ERA UMA VEZ: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E AS MÚLTIPLAS APRENDIZAGENS. RESUMO

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Transcrição:

ERA UMA VEZ: A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E AS MÚLTIPLAS APRENDIZAGENS. RESUMO Juliana Teresinha Rodrigues Débora dos Santos Costa Vitória Elenir Moraes da Silva Rosa Samara Lorena Alves Ricardo Josiane Machado Dias Christiane Martinatti Maia Universidade Luterana do Brasil - ULBRA christianemmaia@gmail.com O presente trabalho, tem por finalidade, problematizar a contribuição da contação de histórias, com base nas ideias da corrente Histórico-Cultural, para o desenvolvimento global do educando, entre os seis meses e cinco anos de idade. O estudo de caso, de natureza qualitativa, com bases nas ideias de Bogdan & Biklen, constituiu-se como pesquisa participativa, em uma escola Municipal de Educação Infantil que abriga o PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência. Deste modo, participaram da proposta investigativa, seis turmas da instituição escolar, com seus respectivos educandos, professores e monitores, nas quais haviam bolsistas participantes do projeto dos cursos de Pedagogia e Educação Física que atuam de forma interdisciplinar. As análises iniciais, destacam que as histórias contadas aos educandos de forma lúdica e com distintos materiais com vistas a interação tátil, auditiva, corporal, linguística entre outras, representam propostas efetivas para situações desafiadoras, as quais possibilitam fortalecer vínculos sociais e afetivos, no espaço institucional, bem como, através das práticas mediativas propostas pelos licenciandos, a construção das múltiplas linguagens do sujeito. Frente as premissas da corrente teórica utilizada para a estruturação didáticometodológica, as narrativas foram construídas com base na teatralidade, ou seja, a utilização de recursos visuais e estéticos, pelos bolsistas, em sala de aula foram constantes: cenários, roupas e acessórios utilizados pelo contador, recursos como fantoches, bonecos, tecidos distintos, maracas, fitas com guizos, plásticos deram vida não apenas aos personagens, mas as histórias: sons, cheiros, movimentos acabaram por promover a criação e recriação de universos não conhecidos que oportunizaram a problematização de situações concretas que cerceiam os educandos. Do faz de conta, a problematização do real: não é apenas o desenvolvimento global do educando que as histórias possibilitam, mas a visibilidade entre imaginário e cotidiano para sua reflexão e capacidade de articulação de enfrentamentos possíveis. PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade; Contação de história; Prática educativa. INTRODUÇÃO A instituição escolar possui papel fundamental no que se refere ao acesso e ao uso dos mais diversos tipos de conhecimentos, que para Vygotsky associam-se as múltiplas linguagens do sujeito. Deste modo, a escola de Educação Infantil, torna-se desencadeadora e promotora das múltiplas linguagens do sujeito sendo mediada a partir das relações entre os adultos, da crianças com seus pares e dos adultos para com as

crianças: as histórias são um Abre-te Sésamo para o imaginário, onde a realidade e a fantasia se sobrepõem (Dohme: 2004, p.05). Oportunizar a articulação entre o imaginário, a fantasia e a realidade, com vistas ao desenvolvimento global do sujeito frente à prevenção das dificuldades de aprendizagem, é o que se busca em nossa experiência enquanto bolsistas do PIBID, em uma Instituição Municipal de ensino de Educação Infantil no município de São Jerônimo/RS. METODOLOGIA O estudo de caso, de natureza qualitativa, com bases nas ideias de Bogdan & Biklen, constituiu-se como pesquisa participativa, na escola Municipal de Educação Infantil que abriga o PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Deste modo, participaram da proposta investigativa, seis turmas da instituição escolar, com seus respectivos educandos, professores e monitores, nas quais haviam bolsistas participantes do projeto dos cursos de Pedagogia e Educação Física que atuam de forma interdisciplinar. A estruturação dos dados e sua análise foram organizadas com base nos discursos dos educadores, do supervisor do projeto e da supervisora da escola, bem como nos materiais produzidos pelos educandos, durante as reuniões quinzenais realizadas na Universidade e na participação da coordenadora do projeto no espaço educativo, nos dois turnos (manhã e tarde) de funcionamento escolar, nos dias de reunião. O planejamento e o estudo teórico, orientados pela coordenadora, visa o desenvolvimento teórico-prático dos bolsistas acerca do processo de (re)construção do conhecimento no espaço educativo bem como a estruturação de uma postura reflexiva sustentada pela pesquisa-ação. RESULTADOS E DISCUSSÕES A arte de contar histórias, de criar um outro universo, de promover novas paisagens e caminhos ocorre desde os primórdios da humanidade: narrar, envolver em histórias e despertar no(s) outro(s) o desejo pelo contínuo sentimento de se sentir abraçado por distintas histórias é uma característica humana: sentir-se tocado, não apenas na escuta, no corpo, mas principalmente na alma por palavras, gestos faciais e corporais, pelas entonações de voz que nos fazem adentrar naquele universo até então desconhecido: A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos

e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real. (RODRIGUES, 2009, p. 4). E as histórias contadas e encantadas promovem o ingresso nas múltiplas linguagens que muitas vezes as escolas negam: a do corpo, do movimento, dos gestos, dos gritos, dos sussurros, do pintar, do escutar e do falar. De histórias culturais e sociais presentes nas narrativas dos contos de fada, de histórias que visam a problematização da diversidade étnica e de gênero, dos medos, ansiedades e dúvidas das diferentes idades: dos monstros reais e imaginários que as cerceiam. Mas, principalmente, para o ingresso de narrativas que constroem a linguagem de forma lúdica: através das trocas discursivas se ingressa nas possibilidades da construção das linguagens. Para Vygotsky (1996), o pensamento verbal e a linguagem racional alteram o aspecto biológico inicial para uma função social e histórica da fala. A criança estará inserida numa cultura cuja linguagem já se encontra estruturada e organizada, o que ampliará seus horizontes de pensamento verbal quando expandir a sua interação com o meio. O sentido das palavras liga seu significado objetivo ao contexto de uso da língua e aos motivos afetivos e pessoais de seus usuários. Assim, os educandos necessitam do convívio com os outros sujeitos para estabelecer, além da comunicação, vínculos afetivo, social e cultural. Narradores (contadores) que articulem o real ao imaginário, a fantasia à criatividade, a originalidade ao possível: que os educandos sejam vistos em seus corpos que necessitam brincar, fantasiar, criar ao escutar uma história. Articular experiências vividas e a serem vividas por um contador/educador que encanta: O narrador por mais familiar que este nome nos soe de modo algum conserva viva, dentro de nós a plenitude de sua eficácia. Para nós ele já é algo distante e que ainda continua a se distanciar. (...) Esta distância e este ângulo nos são prescritos por uma experiência que quase todo dia temos ocasião de fazer. Ela nos diz que a arte de narrar caminha para o fim. Torna-se cada vez mais raro o encontro com pessoas que sabem narrar alguma coisa direito. E cada vez mais freqüente espalhar-se em volta o embaraço quando se anuncia o desejo de ouvir uma história. É como se uma faculdade que nos parecia inalienável, a mais garantida entre as coisas seguras, nos fosse retirada. Ou seja: a de trocar experiências. (BENJAMIN, 1983, p.34). Narrar histórias, contar histórias é assim divertir-se enquanto se ensina e se aprende, bem como envolver-se com as aprendizagens dos educandos frente o processo educativo e possibilitar o ingresso de forma lúdica em problematizações que envolvem a pluralidade cultural, com vistas a diversidade étnica, de gênero, social e cultural.

Um dos projetos desenvolvidos na escola, em parceria com os educadores centrouse no eixo de diversidade ética, no sentido de valorizar a riqueza das composições étnicas e culturais que constituem o Brasil. Duas obras utilizadas para esta discussão foram: Obax e o Gato Xadrex. Obax, significa flor e assim iniciamos a contação de histórias com as imagens de diferentes flores: de gérberas à margaridas, de rosas à cravos diferentes cores, formas, tamanhos... a diversidade se encontra também nestas. E nos caracterizamos para contar as histórias, construímos personagens, possibilitamos as crianças o envolvimento corporal e a problematização da pluralidade étnica: somos cores ou somos etnias? Somos raças ou somos da raça humana? Abaixo, algumas imagens de como contamos, de como construímos o nosso fazer educativo e o que as crianças realizaram (não foram coladas imagens das crianças, pois não solicitamos autorização aos responsáveis): O que se pode narrar, contar para vocês leitores, das experiências teórico-práticas construídas a partir das problematizações possibilitadas através dos diálogos construídos entre histórias e sujeitos presentes no espaço educativo? Com vocês, algumas construções dos educandos: não somos cores, somos gente então? Não é branco, nem preto é pessoa ; meu cabelo não é feio, é diferente, né profe ; podemos ser flores, então? Somos flores diferentes... ; se o gato é xadrex, ele tem várias tonalidades, né profe! E a partir de várias histórias as crianças a partir das narrativas e da (re) construção das histórias puderam compartilhar aprendizagens significativas: ampliaram o contato com livros para que pudessem expandir conceitos acerca de distintas culturas e através do imaginário foram tocadas pelo encantamento que gera o fazer, o pensar, as descobertas, o riso, a perplexidade, a criatividade etc. Ou seja, ao se contar uma história, percorre-se um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo. As histórias despertam no ouvinte a imaginação, a emoção e o fascínio pela escuta, pelo ler e escrever suas próprias histórias?, pois, contar histórias é revelar/esconder segredos,

é seduzir o ouvinte e convidá-lo a se apaixonar... pela história... pela leitura para criar/recriar novas histórias e novos cenários inclusive para nós, bolsistas que é a construção da narrativa teórico-prática de nossos fazeres educativos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos que a participação como bolsistas no PIBID é de extrema importância para nossa formação como educadoras que encantam e cantam, assim como as fadas que criam novas poções e encantamentos, pois nos possibilita problematizar a teoria na prática assim como questionarmos as fórmulas prontas, os encantamentos de livros embolorados que fizeram parte de nossas histórias enquanto alunas de uma educação tradicional ou de uma educação profissionalizante - Magistério. Através do PIBID podemos vivenciar a prática articulando teoria, com base em estudos constantes e de trocas de experiências com os profissionais da educação envolvidos tanto na escola que é nosso local de atividade, como nas reuniões periódicas do PIBID na Universidade. E assim como nossos educandos que foram ouvindo narrativas, pintando e escrevendo suas primeiras histórias, tentamos construir a nossa cheias de abraços teóricos e práticos que acalentam nossas mentes, nossa almas e nossos corações. Que possamos sempre ler, contar e encantar... ou seja, brincar com as palavras! REFERÊNCIAS BENJAMIM, Walter. O narrador In: Walter Benjamin Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1983. BOGDAN, Roberto C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994 DOHME, Vânia D`Ângelo. Além do encantamento: como as histórias podem ser um instrumento de aprendizagem. São Paulo: Educar Dpaschoal, 2004. FRITZEN, Celdon; CABRAL, Gladir da Silva (Org.). Infância: Imaginação e Infância em debate. Campinas: Papirus, 2007. (Coleção Ágere). NEVES, André. Obax. São Paulo: Brinque Book, 2011. RODRIGUES, Edvânia Braz T. (org). A Contação de Histórias no Espaço Escolar desafios e possibilidades contemporâneas. Goiânia, Seduc Go, 2009. VILLELA, Bia. Era uma vez um gato xadrex... São Paulo: escala edicacional, 2008. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.