ALERTA EPIDEMIOLÓGICO Nº 01/2018 DIVEP/SUVISA/SESAB

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Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde

Transcrição:

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Secretaria da Saúde do Estado da Bahia Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde Diretoria de Vigilância Epidemiológica ALERTA EPIDEMIOLÓGICO Nº 01/2018 DIVEP/SUVISA/SESAB Em virtude da recente notificação de aglomerado de casos de malária, confirmados pelo exame gota espessa, em nove residentes da zona rural do município de Wenceslau Guimarães, Macrorregião Sul do estado, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (DIVEP/SESAB) alerta as equipes de saúde a redobrarem a atenção para o diagnóstico e tratamento oportunos desta patologia, dando atenção especial aos pacientes procedentes de áreas endêmicas. I - DA DOENÇA A malária é uma doença febril, grave, de transmissão vetorial (mosquito espécie Anopheles) e tem como agentes etiológicos o Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. Das quatro espécies causadoras da malária humana, as espécies falciparum (a mais letal) e vivax são as mais comuns no Brasil. A malária por P. falciparum (predominante em viajantes que estiveram na África) é considerada emergência em saúde pública, pois se não tratada em tempo oportuno evolui para a forma grave, podendo levar ao óbito. Já o P. vivax causa quadro clínico mais brando, todavia não sendo tratado, também pode levar a complicações e óbito. II - DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA A malária é uma doença de notificação compulsória nacional (Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016) e estadual (Portaria nº 1.290 de 09 de novembro de 2017). Portanto, todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser obrigatoriamente notificados em 24 horas às autoridades de saúde, via telefone (Anexo 1) e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), utilizando-se as fichas de notificação e investigação do referido sistema. A carta anofélica do estado demonstra que o vetor da malária (mosquito Anopheles) está presente em todo o território baiano. Portanto, para impedir a

disseminação da doença no estado, é imprescindível que as equipes de vigilância epidemiológica (estadual, municipal e dos Núcleos de Epidemiologia Hospitalar) estabeleçam mecanismos de busca ativa para identificar precocemente todos os casos importados e tratá-los em até 48 horas, a partir da data dos primeiros sintomas, visto que o indivíduo doente potencializa o risco da transmissão da doença. III - DO DIAGNÓSTICO O diagnóstico da malária deve ser realizado pelo método de Gota Espessa, considerado padrão ouro. Após a coleta do sangue, preparação e leitura da lâmina, orienta-se encaminhar ao LACEN junto com uma amostra de sangue (entre 2 ml e 5 ml) para confirmação, acompanhado de uma cópia da ficha de notificação do SINAN totalmente preenchida. Havendo resultado de lâmina negativa, repetir o exame e, caso continue negativando, investigar outros agravos (leishmaniose, dengue, leptospirose, hepatites etc.). Não há necessidade de esperar pelo pico febril para coletar lâminas de malária e a administração de antitérmicos não inviabiliza o diagnóstico. O resultado pode ser liberado entre 15 a 30 minutos. Os testes de diagnóstico por imunocromatografia (ICT) para malária, também conhecidos como teste rápido, tornam o acesso ao diagnóstico da malária possível onde o exame microscópico da lâmina não está disponível e em áreas de baixa incidência da doença. Apesar disso, não substituem e não dispensam o diagnóstico pelo exame gota espessa, pois possibilitam o resultado falso negativo, não identifica a parasitemia em cruzes (importante para avaliar a gravidade) e são inadequados para realizar o controle de cura devido a presença de proteínas do parasito por 15 a 20 dias após o tratamento, fornecendo um resultado falso-positivo em indivíduos já tratados. O resultado sai entre 15 a 30 minutos. IV - DO TRATAMENTO O tratamento da malária é o maior alicerce para o controle da doença e visa, principalmente, a interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção. O Ministério da Saúde, através

de uma política nacional de medicamentos para tratamento da malária, disponibiliza no Sistema Único de Saúde todas as drogas necessárias. O tipo de tratamento varia de acordo com a espécie de plasmódio infectante, a gravidade do caso, idade do paciente, história de exposição anterior e suscetibilidade dos parasitos aos antimaláricos convencionais, devendo ser iniciado nas primeiras 24 horas do início da febre. Os esquemas terapêuticos recomendados pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde estão disponíveis no link http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_malaria.pdf V - DO ACOMPANHAMENTO DOS CASOS CONFIRMADOS A Lâmina de Verificação de Cura (LVC) é uma lâmina de gota espessa realizada durante e após tratamento recente, em paciente previamente diagnosticado para malária, por meio de busca ativa ou busca passiva. Constitui importante indicador para acompanhar o tratamento do doente com malária. A realização dos controles periódicos pela LVC durante os primeiros 40 (P. falciparum) e 60 dias (P. vivax) após o início do tratamento deve constituir-se na conduta regular na atenção a todos os pacientes maláricos para a Região não- Amazônica. Dessa forma, a LVC deverá ser realizada nos dias 2, 4, 7, 14, 21, 28, 40 e 60 após o início do tratamento de pacientes com malária pelo P. vivax e nos dias 2,4, 7, 14, 21, 28 e 40 após o início do tratamento de pacientes com malária pelo P. falciparum. VI MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL As medidas de proteção individual têm como objetivo principal reduzir a possibilidade da picada do mosquito transmissor de malária: Evitar frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rio ou áreas alagadas, no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando. Usar repelentes nas partes descobertas do corpo (seguir orientações do fabricante). Em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica.

Diminuir ao mínimo possível as áreas descobertas do corpo onde o mosquito possa picar, utilizando calças compridas e camisas de mangas longas e cores claras. Uso de mosquiteiros para dormir. Maiores esclarecimentos, contatar a Coordenação das Doenças de Transmissão Vetorial da Diretoria de Vigilância Epidemiológica pelos telefones (71) 3116 0078/ 3116 0044, ou pelo email divep.malaria@saude.ba.gov.br. Salvador, 18 de janeiro de 2018. Maria Aparecida Araújo Figueiredo Diretora

CONTATOS PARA NOTIFICAÇÃO DE CASOS SUSPEITOS DE MALÁRIA NO ESTADO DA BAHIA BAHIA CIEVS Bahia: Todos os dias, inclusive finais de semana e feriados, das 8 às 18 horas - (71) 99994-1088 e 3116-0018. Grupo Técnico Malária/CODTV/DIVEP: de segunda a sexta, das 8 às 17 horas (71) 3116-0078. e-mail malaria.divep@gmail.com