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1 Título: Avaliação da qualidade das águas do Arroio Tega, Rio Grande do Sul, BR Autores: Maffessoni Daiana (1), Sutil Thaise (1), Benvenuti Tatiane (2) & Rodrigues Marco Antonio S (3) Filiação: (1) Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, RS, Brasil. mafadaia@gmail.com; thaise.sutil@hotmail.com; (2) Programa de Pós Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS Brasil. Benvenuti.tatiane@gmail.com; (3) Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil. marcor@feevale.br INTRODUÇÃO A quantidade e a qualidade das águas doces no planeta sempre foram essenciais para manter os ciclos de vida, a biodiversidade dos organismos e a sobrevivência da espécie humana. Embora a água seja essencial à vida em todas as regiões do planeta, há permanentes ameaças ao ciclo hidrológico. Essas ameaças estão ligadas ao uso excessivo e indevido da água para várias atividades humanas (TUNDISI, 2006). Conhecer a qualidade da água disponível é fundamental para a gestão dos recursos hídricos. Sendo assim, foram desenvolvidos vários índices e indicadores ambientais para avaliação desta, com base em suas características físico-químicas e biológicas (BARRETO, 2013). O Estado do Rio Grande do Sul possui três regiões hidrográficas, a Região Hidrográfica do Litoral, a Região Hidrográfica do Uruguai e a Região Hidrográfica do Guaíba. Faz parte da parte da Região Hidrográfica do Guaíba a bacia Taquari-Antas (CARRA, 2009). O rio das Antas e o rio Taquari apresentam boa qualidade de suas águas, mas alguns de seus rios afluentes apresentam contaminação. O arroio Tega que drena a metade norte de Caxias do Sul causa reflexos no rio das Antas quanto aos coliformes fecais e a poluição de origem industrial (FEPAM, 2011). O objetivo desse artigo é realizar estudo inédito da avaliação da qualidade ambiental do arroio Tega em Caxias do Sul através da avaliação de parâmetros físico-

2 químicos e microbiológicos em três pontos considerados críticos, durante um trimestre de 2014, com o emprego do protocolo de avaliação rápida de habitats naturais (PAR), do índice de qualidade da água (IQA) e do índice de estado trófico (IET). METODOLOGIA O Arroio Tega é um importante afluente da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, no Rio Grande do Sul. Sua nascente é na cidade com maior população urbana da bacia, Caxias do Sul. Segundo estudo de monitoramento, realizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o Arroio Tega drena a metade norte de Caxias do Sul e causa reflexos no rio das Antas quanto aos coliformes fecais, e possivelmente esteja carreando contaminações com metais pesados oriundos das atividades metalúrgicas, forte ramo industrial do município. Diante disso, foram escolhidos 3 pontos no Arroio Tega: Ponto 1: Nascente do arroio Tega, localizada no Bairro São Ciro em Caxias do Sul, com latitude 29 8'14.34"S e longitude 51 7'58.54"O; Ponto 2: Arroio Tega dentro da cidade de Caxias do Sul, com latitude 29 9'11.19"S e longitude 51 14'1.60"O; Ponto 3: Foz do arroio Tega, localizado na cidade de Nova Roma do Sul com latitude 29 3'29.23"S e longitude 51 23'47.16"O; Esses pontos foram avaliados durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2014 quanto aos seguintes parâmetros: oxigênio dissolvido, coliformes fecais, demanda bioquímica de oxigênio (DBO 5 ), nitrato, fosfato, fósforo total, ph, turbidez, sólidos totais, temperatura e condutividade. Para avaliação da qualidade das águas do Arroio Tega foram calculados: Índice do Estado Trófico (IET) para o fósforo e o Índíce de Qualidade de Água (IQA). O Índice do Estado Trófico (IET) tem como finalidade classificar os corpos d água, avaliar a qualidade da água quanto ao crescimento por nutrientes e seus efeitos relacionados ao crescimento excessivo de algas ou o aumento da infestação de macrófitas aquáticas (CETESB). Segundo Lamparelli (2004) o índice de estado trófico de Carlson é amplamente utilizado para monitoramento da qualidade da água e é baseado na biomassa fitoplanctônica que está presente no corpo d água.

3 As equações que representam o IET foram modificadas por Lamparelli (2004), sendo estabelecidas da seguinte forma: Para o fósforo total: IET (PT) = 10x(6-((0,42-0,36x(ln PT))/ln 2))-20 O índice qualidade da água (IQA) - National Sanitation Foudantion (NSF) envolve nove parâmetros foram considerados mais representativos: oxigênio dissolvido, coliformes fecais, ph, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato total, temperatura da água, turbidez e sólidos totais. Para cada parâmetro foram traçadas curvas médias da variação da qualidade da água em função das suas respectivas concentrações. A cada parâmetro foi atribuído um peso conforme lista apresentada na Tabela 1, de acordo com sua importância relativa no cálculo do IQA (FERREIRA; ALMEIDA, 2005). Tabela 1. Peso dos parâmetros. Parâmetro Peso w i Oxigênio dissolvido OD (% OD) 0,17 Coliformes Fecais (NMP/100 ml) 0,15 ph 0,12 Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO (mg/l) 0,10 Nitratos (mg/l NO 3 ) 0,10 Fosforo total (mg/l PO 4 ) 0,10 Variação na Temperatura (ºC) 0,10 Turbidez (UNT) 0,08 Resíduos Totais (mg/l) 0,08 Fonte: Ferreira e Almeida (2005). Sendo assim o IQA é calculado pelo produto ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros conforme a equação: Onde: IQA= número entre 0 e 100; wi= peso relativo do i-ésimo parâmetro; li= valor do subíndice relativo ao i-ésimo parâmetro. Os valores do índice variam entre 0 a 100 conforme apresentados na Tabela 2. Tabela 2 Faixas do IQA e cor indicativa da situação do corpo hídrico

4 IET IQA Categoria Ponderação / Cor Excelente 90 IQA 100 Bom 70 IQA 90 Regular 50 IQA 70 Ruim 25 IQA 50 Muito Ruim 00 <IQA 19 Fonte: Ferreira e Almeida (2005). As características de uso e ocupação do solo nos três locais foram avaliadas utilizando o Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats (PAR). Essa ferramenta caracteriza o rio ou trecho de córregos qualitativamente, estabelecendo uma pontuação para o estado em que o ambiente se encontra. As informações obtidas através do PAR possibilitam uma maior percepção da realidade ambiental dos recursos hídricos (BUSS et. al, 2003). RESULTADOS Os gráficos da Figura 1 apresentam os resultados da avaliação de qualidade. Figura 1 Resultados da avaliação através do PAR (a), do IQA (b) e do IET (c) Gráfico 12 - Resultados da aplicação do IQA Setembro Outubro Novembro Média 62 Ponto 1 Ponto 2 Ponto Gráfico 2 - Resultados do IET 71,5 71,4 67,7 69,8 69,3 58,0 60,9 62,2 53,3 Setembro Outubro Novembro Fonte: Autor (2014) Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Fonte: Autor (2014) Verificou-se que o ponto 1, relatado como uma das nascentes do arroio Tega, por antigos moradores do bairro, não tem nenhum tipo de proteção, e escorre em uma praça, até a linha de coleta pluvial. No ponto 2, por estar localizado à jusante de parte da cidade de Caxias do Sul,

5 indicou uma grande quantidade de coliformes termotolerantes, oriundos do descarte indevido de esgotos sanitários sem tratamento, Analisando os parâmetros do PAR, verificou-se que a vegetação ripária é inexistente e o ponto apresenta alterações antrópicas no leito e margens, além de resíduos sólidos diversos no leito e criação de animais no entorno. O poder de auto depuração dos corpos hídricos agregado ao efeito de diluição poderá ser verificado no ponto 3, que é um ponto do rio das Antas à jusante da contribuição do arroio Tega como afluente e, neste local, a vazão, a largura do leito e o volume de água são muito superiores aos do ponto 2, ainda, um importante parâmetro do PAR, referente à vegetação ripária, é totalmente atendido, diferente dos pontos 1 e 2. CONCLUSÕES - Maior degradação nos pontos localizados em áreas urbanas; - O IET diminui após a foz em razão do efeito de diluição; - Os parâmetros físico-químicos e biológicos indicam de modo geral a presença de esgoto sanitário. - IQA indica que a baixa qualidade da água está associada a poluição hídrica por esgotos sanitários; - Os resultados demonstram que água do arroio Tega pode influenciar a qualidade do rio das Antas; - Um monitoramento por maior período deveria ser realizado no arroio Tega. REFERÊNCIAS BUSS, D. F.; BAPTISTA, D. F.; NESSIMIAN, J. L.. Bases conceituais para a aplicação de biomonitoramento em programas de avaliação da qualidade da água de rios. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, p CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Variáveis de Qualidade das Águas. Disponível em: < interiores/documentos/indices/02.pdf >. Acesso em: 15 de ago FEPAM. Fundação Estadual de Proteção Ambiental. Qualidade das Águas da Bacia Hidrografica do Rio das Antas e Rio Taquari. Disponível em: < Acesso em: 10 ago FERREIRA, E. C. F.; ALMEIDA, M. C. Sistema de calculo da qualidade da água (SCQA) Estabelecimento das Equações do Índice de Qualidade das Águas (IQA). Ministério do Meio Ambiente/Secretaria do meio ambiente e desenvolvimento sustentável de minas gerais. 2005

6 LAMPARELLI, M. C. Grau de trofia em corpos d água do Estado de São Paulo: avaliação dos métodos de monitoramento. São Paulo: Tese de Doutorado em Ecologia Aplicada. Universidade de São Paulo, 2004.