GÊNEROS TEXTUAIS COMO INOVAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA



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Transcrição:

GÊNEROS TEXTUAIS COMO INOVAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA Paula Gaida Winch[pgwinch@yahoo.com.br] 1 Universidade Federal de Santa Maria Resumo Neste trabalho, busco compartilhar minha experiência de estágio em Língua Inglesa em uma escola de Educação Básica de Santa Maria/RS. Considerando a importância que tem sido atribuída para a implementação de inovações nos sistemas educativos, seja na organização escolar como na prática em sala de aula, bem como a relevância de contextualizar os conteúdos para tornar a aprendizagem mais significativa e, assim, os conteúdos mais próximos à realidade dos alunos, tive como objetivo, em meu exercício da docência, fazer com que os alunos compreendessem melhor a constituição e as funções de diferentes gêneros textuais, como bulas de remédio, receitas, etc. Esta experiência de Estágio foi muito produtiva, acredito que tanto para mim quanto para os alunos segundo relatos desses. Posso destacar o maior envolvimento dos alunos em aprender tópicos gramaticais a partir de sua aparição em diferentes gêneros, a resistência dos alunos em relação a atividades de compreensão auditiva e também a dificuldade, inicialmente, em fazer com que os alunos se apropriassem de estratégias de leitura a fim de facilitar a interação entre eles e textos em uma língua estrangeira. Desse modo, entendo que a prática em sala de aula desenvolvida mediante a abordagem de gêneros textuais é um dos possíveis percursos para inovar no ensino de Língua Inglesa. Palavras-chave: gêneros textuais, inovação educacional, ensino de língua inglesa Introdução O presente trabalho foi realizado a partir de minha experiência de Estágio Curricular em Língua Inglesa em uma escola estadual de educação básica de Santa Maria/RS Escola Profa. Margarida Lopes, durante o terceiro trimestre de 2006, de outubro a dezembro de acordo com calendário escolar. Este trabalho tem os seguintes objetivos: 1) Apresentar para debate questões referentes: a) ao ensino de inglês em escolas de educação básica; b) às sugestões apresentadas na literatura e na legislação em relação ao ensino dessa língua a partir 1 Licenciada em Letras Português/Inglês pela UFSM; Colaboradora do Projeto de Pesquisa DIPIED Dilemas e Perspectivas para a Inovação Educacional na Educação Básica e na Formação Inicial de Professores.

da utilização de gêneros textuais; c) à importância que tem sido atribuída à introdução de inovações nos espaços educativos: Até que medida podemos considerar algo como inovador?; 2) Relatar minha experiência de estágio em língua inglesa realizado na Escola Profa. Margarida Lopes, em uma turma de 2º ano do Ensino Médio noturno. Esta escola pertence a uma comunidade de classe baixa, principalmente os alunos da turma em que exerci a docência, sendo uma turma noturna, na qual os alunos trabalhavam durante o dia e a noite dirigiam-se para a escola. A opção por essa escola deu-se pelo fato de experiências anteriores na instituição, visitando a Feira de Ciências, e também por já conhecer alguns profissionais atuantes naquele espaço. Na disciplina de didática de Língua Inglesa, e de Didática da Língua Portuguesa bem como no Projeto de Pesquisa DIPIED Dilemas e Perspectivas para a Inovação Educacional em Escolas de Educação Básica e na Formação Inicial de Professores, no qual atuo como colaboradora, foi possível ampliar um pouco minha visão acerca da história da educação e realidade escolar, de como a Língua Inglesa tem sido ensinada e quais as sugestões para aprimorar o ensino dessa língua a partir do exposto na literatura e na legislação da área. Foi possível perceber, em relação à história educacional, que há uma busca incessante pela inserção de inovações nas escolas, visando que essas se desenvolvam em paralelo com as mudanças sociais e tecnológicas que estão ocorrendo. Esse ideal de escola e sociedade evoluírem conjuntamente está expresso em Manacorda (2006, p.69): Mas a sociedade muda e a escola é, ao mesmo tempo, conseqüência da mudança ocorrida e instrumento de mudança futura. Entretanto, apesar das tentativas de inovar, a escola tem sido pensada e organizada de modo a adaptar-se às mudanças sociais e não para formar sujeitos capazes de criticar sua realidade e buscar, assim, transformá-la. Assim, ela tem sido descrita como conseqüência de mudanças sociais e não como instrumento para mudança. Ao falar em inovação, nota-se, conforme exposto por Hernández (2000, p.26) que hoje em dia, já não é possível encontrar uma definição unitária do que é uma inovação em educação.. Considerando as várias possibilidades de definir este termo, optei por adotar como aspecto inovador àquele que segue os princípios mencionados por Castro (2002, p.111): Mudar a prática (ou introduzir novas metodologias de ação) sem que se faça o mesmo com as concepções, as crenças e o conhecimento teórico dos praticantes é produzir uma prática mecânica e técnica sem muito controle e autonomia para quem a produz ou a exerce. A partir dessa concepção, observa-se que uma inovação não se constitui apenas em introduzir coisas (materiais, metodologias) novos, mas sim em fazer com que docentes reflitam sobre suas práticas a ponto de identificar as lacunas

presentes no ensino e definam eles próprios ações que podem solucionar ou amenizar problemas, tendo como início, a mudança de suas concepções, por exemplo, quanto à sua função em sala de aula, ao sujeito que visam formar e aos conteúdos que estão orientando os alunos na aprendizagem. Posteriormente, a esses estudos relativos à realidade educacional, às inovações educacionais e à relação entre escola e sociedade almejada, centra-se a atenção, mais especificamente, no Ensino de Língua Inglesa, visando tomar conhecimento do que vem sendo discutido em relação ao ensino desta língua na literatura e na legislação da área. Ensino de Língua Inglesa em Escolas de Educação Básica Na legislação que regulamenta a Educação Básica, encontramos muitas críticas quanto ao modo como o ensino de Línguas Estrangeiras, em geral, tem sido realizado. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio (BRASIL, 2000, p.24), é mencionado que no [...] lugar de capacitar o aluno a falar, ler e escrever em um novo idioma, as aulas de Línguas Estrangeiras Modernas nas escolas de nível médio acabaram por assumir uma feição monótona e repetitiva que, muitas vezes, chega a desmotivar professores e alunos, ao mesmo tempo em que deixa de valorizar conteúdos relevantes à formação educacional dos estudantes. Como conseqüência disso, o ensino de Línguas passou a ser organizado a partir do estudo de tópicos gramaticais, baseado na memorização de regras e enfatiza a escrita afastando-se um pouco do desenvolvimento da oralidade dos alunos. Esse ensino ocorre de modo fragmentado e desconsidera a realidade em que os alunos estão inseridos. (BRASIL, 2000, p.25) Mediante essas críticas ao ensino de Língua Estrangeira, encontra-se na literatura e em outras fontes documentais a proposta de organizar o ensino de Inglês a partir da utilização de gêneros textuais como forma de desenvolver um ensino mais contextualizado e menos fragmentado. Diante disso, foi escolhido como princípio norteador para a experiência de estágio em língua inglesa, relatada neste trabalho, desenvolver atividades a partir da relação entre o ensino desta língua e a utilização de gêneros textuais. Ensino de Língua Inglesa a partir de gêneros textuais Para organizar o ensino de Língua Inglesa a partir de gêneros textuais, foi necessário obter um conhecimento mais amplo desta temática. Sendo assim, foram investigados, na bibliografia referente a gênero textual e ensino, alguns conceitos, características e metodologias para trabalho com gêneros. Esse estudo de

aprofundamento sobre a temática fundamentou o desenvolvimento das aulas durante o estágio. As principais informações, obtidas a partir desta pesquisa bibliográfica, foram reproduzidas, neste trabalho, mediante dois itens: 1) conceitos e características acerca de gênero textual e 2) Algumas sugestões de como trabalhar com gêneros textuais. 1) Conceitos e características acerca de gêneros textuais Se considerarmos a tradição ocidental, é possível perceber que anteriormente o vocábulo gênero estava associado a gêneros literários, porém, atualmente, essa denominação abrange os mais diversos tipos de textos ou de discursos. (MARCUSCHI 2005). Na literatura sobre gêneros textuais, encontramos uma diversidade de definições para esse termo, selecionamos alguns para expor neste trabalho. De acordo com Dolz et. al. (2004), gêneros de textos são formas históricas relativamente estáveis, com estrutura semelhante, produzidas em situações comunicativas semelhantes. Em Marcuschi (2005) encontram-se alguns esclarecimentos quanto à relação entre gêneros textuais e práticas sociais, sendo os gêneros: 1) [...] formas verbais de ação social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades de práticas sociais e em domínios discursivos específicos (p.25); 2) [...] modelos comunicativos. Servem, muitas vezes para criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para uma determinada reação. (p.33) Para complementar, o autor (idem) afirma que gêneros não são frutos de intervenções individuais, mas formas socialmente maturadas em práticas comunicativas. (p.35) que se [...] se constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer sobre o mundo, constituindo-o de algum modo. (p.22) Diante desses esclarecimentos, é enfatizado o fato de que os gêneros textuais fazem parte de atividades de comunicação, de práticas sociais, estando a utilização deles associada aos objetivos/às funções almejados pelos que se encontram em uma situação comunicativa. Essa associação entre gênero e situações comunicativas bem como a adaptação dos gêneros à função comunicativa pretendida pelos envolvidos na comunicação, também é sinalizada em Cristóvão (2006, p.1) [...] gêneros não podem ser considerados como sendo estáticos devido dado que vão sendo adaptados às situações sócio-comunicativas, pois ao se realizar uma ação de linguagem, o agente confronta suas próprias representações da situação vivida com as representações já cristalizadas por formações sociais outras. Tendo em vista que situações comunicativas são estabelecidas a partir da utilização de diferentes gêneros textuais e também que há uma constante busca e

preocupação com o desenvolvimento de um ensino mais contextualizado, no qual os conteúdos estejam articulados com elementos que façam parte do cotidiano e da realidade dos alunos, encontra-se a utilização de gêneros textuais como uma possibilidade de inovar trazendo melhorias para o ensino de Língua Inglesa. Esta utilização de gêneros textuais no ensino de línguas tem sua importância explicitada por vários autores. Para este trabalho, foram selecionadas as concepções expressas por alguns: [...] o trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária maneira de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Pois nada que fizermos lingüisticamente estará fora de seu feito em algum gênero textual. (MARCUSCHI, 2005, p.35) Os gêneros do discurso tornam-se subsídios de compreensão de como interagimos pela linguagem, construindo relações sociais, de como (re)construímos nossa identidade e de como buscamos alcançar nossos objetivos sociais. (PEREIRA, 2007, p.2) [...] é através dos gêneros que as práticas de linguagem encarnam-se nas atividades dos aprendizes. (SCHNEUWLY; DOLZ, 1999, p.6) Algumas sugestões de como trabalhar com gêneros textuais Junto a essas definições e caracterizações supramencionadas acerca de gêneros de textos ou do discurso, conforme adotado por alguns autores, também foram encontradas referências quanto ao modo de desenvolver o ensino utilizando gêneros. Pereira (2007, p.3) realça a importância de articular gêneros textuais e gramática no ensino de línguas enfatizando que não se trata de abordar ou gêneros ou tópicos gramaticais, mas sim conciliar por meio da gramática forma e função, ou seja, identificar e compreender como recursos gramaticais estão a serviço dos diversos objetivos intencionais dos interlocutores. Marcuschi (2005) sugere que alunos sejam estimulados a analisar diversos gêneros, tanto escritos quanto orais, para assim identificar as particularidades de cada um e, ao mesmo tempo, sejam estimulados também a produção escrita. Segundo o autor, os gêneros a serem trabalhados devem, progressivamente, se tornarem mais complexos. Dolz et al. (2004, p.120) salientam a necessidade de se pensar no ensino de cada gênero em específico, contemplando suas especificidades como, por exemplo, tempos verbais. Gêneros que apresentam regularidades lingüísticas e permitem possíveis transferências de características formais podem ser agrupados. Por exemplo, consoante os autores, textos com função comunicativa semelhante, como aqueles cujo objetivo é descrever ações, instruções e prescrições, possibilitam o

agrupamento de diferentes gêneros: instruções de montagem; receita; regulamento; regras de jogo; instruções de uso. Na legislação, mais especificamente, no documento Orientações para Ensino Médio (BRASIL 2006, p.110), é enfatizada a necessidade de se pensar um ensino de Língua Estrangeira que não tenha a gramática como principal objeto de estudo, mas sim o entendimento do uso da linguagem com fins comunicativos conforme situações de comunicação vivenciadas no cotidiano dos alunos. Em vez de partir de uma regra gramatical, pode-se partir, como muitos já fazem, de um trecho de linguagem num contexto de uso. Para práticas novas de linguagem, como as que ocorrem na comunicação mediada pelo computador, o educador idealmente tem de fazer uma análise própria das regras que estruturam a linguagem nesse contexto novo. Neste documento (idem, p.111), além dessa explicitação de que o ensino gramatical é mais adequado se ocorrer a partir de situações de uso da língua, há também sugestões de como ensinar uma língua estrangeira relacionando função comunicativa e ensino de gramática. Vale repetir a importância de analisar, ensinar e fazer aprender as regras que estruturam o uso das formas contextualizadas de linguagem, não de maneira antecipada a essas práticas de linguagem ou isoladas delas, mas sim de forma integrada a elas, apontando a ação da dinâmica entre a sistematicidade (e sua fixidez aparente) da regra sempre presente na linguagem e a mutabilidade da regra ao longo da história ou conforme contextos socioculturais diferentes. Para exemplificar como o ensino pode ser realizado de forma contextualizada e abordando questões gramaticais, é encontrada, no documento referido acima (idem, p.114), uma possível atividade a partir do gênero textual anúncio publicitário. Uma professora leva um anúncio publicitário sobre o Dia das Mães extraído de uma revista. Pede aos alunos que o leiam e respondam a perguntas, tais como: a. A quem se dirige? b. O anúncio atende a que necessidade ou desejo (saúde, popularidade, conforto, segurança)? c. Que argumentos não estão sustentados? d. Que recursos gráficos são utilizados para realçar certas informações no texto? e. Como o custo do objeto anunciado se apresenta minimizado ou disfarçado? f. Por que o anúncio utiliza depoimentos de pessoas? g. Que palavras ou idéias são utilizadas para criar uma impressão específica ou particular? A partir deste modelo de atividade, percebe-se que: 1) é utilizado um gênero

textual presente no cotidiano dos alunos seja através de jornal ou de outdoors ; 2) não há perguntas sobre regras gramaticais diretamente, sendo a gramática trabalhada conforme aparição e importância para compreender o sentido do texto. Foi a partir das críticas quanto ao modo como o ensino de Língua inglesa tem sido desenvolvido bem como das sugestões para organizar o ensino mediante gêneros textuais, apresentadas na literatura da área e na legislação, que foram organizadas as atividades desenvolvidas durante período de regência de classe. Desenvolvimento do Estágio Curricular Tomando como pressuposto as reflexões sobre ensino de Língua Inglesa bem como sobre a importância de introduzir inovações nos espaços educativos supramencionadas, foram elaboradas e desenvolvidas algumas atividades relacionadas com gêneros textuais durante período de estágio. A turma que exerci a docência tinha 25 alunos matriculados e as aulas ocorriam no período noturno. Antes de assumir a turma, foram observadas algumas aulas e percebeu se tratar de uma turma que proporcionaria muitos desafios, pois, em boa parte das aulas, compareciam cerca de 13 alunos e os alunos que vinham em uma aula não vinham na seguinte. As aulas eram no último período, no qual os alunos demonstravam grande resistência em ficar na aula pedindo para serem liberados mais cedo. Para trabalhar gêneros textuais propus algumas atividades merecendo destaque, neste trabalho, três atividades em especial. Uma delas foi um exercício, para introdução da temática gênero textual, constando fragmentos de anúncio, receita culinária, resumo de um artigo, bula de remédio, carta pessoal e definição de uma palavra extraída do dicionário. O trabalho com esse material se revelou muito produtivo, pois esses gêneros faziam parte do cotidiano dos alunos, exceto o resumo de um artigo, sobre o qual houve muitos questionamentos. O material, como um todo, gerou discussões muito ricas, nas quais pode ser enfatizada a função comunicativa de cada um daqueles gêneros bem como as características que os distinguiam. Considerando que gêneros textuais estão inseridos em práticas sociais e culturais, buscou-se mediante materiais didáticos trabalhar gêneros e hábitos culturais brasileiros em comparação com hábitos americanos. Os gêneros que pareceram se adequar a essa proposta foram provérbios e fragmentos de textos culturais. O trabalho a partir dos provérbios e das tiras culturais chamou bastante a atenção dos alunos, havendo uma boa participação deles e também os estimulando a perguntar sobre outros provérbios e hábitos culturais americanos e quais os possíveis equivalentes desses no Brasil. Outro aspecto referente a esses dois gêneros que auxiliou muito foram as ilustrações, as quais foram exploradas primeiramente para facilitar a compreensão dos alunos.

Considerações finais É possível mencionar algumas dificuldades vivenciadas na realização do estágio, são elas: 1) apenas uma hora/aula de língua inglesa por semana, sendo que houve muitos feriados; 2) no currículo do Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e Inglesa, em que fiz a graduação, constavam apenas 30 horas para estágio em cada uma dessas línguas alocado no último semestre do curso (currículo que vigorava anteriormente as resoluções CNE/CP 01 e 02 de 2002). Como conseqüência deste período muito reduzido para regência de classe, não foi possível trabalhar com gêneros textuais de modo muito aprofundado, conforme era desejado. Assim, foi desenvolvido um trabalho com maior ênfase no reconhecimento de diferentes gêneros textuais e a função comunicativa específica de cada um deles. Quanto à reação dos alunos diante de um ensino no qual os tópicos gramaticais eram mencionados consoante o aparecimento desses nos gêneros, ocorrendo em um número bem menor de aulas expositivas de abordagem gramatical, pode-se observar, inicialmente, colocações como: Ta professora e a matéria! ; Não tem conteúdo pra dá!. Isso permite constatar que os alunos estão muito habituados ao ensino a partir de regras gramaticais, apresentando, inicialmente, uma forte resistência em aceitar que o trabalho com os textos presentes no cotidiano deles também faz parte do processo de aprendizagem de uma língua. Conforme foi sendo desenvolvida a temática gêneros textuais, os alunos começaram a participar mais e aceitar, de certo modo, que a gramática não seria abordada sozinha, mas junto as situações comunicativas expostas e criadas por eles mesmos. Este trabalho com gêneros mostrou-se muito significativo, pelo fato de notar-se a necessidade de mudanças quanto ao modo de conceber ensino de línguas, por parte principalmente dos alunos, que habituados com a cultura escolar consideram como ensino aquele realizado a partir da gramática e, muitas vezes, aprendem regras, mas não como usá-las em situações de comunicação cotidianas. Alguns alunos ao relatar a opinião deles sobre as aulas expõem que as atividades desenvolvidas, tendo como princípio norteador o trabalho com gêneros, foi um trabalho diferente e que os estimulou a prestar atenção, segue para exemplificar o relato de um deles: Na minha opinião as aulas de Inglês foram boas, porque foram muito bem explicados os conteúdos dados, a professora também atraia a nossa atenção com trabalhos diferentes, brincadeiras dentro dos conteúdos, com a finalidade de gravarmos as explicações a aprendermos o conteúdo. (aluna X) Verificou-se, assim, que o ensino de inglês pensado e organizado a partir de gêneros textuais pode ser considerado como elemento inovador, mas para que ele seja bem sucedido é necessário a mudança de concepções de ensino, de conteúdos

relevantes à formação do aluno e essas mudanças devem ocorrer de modo progressivo desde o ensino fundamental. Portanto, considera-se a experiência de estágio, relatada neste trabalho, como sendo em parte inovadora. Ela confirma o mencionado na literatura sobre inovação educacional: toda inovação necessita de um tempo de adaptação para se concretizar efetivamente. Devido o tempo para realização do estágio ter sido muito reduzido não foi possível avançar no processo da adaptação ao ensino a partir de gêneros e de não tópicos gramaticais. Restou a questão: Como mudar a cultura escolar e a concepção de ensino adotado por professores e alunos, para tornar ensino e instituições educativas mais coerentes com meio social? Referências BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio, parte II): Linguagem, Código e suas Tecnologias. Brasília: Secretaria da Educação Média e Tecnológica: MEC/SEMT, 2000. 69p BRASIL, Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília: Secretaria da Educação Média e Tecnológica: MEC/SEMT, 2006. v. 1, 239p CASTRO, Franciana Carneiro da. Aprendendo a ser professor(a) na prática: Estudo de uma experiência em Prática de Ensino de Matemática e Estágio Supervisionado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, 2002. (Dissertação de Mestrado) CRISTÓVÃO, Vera Lúcia Lopes. Gêneros Textuais e Práticas de Formação de Professores. In: Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino - ENDIPE, 13, 23 a 26 Abr. de 2006, UFPE, Recife, PE, Brasil. MONTEIRO SILVA, Aida Maria (org.). Conhecimento Local e Conhecimento Universal. Anais... 12p. (CD-ROM, arq<painéis_autor/t1635-1.doc>). ISBN 85-0068-3. DOLZ, Joaquim et al. Seqüências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004 (as faces da Lingüística Aplicada). HERNÁNDEZ, Fernado et al. Aprendendo com as inovações nas escolas. Porto Alegre: Artmed, 2000 MANACORDA, Mario Alighiero: (2006). História da Educação: da Antigüidade aos nossos dias. 12.ed. Tradução de Gaetano Lo Monaco. São Paulo/BRA: Cortez. ISBN 85-249-0163-2. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora. (Org.) Gêneros Textuais e Ensino. 4.ed. Rio de Janeiro: Lucena, 2005. 233p.

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