AVALIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO PARATI, MUNICÍPIO DE ARAQUARI/SC.

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1 AVALIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO PARATI, MUNICÍPIO DE ARAQUARI/SC. SILVA, Filipe Antunes 1 ; LEITZKE, Renata Luisa 2 ; GUERETZ, Juliano Santos 3 ; SOMENSI, Cleder Alexandre 4. 1,2,3,4 Instituto Federal Catarinense Campus Araquari, Araquari/SC INTRODUÇÃO A grande demanda de água no nosso planeta nos remete a falsa ideia de um recurso inesgotável, porém apenas 0,14 % do total dessa água é doce e está disponível para o consumo humano, sendo que os rios são a principal fonte dessa água. Porém, esses corpos hídricos estão cada vez mais sujeitos a inúmeras ações antrópicas que afetam o equilíbrio desses ecossistemas. Um importante aspecto relacionado aos principais rios brasileiros referese à carga de poluentes recebida de seus afluentes, principalmente os que atravessam centros urbanos e industriais. A crescente utilização dos recursos hídricos e o despejo de substâncias nocivas nos ecossistemas aquáticos têm motivado monitoramentos para avaliar e manter a qualidade desses mananciais (TERRA et al., 2010). A Bacia Hidrográfica do Rio Parati localiza-se no litoral norte do Estado de Santa Catarina, região sul do Brasil, abrange uma área de 72 km² e apresenta uma ocupação relativamente intensa, representado pelo uso urbano, agropecuário e da silvicultura. A urbanização pode ser notada desde a sua nascente até a região central do município de Araquari/SC, distante a 2 km da foz no Canal do Linguado, onde deságua após percorrer uma extensão aproximada de 18 km, recebendo água de vários afluentes, dando destaque para os rios do Morro e Araquari (FERREIRA, 2009). O Rio Parati contribui para o abastecimento de água doce para o complexo hídrico da Baía de Babitonga esta que abriga a maior área de manguezal de Santa Catarina, sendo a última grande formação desse ecossistema no 1 Acadêmico do curso de Licenciatura em Química 2 Acadêmica do curso de Bacharel em Medicina Veterinária 3 Professor Mestre em Ciências Veterinárias 4 Professor Doutor em Ciência e Tecnologia Ambiental Projeto financiado pelo CAPES

2 hemisfério sul (IBAMA, 1998). Apesar da importância deste ecossistema e de toda sua riqueza, a área vem sofrendo o efeito da presença de um grande contingente populacional no seu entorno, que envolve a poluição de suas águas, o intenso tráfego de embarcações, a atividade portuária e a ocupação irregular de suas margens, entre outros (CREMER, 2006). Embora, a área ainda apresente uma fauna muito rica, que sustenta uma intensa atividade extrativista, a região sofre significativa pressão antrópica associada à presença do maior polo industrial do estado no entorno da baía (caracterizado por atividades dos setores metalúrgico, têxtil, galvânico e de produção de PVC) (OLIVEIRA et al, 2006). A presença de contingente populacional associada com a carência nos sistemas de tratamento de efluentes e presença de significativa atividade portuária, coloca em risco a qualidade dos produtos da maricultura local (FATIMA, 1990). O Rio Parati nasce e desagua dentro do Município de Araquari e, paradoxalmente apesar de a qualidade da água da Baía da Babitonga ter sido ao longo do tempo bastante investigada, o Rio Parati carece de um diagnóstico mais preciso da qualidade das suas águas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água do Rio Parati, através de um monitoramento espaço temporal dos parâmetros físico-químicos de suas águas comparando os resultados com a resolução CONAMA (357/2005), observando a classificação de corpos de água doce e salobra. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi estruturado em três fases distintas e complementares: exploratória, descritiva e analítica. Na fase exploratória foi realizada os levantamento dos dados bibliográficos, na fase descritiva buscou-se a definição do planejamento e dos pontos amostrais a partir do levantamento dos mapas hidrográficos da bacia do Rio Parati, e em suma a fase analítica consumou-se especificamente em monitorar os parâmetros de qualidade da água: temperatura, oxigênio dissolvido, salinidade e ph, com um medidor multiparâmetro YSI modelo Pro PLUS. As leituras destes parâmetros foram executadas mensalmente, de fevereiro a setembro de 2014, exceto os meses de maio e julho por problemas técnicos, em cinco pontos diferentes ao longo do curso do rio conforme Figura1, sendo P1 (26º24 56,4 S e 48º45 3,6 W) correspondente ao ponto mais próximo da nascente, P2 (26º24 43,6 S e 48º45 27,1 W) ao ponto antes da região urbana do município, P3 (26º22 3,9 S e 48º43 24,4 W) à região central de Araquari com maré baixa, P4 (26º22 3,9 S e 48º43 24,46 W) à região central de 2

3 Araquari com maré alta e P5 (26º21 45,28 S e 48º39 48,7 W) ao canal do Linguado, região próxima à foz do rio. Nestes mesmos pontos nos meses de junho e agosto foram coletadas amostras de água e determinados em laboratório a Demanda Química de Oxigênio (DQO) e a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5). Os materiais (equipamentos, frascos e garrafas coletoras), os procedimentos de coleta, preservação, acondicionamento, transporte, bem como as determinações físico-químicas foram efetuados com base no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, AWWA, WEF, 1999). Os horários das análises e coletas foram definidos observando-se a tábua das marés. Figura 1: Bacia hidrográfica do Rio Parati e os pontos de coleta. P4 P5 P3 P2 P1 Fonte: Prefeitura Municipal de Araquari RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados apresentados na Tabela 1 mostram uma pequena variação da temperatura conforme prossegue-se à foz do rio, com considerável variação, a qual evidencia a relação com as diferentes estações climáticas no decorrer do ano. O oxigênio dissolvido na região central de Araquari, principalmente quando a maré esteve baixa, apresentou valores abaixo do permitido na legislação (para águas doces e salobras), sendo que o despejo de esgotos associado ao menor volume do Rio devido a maré baixa podem estar influenciando negativamente na qualidade da água (a DQO apresenta-se relativamente elevada nesta etapa do Rio). Ainda, a salinidade mostra claramente a dinâmica do rio, o qual sofre influência da maré alta até o ponto P3. 3

4 Tabela 1. Parâmetros físico-químicos da água do Rio Parati analisados nos diferentes pontos ao longo do rio. Ponto de Coleta Mês Temperatura (ºC) OD Salinidade (g/l) ph DBO DQO P1 P2 P3 P4 P5 fev/14 25,90 5,60 0,14 6, mar/14 21,70 5,30 0,05 4, abr/14 21,10 6,20 0,03 6, jun/14 17,60 6,50 0,02 4,78 4,00 80,00 ago/14 20,20 6,50 0,03 4,87 12,00 109,00 set/14 19,80 6,00 0,02 5, fev/14 26,30 3,60 0,20 7, mar/14 22,70 5,20 0,07 6, abr/14 23,30 5,10 0,09 7, jun/14 18,30 6,10 0,04 6,89 4,00 16,00 ago/14 20,60 5,60 0,06 7,60 9,00 39,00 set/14 19,90 5,30 0,05 7, fev/14 29,30 5,40 25,23 7, mar/14 25,60 3,70 13,23 6, abr/14 22,60 4,80 15,90 7, jun/14 20,20 4,70 12,37 6,26 4,00 210,00 ago/14 22,80 5,60 12,99 6,83 5,00 131,00 set/14 20,80 4,30 9,94 6, fev/14 28,80 4,20 20,50 7, mar/14 26,40 4,30 23,42 7, abr/14 23,30 5,70 25,65 7, jun/14 20,80 5,40 14,93 7,27 4,00 5,00 ago/14 22,20 5,80 18,95 6,70 12,00 170,00 set/14 21,50 4,30 21,10 6, fev/14 30,60 4,80 25,16 7, mar/14 26,50 5,70 21,70 7, abr/14 24,20 7,90 23,46 7, jun/14 22,70 9,70 19,85 8,51 4,00 131,00 ago/14 23,50 5,90 30,75 7,24 12,00 462,00 set/14 22,80 3,60 20,14 7, O ph do ponto próximo a nascente apresentou o menor valor para este parâmetro, fato que pode estar relacionado com o solo ácido da região ou com poluentes antrópicos que ainda serão investigados. Os valores de DBO5 mostram que o grau de poluição do rio em termos de matéria orgânica biodegradável ainda é pequeno, porém acima dos limites legais para águas doces. Mais atenção deve ser dada ao monitoramento deste corpo aquático quanto a matéria orgânica não biodegradável, através do monitoramento contínuo da DQO, a qual apresentou valores elevados depois do município de Araquari. CONCLUSÕES Estes resultados apresentados são os primeiros dados deste importante corpo aquático. Novos ensaios estão sendo realizados com a finalidade de avaliar a concentração de matéria orgânica, assim como a ecotoxicidade do meio. 4

5 REFERÊNCIAS APHA, AWWA, WEF. Standard methods for the examination of water and wastewater. 21 ed. American Public Health Association, American Water Works Association, Water Environment Federation. 1009p.; Washington D.C., CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n 357/05. Estabelece a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, CREMER, M.J. O estuário da baía da Babitonga. In: M.J. CREMER, P.R.D. MORALES e T.M.N. OLIVERIA (eds.). Diagnóstico ambiental da baía da Babitonga. pp Editora Univille, Joinville, SC FATMA. Estudo preliminar da Baía da Babitonga, visando obter um diagnóstico da situação da poluição por metais pesados. Assessoria Especial do Litoral da Fundação do Meio Ambiente - Relatório FERREIRA, M. L. A. Estudos dos aspectos negativos causados ao meio ambiente pelo fechamento do Canal do Linguado, no ecossistema estuário da Baía da Babitonga/Canal do Linguado. Monografia. Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Proteção e controle de ecossistemas costeiros: manguezal da Baía de Babitonga. Brasília, OLIVEIRA, T.M.N., C.R. TURECK, J.C. BASSFELD, B.M.O. TORRENS, J.M. FARIA e K. BRASIL. Integridade ambiental da baía da Babitonga: Características físico-químicas, microbiológicas e ecotoxicidade. In: M.J. CREMER, P.R.D. MORALES e T.M.N. OLIVERIA (eds.). Diagnóstico ambiental da baía da Babitonga. pp Editora Univille, Joinville, SC PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAQUARI. Mapa. Disponível em: < Acesso em: 06 out TERRA, V. R., PRATTE-SANTOS, R., ALIPRANDI, R. B., BARCELOS, F. F., MARTINS J. L. D., AZEVEDO, R. R., BARBIÉRI, R. S. Estudo limnológico visando avaliação da qualidade das águas do rio Jucu Braço Norte, ES. Natureza on line. 8(1): 8-13 p.,