Utilidade do Exame de Urina como ferramenta diagnóstica



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Transcrição:

Utilidade do Exame de Urina como ferramenta diagnóstica Sessão Clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012 Serviço de Nefrologia

Objectivo Reavivar a utilidade do exame de urina. Fornecer o conhecimento necessário à correcta interpretação de um exame sumário de urina e do sedimento urinário. Fornecer algoritmos diagnósticos para situações comuns: Proteinúria Hematúria Apresentação de exemplos sob a forma de casos clínicos Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Exame de Urina Exame da Urina é uma ferramenta diagnóstica: Útil na abordagem de patologia nefrológica, urológica e sistémica (vasculites, neoplasias ); Fácil e rápido de realizar; Baixo custo (dipstick) Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Definição Exame completo de urina: - Envolve: - Exame macroscópico ou físico - Exame bioquímico - Exame microscópico ou sedimento urinário Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Interpretação Clínica Exame químico Diagnóstico Sedimento Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Colheita da amostra Colheita de amostra de jacto médio. A lavagem dos genitais externos nas mulheres é recomendada antes da colheita porém recomendação não provou ter benefício. Outpatient urine culture: does collection technique matter? Lifshitz E, Kramer L. Arch Intern Med 2000;160:2537-40. Results: contamination rates were similar in specimens obtained with and without prior cleansing (32 versus 29 percent).

Colheita da amostra Urina deve ser acondicionada em recipiente próprio. Urina deve ser examinada no prazo máximo de duas horas após colheita, se impossível deverá ser refrigerada.

Propriedades Físicas Cor, odor e turvação Cor (muito variável e pouco confiável) Sangue, hemoglobina, bilirrubina Corantes alimentares Medicamentos Turvação Precipitação de fosfatos sem importância clínica Quilúria, leucocitúria, hematúria Baixa Sensibilidade Baixa Especificidade Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 12 Abril 2012

Exame químico semi-quantitativo

Exame químico semi-quantitativo O que mede? Densidade ph Hemoglobina (Heme) Proteínas Glicose Corpos Cetónicos Nitritos Esterase Leucocitária Bilirrubina e urobilinogénio

Análise Sumária da Urina Densidade Correlaciona-se com a osmolalidade urinária, ajudando a definir o estado de hidratação do doente. Reflete capacidade do rim em concentrar a urina. Valores abaixo de 1.010 indicam hidratação relativa; Valores acima de 1.020 sugerem desidratação;

Análise Sumária da Urina ph ph pode variar entre 4.5 e 8; ph normal é ligeiramente ácido - 5.5 a 6.5. As alterações do ph urinário geralmente são produzidas em resposta às variações do ph sérico. A excepção são os doentes com acidose tubular renal, nas quais ocorre uma incapacidade de acidificar a urina para um ph inferior a 5.5. Ou seja, o doente tem acidose, mas a urina é alcalina, devido à incapacidade de reabsorver bicarbonato ou de secretar protões.

Análise Sumária da Urina ph A determinação do ph é ainda útil no diagnóstico e abordagem da litíase renal e infecções urinárias. A presença de uma urina alcalina num doente com ITU é sugestiva da presença de um organismo produtor de urease (como por exemplo proteus, klebesiella) os quais se associam a cálculos de fosfato de amónia. Urina ácida e litíase é geralmente sinónimo de cálculos de ácido úrico.

Análise Sumária da Urina Hematúria Hematúria corresponde à observação de 3 ou mais eritrócitos por campo de grande ampliação. Reacção colorimétrica que avalia a presença do heme, permitindo inferir indirectamente sobre a presença de eritrócitos. A mioglobina é também identificada pela mesma reacção. Resultado positivo pode significar: Hematúria; Hemoglobinúria; Mioglobinúria. Dipstick apresenta elevada sensibilidade e baixa especificidade.

Interpretação Sedimento Exame químico Diagnóstico Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Análise Sumária da Urina Hematúria Dipstick Positivo Normal Confirmar Persistente? Sedimento Urinário Glomerular Extra-Glomerular?

Análise Sumária da Urina Hematúria Dipstick Positivo História Clínica Função Renal Normal Confirmar Persistente? Sedimento Urinário Glomerular Extra-Glomerular Não Vigilância Proteinúria Alteração TFG Sim Biópsia renal TAC Cistoscopia

Análise Sumária da Urina Hematúria Biópsia Renal Não se deve realizar nas situações de hematúria isolada, uma vez que o prognóstico a longo prazo é bom (?). Nefropatia IgA; Doença de membrana fina; Sindrome de alport, alterações não específicas da membrana. Tem indicação na hematúria persistente quando existem factores de risco de progressão de doença renal presentes, nomeadamente, alteração da TFG e/ou proteinúria.

Análise Sumária da Urina Hematúria Screening 56.000 adultos; 5,8 anos de follow-up. 432 hematúria assintomática sem proteinúria. 44% resolução da hematúria; 44% persistência da hematúria sem proteinúria ou alteração a TFG. 12% persistência da hematúria associada a proteinúria. 0% DRC. 134 hematúria assintomática com proteinúria. 16% resolução da hematúria; 15% DRC.

Análise Sumária da Urina Hematúria Erro comum: Admitir que presença de hematúria é sinónimo de ITU. As ITU podem ser causa de hematúria transitória. Porém neste contexto é acompanhada geralmente por leucocitúria e clínica de infecção.

Análise Sumária da Urina Proteinúria Microalbuminúria excreção de 30 a 150mg/dia Proteinúria - > 150 mg/dia Proteinúria nefrótica > 3,5g/dia Marcador de risco de doença renal e cardiovascular. O reagente dos dipsticks mede apenas Albumina Não mede outras proteínas como por exemplo Ig Doente com mieloma pode não apresentar proteinúria em exame sumário de urina

Análise Sumária da Urina Proteinúria A sensibilidade do teste é mto boa detecta concentrações de 5 a 10mg/dL abaixo do limite clínico para definição de proteinúria. Resultado Estimativa +1 30 mg/dl +2 100 mg/dl +3 300 mg/dl +4 1000 mg/dl Sensibilidade e especificidade na detecção de albuminúria é 99%.

Análise Sumária da Urina Proteinúria Dipstick Positivo Confirmar Persistente? Sim História Clínica Função renal / Eco Renal Sedimento Urinário Proteinúria 24h Rel. Prot/Creatinina

Análise Sumária da Urina Proteinúria Proteinúria de 24h versus Relação proteinas/creatinina urinária (RPC) Gold-Standard Proteinúria de 24h. Problemas: incómodo para o doente; erros frequentes na colheita. Como se faz uma colheita de 24h? FALSO 8h Doente Esvazia a começa bexiga a e urinar desperdiça para recipiente. a urina. Durante esse dia urina recolhe 5x toda e recolhe a urina toda no a colector. urina no colector. 8h da manhã do dia seguinte Faz última colheita de urina para o colector

O meu médico pediu-me uma colheita de 24 horas

Análise Sumária da Urina Proteinúria Rácios urinários Albumina/Creatinina ou Proteinas/Creatinina São efectuados em urina spot (preferencialmente 1ª da manhã) Resultado é adimensional: mg/dl mg/dl Resultado correlaciona-se com a excreção proteica diária em g/24h Ou seja: Se RPC de 2.3 significa proteinúria 2.3 g/24h. Dado ser mais prático, menos propenso a erros o RAC/RPC é preferível às colheitas de urina de 24h. RAC é mais sensível que RPC se proteinúria abaixo dos 500mg/dia.

Análise Sumária da Urina Proteinúria Dipstick Positivo Confirmar Persistente? Sim História Clínica Função renal / Eco Renal Sedimento Urinário Proteinúria 24h RAC/RPC Microalbuminúria Isolada Tx conservador / Vigilância Prot. Subnefrótica Com alterações FR ou sedimento Prot. Nefrótica Biópsia

Análise Sumária da Urina Proteinúria Pelas mesmas razões se recomenda que a função renal seja avaliada por meio de estimativa (egfr) com base em CrS e não no Clearance de Creatinina. MDRD CKD-EPI

Análise Sumária da Urina Glicosúria Glicose é livremente filtrada no glomerulo e reabsorvida no tubo contornado proximal em condições normais. A glicosúria ocorre se: A qtd filtrada ultrapassa a capacidade de reabsorção ( 200 mg/dl) p.e. Diabetes mellitus. Existe disfunção do tubo contornado proximal Síndrome de Fanconi (p.e. Mieloma e fármacos)

Análise Sumária da Urina Cetonúria Detecta a presença de acetoacetato e acetona. São excretados na urina: Cetoacidose diabética Jejum prolongado Vómitos Exercício extremo.

Análise Sumária da Urina Nitritos A presença de nitritos na urina resulta da conversão dos nitratos por bactérias. A presença de nitritos significa a presença de bactérias em quantidade significativa (>10.000/ml) maioria são gram negativas. Teste apresenta baixa sensibilidade e elevada especificidade.

Análise Sumária da Urina Esterase Leucocitária Produzida pelos neutrófilos e constitui um sinal de piúria. Falsos positivos são raros. Falsos negativos podem ocorrer em especial se proteinúria ou glicosúria significativas. Causa mais frequente de piúria cistite. Causas de piúria estéril balanite; ureterite, tuberculose, tumores da bexiga, infecções virais, litíase, exercício.

Análise Sumária da Urina Bilirrubina e urobilinogénio A urina em condições normais não contém quantidade detectável de bilirrubina. A presença de bilirrubina na urina, representa bilirrubina conjugada e indica possível colestase. Urobilinogénio aumenta em situações de hemólise e doença hepatocelular.

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Sessão Clínica Hospital Fernando Fonseca - 4 de Outubro de 2012

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Dois métodos: Observação ao microscópio Automática Citometria de fluxo Permite identificar: Células Cilindros Cristais Bactérias

Sedimento Urinário Sedimento Urinário pedido por via normal : Sedimento Urinário pedido para observação em lâmina :

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Células

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Células Glóbulos Vermelhos GV dismórficos = Hematúria Glomerular GV Normais = Hem. Extra-Glomerular

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Células - Leucócitos Leucócitos Infecção urinária alta ou baixa; Inflamação glomerulonefrites, nefrite intersticial, litíase. Muito pouco específicos, muito importante o enquadramento clínico

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Células - Outras Células tubulares renais Necrose Tubular Aguda Nefrite Interticial Aguda Células revestimento do excretor

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Cilindros

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Cilindros - Hialinos Matriz de proteína de Tamm-Horsfall e albumina Aumentados quando há proteinúria, mas presentes em indivíduos normais

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Cilindros granular, muddy brown casts Proteínas e restos celulares Característicos da Necrose Tubular Aguda Cilindros cerosos Representam a degeneração dos cilindros celulares Ocorrem na NTA, mas também na DRC.

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Cilindros - Eritrocitários Cilindros Eritrocitários = Lesão renal glomerular! Obriga a pesquisa exaustiva, mas basta encontrar um para efectuar o diagnóstico!

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Cilindros - Leucocitários Cilindro de leucócitos = altamente sugestivo de Pielonefrite

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Bactérias

Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Bactérias Urina é um fluido estéril Presença de bactérias é sugestiva de infecção. A co-existência de leucócitos reforça o diagnóstico

Cristais Avaliação Microscópica (do sedimento urinário) Cristais Ácido Úrico; Urato; Oxalato de Cálcio; Fosfato de Cálcio; Colesterol, Tirosina, Cistina Oxalato de Cálcio Tirosina

Casos Clínicos

Caso clínico 1 Doente sexo masculino 21 anos; AP: Sem AP relevantes Recorre ao SU por edemas exuberantes dos membros inferiores. Exame objectivo: Edemas dos membros inferiores exuberantes; Sem outras alt.; Normotenso Avaliação analítica no serviço de urgência: CrS 0,9mg/dL; Alb. 2,1 g/dl; Exame químico da urina Prot. 4+; Hb Neg; Restante exame dentro valores normais. Sedimento automático sem alterações. Sedimento em lâmina Lipidúria; Cilindros hialinos.

Síndrome Nefrótico Edemas Dislipidémia Hipoalbuminémia Clínica Exame Sumário Proteinúria marcada Diagnóstico Sedimento Lipidúria Cilindros hialinos, gordos ou granulares Cilindros eritrocitários ou leucocitários geralmente ausentes. Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Caso clínico 2 Doente sexo masculino 63 anos; AP: Hipertensão arterial controlada. Recorre ao sintomatologia inespecifica, náuseas, edema e hipertensão arterial não controlada. Exame objectivo: Edemas dos membros inferiores; TA 180/75 mmhg. Avaliação analítica no serviço de urgência: CrS 5,4 mg/dl; Alb. 3,2 g/dl; Exame químico da urina Prot. 1+; Hb 3+; Leuc. 75. Sedimento automático Eritrócitos abundantes; alguns leucócitos. Sedimento em lâmina Alguns cilindros eritrocitários; eritrócitos dismórficos; raros linfócitos. Estudo complementar: p-anca positivo; Biópsia renal GN crescêntica pauci-imune GN poliangeite microscópica.

Síndrome Nefrítica Hematúria Macroscópica Edemas Hipertensão Lesão Renal Aguda Clínica Exame Sumário Diagnóstico Sedimento Proteinúria Ligeira a moderada Hematúria Leucocitúria Eritrocitúria Cilindrúria Leucocitúria Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Caso clínico 2 (e meio) Doente sexo masculino 63 anos; AP: Hipertensão arterial controlada. Recorre ao sintomatologia inespecifica, náuseas, edema e hipertensão arterial não controlada. Exame objectivo: Edemas dos membros inferiores; TA 180/75 mmhg. Avaliação analítica no serviço de urgência: CrS 5,4 mg/dl; Alb. 3,2 g/dl; Exame químico da urina Prot. 1+; Hb 3+; Leuc. 75. Sedimento automático Eritrócitos abundantes; alguns leucócitos. Sedimento em lâmina Alguns cilindros eritrocitários; eritrócitos dismórficos; raros linfócitos. Sedimento em lâmina Cristais de oxalato de cálcio abundantes; Eritrócitos normais abundantes; raros leucócitos. EcoRenal Litiase renal; Rim direito atrófico; Rim esquerdo com obstrução por cálculo.

Caso clínico 3 Doente sexo feminino, 36 anos; AP: Sem AP relevantes. Recorre ao SU por dor lombar, náuseas, vómitos e febre com calafrio. Exame objectivo: Febril 38,2º; Murphy renal positivo; Avaliação analítica no serviço de urgência: CrS 1,4 mg/dl; Leucocitose, neutrofilia e aumento da PCR. Exame químico da urina Prot. Neg.; Hb 3+; Leuc. 250; nitritos negativos. Sedimento automático Eritrócitos abundantes; leucócitos abundantes. Sedimento em lâmina Não se justifica; Mais razoável pedir primeiro urocultura.

Sedimento com Bactérias e Leucócitos Sintomatologia de ITU Clínica Exame Sumário Diagnóstico Sedimento Leucocitúria Hg +/- Nitritos +/- Bacteriúria Cilindros Leucocitários Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Murphy renal com leucocitúria Murphy Renal Positivo Clínica Exame Sumário Leucocitúria Hg +/- Nitritos +/- Diagnóstico Sedimento Cristais Litíase Renal Bactérias Pielonefrite Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Caso clínico 4 Doente sexo masculino 70 anos submetido a hemicolectomia; AP: CrS pré-operatória 1,0mg/dL. HTA ligeira, medicada e controlada. Pedida a observação por Nefrologia por agravamento de CrS pós operatória 1,0 4,4 mg/dl. Exame objectivo: Sem alterações relevantes. Avaliação analítica no serviço de urgência: CrS 4,4; K+ 5,4; Acidose Metabólica. Exame químico da urina Prot.- Neg.; Hb Neg.; Densidade 1,010. Restante exame dentro valores normais.

Caso clínico 4 Cilindros Granulares e Cerosos Necrose Tubular Aguda

Necrose Tubular Aguda Frequentemente identifica-se o factor de agressão Clínica Exame Sumário Inocente Diagnóstico Sedimento Cilindros granulares e cerosos. Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Conclusões finais Exame químico da urina e o sedimento urinário Ferramentas úteis na pratica clínica Devem ser estimulada a sua utilização Esta deve ser efectuada em integração com a clínica e com sentido crítico. Sessão clínica Hospital Fernando Fonseca 4 de Outubro de 2012

Obrigado