Entre a Figuração e a Abstração MÓDULO 2
Entre a Figuração e a Abstração MÓDULO 2
Introdução A mostra A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA¹ apresenta a trajetória das obras que compõem o acervo de arte do Museu de Valores do Banco Central do Brasil. Não se trata de apresentar o resumo da história da coleção, mas de distinguir momentos do passado que se deixaram reconhecer como carregados de memória e atualidade. Contando com seis módulos curatoriais que se sucederão por 24 meses Brasil Brasileiro, ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO, O Poder da Arte, Anos Rebeldes, Da Multiplicidade de Formas e Conceitos e A Persistência da Memória, a exposição aborda diferentes aspectos da coleção, no contexto político, econômico e cultural do século XX. Além das salas Cenas Brasileiras e Bandeira do Brasil, que simbolizam os dois principais períodos de aquisição de acervo, há um ambiente de reserva técnica, em que será exibida grande parte das obras. Com isso, busca-se suspender temporariamente a mística que cerca tais 1 Título com base na obra La persistencia de la memoria, de Salvador Dalí. 2 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
espaços e representar visualmente o fio condutor da exposição: trazer à tona a história pulsante desses objetos que elevamos à categoria de arte e as conexões, nada aleatórias, entre eles e a malha da vida. A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA é parte de um projeto maior, de reclassificação do acervo, que contempla também o lançamento do catálogo da Coleção de Arte do Museu de Valores. Ao realizar essa mostra, o Banco Central espera contribuir não só para suscitar a reflexão sobre nosso passado, mas também o entendimento do presente como um tempo em permanente construção. ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 3
Entre a Figuração e a Abstração O advento da arte abstrata se deu no contexto das vanguardas europeias, no início do século XX. Com base na proposta cubista, de redução da realidade a formas geométricas, artistas como Kandinsky levaram a recusa à representação do real ao extremo, chegando a uma arte não figurativa. A tensão entre a figuração e a abstração perpassou toda a arte do século XX. Além do medo do abstrato, visto como a dissolução do real, o abandono de questões políticas ou sociais na arte não tinha boa aceitação entre artistas e intelectuais. Somente com o final da Segunda Guerra, a arte abstrata ganhou espaço. A desilusão com a política levou os artistas a buscarem uma forma de expressão artística que transcendesse o mundo material. Por parte dos modernistas brasileiros, ligados ao compromisso maior de construir uma identidade nacional, a arte abstrata também não foi bem recebida. Essa resistência durou até o final da década de 1940, quando, simultaneamente, formaram-se os primeiros núcleos de artistas não figurativos em São Paulo e no 4 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Rio de Janeiro. O contato com a arte internacional e o apoio de críticos como MÁRIO PEDROSA tornaram a arte abstrata inevitável no Brasil. Em 1951, artistas renomados, como PORTINARI e DI CAVALCANTI, sentiram-se fortemente confrontados pela 1ª Bienal de São Paulo, cuja premiação distinguiu obras abstratas. Na Coleção de Arte do Museu de Valores, há exemplos das duas variantes abstracionistas a racional (ou geométrica) e a subjetiva (ou lírica). Embora ampla, a amostra não contempla a linha mais radical da abstração geométrica brasileira, representada pelo concretismo. A única peça na coleção que faz jus à proposta construtivista é a escultura de MARY VIEIRA. Paralelamente ao concretismo, outros artistas aderiram ao abstracionismo geométrico no país, preferindo manter, no entanto, uma trajetória sem vínculo formal com nenhum grupo. Foi o caso, por exemplo, de ALFREDO VOLPI e ALDO BONADEI. Tal opção foi ainda mais acentuada entre os integrantes da vertente não geométrica, que advogavam o uso do instinto, do ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 5
inconsciente e da intuição na arte. O cearense ANTONIO BANDEIRA abriu caminho para a abstração por conta própria. Em 1946, enquanto seus conterrâneos se fixaram no eixo Rio-São Paulo, Bandeira seguiu para Paris, convertendo-se num dos primeiros brasileiros a se aproximar da abstração. Dentre os que transitaram pela abstração e retornaram ao figurativismo percurso comum a muitos artistas modernos, destaca-se MILTON DACOSTA. Já outros, como VICENTE DO REGO MONTEIRO e BABINSKI, transitaram igualmente entre a abstração e a figuração em vários momentos da carreira, sem crises ou tensões. 6 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Aldo Bonadei Igreja Óleo sobre tela 74cm x 55cm 1955 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 7
Aldo Bonadei Composição abstrata Óleo sobre tela 73cm x 60cm 1957 8 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Aldo Bonadei Sem título Xilogravura sobre papel 51cm x 36cm 1971 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 9
Aldo Bonadei Sem título Xilogravura sobre papel 51cm x 36cm 1971 10 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Aldo Bonadei Sem título Xilogravura sobre papel 51cm x 36cm 1971 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 11
Aldo Bonadei Sem título Xilogravura sobre papel 51cm x 36cm 1971 12 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Aldo Bonadei Sem título Xilogravura sobre papel 51cm x 36cm 1971 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 13
Alfredo Volpi Motivo de casas Têmpera sobre tela 73cm x 50cm 1955 14 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Alfredo Volpi Composição concreta Têmpera sobre tela 35cm x 73cm s.d. ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 15
Alfredo Volpi Fachada em azul e verde Têmpera sobre tela 105cm x 72cm s.d. 16 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Alfredo Volpi Composição abstrata Litografia sobre papel 40cm 60cm s.d. ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 17
Alfredo Volpi Composição com uma bandeirinha Litografia sobre papel 40cm x 60cm s.d. 18 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Alfredo Volpi Composição, Bandeira do Brasil Óleo sobre tela 336cm x 280cm 1962 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 19
Antonio Bandeira Série Cidades Guache sobre papel 32cm 52cm s.d. 20 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Antonio Bandeira Anjos Aquarela sobre papel 27cm 52cm 1948 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 21
Antonio Bandeira Composição Aquarela e colagem sobre papel 33cm 48cm s.d. 22 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Antonio Bandeira Com as mãos do artista Guache sobre cartão 61cm 101cm s.d. ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 23
Candido Portinari Anchieta Óleo sobre tela 199cm x 150cm 1956 24 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Emiliano Di Cavalcanti Jarras e garrafas Óleo sobre tela 53cm 65cm 1957 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 25
Maciej Babinski Abstração Aquarela sobre papel 12cm 20cm 1954 26 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Maciej Babinski Abstração Aquarela sobre papel 12cm 20cm 1954 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 27
Maciej Babinski Abstração Aquarela sobre papel 12cm 20cm 1954 28 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Maciej Babinski Abstração Aquarela sobre papel 12cm 20cm 1954 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 29
Maciej Babinski Abstração Aquarela sobre papel 21cm 22cm 1954 30 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Maciej Babinski Santa Teresa Nanquim sobre papel 26cm 34cm 1961 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 31
Maciej Babinski Figuras Água-forte sobre papel 15cm 19cm 1963 32 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Mary Vieira Polivolume: evento elipsoidal Alumínio anodizado 200cm x 40cm x 10cm 1967/1970 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 33
Milton Dacosta Em vermelho Óleo sobre papel 33cm x 41cm 1960 34 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Milton Dacosta Série Vênus e Pássaros Óleo sobre papel 87cm x 143cm 1971 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 35
Vasco Prado Grande figura em repouso Terracota 53cm x 116cm x 64cm 1981 36 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Vicente do Rego Monteiro Atletas Óleo sobre papel sobre Eucatex 90cm x 120cm s.d. ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 37
Vicente do Rego Monteiro Composição Óleo sobre cartão sobre Eucatex 100cm x 70cm 1967 38 A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA
Vicente do Rego Monteiro Caos Óleo sobre cartão 100cm x 70cm 1962 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO 39
A exposição apresenta a trajetória das obras que compõem a COLEÇÃO DE ARTE DO MUSEU DE VALORES e conta com seis módulos que se sucederão por 24 meses. Módulo 2 ENTRE A FIGURAÇÃO E A ABSTRAÇÃO De terça-feira a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados: consulte o site http://www.bcb.gov.br/?arteacervo. O painel DESCOBRIMENTO DO BRASIL poderá ser apreciado pelos visitantes aos sábados. Próximo módulo O PODER DA ARTE