AS NORMAS REGULAMENTADORAS EM ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO DO SINDICATO DE TÉCNICOS E AUXILIARES RADIOLÓGICOS DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL (2010-2014) Bruna Cotrin Rodrigues (FADIR/UFMS). Bolsista de Iniciação Científica, CNPq. Linha de Pesquisa: Desenvolvimento Social e Cidadania Ativa (LEDD). E-mail: cotrinbruna@gmail.com RESUMO Aos Direitos Humanos compete-se caracterização internacional de direitos e garantias fundamentais relacionados à pessoa humana, ditadas por prerrogativas de igualdade e respeito a bens jurídicos primordiais, tais como a vida. Ensejadas por construções sóciohistóricas positivadas, estes operam como Direitos Fundamentais, ensejando a afirmação da Dignidade da Pessoa Humana, tomada como norte axiológico do Direito Brasileiro. Sob a esfera dos Direitos Fundamentais Trabalhistas, o ato de dignificar-se a condição humana revela-se no desenvolvimento de atividades laborais com a manutenção de ambientes salubes e seguros. Em especial, sobre as temáticas Saúde e Segurança de Trabalhadores, destacam-se as Normas Regulamentadoras (NRs) enquanto principal fonte normativa específica para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho pela lógica de contenção de condições inseguras as quais o trabalhador apresenta-se exposto em sua prática laboral. Neste ínterim, com vistas ao desenvolvimento de atividades laborais em condições justas e favoráveis entre partes historicamente caracterizadas pela expressiva desigualdade de forças, o Direito Trabalhista viabiliza o diálogo do binômio Empregado-Empregador por meio de Negociação Coletiva (NC), caracterizada como um [...] procedimento entre dois ou mais sujeitos de interesses em conflito ou seus representantes, mediante uma série de contemporizações, cedem naquilo que lhes seja possível ou conveniente para o alcance dos resultados pretendidos [...] (MARTINEZ, 2012, p. 10240). Sendo, assim os Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) pertencentes à via autônoma de composição da NC para superação de possíveis conflites entre partes da categoria profissional à categoria econômica com efeito no respectivo local de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: 1. Negociação Coletiva. 2. Segurança no ambiente de trabalho. 3. Normas Regulamentadoras. GRUPO DE TRABALHO: 6. Direitos fundamentais, democracia e desenvolvimento sustentável.
PROBLEMA DE PESQUISA: Quais as possiblidades previstas referente às NRs em secção Saúde e Segurança de ACTs? OBJETIVO O presente artigo objetiva analisar o uso das disposições das NRs nas cláusulas relacionadas à Saúde e Segurança nos ACTs do SINTERMS, em Empresas Públicas e Privadas no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2010-2014. REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Utiliza-se a metodologia de pesquisa documental e bibliográfica (SEVERINO, 2007, p. 122) nos ACTs celebrados no lapso temporal de 2010-2014 do SINTERMS, disponibilizados em endereço eletrônico (http://sinterms.org.br/), acessado em 16.12.2015, de tal forma, que mesmo em si tratando site com visualização pública dos documentos normativos, preferiu-se adotar o sigilo de identidades das empresas, nomeando-as empresa X e Y, respectivamente. Posteriormente, realizou-se identificação e seleção das cláusulas relacionadas à secção Saúde e Segurança com estudo articulado de suas disposições frente às proposituras normativas das NRs. Como forma de considerar as subjetividades dos processos de trabalho radiológico, recorre-se aos artigos disponibilizados em endereço eletrônico (http://www.rb.org.br/edicoes_anteriores.asp) da revista especializada Radiologia Brasileira, no lapso-temporal de 2001-2016, correspondentes aos volumes 34-49, a fim de identificar os Riscos Ocupacionais (ROs) da prática laboral da classe estudada. Ademais, os ROs envolvem os fatores de riscos ambientais enquanto [...] agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador [...] (BRASIL, 2005, p.1). Entre os riscos ocupacionais relacionam-se os de caráter físico, químico, biológico e ergonômico, causados por diversos tipos de agentes definidos como: físicos aqueles relacionados à [...] diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom [...] (Idbem, 2005, p. 1); químicos como [...] substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores [...] (Ibdem, 2005, p. 1) e biológicos como [...] bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros [...] (Ibdem, 2005, p.1). Ainda, segundo Brasil (2007, p. 1), as condições ergonômicas relacionam-se características psicofisiológicas
dos trabalhadores atentando-se aos fatores que interferem na integridade mental dos profissionais e condições de trabalho que garantam conforto e segurança. RESULTADOS ALÇANCADOS Ao todo verificou-se a incidência de 4 (quatro) acordos realizados cada qual com duração vigente de 1 (um) ano, compondo-se então para análise os acordos: 2010-2011, 2011-2012, 2012-2013 e 2013-2014. Segue as estruturas admitidas pelos acordos analisados na Seção de Saúde e Segurança no Trabalhador referente às NRs. TABELA 1 Citação das NRs nas cláusulas relacionadas à Saúde e Segurança nos ACTs, 2010-2014. CONTEÚDO DAS CITAÇÕES DAS NRs NOS ACTs 1) NORMA REGULAMENTADORA 7: Necessidade de exames médicos periódicos aos empregados em conformidade com o PCMSO.* 2) NORMA REGULAMENTORA 15: Relacionado apenas ao adicional de risco de vida e insalubridade correspondente a 40% ; 3) NORMA REGULAMENTORA 6: Relacionado ao uso de dosímetro por todos os empregados representados pelo SINTERMS cujos aparelhos serão fornecidos pela Empresa X. *O lapso temporal de 2010-2014 apresentou acordos coletivos com 2 (duas) empresas, intituladas em tabela anterior Empresa X e Empresa Y-. A descrição da necessidade semestralmente de exames de hemograma completo, glicemia e P.S.A para controle e verificação de radiações recebidas realizou-se apenas no lapso-temporal de 2012-2013 com a Empresa Y. Junto à empresa X acordou-se a avaliação mensal da radiação por todos aqueles que operam junto à fonte de radiações. Entre os resultados alcançados identificaram-se uma série de ausências e limitações. As limitações ficaram a cargo das NRs citadas nos ACTs, onde faz-se referência a NR-7, porém está apresentação modificações textuais relacionados as Empresas X e Y, de tal forma, que observa-se que o SINTERMS não apresenta uma padronização mínima junto as categorias econômicas, promovendo tais diferenças. Nesse sentido, ressalta-se a presença da avaliação mensal de exposição mensalmente somente a Empresa X e a realização de exames como hemograma completo, glicemia e P.S.A. (Antígeno Prostático Específico) para controle de radiações apenas a Empresa Y, visto que ambas as avaliações laboratoriais apresentam-se obrigatórias junto a NR-7. Com relação ao adicional de risco de vida e insalubridade descrito na NR-15, verificou-se a porcentagem de 40%, de tal forma, que a atividade exercida apresenta risco de grau máximo. Nesse sentido, destaca-se a determinação da NR-7 para a eliminação ou neutralização da insalubridade do ambiente de trabalho determinar-se-á a cessação do pagamento do adicional respectivo, determinando que não deve-se permanecer na [...] lógica
mercantil que privilegia a compensação financeira aos danos causados à saúde dos trabalhadores [...] (LACAZ, 1997 apud SOUZA et al, 2003, p. 1058). Portanto, ao contrário da monetização dos riscos ocupacionais, Macedo e Rodrigues (2009, p. 37), elucidam que a diminuição e limitação de doses de exposição deve constituir foco de atenção das classes de radiodiagnóstico. Dessa forma, fica evidente que não pretende-se atentar ao direito dos trabalhadores, porém este deve seguir congruente ao desenvolvimento de ações de educação continuada e permanente dos profissionais, visando o desenvolvimento de ações preventivas e recomendações com de treinamentos individuais e coletivos. Neste ínterim, Mendes, Ramos e Abreu (2011, p.245), evidenciam a necessidade de um Programa de Controle de Qualidade (PCQ) nos ambientes radiológicos, visto que esta configura-se como [...] um conjunto de medidas que visa à proteção do ser humano, seus descendentes e do meio contra os efeitos oriundos da exposição à radiação ionizante [...] (PERREIRA et al, p. 301). Ainda como forma citada pela NR-7 de eliminação da insalubridade nos ambientes está à adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância e utilização de equipamento de proteção individual relacionando-se a NR-6. Em meio às disposições relacionadas às normas de prevenção de acidentes e doenças profissionais nas cláusulas estudados, destaca-se a observância da obrigação pactuada do fornecimento dos aparelhos medidores de exposição de doses- dosímetros-, enquanto Equipamento de Proteção Individual (EPI). Contudo, destaca-se a imprecisão relacionada a não citação de outros elementos que formam o conjunto de vestimentas de segurança corporal relacionadas aos serviços radiológicos dispostos na NR-6, como as luvas e óculos plumbíferos, protetor de órgãos genitais, protetores de tireoides, aventais de látex nitrílico e máscaras com vedação própria para a atividade realizada. Com relação às ausências, verifica-se a problemática relacionada à NR-32 que versa sobre a Segurança e Saúde no Trabalho em específico nos Serviços de Saúde, ao qual poderia contribuir de forma a prever e promover ações não apenas ao risco físico, característico da exposição radiológica e bem discutido frente à literatura da revista Radiologia Brasileira, mas a associação deste com os demais riscos biológicos, químicos e ergonômicos recorrentes das práticas de profissionais de saúde radiológicos (FERNANDES, CARVALHO, AZEVEDO, 2005, p. 281), configurando sua ínfima temática também dentre os artigos nas edições da revista supracitada, tornando-se única a abordagem pelos autores (Ibdem, 2005, p. 281).
Ademais, a NR-32 dispõe ainda dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) não descritas nas cláusulas acordados que oferecem maior proteção aos trabalhadores, dentre eles: vidro, visor, divisória e lençol plumbífero, porta em aço, argamassa barritada e blombo curvo. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 15. Atividades e Operações Insalubres. Disponível em:> http://trabalho.gov.br/images/documentos/sst/nr/nr15/nr15-anexo15.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015.. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 17. Ergonomia. 2007. Disponível: > http://trabalho.gov.br/images/documentos/sst/nr/nr17.pdf< Acessado em: Acessado em: 27. Jan. 2015.. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 32. Saúde e Segurança no Trabalho em Serviços de Saúde. Disponível em:> http://trabalho.gov.br/images/documentos/sst/nr/nr32.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015.. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 6. Equipamentos de Proteção Individual. Disponível em: >http://trabalho.gov.br/images/documentos/sst/nr/nr6.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015.. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 7. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Disponível em: > http://trabalho.gov.br/images/documentos/sst/nr/nr7.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015.. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora 9. Programa de prevenção e Riscos Ambientais. 2005. Disponível: > http://trabalho.gov.br/images/documentos/sst/nr/nr09/nr-09-2016.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015. FERNANDES, G.S.; CARVALHO, A.C.P.; AZEVEDO, A.C.P. Avaliação de Riscos Ocupacionais de trabalhadores de serviço de radiologia. Radiologia Brasileira. 2005. vol. 38, n.4, p. 279-281. Disponível em: > http://www.rb.org.br/detalhe_artigo.asp?id=1424 <. Acessado em: 27. Jan. 2015. MACEDO, H.A.S.; RODRIGUES, V.M.C.P. Programa de controle de qualidade: a visão do técnico de radiologia. Radiologia Brasileira. 2009, vol.42, n.1, p. 37-41. Disponível em: > http://www.scielo.br/pdf/rb/v42n1/09.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015. MARTINEZ, L. Curso de Direito do Trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 306-400, 1089-1096. MENDES, A.C.R.; RAMOS, C.L.; ABREU, D.W.M. Avaliação das condições de funcionamento dos equipamentos de raios X médico em serviços de radiologia no Estado da Paraíba, durante os anos de 2008 e 2009. Radiologia Brasileira, vol. 44, n. 4, 2011. P. 244-248. Disponível em: > http://www.scielo.br/pdf/rb/v44n4/v44n4a10.pdf<. 27. Jan. 2015. PEREIRA, et al. Soluções no serviço de radiologia no âmbito da gestão: uma revisão da literatura. Radiologia Brasileira, vol. 48, n. 5. 2015. p. 298-304. Disponível em: > http://www.scielo.br/pdf/rb/v48n5/pt_0100-3984-rb-48-05-0298.pdf<. Acessado em: 27. Jan. 2015. SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. São Paulo: Cortez. 2007. SOUZA, K.R. et al. A trajetória do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) na luta pela saúde no trabalho. Ciência Saúde Coletiva, São Paulo, vol.8, n.4. 2003. P. 1057-1068. Disponível em: > http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n4/a27v8n4.pdf<. Acessado em: 21 dez. 2015.