AS FLORES DO CAMPO DA AGROVILA CAMPINAS.

Documentos relacionados
As Flores do Campo da Agrovila Campinas: um estudo de caso sobre organização feminina em Assentamentos Rurais.

Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Ciências Integradas do Pontal Curso de Pedagogia PROJETO DE PESQUISA

A MULHER NA CIÊNCIA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Centro de Ciências Humanas e da Educação FAED PLANO DE ENSINO

Pesquisa de opinião pública: movimentos sociais e reforma agrária. Territorios y desarrollo rural en América Latina

Programa Analítico de Disciplina CIS233 Antropologia da Saúde

A VIABILIDADE DA CANA-DE- AÇÚCAR NOS PROJETOS DE ASSENTAMENTOS DO PONTAL DO PARANAPANEMA-SP*

FORMULÁRIO PARA CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS

Prof. Marcos Colégio Sta. Clara ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2014)

Charles Assi 1. Revista Trilhas da História. Três Lagoas, v.2, nº4 jan-jun p Página 225

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESCOLAR FCL/UNESP

VIII Semana de Ciências Sociais EFLCH/UNIFESP PÁTRIA EDUCADORA? DIÁLOGOS ENTRE AS CIÊNCIAS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E O COMBATE ÀS OPRESSÕES

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP) Prof. Marcos Colégio Sta. Clara

Lucas Aguiar Tomaz Ferreira 1 Daniela Seles de Andrade 2 Fernanda Viana de Alcantara 3 INTRODUÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Educação

AGRICULTURA BRASILEIRA:EXPANSÃO DA FROTEIRA AGRÍCOLA, CONFLITOS FUNDIÁRIOS E O NOVO RURAL. MÓDULO 14 GEOGRAFIA I

Cachoeira do Sul, 30 de novembro de 2017

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS (AMERICANA/SP, 2015) Colégio Sta. Clara Prof. Marcos N. Giusti

Declaração do 1º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas

A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO NÃO FORMAL PARA A RETERRITORIALIZAÇÃO DAS TERRAS

APRENDER E ENSINAR EM ACAMPAMENTOS-MST- TOCANTINS: REFLEXÕES SOBRE SABERES CONSTRUÍDOS NA LUTA PELA TERRA.

PLANO DE AULA. Disciplina: POSSE E PROPRIEDADE DA TERRA NO CERRADO

OS MOVIMENTOS SOCIAIS E O SEU PAPEL FORMADOR NO PROCESSO DE AUTONOMIA DAS MULHERES DO MATO GRANDE/RN

PALAVRAS CHAVES: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Militância, Reprodução Social.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA

PLANO DE DISCIPLINA NOME DO COMPONENTE CURRICULAR: Sociologia III CURSO: Técnico em Edificações Integrado ao Ensino Médio ANO: 3º ANO

RELATO. III Simpósio Nacional de Geografia Agrária II Simpósio Internacional de Geografia Agrária I Jornada Ariovaldo Umbelino de Oliveira

Palavras-Chave: Gênero; Monografias; Ensino de História, Livro Didático.

bruxinhas de Cristal do Sul (RS) Agriculturas v n. 4 dezembro Judit Herrera Ortuño Encontro de formação em reiki e plantas medicinais

A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO CARIRI PARAIBANO: INTERFACES DO PROJETO UNICAMPO E DA POLÍTICA TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO 1

DESIGUALDADES DE GÊNERO E FORMAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL. Resumo: O debate sobre gênero no Brasil se incorporou às áreas de conhecimento a partir do

Programa Analítico de Disciplina GEO231 Geografia Agrária

MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICA NO TOCANTINS: LUTA PELA TERRA E PRODUÇÃO DE SABERES

Cultura e política: debates contemporâneos sobre Ementa conceito de cultura, etnocentrismo, identidade e Requ DOCENTE(S) VALIDADE

COORDENADOR DO PROJETO / CURSO ASSINATURA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL NA MARÉ: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO ESCOLAS DE DEMONSTRAÇÃO

EMENTA OBJETIVOS DE ENSINO

EVOLUÇÃO DAS OCUPAÇÕES DE TERRA NO ESTADO DA PARAÍBA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO DATALUTA

Ementa: Educação como objeto da Sociologia. Principais abordagens sociológicas do fenômeno educacional. Trabalho e educação. Temas

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Centro de Ciências Humanas e da Educação FAED PLANO DE ENSINO

Ações dos movimentos socioterritoriais no Brasil entre o final do século XX e início do século XXI

HISTÓRIAS DE VIDA E TRABALHO NA TERRA:EXPERIÊNCIAS DE MULHERES CAMPONESAS

A PROFISSÃO COMO RECURSO PARA A INSERÇÃO, SOCIALIZAÇÃO E MILITÂNCIA NO MST Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição:

ITINERÁRIOS DE PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E PRÁXIS EDUCACIONAIS

7. Referências bibliográficas

A MEMÓRIA DO TRABALHO DAS MULHERES NO ESPAÇO PRIVADO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA. Thainá Soares Ribeiro 1 Rita Radl Philipp 2 INTRODUÇÃO

Autores: Andreia Cristina Resende de Almeida UFRRJ/PPGCTIA Julio Candido Meirelles Junior UFF/PPGCTIA

JORNADAS DE TRABALHO DE MULHERES E HOMENS EM UM ASSENTAMENTO DO MST

ESTRUTURA CURRICULAR PPGPS DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS CR M D

Trabalho de Recuperação de Geografia

Eixo Temático: Temas Transversais

PROGRAMA DE ENSINO DA GRADUAÇÃO Licenciatura e Bacharelado 2016 OPÇÃO

InfoReggae - Edição 10 Denúncias de abuso sexial contra crianças e adolescentes no estado do Rio de Janeiro 13 de setembro de 2013

Tópicos em Antropologia: ANTROPOLOGIA DO GÊNERO

VII ENCONTRO ESTADUAL DAS EDUCADORAS E EDUCADORES DA REFORMA AGRÁRIA DO PARANÁ 02 A 04 DE SETEMBRO DE 2015 CASCAVEL PR 46

Mulheres rurais do Pará: Participação nos Sindicatos de Trabalhadores Rurais

REMEMORAÇÃO DA LUTA PELA TERRA E CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA E ECONÔMICA DO ASSENTAMENTO RURAL PRIMEIRO DO SUL CAMPO DO MEIO (MG)

HISTORIOGRAFIA EM TRABALHO E EDUCAÇÃO

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

Violência no trabalho. Mara Feltes, secretária de mulheres da Contracs

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

IBGE mostra que desigualdade de gênero e raça no Brasil perdura

GÊNERO E SINDICALISMO DOCENTE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA PRODUÇÃO PUBLICADA NA CAPES

UNIDADE 3 Serviço Social e Educação - Atuação profissional; - Serviço Social e os IF S (desafios, dilemas e perspectivas); - Legislações/normativas;

ANÁLISE DOS CURSOS PROMOVIDOS PELO PRONERA NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA

MULHERES TRABALHADORAS RURAIS: A BUSCA PELA IGUALDADE NAS RELAÇÕES DE GÊNERO 1. Jordana Quaresma Perdonsini 2, Rosangela Angelin 3.

O CURRÍCULO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: ELEMENTOS CONSTITUINTES E POSSIBILIDADES DE ANÁLISE

EDUCAÇÃO DO CAMPO: O ENSINO DE MATEMÁTICA COM TURMAS MULTISERIADAS NA ZONA RURAL RIACHO SALGADO

1 O documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva considera

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG

A FORMAÇÃO CONTINUADA NO CONTEXTO ESCOLAR: O QUE REVELAM OS PROFESSORES?

InfoReggae - Edição Especial 23 de outubro de 2013 Como pensa o trabalhador do AfroReggae. Coordenador Executivo José Júnior

De Mosquitoes ao Marx

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Centro de Ciências Humanas e da Educação FAED PLANO DE ENSINO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA

Trabalho no campo ou no meio rural

Reginaldo Guiraldelli é um

II SEMINÁRIO DO PPIFOR

PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO ANDRÉIA JOFRE ALVES

EMENTA: A perspectiva antropológica da família. Reprodução, sexualidade e parentesco. Papéis sexuais. Relações de gênero. Família e sociedade.

FRIDAS: UMA PROPOSTA DE GRUPO DE ESTUDOS SOBRE GÊNERO E DIVERSIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE HISTÓRIA

Campus de Presidente Prudente PROGRAMA DE ENSINO

DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E AGRICULTURA FAMILIAR

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

A PEDAGOGIA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

TERMO DE REFERÊNCIA. 1. Justificativa :

AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER PARA AS ESCOLAS MUNICIPAIS DO RECIFE: SUAS PROBLEMÁTICAS E POSSIBILIDADES

Unidade II MOVIMENTOS SOCIAIS. Profa. Daniela Santiago

Lenira Lins da Silva 1 Edivaldo Carlos de Lima 2. Universidade Estadual da Paraíba

ANEXOS AO EDITAL N. 22/PROPP, DE 04 DE OUTUBRO DE 2016

sexo, sexualidade, gênero, orientação sexual e corpo

Anped 30 anos de pesquisa e compromisso social GT 07. Educação da Criança de 0 a 6 anos. Ligia Leão de Aquino Coordenadora do GT 07

EDUCAÇÃO NO CAMPO E O PRONATEC NO IFPR CÂMPUS PARANAVAÍ: UMA EXPERIÊNCIA COM O MST.

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CASO DE UM ASSENTAMENTO

MULHERES TRANSFORMANDO A ECONOMIA. Cartilha sobre Economia Solidária e Feminista

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE DISCIPLINA

Transcrição:

AS FLORES DO CAMPO DA AGROVILA CAMPINAS. Cláudia da Costa Salgado¹ Mirian Claudia Lourenção Simonetti² As questões apresentadas nesse texto se inserem na pesquisa denominada Territorialidades em tensão: movimentos sociais, agrone 1 gócio e políticas de reforma agrária no Brasil entre 1985 a 201, realizada no âmbito do CPEA. Este trabalho em desenvolvimento pretende investigar e compreender o papel desenvolvido pelas mulheres trabalhadoras rurais, analisando seus papéis sociais de diante da luta pela terra nos acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra MST. Para essa análise, necessitamos de um recorte metodológico, portando nosso universo de pesquisa se restringirá ao grupo de mulheres intitulado Flores do Campo o qual se encontrada Agrovila Campinas, uma das dez Agrovilas que, constituí o Assentamento Reunidas localizado no Município de Promissão-SP, sendo esta organizada pelo MST. Este dentre os movimentos sociais é o que revela uma trajetoria de luta pela terra no campo brasileiro, tendo sua formação oficializada no ano de 1984, no entanto já havia coisas que o impulsinavam desde meados dos anos 70, como por exemplo, a implantação de um modelo economico agropecuario que visava acelarar a modernização da agricultura com a criação de um sitema de créditos e subsídios incentivando a monocultura e deste modo criando uma dificil situação para a agricultura familiar, casando neste momento da historia do país a migração de em media trinta mil familias para as cidades, o que caracterizado com uma usurpação do direito dessas familias materem-se fazendo o que sempre fizeram que é lidar com a terra. Contudo nesta genese do MST, pode-se também contar com o apoio da igreja catolica, em uma nova vertente que nascia dentro dela no mesmo periodo, a qual era chamada de teologia da libertação, essa nova vertente contava com orgãos como a CPT- (Comissão de Pastoral da Terra) que fora um fator essencial para o desenvolvimento da luta pela terra, que eferve em um momento dificil no cenario brasileiro, a ditadura militar, porém ela não sucumbe às ¹Graduanda em Ciências Sociais da UNESP/Marília Centro de Pesquisas e Estudos Agrários e Ambientais - CPEA - UNESP - Marília claudiasalgado@marilia.unesp.br ²Professora Assistente Doutora do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP/Marília Centro de Pesquisas e Estudos Agrários e Ambientais - CPEA - UNESP - Marília mirian@marilia.unesp.br

opressões deste complicado momento historico, essa luta tem contnuidade dando origem primeiras ocupações de terra que acontecem entre os anos de 1979 e 1984, ano do nascimento oficial desse movimento que desempenha um importante papel dentre os movimentos sociais. E segundo Bernardo Mançano: O MST é fruto do processo histórico da resitência do campesinato brasileiro. É, portanto, parte e contnuação da história da luta pela que descrevemos no capitulo anterior. Após essa breve contextualização a respeito do movimento vale destacar o objetivo de tentar entender o papel da mulher enquanto trabalhadora rural em meio a este, levando-se em consideração as difíceis situações que as mulheres são submetidas em nossa sociedade tais como, discriminação econômica, politica, mercado de trabalho, entre outras. Pois a discriminação contra a mulher na sociadade com ja dito pode dar-se no trbalho através dos salarios onde em média seu salário é 40% menor que alguem do sexo masculino, a dificuldade que lhe é emposta para conseguir cargos gerenciais, osbtaculos que lhe são imposto no mercado de trabalaho quando opta pela maternidade. Encontramo-nos ainda num sistema patriarcal dentro e fora do campo. A problemática da invisibilidade pode ser vislumbrada pelo elevado número de pessoas do sexo feminino caracterizado como trabalhadores sem remuneração no meio rural. Assim, separar a analise do trabalho rural assalariado (apenas com remuneração) das atividades de autoconsumo e das trabalhadoras sem remuneração com baixa jornada de trabalho (menos de quinze horas semanais) encobre a labuta feminina. (MELO & SABBATO, 2006, p. 47) Ou seja, pretendo aqui entender o processo de divisões do trabalho entre homens e mulheres nesses espaços e também a função social do grupo Flores do Campo. Compreendendo assim entre outras, a características dessa trajetória feminina no campo. Segundo Mirian Simonetti: Assim, é possível verificarmos a diversidade e complexidade existente nesse Assentamento. Cada grupo possui características próprias, pois ao lado daqueles que participaram da luta pela terra, através da organização política (acampamentos, confrontos com os proprietários e com o Estado), estão àqueles que ao serem cadastrados

pelo Estado (como forma de minimizar os conflitos de terra na região), tiveram acesso a terra. (Simonetti; p.8) Em meio a isto essas mulheres participaram ativamente da luta pela terra junto aos seus familiares por um pedaço de terra no qual pudessem retirar seu sustento e criar seus filhos com a paz e a tranquilidade almejada. Após alguns anos de luta e de vitorias alcançadas as diferentes gerações de mulheres sentem a necessidade de manter-se unidas e resolvem montar um grupo de mulheres com politicas para as mesmas, a necessidade dessas mulheres unirem-se e manterem-se ativas, o grupo visa o bem estar feminino e se coloca enquanto para mulheres, observando inclusive o nome do grupo, Flores do Campo, que indica a importância destas dentro desse espaço denominado campo e partir deste entender as relações de gênero dentro do mesmo. O entendimento do que aqui fora posto é de suma importância para nós compreendermos a característica para essa trajetória feminina no campo e no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST e localizarmos o papel dessas mulheres dentro de tais. Para Ligia Albuquerque de Melo, Diferentemente do que se supõem e é apresentado por vários autores que estudam apequena produção, as mulheres nos assentamentos não são apenas ajudantes dos maridos. Elas tem uma participação ativa, tanto no processo de produção quanto no de comercialização (MELO :2002:258) O bom exemplo que este grupo Flores do Campo, pode vir a colocar na sociedade em geral, sobretudo no campo, podendo acarretar maiores organizações femininas dentro do mesmo e do próprio movimento. Este grupo que desenvolve politicas de saúde, trazendo especialistas para cuidar das particularidades delas, como hipertensão, diabetes, entre outras, desenvolve também programas de atividades físicas, atualmente com um projeto de panificação visando aumento da renda familiar, também esta à frente de organizações de bingos para comunidade, este iniciou-se por meio de uma dança, a Biodança a qual apresentam em seus bingos, sendo suas reuniões semanais,é de enorme importância, segundo elas. Assim como já foi exposto, a pesquisa analisara o papel da mulher nos assentamentos e acampamentos do MST, e será realizada através de duas vertentes divididas em teórica e empírica. Primeiramente se faz necessário obter um embasamento teórico, este que será

adquirido pelas leituras e analises de obras sobre o assunto. Entendendo desta forma como se estruturou e vem se estruturando o papel feminino no campo e as condições a qual essas mulheres estão submetidas nessa sociedade como um todo. Depois de obter o embasamento teórico advindo principalmente dos autores: Judith Butler, Clifford Geertz, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Bernardo Mançano Fernandes, entre outros, passaremos para a parte empírica da pesquisa. A pesquisa empírica tem como objetivo central entrevistar as mulheres dos assentamentos e acampamentos do MST e também lideranças femininas do movimento para contrapor a realidade vivenciada por essas e para que elas possam relatar suas experiências dentro dessa trajetória na luta pelo campo. Contrapondo também as realidades das mulheres urbanas e rurais e seus papéis exercidos na sociedade. O método utilizado será o da história oral, onde serão colhidos relatos de vida e depoimentos para contrapormos a realidade com as teorias aqui aplicadas a qual nos basearemos. Buscando assim entender o processo politico, cultural, social e econômico nos acampamentos e assentamentos no Brasil. Desta forma, podemos analisar que o papel da trabalhadora rural nos assentamentos e acampamentos tem sido de fundamental importância para a fundamentação destes, ainda que suas possibilidades no campo ainda sejam restritas comparadas as dos homens e a divisão de trabalhos como de gerenciar a produção, decidir sobre os investimentos que forem realizados, autonomia econômica, entre outros, devem ser reconhecidas de fato enquanto trabalhadoras e não apenas ajudantes e parte efetiva nessa luta pela terra. Muitas limitações se impõem ao desenvolvimento da autonomia econômica das mulheres trabalhadoras rurais e têm forte expressão entre assentadas da reforma agraria e agriculturas familiares. O governo federal, sob a coordenação da Secretaria Especial de Politicas para Mulheres através do Plano de Políticas para mulheres, como parte das suas diretrizes gerais para promoção da autonomia, igualdade no mundo do trabalho e cidadania busca ampliar e qualificar a inclusão das mulheres na reforma agrária e na agricultura familiar. (BUTTO, 2006, p. 34). Pois são elas as responsáveis pela alimentação de seus maridos e filhos, são elas as que preparam a marmita e mantém a casa em ordem, que se preocupam com a educação de seus filhos e lutam para que permaneçam no campo, pois acreditam que ali terão melhores

condições de vida do que na cidade, que contribuem para decisões do movimento, que diversas vezes trabalham para fora em trabalhos domésticos para contribuir ainda mais na renda familiar e são trabalhadoras rurais assim como os homens do movimento. Essas mesmas mulheres lutam também pelo seu pão de cada dia, pela saúde, liberdade e respeito aos seus. Lutam por toda e qualquer necessidade básica ou não de um ser humano na sociedade. Pra mudar a sociedade do jeito que gente quer, participando sem medo de ser mulher, porque a luta não é só dos companheiros, participando sem medo de ser mulher, pisando firme sem pedir nenhum segredo, participando sem medo de ser mulher, pois sem mulher a luta vai pela metade, participando sem medo de ser mulher, fortalecendo os movimentos populares, participando sem medo de ser mulher, na aliança operário-camponesa, participando sem medo de ser mulher. Pois a vitória vai ser nossa, com certeza, participando sem medo de ser mulher. (Nazaré, Itapipoca Ce. Sem Medo de ser Mulher) Porém, ainda há muito que ser discutido sobre essa problemática de gênero no campo,como entender as desigualdades ainda existentes, entender a sua necessidade de montar um grupo como as Flores do Campo, analisar as historias de vida aqui expostas dessas diversas mulheres que compõe esse movimento, historias essas que devem ser levadas em consideração e comparadas, mas sem duvidas o mais importante é identificar esses problemas de gênero dentro do espaço denominado campo e tratar da invisibilidade feminina, e sua jornada dupla ou até tripla do dia-a-dia. Conscientizá-las disso e partir disso fazer com que elas coloquem um ponto final em toda as opressões que vem sofrendo durante todos esse anos, pois elas devem sim ocupar um espaço considerável, não só no campo, mas na sociedade de um modo geral. No entanto, essas diversas funções por elas desenvolvidas tornam ainda mais importante sua permanência e reconhecimento no movimento, pois preservam a família e são parte essencial para que a luta pela terra ainda seja um luta de família, sobretudo participam ativamente de forma política e econômica para sua construção.não sendo assim, telespectadoras da história, mas sim sujeitos que contribuem dia-a-dia para a construção deste. Por fim, as questões em torno de relações de gênero no campo têm uma certa urgência em serem discutidas, pois ao meu ver os estudos sobre a mulher são de certa forma

descobertos, pois atualmente tem uma grande demanda, pelos espaços que as tanto as trabalhadoras rurais, quanto as mulheres de um modo geral vem tomando perante a sociedade, pois elas tem que ser visíveis e reconhecidas pelo seu trabalho,ou seja, ocupar o espaço que lhe cabe dentro dessa sociedade. Bibliografia BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Gênero, Agricultura Familiar e Reforma Agrária no Mercosul. Brasília: MDA, 2006 (série NEAD Debate, n.9). BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003 BRUMER, Anita. Mulher e desenvolvimento rural. In: PRESVELOU, Clio; ALMEIDA, Fracesca. R.; ALMEIDA, Joaquim Anécio (Orgs). Mulher, família e desenvolvimento rural. Santa Maria: UFSM, 1996. p.39-58 CUNHA, Auri D. C. Relações de gênero na agricultura familiar no perímetro irrigado de São Gonçalo (PB). In: BRUSCHINI, Cristina; HOLLANDA, Heloísa B. de (Orgs.). Horizontes plurais: novos estudos de gênero no Brasil. São Paulo: FCC; Ed. 34, 1998. p.195-224. DEL PRIORE, Mary. Ao sul do corpo: condição feminina, maternidade e mentalidades no Brasil Colônia. Rio de Janeiro: José Olympio; Brasília, DF: Edunb, 1993.. A mulher na história do Brasil. 4ª ed. São Paulo. Contexto, 1994. (Coleção Repensando a História).(Org). História das mulheres no Brasil. 3 ed. São Paulo: Contexto, 1997. FONSECA, Tania M. G. Gênero, subjetividade e trabalho. Petropólis, RJ: Vozes, 2000. FERRANTE, V.L.S.B.; ALY JR, O. Assentamentos Rurais: impasses e dilemas (uma trajetória de 20 anos). São Paulo: INCRA, 2005, p.351-371 FERNANDES, Bernardo Mançano. A Formação do MST no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. FARIA, Nalu. NOBRE. Miriam. Gênero e desigualdade. São Paulo: SOF, 1997 FRANCO GARCIA, Maria. A luta pela terá sob enfoque de gênero: os lugares da diferença no Pontal do Paranapanema. TESE, 2004.

FREITAS, Ligia dos Santos. A luta das mulheres assentadas no Pontal do Paranapanema: a Escola do Pé de Galinha. Artigo disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada5/trabalhos/gt2_e_f UNDAMENTAL/18/218.PDF GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1989. GIULANI, Paola C. Os movimentos de trabalhadoras e a sociedade brasileira. In: DEL PRIORE. Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. Coordenadora de textos: Carla Bassanezi.São Paulo: Contexto, 1997. p. 640-667. HIRATA, Helena. Nova divisão sexual do trabalho?: um olhar voltado para a empresa e a sociedade. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002. JUNIOR, Antonio Tomaz. Trabalhadoras rurais e luta pela terra: interlocução entre gênero, trabalho e territorio. Artigo disponível em : http://br.monografias.com/trabalhos902/trabalhadoras-rurais/trabalhadoras-rurais.shtml LAGO, Mara C. S. Trabalho feminino, trabalho improdutivo? Revista de Ciências Humanas,Florianópolis, n. 8, p.129-133, 1986. LECHAT, Noëlle M. P. A questão de gênero no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): estudo de dois assentamentos no Rio Grande do Sul. 1993. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) Universidade Estadual de Campinas, Campinas.. Relações de gênero em assentamentos do Movimento do MST (RS): a participação da mulher na produção e reprodução em unidades familiares e coletivas. In: PRESVELEU, Clio; ALMEIDA, Francesca Rodrigues; ALMEIDA, Joaquim Anécio. Mulher, família e desenvolvimento rural. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1996. p. 93-116. MELO, Denise, M. A construção da subjetividade de mulheres assentadas pelo MST. 2001. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade Estadual de Campinas, Campinas. MST. Construindo caminho. São Paulo: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), 2001. MALINOWSKI, Bronislau. Introdução. In: MALINOWSKI, B. Os Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril, 1979. MELLO, Denise M. Subjetividade e Gênero no MST: observações sobre documentos publicados entre 1979 e 2000. In: Movimentos sociais no início do século XXI. GONH, M. da G. (org.) Petropólis, RJ: Vozes, 2003, p. 114

MAUSS, Marcel. Noção de técnica corporal. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003. MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA. A questão da mulher no MST. Coletivo Nacional de Mulheres do MST. São Paulo: MST, 1986. NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Trad. Luiz Felipe Guimarães Soares. Revista Estudos Feministas. Vol. 8 (2), 2000. PAVAN, Dulcinéia. As Marias Sem-Terra: trajetórias e experiências de vida de mulheres assentadas em Promissão/SP 1985/1996. 1998. Dissertação (Mestrado em História Social) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PORTELA, Ana Paula; GOUVEIA, Taciana. Idéias e Dinâmicas para trabalhar com gênero. Recife: SOS Corpo, 1999. QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Agruras e Prazeres de uma Pesquisadora: Ensaios Sobre a Sociologia. São Paulo: Editora UNESP, 1999. SIMONETT, Mirian Claudia Lourenção. Entre o Global e o Local: os assentamentos rurais como espaço de vida e cidadania. SILVA, Cristiani Bereta da. Homens e Mulheres em movimento: relações de gênero e subjetividades no MST. Florianópolis: Momento Atual, 2004. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Sociedade, Porto Alegre, 16(2): 5-22, jul/dez, 1990 SOIHET. Rachel. PEDRO.Joana MARIA. A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero. In. História e Gênero. Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH, vol. 27,n.54-jul/dez 2000 YANNOULAS, Silvia Cristina. Dossiê: políticas públicas e relações de gênero no mercado de trabalho. Brasília: CFEMEA; FIG/CIDA, 2002.