II Simpósio Gestão Empresarial e Sustentabilidade 16, 17 e 18 de outubro de 2012, Campo Grande MS

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DIAGNÓSTICO SÓCIOAMBIENTAL E MONITORIZAÇÃO DA DOENÇA DIARREICA AGUDA EM MORADORES DE UMA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA CAMPO GRANDE/MS RESUMO: Sabrina Piacentini O presente trabalho teve por objetivo caracterizar um grupo de famílias residentes em uma área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família do município de Campo Grande - MS, quanto ao perfil sócio-ambiental e demográfico, com a finalidade de avaliar o grau de implantação das ações de controle da diarreia. Constatou-se, entre outras coisas, que dos 169 representantes das famílias estudadas, n=66 (39,1%) referem haver ocorrência semanal ou rara de episódio de diarréia e desses, apenas 50% procurou algum atendimento entre as primeiras 24 a 72 horas após o início dos sintomas. Para as ocorrências de busca por atendimento, foi adotado o plano A em 22 atendimentos (66,7%). O saneamento básico e o comprometimento da qualidade da água continuam a ser a principal causa do aparecimento de casos de diarreia, pois confrontando os dados das famílias que afirmaram a ocorrência semanal de diarréia 72,7% não realiza qualquer forma de tratamento na água de beber, 43,9% não possuíam caixa d água e 50,0% utilizam fezes fossa séptica para destino dos dejetos. Por fim, o resultado final mostrou a necessidade de capacitação dos recursos humanos relacionada à DDA. Palavras-Chaves: saúde; meio-ambiente; doenças de veiculação hídrica. 1. Introdução O assunto que será apresentado ao longo deste trabalho foi desenvolvido na cidade de Campo Grande-MS e teve por objetivo caracterizar um grupo de famílias residentes em uma área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família do município de Campo Grande - MS, quanto ao perfil sócio-ambiental e demográfico, com a finalidade de avaliar o grau de implantação das ações de controle da diarreia. A diarreia aguda é definida como uma síndrome causada por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Com frequência é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. É autolimitada, com duração entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principalmente quando associada à desnutrição (BRASIL, 2008). As principais medidas de controle da diarreia são a melhoria da qualidade da água, destino adequado do lixo e dejetos, controle de vetores, higiene pessoal e alimentar, o que exige atuação fundamental da vigilância ambiental, além de educação em saúde, particularmente em áreas de elevada incidência e nos locais de uso coletivo, tais como escolas, creches, hospitais, penitenciárias, que podem apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são adequadas e devem ser alvo de orientações e campanhas específicas (BRASIL, 2008).

Em relação à associação entre o abastecimento de água e o esgotamento sanitário com a saúde, a complexidade é explicada através de indicadores específicos, como a diarreia, ou sobre medidas mais abrangentes de saúde, como a mortalidade infantil ou a expectativa de vida. Se em curto prazo o efeito mensurável do abastecimento de água e do esgotamento sanitário pode parecer reduzido pela reposta não linear da intervenção, em longo prazo seu efeito sobre a saúde é relativamente superior ao de intervenções médicas. (BRISCOE, 1985) A monitorização das doenças diarreicas agudas tem como objetivo conhecer o número de casos de diarreias que ocorre em cada área, para que se possa prevenir e/ou controlar o número de casos de doenças de veiculação hídrica, como também fornecer dados ao setor de saneamento quanto ao estabelecimento das áreas prioritárias de atuação, quanto à qualidade dos serviços prestados e para avaliar a influência que as ações de saneamento trazem na qualidade de vida das populações beneficiadas (SILVA, 1996). A presente pesquisa propõe realizar uma caracterização de fatores sócioambientais, entre os quais serão analisados: qualidade de água de abastecimento público, de esgotamento sanitário, de coleta de lixo e de condições de moradia, se justificando tanto pelos mecanismos de avaliação e controle quanto pela significativa contribuição para a tomada de decisão na vigilância em saúde ambiental e epidemiológica. 2. Metodologia Foi utilizada a Ficha de Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas da Secretaria de Vigilância Epidemiológica do SIVEP (Sistema de Vigilância Epidemiológica) onde constam informações sobre a procedência da notificação, faixa etária e número de casos, plano de tratamento, ocorrência de surtos, entre outras e um questionário sócioeconômico e ambiental com informações adaptadas da FICHA-A (Ficha para cadastramento das famílias) do SIAB e informações pessoais coletada durante a aplicação do mesmo. O período de coleta de dados teve início em setembro de 2011 e se estendeu até dezembro do mesmo ano. O projeto e demais documentos necessários foram apresentados ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da ANHANGUERA-UNIDERP (aprovado em 30/08/11 de acordo com a resolução 196/96) e a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande que autorizou o acesso à Unidade. A população em estudo compreendeu 3.900 pacientes, representando 1.200 famílias residentes em uma área de abrangência de Estratégia de Saúde da Família do município de Campo Grande- MS, conforme cadastro no SIAB. O número de pessoas investigadas foi determinado através de um método probabilístico que, segundo Fonseca e Martins (2006), exige que cada elemento da população possua a mesma probabilidade de ser selecionada para a entrevista, onde obteve-se n = 169, isto é, a amostra constou de 169 famílias investigadas. Somente respondeu ao questionário um membro da família e esse não poderia ser menor de idade; Os dados foram tabulados utilizando-se o aplicativo Microsoft Excel, sendo os resultados apresentados em formas de tabelas.

4. Resultados e Discussão Entre os 169 entrevistados, 136 (80,5%) apresentavam idade abaixo de 60 anos, destacando-se a faixa etária de 19 a 39 anos, que constituiu a maioria da população participante, demonstrando que a mesma é predominantemente jovem e ativa. Tal informação é semelhante à fornecida pelo SIAB, onde a maioria da população (n=1403) possui entre 20 a 39 anos. O predomínio do sexo feminino na amostra estudada também pode ser facilmente justificado, pois a principal fonte de emprego ainda é o trabalho braçal, onde os homens trabalham fora de casa e as mulheres tendem a ficar sozinhas e com mais frequência passam a assumir papel de cuidadoras. Seu suporte informal torna-se, na maioria dos casos, restrito aos filhos. Com relação à escolaridade a maioria dos entrevistados, 92 (54,4%), possuía ensino médio completo. Dessa forma os programas de Educação em Saúde não devem deixar de lado esse grupo com um grau mais elevado de escolridade. No entanto, apesar do índice favorável com relação à população que concluiu o ensino médio, o número de famílias que relataram haver algum membro com idade entre 7 a 18 anos frequentando a escola foi de 55 (32,5%) e há vários fatores que tornam o índice da evasão escolar mais alto. Foi possível observar em algumas entrevistas, que existem alunos que deixaram de acompanhar as aulas por motivos de trabalho e com relação às meninas, há ocorrência de gestações precoces, muitas vezes não programadas e sem suporte familiar para cuidar de uma criança. Outra questão social indagada aos entrevistados da pesquisa foi referente à renda, onde 88,2% da população informou receber entre 0,5 a 2 salários mínimos. Quanto ao tratamento da água recebida na residência, constatou-se, entre os entrevistados, que 45 (26,6%), realizam filtração, 10 (5,9%), fervura e 114(67,5%) não fazem qualquer tipo de tratamento. D Aguila et al. (2000), relatam em seu estudo, que as bactérias patogênicas encontradas na água e/ou alimentos constituem uma das principais fontes de morbidade em nosso meio e são responsáveis pelos numerosos casos de enterites, diarreias infantis e doenças epidêmicas, com resultados frequentemente letais. Quanto ao armazenamento da água encanada 107 (63,3%) entrevistados possuem caixa d água e 62 (36,7%) afirmam não ter reservatório. Entre as famílias que possuem caixa d água, 106 (62,7%) não realizam a limpeza da mesma. O destino dos dejetos (fezes e urina) variou entre fossa séptica (92/54,4%) e rede de esgoto (77/45,6%). Segundo o SIAB em toda a área, 748 famílias (62,3%) possuem fossa séptica. Conforme informações de Leser et.al (1985), nos países em desenvolvimento, em virtude das precárias condições de saneamento e da má qualidade das águas, as doenças diarreicas de

veiculação hídrica, têm sido responsáveis por vários surtos epidêmicos e pelas elevadas taxas de mortalidade infantil, relacionadas à água de consumo humano. A coleta do lixo é oferecida pelo serviço público para as 169 famílias estudadas, informação essa semelhante as do SIAB, onde 1197 famílias (99,7%) se beneficiam da coleta pública. Entre julho a dezembro de 2011, houve registro de 13 casos de DDA na Unidade de Saúde em estudo. Considerando, porém, a afirmação de que em virtude da sua elevada frequência, os casos de DDA não são doença de notificação compulsória nacional em se tratando de casos isolados (BRASIL, 2009), é possível que tenha ocorrido subnotificação de casos no referido período. Além disso, o paciente/responsável muitas vezes não é orientado a voltar na UBS onde foi realizado o atendimento, para preenchimento da Ficha e fechamento do caso. Silva (1996), já mencionava sobre o representativo número de casos ignorados no manejo das diarreias devido ao não preenchimento correto da ficha do paciente pelos funcionários, ou não atendimento das recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde. Quando questionados sobre a frequência dos episódios de diarreia em algum membro da família, 66 (39,1%) dos entrevistados afirmaram ser semanal, sendo a maioria das ocorrências (36/54,5%) em crianças de 1 a 4 anos. Dentre esses 66, casos 33 (50%) disseram ter procurado algum atendimento entre as primeiras 24 a 72 horas após o início dos sintomas. No atendimento, foi adotado o plano A em 22 casos (66,7%). O saneamento básico e o comprometimento da qualidade da água por medidas de higiene podem, em conjunto, ser a principal causa do aparecimento de casos de diarreia, pois confrontando os dados das famílias que afirmaram a ocorrência semanal de diarreia, com a forma de tratamento da água (sem considerar o tratamento oferecido pela empresa fornecedora), armazenamento da água encanada e destino das fezes e urina do domicílio, (48/72,7%) não realizavam qualquer forma de tratamento da água de beber, (29/43,9%) não possuíam caixa d água e (33/50,0%) utilizam fezes fossa séptica para destino dos dejetos. Conclusão A maioria dos representantes das famílias tem idade abaixo de 60 anos, sexo feminino e residem em casa própria A escolaridade apresenta um índice favorável, pois 54,4% da população possui o ensino médio. Os representantes das famílias demonstraram, durante a entrevista, insatisfação com o salário recebido, pois não conseguem atender suas necessidades básicas.

Grande parte das famílias do estudo possui o destino dos dejetos (fezes e urina) realizado por meio de fossa séptica, a coleta de lixo é oferecida pelo serviço público, com pouco reaproveitamento por parte da população. Em relação ao saneamento básico pode existir certo comprometimento da qualidade da água para beber por medidas de higiene, já que é comum, entre as famílias não fazer qualquer tipo de tratamento da água recebida na residência para beber. De acordo com o SIVEP-DDA, houve, entre julho a dezembro de 2011, registro de 13 casos de DDA na Unidade de Saúde em estudo. Dos casos notificados, 9 aconteceram em crianças de 1 a 4 anos e na totalidade dos casos foi adotado o plano A como forma de tratamento É comum a ocorrência de episódios semanais de diarréia em algum membro da família na população em estudo e dentre esses casos, a maioria procurou por atendimento entre as primeiras 24 a 72 horas após o início dos sintomas. Entre os entrevistados, a conduta mais adotada após a ocorrência do episódio de diarreia, também foi o plano A (66,7% dos atendimentos), pois a maioria dos casos não apresentou sinais de desidratação e foram resolvidos somente com as orientações ao paciente quanto à conduta alimentar e aos hábitos de higiene. A ausência de tratamento suplementar da água para beber, caixa d água e a utilização de fossa asséptica podem estar relacionadas aos casos de diarreia relatados pelos participantes do estudo. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças Infecciosas e Parasitárias - Guia de Bolso. Brasília, 2008. 374 p. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília, 2009. 813 p. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Manual do Sistema de Informação de atenção básica. Brasília, 1998. 98p. BRISCOE, J. Evaluating water supply and other health programs: short-run vs long-run mortality effects. Public Health. v. 99, n.3, p. 142-145, 1985. D'AGUILA, P. S.; ROQUE, O. C. C. da; MIRANDA, C. A. S.; FERREIRA, A. P. Avaliação da qualidade de água para abastecimento público do Município de Nova Iguaçu. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.16, n.3, p. 28, 2000. FONSECA, J. S.; MARTINS, G. A. Curso de Estatística. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2006. p. 36-38. LESER, W. S.; BARBOSA, V.; BARUZZI, R. G.; RIBEIRO, M. D. B.; FRANCO, L. J. Elementos de Epidemiologia Geral. 1ª edição. São Paulo: Atheneu, 1985. p. 30.

SILVA, S. R. Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas no Estado do Espírito Santo - Brasil. Vitória ES, 1996. 12 p.