sumário apresentação introduçâo boletim sivva 1 ano o sivva e a vigilância de violências e acidentes no município

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Transcrição:

sumário 03 apresentação 1 04 introduçâo 05 boletim sivva 1 ano importância das violências e acidentes no perfil de saúde do município 08 o sivva e a vigilância de violências e acidentes no município 10 perfil dos casos registrados no sivva entre julho de 2008 e junho de 2009 16 adesão das unidades de saúde do município ao sivva 23 adesão das unidades de saúde ambulatoriais do município ao sivva 27 conclusão

apresentação 2 No Brasil o tema dos acidentes e violências foi introduzido na agenda política da saúde desde os anos 80, quando esses eventos eram a segunda causa de mortes no perfil da mortalidade geral, como apontado por estudiosos das causas externas. Em 16 de maio de 2001, o Ministério da Saúde cria a Política de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Esse documento contém a definição dos conceitos, o diagnóstico da situação, as diretrizes e as estratégias de ação intersetorial, ressaltando a responsabilidade do setor saúde em tratar desse fenômeno social. Em 18 de maio de 2004, por meio da portaria 936, o Ministério da Saúde, propõe a estruturação da Rede Nacional de Prevenção de Acidentes e Violências e Promoção da Saúde, que incentiva, por meio de orientações e recursos financeiros a organização dos Núcleos de Prevenção de Violências e Acidentes e Promoção da Saúde nos estados e municípios. Os Núcleos tem como linhas a construção de informação para a intervenção e a formação de redes de atenção às situações de violência. 3 Desde 2001, a Secretaria Municipal de Saúde- SMS desenvolve ações de enfrentamento às Violências e Acidentes, de maneira a integrar informação e assistência, no município de São Paulo. Hoje a SMS por meio da COVISA/CCD/DANT tem como desafio a construção da Vigilância de Acidentes e Violências e inicia esse processo em parceria com a COVISA/Núcleo de Informação no desenvolvimento do Sistema de Informação e Vigilância de Violências e Acidentes SIVVA-Web, para gerar informação de morbidade a partir das notificações realizadas pela rede de assistência. O Sistema de Informação e de Vigilância da Violência e Acidentes- SIVVA é construído tendo como referência a legislação vigente: Estatuto da Criança e do Adolescente ECA; Estatuto do Idoso; Lei Municipal que trata do Quesito Violência de Gênero no Sistema Municipal de Informações; Lei Maria da Penha; Lei nº 13.671 que trata do Programa de Informações sobre Vítimas de Violência no Município de São Paulo; Decreto 48.421/2007 e Portaria 1.328/2007. Gerência do Centro de Controle de Doenças Coordenação de Vigilância em Saúde

boletim introdução sivva1 ano importância das violências e acidentes no perfil de saúde do município Os desafios de se trabalhar a informação em saúde são muitos. Apesar de todos os esforços traduzidos em treinamentos, capacitações e sensibilizações, nota-se ainda a expressiva subnotificação e um grande número de notificações incompletas. No caso das Notificações de Situações de Violência isto torna-se ainda mais significativo. Os motivos são vários: a recente discussão sobre violência e saúde, o receio dos profissionais relacionado à falta de formação na área, à questão do sigilo profissional, entre outros. As causas externas de morbidade e mortalidade têm um importante impacto nos serviços de saúde no Município de São Paulo. Sua relevância pode ser assinalada pela magnitude observada, tanto no perfil de mortalidade, como na proporção de internações no Sistema Único de Saúde - SUS. 4 Na área da violência, comunicar o agravo não é simplesmente relatar um fato ou uma ocorrência, mas é comunicar algo complexo, multifatorial, que se dá no âmbito das relações interpessoais, que é reflexo da sociedade e de como essa lida com as desigualdades e com os conflitos produzidos por ela. Quando se desvela uma situação de violência abre-se uma série de circunstâncias para o profissional de saúde, de ordem social, legal, moral e ética que os remetem para fora do campo de atenção à saúde, salientando-se de imediato a necessidade da ampliação deste campo para ações intersetoriais. É importante destacar que as consequências da violência e dos acidentes atingem a população jovem, principalmente masculina. Gráfico 1 Óbitos por grupos de causas. Município de São Paulo, 2008. 5 O Sistema de Informação e de Vigilância da Violência e Acidentes SIVVA está sendo implantado por meio da construção de um Projeto de Enfrentamento da Violência, envolvendo os profissionais dos diversos níveis da atenção à saúde de forma descentralizada, apoiado por capacitações e discussões locais que estimulam a participação, o compromisso com o cuidado, a construção de redes locais e o trabalho intersetorial. O Boletim de Vigilância de Violência tem como objetivo a disseminação da informação. Faz parte da estratégia de construção da Vigilância de Violência no Município, contribui para sensibilizar e subsidiar o profissional de saúde, na ressignificação da informação e da coleta de dados visando a reorganização dos serviços. Este exemplar (número I) traz os resultados do Primeiro ano do Sistema de Informação e de Vigilância de Violência SIVVA- Web, trata da implementação do SIVVA e da construção do Tabnet-Violência, ferramenta para a tabulação de dados que facilita e estimula a construção da informação, como já foi observado nos treinamentos para a rede de vigilância. A proposta da equipe da COVISA/CCD/DANT e da equipe de Informação/COVISA, parceira e responsável pela viabilização do SIVVA e do Tabnet Violência e Acidentes, é que essa ferramenta passe a ser disponibilizada na Internet para que se amplie o acesso e as possibilidades da construção da informação a partir do banco de dados do SIVVA. A análise dos dados desse primeiro ano da implantação do SIVVA web surpreende pelo volume das notificações e pelo interesse dos profissionais em participar dessa construção, o que exalta a necessidade de tratar deste tema de tamanha relevância para a saúde. Mostra, desde já, vários aspectos: como a rede de saúde está se organizando no atendimento aos acidentes e às violências, como estes eventos incidem nas diferentes unidades e serviços de saúde, quais unidades estão mobilizadas ou silenciosas em relação a estes problemas, como as notificações e trabalhos na área se distribuem nas diferentes regiões do município, entre outros. Aqui está o resultado de um trabalho inicial, mas fundamental para que importantes aproximações com a rede de serviços aconteçam para melhorar a qualidade da atenção às vítimas de acidentes e violências. Equipe de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis - DANT Fonte: SIM. Disponível em http://www2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/tabnet

Gráfico 2 Óbitos por grupos de causas, sexo masculino, faixa etária 15-49 anos. Município de São Paulo, 2008. Gráfico 4 Internações no SUS no sexo masculino, faixa etária 15-49 anos. Município de São Paulo, 2008. 6 Fonte: SIM. Disponível em http://www2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/tabnet Gráfico 3 Internações no SUS (Exceto gravidez, parto e puerpério). Município de São Paulo, 2008. Fonte: SIM. Disponível em http://www2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/tabnet 7 Entretanto, os dados de mortalidade e morbidade hospitalar são limitados para a caracterização do perfil epidemiológico dos acidentes e violências, uma vez que as violências e acidentes que não chegam ao óbito ou internação não são captadas. Outro fator contribuinte para essa limitação é o fato da caracterização da vítima ser incompleta, não permitindo fazer a associação com fatores de risco importantes para as violências e acidentes, como o abuso de álcool, nem permitirem a sua localização espacial. Problemas insidiosos, como a violência doméstica crônica, se apresentam de maneira camuflada nos serviços de saúde. O passo seguinte, para a vigilância de violência e acidentes, é a criação de um sistema que capte a informação sobre os casos ambulatoriais e de pronto-socorro. O Município de São Paulo busca suprir esta lacuna de informação através do SIVVA Sistema de Informação para a Vigilância de Violência e Acidentes. Fonte: SIM. Disponível em http://www2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/tabnet

o sivva e a vigilância de violências e acidentes no município Gráfico 5 Série temporal dos casos de violência e acidentes registrados no SIVVA. Município de São Paulo, Jul/2008-Jun/2009 8 O SIVVA é um sistema concebido pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e desenvolvido pela Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo Prodam. Ele tem a finalidade de dar suporte à vigilância de violência e acidentes, atendendo assim às legislações de âmbito federal, estadual e municipal que dispõem sobre a notificação de casos suspeitos ou confirmados de violência que chegam aos serviços de saúde. A informação trazida pelo SIVVA se agrega às informações trazidas pelo Sistema de Informação de Mortalidade - SIM, o Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH- SUS e outros sistemas de informação, para formar o perfil dos acidentes e violências no Município de São Paulo. Gráfico 6 Série temporal dos casos de violência e acidentes registrados no SIVVA, destacando os 3 principais notificadores. Município de São Paulo, Jul/2008-Jun/2009 9 Após um piloto na Supervisão Técnica de Saúde de Pirituba-Perus, no ano de 2006, o SIVVA tornou-se disponível para toda a rede de serviços de saúde a partir do dia 1 de julho de 2009. As unidades foram aderindo pouco a pouco, atingindo 22.569 registros no final do primeiro semestre de 2009. No mês de junho de 2009 foi atingido o maior número mensal de registros 3.409. Observe-se que a curva da série temporal dos registros no SIVVA é definida em grande parte, pelos três principais notificadores: os Hospitais Municipais de São Miguel (Tide Setúbal), Tatuapé (Cármino Caricchio) e Campo Limpo (Fernando Mauro Pires da Rocha). Os mesmos são responsáveis por 58,7% das notificações no município.

perfil dos casos registrados no sivva entre julho de 2008 e junho de 2009 Tabela 2 Número de casos de violência e acidentes notificados, por faixa etária da vítima, segundo sistema de captação da informação. Município de São Paulo, Jul/2008-Jun/2009 O SIVVA trabalha com a seguinte tipologia de causas de violência, baseada na Classificação Internacional de Doenças (CID-10): 10 1. 2. 3. 4. 5. acidentes de trânsito causa não intencional de lesão, envolvendo veículos motorizados e não motorizados de grande ou pequeno porte (V01-V99); outros acidentes causa não intencional de lesão, exceto acidentes de trânsito ex.: quedas, choques elétricos, manuseio de pérfuro-cortantes, etc. (W00-X59); auto-agressão violência cometida contra si próprio ex.: tentativa de suicídio (X60-X84); agressão por terceiros violência cometida por uma pessoa contra outra (X85-Y09) ; evento de intenção indeterminada não foi possível estabelecer se a lesão foi provocada intencionalmente ou não (Y10-Y34). / SIH-SUS As duas bases de dados também apresentam diferenças, no que diz respeito ao sexo e a faixa etária das vítimas de acidentes e violência. O SIVVA parece ser mais sensível para captar a violência sofrida por menores e mulheres que o SIH-SUS. Isto sugere que a implantação do SIVVA, ao dar ênfase a notificação da violência doméstica, provocou um viés no sistema, o que pode ser interpretado de forma positiva. 11 No primeiro ano de existência do SIVVA, o maior número de notificações foi de agressões por terceiros. A informação é distinta do SIH-SUS, que representa as internações hospitalares pagas pelo Sistema Único de Saúde (AIH-autorizações de internações hospitalares). No SIH-SUS predomina o grupo das lesões acidentais, exceto acidentes de trânsito. Tabela 3 Número de registros de violência e acidentes segundo sexo da vítima e sistema de captação da informação. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Tabela 1 Número de casos de violência e acidentes notificados, por causa da lesão, segundo sistema de captação da informação. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 / SIH-SUS As informações socioeconômicas representam um registro bastante deficiente no SIVVA, o que pode ser mais bem observado em relação ao preenchimento do item raça-cor e particularmente, o item escolaridade. Embora as categorias não informada para raça-cor e escolaridade representem 48% e 62,3 %, respectivamente (o que invalidaria conclusões sobre a tabela), os dados podem sugerir uma maior concentração das categorias pardo/negro e escolaridade de 4 a 7 anos e 8 a 11 anos semelhante à população SUS-dependente. Caso isso seja verdade, poderia ser explicado pelo fato de que hospitais do SUS são os principais notificadores no sistema. / SIH-SUS

Tabela 4 Número de registros no Sivva, segundo raça/cor da vítima. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Gráfico 7 Distribuição dos casos notificados de violência e acidentes por Distrito Administrativo de residência. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Tabela 5 Número de registros no Sivva, segundo escolaridade da vítima. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 12 13 No que diz respeito à localização dos casos no espaço, se observa uma maior concentração de casos notificados em uma faixa que vai do norte da CRS Leste até o norte da CRS Sudeste; outros agregados de distritos administrativos com grande número de casos ocorrem a oeste da CRS Sul e na CRS Norte. Esta última tem uma concentração alta de casos, segundo local de residência e estão mais uniformemente distribuídos (gráfico 7). A distribuição dos casos segundo local de ocorrência é semelhante à distribuição segundo local de residência, embora o número de endereços localizados seja muito menor (gráfico 8). O dado parece demonstrar um viés dos grandes notificadores os casos residentes e ocorrentes tendem a se concentrar a redor dos hospitais que tem um maior número de registros no SIVVA os Hospitais Municipais do Campo Limpo (pertencente à área da Suvis M Boi-Mirim), Tatuapé (Suvis Mooca-Aricanduva) e o Hospital Tide Setúbal (Suvis São Miguel) (gráfico 9). Frequência até 20 20 -- 50 50 -- 200 200 -- 2.000

Gráfico 8 Distribuição dos casos notificados de violência e acidentes por Distrito Administrativo de ocorrência. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Gráfico 9 Distribuição dos casos notificados de violência e acidentes por Suvis de atendimento. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 14 15 Frequência até 20 20 -- 50 50 -- 200 200 -- 2.000 Frequência até 100 100 -- 500 500 -- 3.000 3.000 -- 5.790

adesão das unidades de saúde do município ao sivva Tabela 6 Ranking das primeiras 20 unidades de saúde por número de registros no Sivva. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Devido à sua própria natureza estes agravos são atendidos, na maioria das vezes, em serviços de pronto-atendimento. No Município de São Paulo, este tipo de serviço é prestado principalmente por hospitais e alguns pronto-socorros isolados. A adesão ao novo sistema foi maior entre os hospitais do SUS, particularmente aqueles sob gestão municipal, em relação aos de gestão estadual. Gráfico 10 Registros no Sivva por nível de gestão do SUS. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 16 17 Entre os hospitais do SUS, alguns dos principais serviços que internam pacientes vítimas de acidentes e violências não apresentam número correspondente de notificações (Tabela 7). A adesão dos pronto-socorros municipais ainda é irregular e a dos hospitais privados, incipiente: apenas sete hospitais privados, não conveniados com o SUS, notificaram ao SIVVA no seu primeiro ano (Tabela 8).

Tabela 7 Ranking dos 20 primeiros hospitais do SUS, segundo número de AIH pagas por causas externas de morbidade e mortalidade e número de registros no SIVVA. Município de São Paulo, Julho de 2008 a Junho de 2009 Tabela 8 Hospitais privados sem convênio SUS, segundo SUVIS: número de registros no SIVVA. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Tabela 9 Pronto-socorros municipais, segundo SUVIS: número de registros no SIVVA. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 18 19 e SI-AIH

Apesar de quatro hospitais municipais próprios serem os principais notificadores no sistema, vários apresentam um número pequeno de registros no Sivva, em comparação com o número de AIH por causas externas de morbidade e morbidade geradas. Essa relação de registros no Sivva/registros de causa externa na AIH pode variar de 8 registros no Sivva para cada AIH até 1 registro no Sivva para cada 40 AIH. Tabela 8 Ranking das primeiras 5 unidades de saúde segundo Região, nível de gestão e registros de agressões por terceiros. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Tabela 10 Hospitais municipais próprios, segundo SUVIS: número de AIH pagas por causas externas de morbidade e mortalidade e número de registros no SIVVA. Município de São Paulo, Julho de 2008 a Junho de 2009 Tabela 9 Ranking das primeiras 5 unidades de saúde segundo Região, nível de gestão e registros de auto-agressão. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 20 21 Tabela 10 Ranking das primeiras 5 unidades de saúde segundo Região, nível de gestão e registros de acidentes de trânsito. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 e SI-AIH Parecem haver unidades mais sensíveis para a notificação de alguns tipos de violência que outros. Entre os principais notificadores, os Hospitais Tide Setúbal e Tatuapé tem um perfil de notificação semelhante à distribuição de AIH do hospital, com a predominância dos acidentes, exceto de trânsito. O Hospital do Mandaqui também tem um perfil semelhante, com uma proporção relativamente alta de eventos de intenção indeterminada. O Hospital do Campo Limpo é um bom notificador de auto-agressão, agressão por terceiros e acidentes de trânsito, mas tem um registro muito pequeno de outros acidentes. O Hospital Alípio Correa Netto é um bom notificador de agressão por terceiros, e um notificador regular de acidentes de trânsito e outros acidentes.

Tabela 11 Tabela 12 Ranking das primeiras 5 unidades de saúde segundo Região, nível de gestão e registros de acidentes (exceto trânsito). Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Ranking das primeiras 5 unidades de saúde segundo Região, nível de gestão e registro de eventos de intenção indeterminada. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 adesão das unidades de saúde ambulatoriais do município ao sivva 22 A violência notificada pelas unidades de atenção primária, como as UBS (Unidade Básica de Saúde) e AMA (Assistência Médica Ambulatorial) representam um universo importante, uma vez que a violência doméstica é considerada agravo prioritário para a vigilância. Esta se apresenta em formas mascaradas, exigindo da unidade de saúde uma estrutura ótima para fazer o diagnóstico preciso e acolher o caso. Excetuando-se a principal unidade ambulatorial notificadora, a Casa de Isabel, que é um serviço privado, conveniado com a Prefeitura de São Paulo, especializado em violência, o número de notificações em unidades ambulatoriais é pequeno. Dentre estas notificações, a maior parte vem de unidades UBS/AMA. A média de notificações por unidade varia muito dentro do município. Um número de notificações ainda menor é o das unidades ambulatoriais especializadas: os ambulatórios de especialidades, CAPS e serviços de atendimento de DST-AIDS. 23

Tabela 18 Suvis por número de UBS e AMA, número de registros e média anual de registros por UBS/AMA. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 Tabela 19 Distribuição do número de registros segundo UBS/AMA(*) e Suvis. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 24 25 (*) Não é possível a separação dos registros das UBS e AMA, pois no ano de 2008 as mesmas tinham o mesmo número no Código Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).

Tabela 20 Distribuição de número de registros no SIVVA por Unidades ambulatoriais, que não UBS/AMA, segundo Suvis. Município de São Paulo, Jul/2008 - Jun/2009 conclusão 26 A dinâmica do SIVVA, neste ano de sistema web, mostrou que é necessário um trabalho permanente relativo à qualidade da informação. Os treinamentos do TABNET e os trabalhos das SUVIS no processo de integração com a rede assistencial indicaram a necessidade de melhora na completude de preenchimento de campos de dados. Como acontece com outros sistemas de informação e de notificação, é preciso comparar a análise do SIVVA com a de outros bancos de dados para melhorar a informação epidemiológica. Além da informação sobre os casos de violência e/ou acidentes atendidos e notificados pela rede de serviços é necessário considerar os dados de mortalidade (SIM/ PROAIM), os de morbidade hospitalar (SIH), os dados demográficos e populacionais, e as informações relativas ao atendimento na atenção básica. Também é importante conhecer as pesquisas acadêmicas existentes sobre o impacto da violência em todos setores da sociedade. 27 O esforço continuado de implantação do sistema incluiu o treinamento de cerca de 180 profissionais das SUVIS e dos serviços e a disponibilização de equipamentos de informática, a partir de maio de 2008. No ano de 2009 ocorreram novos treinamentos com o envolvimento de cerca de 60 profissionais, para o uso do TABNET e TABWIN, como ferramenta de tabulação dos dados e produção de gráficos e tabelas. Com mais de 31.000 notificações ocorridas até o momento de finalização deste boletim (outubro de 2009) a informação gerada pelo SIVVA tem servido como base para análises que contemplam a organização dos serviços. As análises preliminares apontam para a necessidade de ampliação do sistema na rede assistencial, para articulação de redes sociais de enfrentamento e prevenção de violências e acidentes na cidade de São Paulo além de levantarem mais elementos para a elaboração de propostas para a vigilância de violências e acidentes. Subrgerência de Doenças e Agravos NãoTransmissíveis Núcleo Técnico de Informação emvigilância em Saúde