CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO - 03 Aula Ministrada pelo Prof. Pedro Bonifácio 17/10/2017 E-mail: tributario@legale.com.br AULA 13 LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA Em virtude de litígios entre as partes na relação tributaria Sujeito ativo (fisco) e Sujeito Passivo (contribuinte) poderá se valer das esferas administrativas ou judiciarias para a resolução do conflito. Tanto o Poder judiciário quanto o administrativo, devem observar a legislação tributária para a resolução da lide e o norteamento de seus atos. Art. 96, CTN. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
- Se a fonte formal introdutora da matéria for incompetente para veicula-la, poderá ser aplicado no caso o princípio da legalidade, o qual estabelece que determinadas matérias devem ser veiculadas por determinado veículo legislativo. Exemplo: A obrigação acessória deve ser veiculada por meio de legislação (termo amplo, qualquer norma da legislação). Art. 113, 2º, CTN A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. A obrigação principal deve ser definida em lei, (termo restrito, exclusivamente lei). Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. 1. LEI Antes da Constituição de 1988 existia o Decreto Lei, que em suma era uma norma que não era feita pelo legislativo, mas sim pelo Executivo e tinha força de lei. Hoje foi substituído pela Medida Provisória, que terá força de lei após a sua conversão. A Regra no Direito tributário, é que quando se menciona lei na Constituição Federal, está se tratando de Lei Ordinária. Observação: O CTN só trata com o vocábulo lei, posto que veio antes da Constituição de 1988.
O que depende de lei Ordinária? Respostas: A Não depende
B Não depende, pois depende da legislação C IPI não depende, pois é exceção ao princípio art. 153, 1º, pois é regulador de mercado. Já o ICMS precisa de lei D Depende de lei ordinária. E Depende de lei ordinária, pois corresponde a um aumento disfarçado na alíquota. F Não depende quanto a OAB, pois não é tributo. Mas quanto as outras, depende de lei, posto que se trata de contribuição especial. A - Conflito de Competência SOMENTE LEI COMPLEMENTAR PODERÁ REGULAR Art. 146, CF. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; A distribuição de competência foi elaborada para que não houvesse conflito, para que pudesse ser exercida simultaneamente. O que se pode dizer é que existem zonas cinzentas entre dois tributos, que não se pode precisar com clareza qual deles incidirá no caso em concreto. Art. 32, 1º CTN Se a lei municipal definir que a área é urbana, o imóvel pagará o IPTU. Dec. Lei 57\66, art. 15 Se a localização for urbana e a destinação rural, se paga ITR. (o Decreto passou a ter status de Lei Complementar). Observação: a lei complementar é da união pois a finalidade é evitar a guerra fiscal entre entes. B - Limitações ao Poder de Tributar Art. 146, CF. Cabe à lei complementar: II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; Princípios e Imunidades compõem as limitações ao poder de tributar. C - Regular normas gerais de Direito Tributário Art. 146, CF. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
Obrigação Principal, Prescrição e Decadência, Fato gerador e base de cálculo. D - Criação, extinção, redução ou aumento de alguns tributos -IGF -Empréstimo compulso -Imposto residual -Contribuição social residual Observação: tudo que se refere a estes tributos deverá ser veiculado por lei complementar. Exemplo: o CTN define lei, porem deve ser analisado a matéria que se trata. Art. 96 do ctn define legislação, mas para majorar deve ser por complementar, conforme expresso no art. 97 do CTN. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; Importante: Qualquer alteração no CTN deve ser por meio de Lei complementar. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Lei complementar, pois o CTN que define esse rol de exclusão, e este rol é taxativo, logo, se for inserir algo, deve ser por meio de alteração no CTN. E - Estabelecer regimes diferenciados para cooperativas e micros e pequenas empresas. F - ISS Alguns temas - Art. 156, 3º CF. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:
- Definição de alíquota mínima e máxima Lei Complementar 116/03. Art. 156, 3º CF. - Definição de política Isenção e benefícios fiscais, também cabe a lei complementar federal. G - ITCMD (Alguns Temas), Art. 155, 1º, III CF. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 1º O imposto previsto no inciso I: III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: Dependendo do tipo de bem, o estado que irá figurar como sujeito ativo também mudará - bem imóvel será o Estado da localização do bem. - bem móvel Doação: será estado do domicilio do doador. Morte: Será o Estado do processamento do inventário. 1 Imóvel localizado no exterior. 2 bem móvel, domicílio do doador no exterior ou processo no exterior. Ambos os casos dependem de lei complementar federal. H - ICMS alguns temas Art.155, 2º, XII - Definir substituição tributária - Definir compensação tributária - Definir contribuintes. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XII - cabe à lei complementar: RESOLUÇÃO DO SENADO FEDERAL ITCMD Definição de alíquota máxima. IPVA Definição de alíquota mínima
Art. 155, 1º, IV CF Resolução 9\92 definiu 8%. Art. 155, 6º, I CF Ainda não existe a resolução OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Dar $ Pagar imposto Decorre da lei Art. 114, CTN Descumprimento/multa OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Fazer Emitir nota fiscal Decorre da legislação Art. 113, 2º CTN Descumprimento acarreta em multa e vira Obrigação Principal Art. 113, 3 CTN (definida em lei) Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
A penalidade tem que estar definida em lei, conforme estabelece o art. 97, V ctn. Posto que não entrega é diferente de entrega fora do prazo. Como foi utilizado Decreto para fazer, houve vicio formal na norma.
Se a lei fixar o mínimo e o máximo, pode a variável dentro deste intervalo pode ser aplicável por outra norma que esta disciplinar.
Neste caso, a matéria que o decreto-lei versa se trata de norma geral em direito tributário, e o art. 146 da CF, estabelece que tem que ser veiculado por lei complementar. Analisar os critérios para verificar qual espécie de tributo que se trata. Importante: O nome que a lei traz para o possível tributo, não é critério para defini-lo como tal. - Há contraprestação? - Existe destinação\vinculação? - possui restituição do valor pago?
Art.1º -Fica instituída a Taxa de Serviços de Bombeiros - TSB, que tem como fato gerador a utilização efetiva ou potencial de serviços prestados (...) Art.6 º - A Taxa de Serviços de Bombeiros - TSB poderá ser anual, mensal ou diária e será recolhida antes do início das atividades ou da prática dos atos sujeitos ao poder de polícia (...) O referido tributo se intitula taxa, porém deve-se analisar os critérios para definir qual a sua efetiva espécie. Ocorre que na referida taxa o usuário não é efetivo e nem em potencial. Usuário efetivo: efetivamente usa o serviço que foi posto à disposição. Usuário potencial: a utilização do serviço é posta à disposição, o usuário não usa porque não quer. A referida taxa ainda versa sobre serviço que não é divisível, visto que seus beneficiários não são individualizados. Art. 79, CTN. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. O tributo que no exemplo foi exposto, define que o seu pagamento poderá ser feito em conjunto com outro tributo. Art.7 º - A Taxa de Serviços de Bombeiros - TSB, poderá ser lançada isoladamente ou em conjunto com outros tributos municipais(...) Ocorre que é proibido fazer a referida vinculação para pagamento, conforme estabelecido pelo CTN.
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; Houve também uma isenção que não se justifica, posto que a regra é que a taxa tenha que ser paga por haver um serviço prestado, logo deveria ser reembolsado, conforme definido no CTN: Art. 177, CTN. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; BONS ESTUDOS!!!! Prof. Ramiru Louzada