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Transcrição:

DO REGIME DE BENS Conceito de regime de bens: Conjunto de regras de ordem privada relacionada com interesses patrimoniais e econômicos resultantes da entidade familiar. O Divórcio põe fim ao casamento e também à sociedade conjugal, e uma vez extinto a 1ª, também estará finda a 2ª. Dissolução da sociedade conjugal = dissolução do casamento e dissolução da sociedade conjugal. EC 66/2010 faz desaparecer a tutela constitucional (art. 226 6º CF/88) da separação judicial, logo, o art. 1.571 perde sentido. Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; II - pela nulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; IV - pelo divórcio.

Regimes de bens: 1. Comunhão parcial; 2. Comunhão universal; 3. Separação de bens; 4. Participação final nos aquestos. Pacto antenupcial Pacto antenupcial

Pacto antenupcial O pacto antenupcial (art.1.653 a 1.657) é um contrato solene, firmado pelos próprios nubentes habilitados matrimonialmente e, se menores, assistidos pelo representante legal, antes da celebração do ato nupcial, por meio do qual dispõem a respeito da escolha do regime de bens que deverá vigorar entre eles enquanto durar o matrimônio, tendo conteúdo patrimonial, não podendo conter estipulações alusivas às relações pessoais dos consortes. (RJTJSP, 79:266). Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. 1 o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. Escritura pública (nulidade) Ineficácia Pacto realizado por menor Efeito perante terceiros = registro Nulidade de convenção ou cláusula

Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Condição suspensiva: Casamento. Não produz efeito a escolha do regime de bens se não houver casamento, assim como as demais cláusulas do pacto ficam suspensas. Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. A lei dispensa aprovação se o casamento se enquadrar nas hipóteses que se impõe o regime da Separação obrigatória de bens. Se o regime de bens será imposto por lei, não será o caso do pacto para fazer opção, pois não há opção. Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. Seriam nulas as cláusulas em que se renunciassem alimentos (art. 1.707) ou o poder familiar (art. 1.631) p.ex. Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.

REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL Regime de comunhão parcial Desde a lei do divórcio (Lei 6.515/77) o regime de comunhão parcial, também chamado de separação relativa e de misto, passou a ser o regime legal, ou seja, o regime aplicável caso os cônjuges não optem por outro. Conceito (Silvio Rodrigues) Trata-se de um regime de separação quanto ao passado e de comunhão quanto ao futuro. Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicamse os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; Se já viviam juntos antes do casamento e obtiveram bens particulares? II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em subrogação dos bens particulares; Não há aquisição patrimonial durante o casamento, mas apenas aquisição de bens, por se tratar de substituição. III - as obrigações anteriores ao casamento; Dívidas com a celebração do casamento e enxoval, as obrigações se comunicam com o par? IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; A responsabilidade por ato ilícito não pode ultrapassar a pessoa de seu autor. Certamente deverá se tratar de ilícito civil, vez que ilícito criminal não ultrapassa a pessoa do condenado (art. 5º, XLV, CF/88) Ex. R casado com P promove evento e obtém lucro da venda de ingressos, o barulho causa danos ao vizinho, como o ilícito cometido por R acabou revertendo benefícios ao casal, a obrigação entrará na comunhão V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; Bens de uso pessoal: retratos de família, joias, roupas, etc. Joias e roupas investimento ou mero adorno? Doutrina diverge. Para Pontes de Miranda: joias adquiridas durante o casamento sempre se comunicam. Para Mª Berenice: Livros e instrumentos de profissão pode ter havido conjugação de esforços, logo deve permanecer com o cônjuge a quem interessa desde que haja compensação de seu valor ao outro.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: (cont.) VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; Se os proventos do trabalho pessoal forem usados para adquirir um bem, tal bem integrará o patrimônio comum, mas se forem guardados permanecerão no patrimônio exclusivo de quem os recebeu. VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. STJ: comunicabilidade das Indenizações trabalhistas e FGTS Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; Bens gratuitos quer por doação ou por sucessão não se comunicam II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; Apesar de não serem bens adquiridos onerosamente, a lei optou pela comunicabilidade. Ex. competições, rifas, loterias, sorteios III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; Bens adquiridos por doação, herança ou legado em favor de ambos os cônjuges. Ex: Se A e B receberem carro em doação do pai de A, conclui-se que ambos são destinatários do contrato. IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; Mesmo sendo bem particular, supõe-se que as obras realizadas na constância do casamento serão custeadas pelo esforço comum do casal, logo devem entrar na comunhão. V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Os frutos dos bens sejam comuns ou particulares, destinam-se, em geral, ao sustento da família, logicamente que devem integrar o patrimônio comum no regime da comum parcial

REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL Administração do patrimônio comum Art. 1.663. A administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges. 1 o As dívidas contraídas no exercício da administração obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver auferido. 2 o A anuência de ambos os cônjuges (outorga uxória ou marital) é necessária para os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns. 3 o Em caso de malversação (má administração dos bens comuns) dos bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges. Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal. Art. 1.665. A administração e a disposição dos bens constitutivos do patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, salvo convenção diversa em pacto antenupcial. Art. 1.666. As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes, não obrigam os bens comuns.

COMUNHÃO PARCIAL DE BENS BENS PARTICULARES Art. 1.659 e art. 1.661 BENS COMUNS Art. 1.660

REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL O regime da comunhão universal era o regime legal, até entrada em vigor da Lei do Divórcio (Lei 6.515/77), ou seja, era o sistema apontado pela Lei, caso os nubentes não optassem por outro em pacto antenupcial. Caracteriza-se pela predominância da massa de bens comuns, sendo irrelevante o momento ou tipo de aquisição. Definição: trata-se de um regime que se caracteriza por excelência, pela existência de um único patrimônio, que importa uma espécie de condomínio entre os cônjuges, solúvel somente pelo fim da vida em comum, integrado por todos os bens presentes e futuros, inclusive suas dívidas. Comunhão universal = mancomunhão = propriedade em mão comum Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. Meação = metade do patrimônio

COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS

REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados (significam bens que foram comprados com valores obtidos a partir da venda de outros bens) em seu lugar; Súmula 49 do STF: A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos bens. Obs: A cláusula de inalienabilidade é mais ampla. Quem diz inalienável quer dizer incomunicável e impenhorável. Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade. Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros. Obs. Os bens de sucessão legítima só podem ser clausulados mediante indicação de justa causa; a parte disponível pode ser gravada livremente.

II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; Fideicomisso: Disposição testamentária em que um herdeiro ou legatário (fiduciário)é encarregado de conservar e, por sua morte, transmitir a outrem a sua herança ou o seu legado (fideicomissário). É o direito do fideicomisário que se comunica, e não os bens que este receberá eventualmente, os quais entrarão na comunhão. III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos (despesas do casamento), ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659 (bens de uso pessoal, livros e instrumentos de profissão, proventos de trabalho e pensões; proventos do trabalho e pensões, meio-soldos, montepios e outros assemelhados). Não se excluem da comunhão os frutos (naturais ou civis) dos bens excluídos. Ex. Aluguéis (Frutos civis) recebidos de um apto pertencente exclusivamente ao outro cônjuge Não existe bens particulares de cada cônjuge, mas bens incomunicáveis.

REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL Administração dos bens Art. 1.670. Aplica-se ao regime da comunhão universal o disposto no Capítulo antecedente (comunhão parcial) quanto à administração dos bens. A administração do patrimônio compete a qualquer dos cônjuges. Peculiaridade: Não existe patrimônio particular, existe apenas um patrimônio, o comum, ainda que possam haver bens incomunicáveis. Bens incomunicáveis de um dos cônjuges não respondem pelas dívidas contraídas pelo outro. Anuência de ambos os cônjuges (outorga uxória ou marital) para qualquer ato de cessão gratuita do uso ou do gozo dos bens comuns (art. 1.663 2º) Direito dos credores Finda a vida em comum deve-se dividir o ativo e o passivo entre os meeiros, e desde logo cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges com relação aos credores do outro. Art. 1.671. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e do passivo, cessará a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.

PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS Definição: é um regime misto, em que vigora a separação de bens na constância do casamento, mas quando da dissolução do casamento surge uma comunhão, a impor a meação de determinados bens (os aquestos). São os bens adquiridos durante a convivência matrimonial. Para Ivan Pegoraro: a Participação Final dos Aquestos, é uma modalidade de regime de bens entre os cônjuges, ainda não muito conhecida, mas que integra o novo Código Civil Brasileiro, vindo preencher uma importante lacuna no direito de família Para Silvio Venosa: há 2 massas de bens Para Mª Berenice: há 5 massas de bens

PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS

ACERVOS PATRIMONIAIS NO REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS Patrimônio exclusivo de A Bens adquiridos onerosamente Bens adquiridos onerosamente por A na constância do casamento por B na constância do casamento Patrimônio Exclusivo de B Patrimônio de A AQUESTO Patrimônio de B Bens adquiridos pelo esforço comum de A e B, onerosamente, na constância do casamento Aquestos: Bens adquiridos onerosamente na constância do casamento, seja por um dos cônjuges ou ambos. Patrimônio de cada cônjuge: os bens adquiridos onerosamente pelo cônjuge na constância do casamento e os demais bens particulares (exclusivos)

PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS Peculiaridade do regime: Por ocasião da dissolução da sociedade conjugal, cada cônjuge fará jus a metade dos aquestos (art. 1.672). Art. 1.672. No regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis. Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aquestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios (exclusivos): I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; II - os que sobrevieram a cada cônjuge a título gratuito por sucessão ou liberalidade; III - as dívidas relativas a esses bens. Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis.

Controle contábil dos bens: é necessário um cuidado muito grande na manutenção constante de uma contabilidade dos bens, em que serão lançados todos os bens anteriores ao casamento, bem como todas as aquisições posteriores. a) Doação: Doação dos bens considerados aquestos só com outorga do outro. Feita a doação sem a devida outorga, seu valor será computado quando da apuração dos aquestos. Haverá para o cônjuge prejudicado ou para seus herdeiros: a)reivindicar os bens ou b) declará-lo no monte partilhável, pelo valor equivalente ao da época da dissolução. (art. 1.675) Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aquestos, computar-seá o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável, por valor equivalente ao da época da dissolução. Patrimônio de cada consorte, apura-se: O valor dos bens anteriores ao matrimônio; os bens sub-rogados a eles; e os adquiridos por cada um, por sucessão ou doação, aferindo as dívidas relativas aos bens próprios.

PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS b) Alienações: as alienações onerosas reclamam outorga do outro cônjuge para evitar fraudes na contabilidade dos bens. Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se não houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar (reivindicar o bem pleiteando a nulidade da alienação) A reivindicação é possível nos casos de bens imóveis e de bens doados a concubina (venda simulada). Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro (art. 1.891), mas para serem alienados, é preciso a concordância do par, porém no pacto antenupcial é possível ser convencionado a livre disposição dos particulares (art. 1.656) Bens móveis: cada um pode alienar os bens móveis mesmo que se presumam adquiridos durante o casamento (arts. 1.673 e 1.674)

c) Pagamento de dívidas: Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge. d) Dívidas posteriores ao casamento: Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro. Ex. reforma na casa que ambos residem e) Bens adquiridos pelo esforço comum: Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cônjuges uma quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido. Os aquestos surge apenas quando da dissolução do vínculo conjugal, vez que antes disso só existem apenas os patrimônios próprios de cada cônjuge.

f) Propriedade dos bens móveis e imóveis: Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor, salvo se o bem for de uso pessoal do outro. Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro. Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge proprietário provar a aquisição regular dos bens. Ex. cônjuge que registrou um imóvel em seu nome, mas há dúvidas se teria adquirido o bem com patrimônio seu ou com patrimônio do outro cônjuge. Mantendo-se um rigoroso controle contábil dos bens, situações como essa serão esclarecida. MEAÇÃO DOS AQUESTOS: Enquanto perdurar o casamento, o direito à eventual meação é irrenunciável, impenhorável e não passível de cessão. (art. 1.682) Inventariados os aquestos, proceder-se-á à meação sendo possível, ou não sendo conveniente a divisão dos bens in natura, admite-se que a contabilização se faça considerando-se o seu valor. (art. 1.684, P.Ú.) Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separação judicial ou por divórcio, verificar-se-á o montante dos aquestos à data em que cessou a convivência.

Na Separação dos aquestos cada cônjuge ficará: I) Com a totalidade de seus bens particulares adquiridos antes do casamento; II) Com a metade dos bens comuns, adquiridos em condomínio, por ambos, durante a união III) Com os bens próprios adquiridos durante o enlace IV) À metade da diferença do valor dos bens que o outro adquiriu no próprio nome, na constância do vínculo conjugal

PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário. Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem. Art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, verificar-se-á a meação do cônjuge sobrevivente de conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança aos herdeiros na forma estabelecida neste Código. Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros. ** Não esqueça: meação só com o fim do casamento, antes disso os patrimônios próprios de cada cônjuge respondem por suas dívidas independentemente de eventual meação.

REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS O Estado além de impor limite de idade mínimo para casar (o que até se compreende), também impõe uma idade máxima para o casamento. E quem desobedece às recomendações legais, simplesmente a lei faz de conta que o casamento não existe, ao menos quanto aos aspectos patrimoniais

REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS Fala-se em 2 espécies de separação de bens: a) Separação obrigatória/legal/necessária: prevista no art. 1.641 Não só os bens particulares, ou seja, os bens que cada um possuía antes de casar, não se comunicam. Também os aquestos, os bens futuros, os que forem adquiridos durante a vida em comum não se sujeitam à comunicabilidade. Nem mesmo é questionada a participação de ambos na sua aquisição. b) Separação convencional/absoluta/total: nubentes podem adotar no pacto antenupcial, prevista nos arts. 1.829, I; 1.647; 1.687 CC/02

a) Separação obrigatória: A lei impõe o regime da separação de bens ao casamento (art. 1.641): das pessoas sobre as quais recai impedimento impediente; do maior de setenta anos; dos que, para casar, dependem de suprimento judicial. a.1) Casamentos que violem impedimentos impedientes (art. 1523 das causas suspensivas) O casamento de pessoas impedidas, em razão de impedimento meramente impediente, é válido. Todavia, a lei sanciona com a imposição do regime da separação de bens (art. 1.641, I) Cumpre lembrar que o parágrafo único do art. 1.523 autoriza os nubentes a solicitar que o juiz não lhes aplique o impedimento meramente impediente, se demonstrarem ausência de prejuízo. Se o pedido for deferido, consequentemente será afastada a imposição do regime de separação de bens. a.2) Casamento de pessoas maior de setenta anos Em uma exagerada tentativa de evitar popularmente chamados golpes do baú, o CC impôs à pessoa maior de sessenta anos, que quisesse se casar, o regime da separação de bens (art. 1.641, II), o inciso anteriormente mencionado foi alterado pela Lei 12.344/2010, então o regime o regime de separação se impõe ao casamento do maior de 70 anos. En. 261 CFJ a obrigatoriedade do regime da separação de bens não se aplica a pessoa maior de 60 anos, quando o casamento for precedido de união estável iniciada antes dessa idade a.3) Casamento de pessoa que dependa de suprimento judicial: Impõe-se também o regime da separação de bens ao casamento de pessoa que, para se casar, precisou de suprimento judicial (art. 1.641, III), como acontece com os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, na hipótese de seus pais injustificadamente, negarem a autorização que exige a lei.

Consequências da separação de bens Tanto na separação obrigatória quanto na convencional, os bens de cada cônjuge permanecerão incomunicáveis, e mesmo os atos de alienação ou gravação de ônus real poderão ser livremente praticados sem o consentimento do outro (art. 1.687). Não obstante, ambos os cônjuges serão obrigados a contribuir para as despesas do casal, na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens salvo estipulação diversa no pacto antenupcial (art. 1.688) Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.

Súmula 377 do STF no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento Justificativa do enunciado: A interpretação exata da súmula é no sentido de que, no regime da separação legal, os aquestos se comunicam pelo simples fato de terem sido adquiridos na constância do casamento, não importando se resultaram, ou não, de comum esforço. Para Rizzardo (2004, p.663): no mínimo é imperioso reconhecer que, em qualquer hipóteses de imposição do regime legal, a separação diz respeito aos bens presentes, e não aos futuros, obtidos na vigência do casamento. Para Mª Berenice Dias (2010): o casamento gera plena comunhão de vidas (art. 1.511 CC). Em decorrência do dever de mútua assistência (art. 1.566, III), os cônjuges adquirem a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família (art. 1.565 CC). O casamento faz surgir verdadeiro vínculo de solidariedade (art. 265 CC), não se justificando a vedação legal, sob pena de se fomentar o locupletamento indevido de um em detrimento do outro. Obs. Arts. 1.687 e 1.688 desde que tenha sido estabelecida por pacto antenupcial os bens serão particulares de cada um dos cônjuges, seja qual for o momento ou titulo de aquisição. Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. Obs. Se um deles provar efetiva colaboração para a aquisição de bens pelo outro, poderá ser reconhecido o direito a partilha proporcional ao auxílio.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647; Pode o cônjuge adquirir bens, contratar empregados, realizar viagens etc., desde que tais atos estejam relacionados à sua atividade profissional. II - administrar os bens próprios; Em caso de bens particulares, bens exclusivos de um dos cônjuges, pode este, naturalmente, livremente administrá-los. III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial; Pode o outro reivindicar ou desobrigar o bem, sendo a ação respectiva compete tanto ao cônjuge prejudicado quanto aos seus herdeiros, e o 3º prejudicado terá direito de regresso contra o cônjuge que com ele praticou o negócio jurídico, ou seus herdeiros.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente (cont.) IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647; a ação respectiva compete tanto ao cônjuge prejudicado quanto aos seus herdeiros, e o 3º prejudicado terá direito de regresso contra o cônjuge que com ele praticou o negócio jurídico, ou seus herdeiros. V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos; VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente. Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro: I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. Outorga: Nome técnico da autorização concedida pelo cônjuge ao outro cônjuge. Outorga Uxória: se a outorga for concedida pela mulher. Outorga marital: se a outorga for concedida pelo homem.

Caso o cônjuge denegar a outorga injustificadamente ou de não poder concedê-la, por qualquer razão, pode o juiz supri-la (art. 1.648); se a outorga não for concedida, nem suprida pelo juiz, e o ato ainda assim for praticado, será anulável. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; (ex. hipoteca, o qual pode ser concedida por meio da assinatura do cônjuge no contrato de alienação ou de constituição de ônus) II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. A doação pode é considerada remuneratória quando é feita para premiar um bom serviço prestado gratuitamente. Ex. Zé cuida do cão de Ana enquanto viaja quando retorna e para demonstrar a gratidão doa um terno a aquele. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal. Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.

Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro: I - gerir os bens comuns e os do consorte; II - alienar os bens móveis comuns; III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante autorização judicial. Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares do outro, será para com este e seus herdeiros responsável: I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar; III - como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador.

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Até 1977, no Brasil, o casamento válido só se extinguia com: morte (art. 315, P. Ú. CC/16) CF: indissolubilidade do casamento. Admitia-se apenas o rompimento da sociedade conjugal, com a manutenção do vínculo, o que era possível por meio do desquite (art. 315, III CC/16) Desquite: é um termo do direito usado para designar as separações antes da instituição do divórcio (autorizava a separação dos cônjuges, e se extinguia o regime de bens), porém, permaneciam casados (separação), podiam se relacionar com outras pessoas sem cometer adultério, mas não podiam casar novamente. EC nº 9 de 22 de junho de 1977: Possibilidade de dissolução do casamento pelo divórcio, condicionado a prévia separação do casal. Lei 6.515/77: Regulamentou a separação e o divórcio. CF/88: O divórcio passou a depender se separação judicial de um ano ou de separação de fato de 2 anos, conforme art. 226 6º CF/88: 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos. 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Alterado pela EC-66/2010) Divisão da doutrina devido a EC.66/10: 1) A EC 66/2010 extinguiu a separação judicial de nosso ordenamento 2) A EC 66/2010 não extinguiu, pois tal instituto continua existindo

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL/EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO Donizetti (2013): entende que a partir de julho de 2010, o divórcio deixou de depender de prévia separação, judicial ou de fato, admitindo-se, pois, que seja imediato. Tartuce (2013): Entende que não é mais viável juridicamente a separação de direito, a englobar a separação judicial e a separação extrajudicial, banidas totalmente do sistema jurídico. Lôbo (2010): Verifica-se que os fins sociais da norma, nos termos do art. 5º da LICC, são de justamente colocar fim na categoria. Pensar de forma contrária torna totalmente inútil o trabalho parlamentar de reforma a CF/88. Art. 5 o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Zeno Veloso (2010): numa interpretação histórica, sociológica, finalística, teológica do texto constitucional, diante da nova redação do art. 226 6º, da Carta Magna, sou levado a concluir que a separação judicial ou por escritura pública foi figura abolida em nosso direito, restando o divórcio que, ao mesmo tempo, rompe a sociedade conjugal e extingue o vínculo matrimonial. Alguns artigos do Código Civil que regulavam a matéria foram revogados pela superveniência da norma constitucional que é de estatura máxima perderam a vigência por terem entrado em rota de colisão com o dispositivo constitucional superveniente.

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL/EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO Gagliano e Pamplona filho (2011): em síntese, com a nova disciplina normativa do divórcio, encetada pela EC, perdem força jurídica as regras legais sobre a separação judicial, instituto que passe a ser extinto no ordenamento jurídico, seja pela revogação tácita (entendimento consolidado no STF), seja pela inconstitucionalidade superveniente pela perda da norma validante (entendimento que abraçamos do ponto de vista teórico, embora os efeitos práticos sejam os mesmos) Rodrigo da Cunha Pereira e Mª Berenice Dias (2010): Concluem pelo fim da separação de direito, que deixa de ter justificativa teórica e prática.

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL/EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; II - pela nulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; IV - pelo divórcio. Casamento inválido: embora chegue a se estabelecer a sociedade, não há vínculo, em razão da invalidade do casamento. Conforme art. 1.571: 1 o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente (arts. 6º e 7º CC).

DIVÓRCIO DIRETO. VIABILIDADE DO PEDIDO. NÃO OBRIGATORIEDADE DO REQUISITO TEMPORAL PARA EXTINGUIR A SOCIEDADE CONJUGAL. 1. A Emenda Constitucional nº 66 limitou-se a admitir a possibilidade de concessão de divórcio direto para dissolver o casamento, afastando a exigência, no plano constitucional, da prévia separação judicial e do requisito temporal de separação fática. 2. Essa disposição constitucional não retirou do ordenamento jurídico a legislação infraconstitucional, que continua regulando tanto a dissolução do casamento como da sociedade conjugal e estabelecendo limites e condições, permanecendo em vigor as disposições legais que regulamentam a separação judicial, como sendo a única modalidade legal de extinção da sociedade conjugal, que não afeta o vínculo matrimonial. 3. Com ressalva do entendimento pessoal de que somente com a modificação da legislação infraconstitucional é que a exigência relativa aos prazos legais poderia ser afastada, estou acompanhando o entendimento jurisprudencial dominante neste Tribunal de Justiça e admitindo abrandar a questão relativa aos prazos legais. Recurso provido. (Apelação Cível Nº 70044418556, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 31/08/2011) APELAÇÃO CÍVEL. SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA. PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66/10. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA IMEDIATA. CARÊNCIA SUPERVENIENTE DA AÇÃO. EXTINGUIR, DE OFÍCIO, A AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL. RECURSO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO INTERPOSTO POR J.C.C. PREJUDICADO. I- A separação judicial não é mais possível em nosso ordenamento jurídico devido à promulgação da Emenda Constitucional nº 66/10, norma de eficácia imediata, razão pela qual deve ser extinta a ação, por impossibilidade jurídica superveniente da demanda. Via de consequência, prejudicada a partilha de bens do casal. Embora permaneçam, ainda, no Código Civil, alguns dispositivos que tratam da separação judicial (artigos 1.571 e 1.578), a partir da edição da Emenda Constitucional nº 66/2010, não há mais a possibilidade de se buscar o fim da sociedade conjugal por meio deste instituto, mas, tão somente, a dissolução do casamento pelo divórcio. TJMG, Apelação Cível n. 1.0487.06.021825-1/001, Des. Rel. Darcio Mendes, 07/02/2011

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL/EXTINÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO 1. DIVÓRCIO Histórico: No princípio era o desquite. A partir da Lei do Divórcio (26 de dezembro de 1977) sancionada pelo Presidente Geisel em plena ditadura militar, sob pressão popular, todos os casais que não quisessem mais ficar juntos podiam manifestar seu desejo perante um juiz. Dessa forma, a lei atendeu a uma demanda crescente de homens e, principalmente, de mulheres insatisfeitas com suas escolhas matrimoniais. 23 anos depois, a Emenda Constitucional 66/2010 vêm trazer mais uma inovação no ordenamento jurídico em busca da celeridade processual, que é a extinção da separação judicial, possibilitando o divórcio direto. Conceitos: Gagliano (2010) uma forma voluntária de extinção da relação conjugal, sem causa específica, decorrente de simples manifestação de vontade de um ou de ambos os cônjuges, apta a permitir, consequentemente, a constituição de novos vínculos matrimoniais Diniz (2010) o divórcio é uma permissão jurídica colocada à disposição dos consortes, logo, nenhum efeito terá a cláusula, colocada em pacto antenupcial, em que os cônjuges assumam o compromisso de jamais se divorciarem

Pelo divórcio, podem os cônjuges dissolver o casamento válido. Dissolver o casamento: significa não apenas extinguir a sociedade, mas também dissolver o vínculo. A extinção da sociedade exonera os cônjuges do dever de fidelidade, mas os impede de casar novamente, por quanto permanecem casados, até que haja a dissolução do vínculo. A partir da EC. 66/2010: Não se impõe mais prazo para que se possa pedir o divórcio, o que pode ser feito até mesmo no dia seguinte à celebração do casamento. Pedido de divórcio - Cabe a ambos os cônjuges o pedido de divórcio, que poderá se processar pela via extrajudicial, também chamada administrativa, ou pela via judicial. Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges. Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão. a) Divórcio pela via extrajudicial: - Não há propriamente pedido. Os cônjuges manifestam sua vontade de dissolver o casamento e, por meio de escritura pública, processa-se o divórcio. - Mesmo optando pela via administrativa, os cônjuges necessitarão da assistência de advogado. Não há necessidade de homologação judicial da escritura pública. - Somente é permitido ao casal que não tiver filhos menores ou incapazes (art. 1.124 A do CPC)

Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. 1 o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. 3 o A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei.

b) Divórcio pela via judicial: O divórcio se processa por ação específica: ação de divórcio, em que se pedirá a dissolução doo casamento. A tutela é desconstitutiva, pois será a decisão do magistrado que colocará fim ao casamento. Cônjuge incapaz: o pedido de divórcio deverá ser feito pelo curador, ascendente ou irmão. Art. 1.582. O pedido de divórcio somente competirá aos cônjuges. Parágrafo único. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão.

Divórcio pode ser: consensual ou litigioso -Sendo litigioso, o divórcio processar-se-á, necessariamente pela via judicial. Após o divórcio, os cônjuges poderão optar pela manutenção ou não do sobrenome do outro (art. 1.571, 2º) 2 o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.

Com o divórcio não sofrem alterações nem os direitos e nem os deveres dos pais com relação aos filhos. Não altera também se houver novo casamento de qualquer dos pais. Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo. Importante destacar que o processamento do divórcio independe de prévia partilha de bens. Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

EMENTA: DIVÓRCIO CONSENSUAL - REQUISITOS: PROVA DA SEPARAÇÃO DE FATO DO CASAL HÁ MAIS DE DOIS ANOS - DESNECESSIDADE - ART. 226, 6. DA CF - NOVA REDAÇÃO DADA PELA EC N.º 66/2010 - ACORDO HOMOLOGADO - VALOR DOS ALIMENTOS - RECURSO DO PARQUET - CONFIRMAÇÃO DA SENTENÇA. Para a concessão do DIVÓRCIO DIRETO não há mais a necessidade da comprovação da separação de fato do casal há mais de 02 (dois) anos. Inteligência da nova redação do 6.º do art. 226, da Constituição Federal, dada pela EC n.º 66/2010. (TJMG. APELAÇÃO CÍVEL N 1.0105.10.014668-4/001. RELATOR: EXMO. SR. DES. SILAS VIEIRA. J. 03/02/2011) EMENTA: FAMÍLIA - AÇÃO DE DIVÓRCIO DIRETO CONSENSUAL - ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 66/2010 - SUPRESSÃO DA EXIGÊNCIA DE LAPSO TEMPORAL DE SEPARAÇÃO DE FATO OU JUDICIAL - DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO.Com a entrada em vigor da EMENDA CONSTITUCIONAL nº 66, deuse nova redação ao 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo DIVÓRCIO, restando suprimida a exigência de prévia separação judicial do casal por mais de 1 (um) ano ou da comprovação da separação de fato por mais de 2 (dois) anos, razão pela qual, havendo pedido, deve ser decretado, de imediato, o DIVÓRCIO do casal. (TJMG. APELAÇÃO CÍVEL N 1.0210.09.062455-7/001. RELATOR: EXMO. SR. DES. ELIAS CAMILO. Julgado 02/12/2010.)

1.1 AÇÃO DE DIVÓRCIO 1.1.1 Ação de divórcio consensual: deve seguir analogicamente o procedimento estabelecido para a separação judicial. Art. 40. No caso de separação de fato, e desde que completados 2 (dois) anos consecutivos, poderá ser promovida ação de divórcio, na qual deverá ser comprovado decurso do tempo da separação. 2º - No divórcio consensual, o procedimento adotado será o previsto nos artigos 1.120 a 1.124 do Código de Processo Civil, observadas, ainda, as seguintes normas: I - a petição conterá a indicação dos meios probatórios da separação de fato, e será instruída com a prova documental já existente; II - a petição fixará o valor da pensão do cônjuge que dela necessitar para sua manutenção, e indicará as garantias para o cumprimento da obrigação assumida; III - se houver prova testemunhal, ela será produzida na audiência de ratificação do pedido de divórcio a qual será obrigatoriamente realizada. IV - a partilha dos bens deverá ser homologada pela sentença do divórcio.

Art. 1.120. A separação consensual será requerida em petição assinada por ambos os cônjuges. 1 o Se os cônjuges não puderem ou não souberem escrever, é lícito que outrem assine a petição a rogo deles. 2 o As assinaturas, quando não lançadas na presença do juiz, serão reconhecidas por tabelião. Art. 1.121. A petição, instruída com a certidão de casamento e o contrato antenupcial se houver, conterá: I - a descrição dos bens do casal e a respectiva partilha; II - o acordo relativo à guarda dos filhos menores e ao regime de visitas; III - o valor da contribuição para criar e educar os filhos; IV - a pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não possuir bens suficientes para se manter. 1 o Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta, depois de homologada a separação consensual, na forma estabelecida neste Livro, Título I, Capítulo IX. 2 o Entende-se por regime de visitas a forma pela qual os cônjuges ajustarão a permanência dos filhos em companhia daquele que não ficar com sua guarda, compreendendo encontros periódicos regularmente estabelecidos, repartição das férias escolares e dias festivos. Art. 1.122. Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os requisitos exigidos nos dois artigos antecedentes; em seguida, ouvirá os cônjuges sobre os motivos da separação consensual, esclarecendo-lhes as consequências da manifestação de vontade. 1 o Convencendo-se o juiz de que ambos, livremente e sem hesitações, desejam a separação consensual, mandará reduzir a termo as declarações e, depois de ouvir o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o homologará; em caso contrário, marcar-lhes-á dia e hora, com 15 (quinze) a 30 (trinta) dias de intervalo, para que voltem a fim de ratificar o pedido de separação consensual. 2 o Se qualquer dos cônjuges não comparecer à audiência designada ou não ratificar o pedido, o juiz mandará autuar a petição e documentos e arquivar o processo. Art. 1.123. É lícito às partes, a qualquer tempo, no curso da separação judicial, Ihe requererem a conversão em separação consensual; caso em que será observado o disposto no art. 1.121 e primeira parte do 1 o do artigo antecedente. Art. 1.124. Homologada a separação consensual, averbar-se-á a sentença no registro civil e, havendo bens imóveis, na circunscrição onde se acham registrados.

1.1.1 Ação de divórcio litigioso: o procedimento será o comum ordinário (art. 40 3º da Lei 6.515/77) 3º - Nos demais casos, adotar-se-á o procedimento ordinário. Deve-se atentar para o foro privilegiado da mulher (art. 100, I, CPC) e para a necessidade do MP como custos leges (art. 82, II CPC) Art. 100. É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: (...) II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; (...) ** A separação judicial consistia em etapa prévia do divórcio, admitia-se como defesa, na ação de divórcio a alegação de que o prazo legal para o seu requerimento não fora ainda completado. ** A partir da EC. 66/2010 : não há mais matéria a ser alegada em sede de contestação, ou seja, não forçar a manutenção de um vínculo quando uma das partes não mais o deseja. Tutela de natureza descontitutiva: Produz efeitos para frente, a partir da data do seu trânsito em julgado (ex-nunc) Para Mª Berenice Dias (2010): Os efeitos podem retroagir à data da separação de corpos, por interpretação analógica do art. 8º da Lei 6.515/77 (Lei do divórcio) Art 8º - A sentença que julgar a separação judicial produz seus efeitos à data de seu trânsito em julgado, o à da decisão que tiver concedido separação cautelar Tartuce (2013): Concorda com Dias (2010) desde a separação de corpos tenha se decidido por sentença cautelar de separação de corpos.

AÇÃO DE SEPARAÇÃO: Separação judicial consensual (art. 1.120 a 1.124 CPC) litigiosa Separação judicial consensual: é um procedimento especial de jurisdição voluntária Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção. Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges. Com a reforma do art. 226 6º CF/88: Não existe mais o prazo o que faz com que se prefira o divórcio, tão pouco a homologação pelo juiz (P.Ú. Art. 1.574 CC) Ação de separação litigiosa: Procedimento comum ordinário, onde o foro da mulher será privilegiado conforme art. 100, I, CPC, impõe-se a participação do MP como fiscal da Lei, por se tratar de ação de estado (art. 82, II, CPC) Art. 100. É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)) Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes; II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;

Separação de fato (separação de corpos): consiste na situação dos cônjuges que rompem a sociedade conjugal independentemente de separação de direito ou de divórcio. Não se valem de nenhuma via, nem judicial nem extrajudicial para formalizar o desejo de interromper a vida em comum. Juridicamente: não produz nem o efeito de extinguir a sociedade conjugal nem de dissolver o vínculo entre os cônjuges. Continuam casados e sujeitos a todos os direitos e deveres atribuídos pela lei aos cônjuges. Separação de fato = separação de corpos Podendo assim excluir certos deveres ou direitos inerentes ao casamento. Ex. Não será nomeado curador legítimo do outro (art. 1.775); perde o direito à sucessão, após 2 anos de separação (art. 1.830)

UNIÃO ESTÁVEL Direito dos países ocidentais se baseavam no direito romano germânico e no direito canônico: Privilegiava o casamento (prerrogativa exclusiva de formação da família, célula básica da sociedade) CC/1916: somente reconhece a família formada pelo casamento. Ações oriundas do rompimento de um vínculo conjugal não oriundo do casamento levou a doutrina e a jurisprudência a conclusão de que o direito deveria solucionar esses problemas. - Direito de exigir do amásio indenização pelos serviços que lhe prestara durante a constância da união. - Verificação do chamado concubinato ou mancebia (sociedade de fato): gerando direitos obrigacionais. Súmula 380/STF (1964): comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum Direito de família e sucessório permanecia m exclusivos dos cônjuges e dos filho legítimos Fazia-se ainda um esclarecimento de que os direitos patrimoniais reconhecidos à concubina não derivavam do concubinato, mas da prestação de serviços domésticos ou do fato de ter a mulher contribuído efetivamente para a aquisição do patrimônio do concubino. Julgados: Embora a mancebia constitua união ilegítima, nada reclame qualquer deles, do outro, a retribuição por serviços estranhos à relação concubinária (RT, 264/427) (...) é justa a reparação dada à mulher, que não pede salários como amásia, mas sim pelos serviços caseiros. (RT, 181/290) CF/88: legitimidade ao concubinato de pleno direito. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.