Qualidade do milho para utilização na alimentação animal



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Transcrição:

III Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 Qualidade do milho para utilização na alimentação animal Luiz Carlos MACHADO 1, Daviane Martinele COSTA 2 1 Professor do IFMG - Bambuí, MG, luiz.machado@ifmg.edu.br 2 Aluna de graduação em Zootecnia do IFMG - Bambuí, davyany@yahoo.com.br RESUMO O Brasil já ultrapassa a marca de 60 milhões de toneladas de rações anuais. Mais de 60% deste volume é composto por milho, cereal essencial para fornecimento de energia a baixo custo. Os modernos sistemas de controle de qualidade devem dispor de ferramentas eficientes para garantir a qualidade nutricional dos alimentos. O milho apresenta alto conteúdo de amido, fornecendo cerca de 3200 kcalem/kg para suínos e aves. Apresenta cerca de 8% de proteína bruta e níveis muito baixos de cálcio e fósforo. Tem conteúdo satisfatório de metionina + cistina, mas apresenta valor insatisfatório de lisina. A umidade alta favorece a diluição dos nutrientes além de favorecer o crescimento de fungos que produzem micotoxinas, substâncias prejudiciais ao crescimento animal. Os grãos fora do padrão são chamados de avariados. Estes grãos apresentam nível nutricional inferior. Os grãos avariados podem ser classificados como chochos, carunchados, ardidos, brotados, mofados e quebrados. Toda fábrica de ração deve propor procedimentos para recepção do milho. Estes procedimentos devem contemplar análises de umidade, proteína bruta além da contagem de grãos avariados. A partir dos valores observados, deve-se verificar a conformidade do milho e aceitar ou não a carga. Palavras-chaves: graõs, cereais, qualidade do milho, avariados, fábrica de rações. 1) INTRODUÇÃO Atualmente, o Brasil vem se destacando como um dos maiores produtores mundiais de carne, principalmente de origem avícola. Dados dos Sindirações (2010) apontam que a produção anual de rações ultrapassará 60 milhões de toneladas em 2010, sendo este montante composto de cerca de 36 milhões de toneladas de milho (Zea Mays). Este alimento consiste da forma mais barata de fornecimento de energia aos animais não ruminantes, os quais são responsáveis por mais de 80% das rações produzidas. O gráfico a seguir apresenta a proporção entre os principais ingredientes utilizados na alimentação animal.

Figura 01 - Principais alimentos utilizados na alimentação animal em 2010 (%) F.C.O.: farinha de carne e ossos Fonte: Sindirações (2010) A sociedade moderna é extremamente exigente quanto à segurança dos alimentos. A qualidade assumiu questão fundamental nos últimos anos. Os grãos de milho são passíveis de alterações que podem acarretar diminuição em seu valor nutritivo, prejudicando o desempenho do animal, além de favorecer o aparecimento de substâncias potencialmente tóxicas para os animais e humanos que ingerirem alguns de seus produtos (Butolo, 2002). Este trabalho objetivou apresentar e discutir aspectos relacionados à qualidade do milho, alimento de extrema importância para a alimentação animal. 2. QUALIDADE NUTRICIONAL DO MILHO Sabidamente, o milho é um cereal rico em energia, sendo considerado como concentrado energético. Isto se deve principalmente ao elevado conteúdo de amido (62,48%) que é um polissacarídeo de fácil digestão no trato gastrointestinal dos animais. O amido do milho é rico em amilopectina sendo essa fração de mais fácil digestão, quando comparada à fração de amilose. Rostagno et al. (2005) apontam os valores de 3381 kcalem/kg para aves e 3340 kcalem/kg para suínos. O milho apresenta concentrações de cálcio e fósforo de cerca de 0,03 e 0,24% respectivamente, sendo que normalmente as rações, necessitam do acréscimo de fontes desses minerais. Quanto ao nível de proteína, Rostagno et al. (2005) apresenta o nível de 8,26%, sendo esse valor variável. O milho apresenta ainda quantidade satisfatória de metionina+cistina (0,36%) e nível muito baixo de lisina (0,24%). Quando misturado ao farelo de soja, haverá a complementação amionoacídica, pois este alimento é rico em lisina mas deficiente em metionina+cistina. Contudo, para que o milho esteja com boa qualidade nutricional, é necessário que esteja em bom estado de conservação. Costa et al. (2009) não perceberam variações no conteúdo de proteína bruta entre o milho coletado em diferentes casas agropecuárias. O nível deste princípio nutritivo também não variou ao longo do ano quando foram comparados seis diferentes meses. 3. ADULTERAÇÃO E CONTAMINAÇÃO DO MILHO Normalmente, os grãos de cereais apresentam baixo nível de umidade. Rostagno et al. (2005) aponta um valor de 12,89% de umidade do milho, sendo este valor muito variável conforme

diferentes situações de clima, colheita, armazenamento, etc. Além de menor conteúdo de nutrientes, o milho com elevado teor de umidade (acima de 14%) favorece o crescimento de fungos potencialmente produtores de micotoxinas que são metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos que proporcionam diversos problemas aos animais, principalmente a nível hepático. O principal grupo de micotoxinas são as aflatoxinas que são potentes agentes cancerígenos, podendo estas substâncias chegarem ao fígado do animal, o qual é usado na alimentação humana. O principal fungo que produz micotoxinas é o Arpergillus flavus. A ocorrência de micotoxinas produzidas no milho poderá ser prevenida por um rigoroso sistema de controle de qualidade e armazenamento, além de um sistema de aeração no silo graneleiro (Lazzari, 1997). Outro grande problema que pode vir a acontecer é a perda do valor nutricional do milho devido a problemas com grãos avariados, os quais são grãos fora do padrão de normalidade. Grãos carunchados podem conter menores níveis de nutrientes, pois o caruncho pode consumir parte dos nutrientes, por outro lado, a análise para proteína bruta em milhos carunchados pode mascarar os resultados, visto que os insetos presentes nos grãos contribuem para aumento no nível de proteína na análise. Outros grãos chochos, ardidos e mofados, podem conter menores níveis de nutrientes, além de influenciarem negativamente na palatabilidade das rações, principalmente em razão de grãos ardidos que passaram por processos de secagem excessiva para atingirem umidade adequada. O milho apresenta película protetora e assim grãos quebrados tem maior área de exposição interna do grão. Lopes et. al (1988) submeteram grãos de milho a diferentes níveis de carunchamento e concluíram que os grãos apresentaram perdas no peso e que o nível de energia metabolizável decresceu ligeiramente. Ao analisar a distribuição das aflatoxinas nos grãos sabidamente contaminados, após uma segregação visual de defeitos, Piedade et. al (2002) verificaramm que grãos não sadios (brotados, ardidos, carunchados, quebrados, mofados e chochos) apresentaram 84% de contaminação. 4. RECEPÇÃO DO MILHO EM FÁBRICAS DE RAÇÃO A partir da publicação da instrução normativa 04 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) que aprovou o regulamento das boas práticas de fabricação (BPF) todas as fábricas de ração devem ter um sistema de controle de qualidade. Um dos pontos críticos deste sistema é a recepção das matérias primas, onde devem haver procedimentos que garantam a integridade do material recebido. Os grãos destinados aos animais devem ter umidade adequada, estar isentos de fungos, micotoxinas, sementes tóxicas e na faixa tolerável para presença de grãos ardidos, brotados, carunchados e presença de quebrados e impurezas, sendo essencial o seu controle de qualidade

quando na recepção (Butolo, 2002). Todas as carretas que trazem o milho a granel à fábrica devem ser inspecionadas. Para isso deve ser realizada amostragem com auxílio de uma sonda de profundidade (Compêndio, 2005). Após amostragem, deve ser medido o nível de umidade. Essa operação deve ser realizada de forma rápida a fim de poder liberar ou interditar a carreta. Para essa determinação pode ser utilizado o Determinador Universal de Umidade (DUU), sendo um aparelho muito comum nas fábricas de ração. Costa et al. (2009) compararam diferentes metodologias para determinação da umidade do milho, não havendo diferenças entre o DUU, estufa a 105 C durante 4h e estufa a 100 durante 24 h com grãos inteiros. Após a análise, o teor de umidade do milho deve ser inferior a 14%, conforme demonstrado na tabela 01. A fábrica de ração deverá também realizar análise de proteína bruta a fim de corrigir os valores no momento da formulação. Esse procedimento é importante para a garantia da eficiência nutricional da dieta. Ao milho amostrado deve ser feito também a contagem de grãos avariados. Conforme a Portaria 845 de 08/11/1976 do MAPA, os grãos avariados podem ser classificados como: Grãos ardidos: grãos ou pedaços que perderam a coloração em ¼ ou mais da área total. Grãos queimados também são considerados; Grãos mofados: são grãos que contém fungos visíveis a olho nu; Grãos brotados: grãos ou pedaços que apresentam germinação visível; Grãos chochos: são grãos desprovidos de massa interna, enrugados; Grãos quebrados: são grãos que ficam retidos em peneiras de 5 mm de diâmetro; Grãos carunchados: são grãos ou pedaços perfurados por insetos (caruncho). Deve-se separar também impurezas e fragmentos além de materiais estranhos que passam na peneira de crivos com 5 mm de diâmetro. Quando houver insetos vivos, o material deve receber beneficiamento e expurgo para ser liberado. Conforme proposto por Butolo (2002), para se realizar a contagem, deve-se pesar 250 g de milho e proceder a separação, de acordo com os defeitos. Após, pesa-se as parcelas e então se determina a porcentagem em relação à amostra. O conteúdo de avariados deverá ser inferior ao apresentado na tabela 01. Tabela 01 - Valores desejáveis para recepção do milho Parâmetro Nível máximo para aceitação Nível máximo para aceitações com restrições 1 Umidade (%) 13,0 14,0 2 Impurezas (%) 2,0 3,0 Ardidos (%) 2,0 3,0 Quebrados (%) 9,0 10,0 Mofados e brotados Não deve haver Não deve haver Chocos + carunchados (%) 1,0 1,0 Avariados total (%) 12,0 15,0 Total grãos bons (%) 86,0 82,0 1 Deve-se verificar a necessidade momentânea da fábrica, além do período de estocagem, que deverá ser o menor possível. 2 Acima de 13% de umidade, o milho não deverá ser armazenado por mais de 30 dias.

Adaptado a partir da portaria 845 de 08/11/1976 do MAPA 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O milho consiste de ferramenta valiosa para alimentação animal, devido principalmente por ser fonte de energia a baixo custo. Sua qualidade pode ser comprometida a partir da ocorrência de micotoxinas ou quantidade de grãos avariados acima do especificado. Para recepção deste cereal nas fábricas de ração os parâmetros de qualidade devem ser rigorosamente avaliados. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUTOLO, J. E. Qualidade de ingredientes na alimentação animal. Campinas, SP: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 2002. p.157-160. Compendio Brasileiro de Alimentação Animal. Publicação realizada pelo SINDIRAÇÕES, com apoio da ANFAR, CBNA e Ministério da Agricultura. Publicado em 2005. COSTA D. M., BITTENCOURT F.; MACHADO L. C., et al. Monitoramento da qualidade dos grãos de milho comercializados nas casas agropecuárias de Bambuí-MG. II SEMANA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO IFMG CAMPUS BAMBUÍ, 2009, Bambuí. Anais... Bambuí: IFMG, 2009. CD Rom LAZZARI F. A. Umidade, fungos e micotoxinas na qualidade de sementes, grãos e rações. 2 ed. Curitiba, Ed. Do autor, 1997 LOPES, D. C.; FONTES, R. A.; DONZELE, J. L.; ALVARENGA, J. C. Perda de peso e mudanças na composição química do milho (Zea mays) devido ao carunchamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.17, n.4, 1988, p. 367-371. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Portaria n 845, 08/11/1976. Especificações para a padronização, classificação e comercialização interna do milho. PIEDADE, F. S.; FONSECA, H.; GLORIA, E. M. da; et. al. Distribution of aflotoxins in corn fractions visually segregated for defects. Brazilian Journal of Microbiology, 2002, v.33, p.250-254. ROSTAGNO H. S. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2 ed. Viçosa: UFV, Departamento de Zootecnia, 2005. 186 p. SINDIRAÇÕES - Setor de Alimentação Animal, Boletim Trimestral - Maio de 2010