, para os rios Paraíba, Mamanguape e Gramame, para os outros rios, os dados ainda estão sendo organizados. Dados que não aparecem nas tabelas ou não foram coletados para aquele ano, ou continham alguma

inconsistência, por isto foram suprimidos. Estas informações estão sendo agrupadas em um banco de dados digital, criadas com de técnicas de geoprocessamento com o software livre Spring disponível no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE. A partir da geração desse banco de dados estão sendo levantadas e mapeadas variáveis relacionadas com as atividades desenvolvidas no entorno dos aquíferos, onde ao término desta pesquisa deverá traçado o perfil da situação socioambiental da região. Este mesmo órgão também disponibilizou imagens de satélites LANDSAT-7, dos anos de 2010 e 2011, onde estão sendo analisadas alguns fenômenos de ocupação. Para efeito de logística, o desenvolvimento da pesquisa adota a divisão estabelecida pela AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba), onde as bacias são divididas de acordo com o critério político-administrativo, em: Bacia do rio Paraíba do Norte, Bacias do Litoral Sul e Bacias do Litoral Norte. Tratamento das imagens de satélites As imagens de satélites estão servindo para determinar o uso e a ocupação do solo nas áreas do entorno dos estuários. Este tratamento está sendo realizado através do Google Earth e do software livre Spring (Sistema de Posicionamento de Informações Georreferenciadas), onde determinados quais as atividades que são realizadas na área de estudo, onde teremos como resultado um mapa temático contendo informações como cultura, vegetação, área degradada e cursos de água, dando origem criação do banco de dados do litoral da Paraíba. Resultados Preliminares Através das imagens de satélites do Google Earth, foi possível a delimitação das áreas estuarinas e seu georreferenciamento, estando em fase de conclusão a confecção dos mapas das áreas de influência estuarinas, com o uso e a ocupação do solo. Juntamente com informações complementares, em primeira análise, foi possível observar que:estuário da região central do litoral Paraibano. Compostos pelos estuários dos rios Paraíba do Norte e do Miriri. O estuário do rio Paraíba é o maior ambiente estuarino do Estado. É nele que se encontra o porto de Cabedelo, e o famoso por do sol do Jacaré, devido a sua grande importância econômica e ecológica é o estuário mais estudado do estado, com grande quantidade dados disponíveis. Supõe-se que este seja o ambiente estuarino mais degradado, devido principalmente a sua localização (dentro de uma área densamente ocupada) Grande João Pessoa que é a capital do estado,

detentora do maior adensamento urbano e consequentemente a maioria da população, assim com, do maior número de visitas turísticas, devido a sua localização (é o limite entre os litorais norte e sul) e infraestrutura local. Já o estuário do rio Miriri, é pouco significativo, sendo muito utilizado como área de lazer, e por isto, temos pouca informações sobre o local. Segundo dados fornecidos pela SUDEMA, entre 2008 e 2010, estes estuários se mantem dentro dos parâmetros estabelecidos pelo CONAMA, 2011 (Conselho Nacional do Meio Ambiente), exceto OD que encontra-se em quantidade menor que o esperado (Tabelas 1 e 2). TABELA 1: Vales médios anuais dos parâmetros físico-químicos do Rio Paraíba do Norte. Temperatura Turbidez ph Salinidade OD DBO Padrão CONAMA 29 100 6 9 <0,5 >4 <10 PB 00 28 34 7,61 13,52 4,1 2,4 PB 01D 28 20 -- 19,66 5,8 1,5 PB 01E 28 15 7,63 20,75 4,2 0,9 2008 PB 02 28 13 7,98 28,5 6,3 1,2 05.OO 28 22 7,83 25,75 4,7 1,4 PB 03 28 13 7,94 27,95 5,3 1,1 PB 04 28 12 8,06 29,48 6,1 1,1 PB 00 29 20 7,81 10,15 4,9 2,5 PB 01D 29 19 7,74 14,53 4,3 1,3 PB 01E 29 16 7,83 14,79 4,8 1,5 2009 PB 02 29 9 8,08 23,17 6,1 1,1 05.OO 29 30 7,91 18,58 5 2,4 PB 03 29 13 8 21,45 5,7 1,8 PB 04 29 10 8,17 26,33 6,3 2 PB 00 29 3 7,9 22,01 3,9 3,2 PB 01D 29 4 7,92 25,73 3,3 2,7 PB 01E 29 7 7,96 25,66 4,1 2,6 2010 PB 02 29 8 8,13 32,08 5,3 2,5 05.OO 29 11 8,13 39,79 4,9 3,4 PB 03 29 6 8,16 31,03 5,4 3,1 PB 04 29 10 8,25 32,7 5,8 2,8 Tabela 2: Valores médios anuais de alguns parâmetros físico-químicos para o rio Miriri. Temperatura Turbidez ph Salinidade OD DBO Padrão CONAMA 29 100 6 9 <0,5 >4 <10 2008 MR 01 26 12 7,28 0 3,7 0,7 MR 02 28 12 7,67 20,27 4,7 2,9 2009 MR 01 26 16 7,35 0 3,6 1,1 MR 02 NÃO HOUVE COLETA 2010 MR 01 28 13 7,24 0 2,7 2,4 MR 02 28 22 7,88 23,79 5,8 2,7

Estuários do Litoral Norte Compreendem as bacias rios Mamanguape, Camaratuba caracterizados pela presença de componentes ambientais com grandes áreas de preservações permanentes, mata atlântica com manguezais. Além de duas reservas indígenas, a Camurupim e a Tramaraia. Estes, são caracterizados por uma série de conflitos socioambientais, relacionados principalmente à degradação das próprias bacias hidrográficas, que estão ligadas a descaracterização do ambiente por atividades extrativistas como a carcinicultura e a monocultura da cana-de-açúcar. E, segundo a Proposta de Instituição do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, geralmente não se tem um acompanhamento efetivo de órgãos competentes, além da degradação da própria bacia, também a um elevado índice de assoreamento nos rios principais, uso inadequado de agrotóxico, irrigação sem nenhum planejamento e desmatamento. Os dados dos parâmetros físico-químicos dos rios Mamanguape e Camaratuba (Tabelas 3 e 4) mostram que estes se encontram dentro dos padrões estabelecidos pelo CONAMA, notando que os pontos MM 03 (Mamanguape) e CM 04 (Camaratuba) apresentam salinidade alta o que caracteriza ambientes estuarinos. Tabela 3: Valores médios anuais de alguns parâmetros físico-químicos para o rio Mamanguape. Temperatura Turbidez ph Salinidade OD DBO Padrão CONAMA 29 100 6 9 <0,5 >4 <10 MM 01 25 37 7,59 0,04 6,1 1,5 2008 MM 02 26 19 7,53 0,19 5,1 0,7 MM 03 28 9 7,8 27,09 5,8 1 MM 01 26 32 7,67 0,02 5,8 0,9 2009 MM 02 27 21 7,59 0,04 4,7 0,9 MM 03 29 11 8,33 33,77 5,7 0,2 MM 01 28 46 8,12 0,1 6,7 2 2010 MM 02 28 9 7,88 0,19 4,6 1,2 MM 03 28 12 8,22 32,54 6,7 2,9 Tabela 4: Valores médios anuais de alguns parâmetros físico-químicos para o rio Camaratuba. Temperatura Turbidez ph Salinidade OD DBO Padrão CONAMA 29 100 6 9 <0,5 >4 <10 CM 01 25 25 6,73 0 6,2 1 2008 CM 02 26 29 6,77 0 5,8 1,9 CM 03 27 14 7,51 17,41 5,3 1 CM 01 26 27 6,96 0 6,4 1,3 2009 CM 02 27 25 6,94 0 5,9 1,5 CM 03 28 7 7,44 12,02 5,1 0,9 CM 01 26 20 7,46 0 6,9 1,3 2010 CM 02 27 20 7,35 1 6,5 1,7 CM 03 28 6 7,68 17,48 5,2 1,9

No mapa de uso e ocupação do solo para o litoral norte paraibano, nota-se que a área de cultivo ainda é predominante, e que as edificações são concentradas em locais que coincidem com o os centros urbanos municipais. contradizendo dados fornecidos por órgãos institucionais indicaram que o litoral norte encontra-se bem preservado. Figura 1: Mapa de uso e ocupação do solo do litoral norte da Paraíba, englobando as áreas de influência dos estuários dos rios Camaratuba e Mamanguape -PB.

Estuários do Litoral Sul Compreendem os estuários dos rios Gramame e Abiaí, onde apresentam uma ocupação urbana acelerada, com grande especulação imobiliária, e substituição de plantações de cana-de-açúcar por grandes condomínios fechados, muitas vezes de luxo. Além da oferta de produtos turísticos, sobre tudo, no município de Conde, (vizinho sul de João Pessoa). Seus parâmetros físico-químicos (Tabelas 5 e 6), nas suas médias anuais entre os anos de 2008 e 2010, o OD, assim como ocorreu com os estuários da região central do litoral, encontram-se abaixo do esperado, com exceções de algumas estações, como a GR 07, rio Gramame. Os valores de salinidade da tabela 5 foram suprimidos por se apresentarem pouco consistentes. Tabela 5: Valores médios anuais de alguns parâmetros físico-químicos para o rio Gramame. Temperatura Turbidez ph OD DBO Padrão CONAMA 29 100 6 9 >4 <10 GR 01 26 26 6,95 4,7 2,7 GR 03 27 28 6,73 5,2 3,3 2008 GR 04 28 22 6,99 3,9 2,5 GR 05 28 21 6,88 2,1 1,7 GR 06 28 16 6,89 3,2 1,1 GR 07 28 14 7,81 5,7 1,7 GR 01 26 35 7,03 5,9 1,1 GR 03 27 41 6,86 5,5 1,5 2009 GR 04 28 16 6,98 3,5 1,4 GR 05 28 17 7,02 3,2 2,1 GR 06 28 14 6,98 3,2 1,1 GR 07 28 11 7,74 5,4 0,6 GR 01 27 17 7,31 5,5 1,5 GR 03 28 21 7,7 3,4 3,5 2010 GR 04 28 13 7,31 2,3 2,9 GR 05 28 8 7,3 2,8 2,5 GR 06 28 14 7,3 2,7 2,1 GR 07 28 12 7,73 7 1,7 Tabela 6: Valores médios anuais de alguns parâmetros físico-químicos para o rio Abiai. Temperatura Turbidez ph Salinidade OD DBO Padrão CONAMA 29 100 6 9 <0,5 >4 <10 AB 01 26 7 7,19 0,32 2,8 0,6 2008 AB 02 27 13 5,92 2,39 3,4 1 AB 03 27 11 6,65 1,16 4 1 AB 01 26 7 6,95 0 3 1,1 2009 AB 02 27 20 7,1 3,63 4,1 0,6 AB 03 27 19 7,08 3,88 4,6 1,1 AB 01 26 4 7,5 0 2,6 1,1 2010 AB 02 28 8 7,24 3,57 4,2 1,5 AB 03 28 10 7,2 1,89 4,1 1,7

Observando o mapa de uso e ocupação do solo do entorno do estuário do rio Abiai (Figura 2), nota-se que ainda há um predomínio de culturas na região, marcada pelo cultivo de cana-de-açúcar, que estão, gradativamente sendo ocupadas por novos loteamentos. Grande parte da área onde aparece solo exposto, se encontram dentro da faixa com edificações, provavelmente estas áreas serão ocupadas também por moradias Figura 2: Mapa de uso e ocupação do solo da bacia do rio Abiaí, litoral sul da Paraíba.

Financiamentos e Dificuldades O trabalhado é fruto do Projeto PNPB, e financiado pela CAPES. Além disso, foi aprovado junto a UFPB um subprojeto com vigência até agosto de 2012, para capacitação de três estudantes de gradação, nos quais dois bolsistas e um voluntário, que auxiliam no desenvolvimento do projeto (tanto no trabalho de gabinete, como nos trabalhos de campo e laboratórios). As maiores dificuldades diz respeito a ida a campo, tanto no que se refere a locomoção até os pontos de coletas até a utilização de embarcações e equipamentos adequados, que nem sempre estão disponíveis. Agradecimentos Ao INPE, por disponibilizar as imagens de satélites, e a SUDEMA por gentilmente nos ceder dados dos parâmetros físico-químicos da área de estudo. Referências Bibliográficas AESA, Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba, 2003. Proposta de Instituição de comitê das bacias hidrográficas do litoral sul, conforme resolução nº 1, de agosto de 2003. Conselho Estadual de Recursos hídricos do Estado da Paraíba. Disponível em: www.aesa.pb.gov.br. Acesso em 22/11/2010. AESA, Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba, 2004. Proposta de Instituição do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, conforme resolução n 01 de 31 de agosto de 2003. Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado da Paraíba. Disponível em www.aesa.pb.gov.br. Acesso em 22/11/2010. BARBOSA, J. A., LIMA-FILHO, M., 2005. Domínios da Bacia Paraíba. 3º Congresso P&D de Petróleo e Gás. Institudo Brasileiro de Petróleo e Gás. Salvador-BA. CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2011. Resolução 430/2011, que altera as resoluções números 357/2005 e 410/2009. Ministério do Meio Ambiente. Brasil. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca, 2010. Censo Demográfico de 2010. www.ibge.gov.br. Acesso em 14/04/2012. PARAÍBA, Governo do Estado, 1985. AGP-Atlas Geográfico do Estado da Paraíba. Secretaria de Eduação, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. SUDEMA, Superintendência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba, 2008 a 2010. Programa: Monitoramento de corpos d'água. Coordenadoria de medição ambiental. Paraíba.