Aspectos do Acidente de Trabalho no Direito Penal Dr. José Luiz Pimentel Pazeto
Finalidades da DEAT Delegacia Especializada em Acidentes de Trabalho Lei 5036 de 16.05.1995 Apuração de crime Investigação do Acidente de Trabalho Produção de provas Instauração e conclusão de Inquérito Policial Destinação ao Ministério Público Estadual c.c. p/ MPT e Justiça do Trabalho.
Atividades do Delegado de Polícia na apuração do acidente de trabalho Instauração do Inquérito mediante Portaria( de ofício); Oitiva das testemunhas; Solicitação de Laudo Pericial de Local; Requisição de documentos à empresa; Solicitação de Relatório da Superintendência Regional do Trabalho; Relatório final e remessa ao Ministério Público.
Instauração do Inquérito Policial Boletim de ocorrência; Qualquer outro meio que a Autoridade Policial tome ciência do acidente de trabalho; Art. 22, da Lei 8.213/91 - Cabe à empresa a comunicação do Acidente de Trabalho à Autoridade Competente.
Crime apurado antes do Acidente de Trabalho Art. 132, CP - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
CRIME CULPOSO Crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que foi por ele previsto( culpa consciente ) ou lhe era previsível ( culpa inconsciente ) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Art. 18 do CP- É culposo o crime, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Crimes apurados depois do Acidente de Trabalho Homicídio Culposo (matar alguém) Art. 121-3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Lesão corporal culposa (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem) Art. 129-6 Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Queda Construção Civil Ausência de Botas, Capacete, Luvas e Cinto de segurança.
Acidente com trator Ausência de Treinamento Desvio de função Falha humana
Esmagamento por queda de container da ponte rolante. Ausência de manutenção no equipamento. Ausência de treinamento do empregado. Ausência de fiscalização.
Queda - construção civil Ausência de Botas, Capacete, cinto de segurança, balancim.
Acidente com máquina Ausência de treinamento. Improvisação. Desvio de função.
Queda de Andaime Andaime irregular Ausência de fiscalização Improvisação
Queda Construção civil Ausência de treinamento Ausência de fiscalização Falha humana
Acidente de trabalho Definição - Artigo 19 da Lei 8.213/91: É aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 2º - Constitui contravenção Penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.
Acidente de trabalho por equiparação O empregado encontra-se em viagem a serviço da empresa; No trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para casa; Fora do local do trabalho estando o empregado prestando serviços por ordem da empresa.
Principais causas do AT Ocorre quando o homem pratica algum ato que vai de encontro às normas de segurança, como por exemplo, consertar fiação de energia sem o cinto de segurança apropriado para evitar quedas. Diz respeito à condição do ambiente de trabalho, que pode ocasionar risco ou gerar perigo ao empregado, como por exemplo, uma máquina que esteja sendo manuseada pelo trabalhador e que não apresenta condições de manutenção satisfatórias.
Causas do Empregador Por descumprimento legal ou regulamentar (culpa contra legalidade); Por violação do dever geral de cautela, que, por sua vez, assume maior relevância jurídica, porquanto o exercício da atividade da empresa inevitavelmente expõe a riscos o trabalhador, o que de antemão já aponta para a necessidade de medidas preventivas, tanto mais severas quanto maior o perigo da atividade.
Origem da Responsabilidade do Empregador Ocorrendo uma lesão corporal ou a morte do empregado o EMPREGADOR será responsabilizado criminalmente por força de lei. Pelo Código Penal, o EMPREGADOR responde por OMISSÃO, uma vez que ele tem POR LEI obrigação de cuidado, proteção ou vigilância sobre o EMPREGADO. (art. 13, CP).
Dever de Cuidado e Proteção Consiste no fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI) e treinamento ao EMPREGADO para exercer determinada função, tudo em conformidade com as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho.
Dever de Vigilância Não basta fornecer equipamentos de proteção coletiva ou individual, é necessário ensinar o empregado a manusear. Por isso, o EMPREGADOR deve exercer uma vigilância constante sobre o EMPREGADO, verificando se o mesmo está seguindo os ensinamentos que lhe foram transmitidos, se aprendeu e se conscientizou da necessidade de uso do EPI.
Responsabilidade do Preposto ou Encarregado O empregador, divide ou transfere aos seus prepostos: SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho e a todos aqueles que detém efetivamente o comando direto dos empregados, como os Gerentes, Chefes, Supervisores, Encarregados, etc, essas atribuições, pois, a ele difícil seria exercê-las concomitantemente com o comando do negócio.
Culpa no Acidente de Trabalho A culpa está atrelada à inobservância de cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho (NR 1). É caracterizada, assim, a negligência do Empregador, bem como sua omissão.
Eventos previsíveis São considerados eventos previsíveis caracterizando a culpa do EMPREGADOR: 1.Situação de risco que se protela no tempo, não sendo rapidamente eliminada; 2.Atitude imprudente de trabalhador não instruído ou pouco instruído.
Modalidades da Culpa Imprudência: Ações positivas. É feito o que não deveria ser feito. É a prática de ato perigoso. Negligência: Ações negativas. É o desleixo, o descuido, a falta de atenção, de precaução, etc. Imperícia: Falta de conhecimento ou aptidão técnica. Falta de qualificação exigida para o desempenho de uma atividade.
Não existe compensação de culpa no Direito Penal Ainda que o empregado tenha sido IMPRUDENTE, NEGLIGENTE ou IMPERITO no desenvolvimento de sua atividade, responderá o EMPREGADOR que contribuiu com o acidente, deixando de cumprir ou fiscalizar as normas legais de segurança do trabalho.
Prevenção do Acidente de Trabalho (Fiscalização) O EMPREGADOR deve antever a imprudência do TRABALHADOR e preveni-la. Somente avisar não é o suficiente. O dever é de compelir, fazendo cumprir as normas de segurança, por meio de instrumentos como a advertência, a suspensão e a demissão.
Efeitos da Condenação Como efeito da condenação o EMPREGADOR ou PREPOSTO poderá ser submetido à : Pena de Prisão Penas restritivas de direitos. Que podem ser: 1. Prestação Pecuniária 2. Perda de bens e valores 3. Prestação de serviços à comunidade 4. Interdição temporária de direitos 5. limitação de fins de semana;
Multa Além disso, se cometer qualquer outro crime no período de até 5 anos será considerado REINCIDENTE para a Justiça, o que lhe tirará benefícios de natureza penal. O nome do CONDENADO será inscrito no ROL DE CULPADOS, nos termos do Código de Processo Penal.
A Condenação torna certa a obrigação de reparar o dano causado pelo crime (art. 91, I, CP); O processo produz estigmas. E todo o estigma, em circunstâncias que tais, ofende a dignidade da pessoa.
Jurisprudência "Acidente de Trabalho. Defeito na máquina operada pela Reclamante. Queimadura e perda parcial dos movimentos da mão. Responsabilidade do Empregador. (...) Assim, se há prova nos autos de que a empregada sofreu acidente de trabalho porque a máquina que operava apresentou defeito no seu dispositivo de segurança, conclui-se que o equipamento não estava em perfeito estado de funcionamento, ainda que recém adquirido pela empresa, pelo que, estando caracterizada a responsabilidade do empregador, defere-se o pagamento da indenização por danos morais e materiais pleiteada no libelo". Bahia. TRT. 5ª Reg. 6ª turma. Acórdão n. 1197/07. RO n. 00145-2006-611-05-00-0 Relatora: Desembargadora Débora Machado, DO 07/03/2007. Neste caso coube ao empregador o dever de vigilância e fiscalização e manutenção adequada.
Jurisprudência "APELAÇÃO CRIMINAL - HOMICÍDIO CULPOSO - FALTA DE OBSERVAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO - AUTORIA ATESTADA - CONDENAÇÃO MANTIDA. Constatando-se que a conduta dos envolvidos retrata a inobservância de um dever objetivo de cuidado, não adotando o montador do andaime - que veio a cair e ceifar a vida de um dos operários - as cautelas devidas para a segurança dos trabalhadores, e deixando o técnico responsável de fiscalizar a obra, encargo contratualmente assumido, entende-se que AMBOS RESPONDEM PELO HOMICÍDIO CULPOSO" (TJMG, 4ª Câmara Criminal, APCR n 2.0000.00.485174-7/000, Rel. Des. Ediwal José de Morais, j. 11/05/2005, p. 24/05/2005).
Jurisprudência Se as vítimas também agiram culposamente, tal quadro não exclui a participação culposa dos agentes, aos quais cumpria traçar as normas de trabalho em consonância com os cuidados indispensáveis à preservação da saúde e da vida daqueles, que, em verdade, são homens rústicos, mas não de índole rebelde e agressiva. Se a realidade impunha a assunção de riscos por estes a responsabilidade, sobretudo no campo criminal, só poderia pesar nos ombors de quem os deliberara assumir. (JTACrSP LEX 459/69).
Jurisprudência O que se tem no caso é um comportamento imprudente e negligente de Geraldo, que utilizou de balancim atingido pelo desgaste e, portanto, sem condições de segurança. Mais, que permitiu que os empregados nele subissem, sem premi-los ao uso efetivo de cinto de segurança, posto que se contentou em adverti-los quanto à sua necessidade. (TACrim. SP, 9ª Câm. Apel. Nº 334.441, Rel. Dr. Ricardo Andreucci, TACRIM, V. 82, Ed. Lex. Pág. 216).
Conclusão Havendo a prevenção e uma efetiva conscientização da responsabilidade do EMPREGADOR quanto à segurança no ambiente de trabalho, a tendência é a de se eliminar o acidente do local de trabalho, trazendo a ambas as partes uma tranqüilidade maior e melhoria das condições de trabalho com reflexos positivos na produção e na qualidade, sem falar nos inúmeros benefícios à empresa e à sociedade.