Política de desenvolvimento profissional docente na universidade: contributos da formação continuada didático-pedagógica 1



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Transcrição:

Política de desenvolvimento profissional docente na universidade: contributos da formação continuada didático-pedagógica 1 Kaline Valeria Pereira Silva 2 Universidade Federal de Pernambuco kalinevps@gmail.com Kátia Maria da Cruz Ramos 3 Universidade Federal de Pernambuco katiamcramos@gmail.com Resumo Apesar de ainda relegado a um plano secundário na sua relação com o conhecimento da área de atuação específica, inclusive alvo de conflito e de tensões, no âmbito da docência universitária o conhecimento didático-pedagógico vem adquirindo um novo estatuto, nomeadamente em decorrência da oferta de ações de formação continuada didáticopedagógica. Neste quadro, compreendendo essas ações como um espaço privilegiado de reflexão sobre a docência e tendo em conta um programa de desenvolvimento profissional docente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), institucionalizado pelo Núcleo de Formação Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE), este estudo resulta de uma pesquisa objetivada para identificar contribuições de ações de formação continuada no processo de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico na docência universitária, especificamente junto a professores do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) da UFPE. E os dados recolhidos, apoiados na perspectiva de pesquisa qualitativa, ratificam que tanto a oferta como a busca pelas referidas ações por si já apontam para uma (re)configuração de saberes e de fazeres docentes no sentido de indiciar um lugar para o conhecimento didático-pedagógico no âmbito da docência universitária e sua implicação no processo de implementação de políticas de desenvolvimento profissional docente na universidade. Palavras-chave: Desenvolvimento profissional docente universitário. Docência Universitária. Formação Continuada Didático-Pedagógica. 1 A apresentação deste trabalho contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Programa de Apoio a Eventos no Exterior. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGE/UFPE). 3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da UFPE, membro do Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE) e membro colaborador do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Universidade do Porto (U.Porto). 1

Introdução Das inúmeras alterações ocorridas no final do século XX, no cenário da Educação Superior, decorrentes principalmente das exigências postas pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UNESCO em 1998 e reafirmadas em 2003, respectivamente através da Declaração Mundial da Educação Superior para o século XXI e do documento Educação Superior: reforma, mudança e internacionalização, o movimento de atenção à mediação didática por parte da docência universitária tem vindo a ampliar-se e a indiciar um lugar para o conhecimento didático pedagógico apesar deste conhecimento ainda estar longe de superar a condição de relegado a um plano secundário na relação com o conhecimento da área de atuação específica. Nesse contexto, uma crescente procura por ações de formação continuada didáticopedagógica e mobilização institucional para viabilizar a oferta de ações desta ordem, tem vindo a justificar o investimento em programas de desenvolvimento profissional docente universitário. Fato que vem ratificando a pertinência de uma reflexão sobre contribuições de ações de formação continuada no processo de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico na docência universitária. No quadro desta compreensão e tendo como ponto de partida observações realizadas no período de julho/2009 a fevereiro/2011, como bolsista de iniciação científica acompanhando ações de formação didático-pedagógica, o presente estudo congrega dados de uma investigação desenvolvida junto a professores do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) do campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que participaram de ações ofertadas no âmbito do processo de institucionalização do programa de desenvolvimento profissional docente na UFPE iniciado no ano 2000 com a implementação do Projeto de Atualização Didático-Pedagógica para Professores da UFPE e institucionalizado pelo Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE). Sobre a formação didático-pedagógica para docentes universitários O fato de a docência universitária ter por base uma formação diversificada, ou seja, não ser específica para o exercício docente, vem sendo objeto de debate desde final do século passado. Neste sentido, é possível identificar que para o exercício docente universitário, tradicional e legalmente, a exigência recaí exclusivamente numa formação baseada nos saberes do conteúdo, valorizando a especialidade na área de conhecimento e relegando a um 2

plano secundário questões de ordem didático-pedagógica (Chamlian, 2003; Cunha, 2006). Nesse contexto, o potencial de produção acadêmica torna-se parâmetro evidenciado principalmente pelo valor atribuído à produção considerada científica. E a reflexão sobre o ensino pouco estimulada. No entanto, diante da revolução tecnológica que ocasionou uma explosão dos conhecimentos em todas as áreas facilitando o acesso à informação possibilitando a descentralização do conhecimento, a docência universitária começa a voltar o olhar para questões de ordem didático-pedagógica. Principalmente em razão de um processo explicado por Zabalza (2004) como resultante da massificação e progressiva heterogeneidade dos estudantes até a redução de investimentos; [...] Tudo isso repercutiu de forma substancial no modo como as universidades organizam seus recursos e atualizam suas propostas de formação (p. 22). Nesse cenário é exigida da docência universitária a compreensão do processo de ensino-aprendizagem como elemento principal da ação docente e a docência como uma atividade profissional que exige a condição de saber justificar as ações desenvolvidas, recorrendo a uma base de conhecimentos fundamentados, a uma argumentação teoricamente sustentada (Cunha, 2007, p. 16). Por tal razão inicia-se um movimento de oferta de ações de formação continuada didático-pedagógica. E estudos que se debruçam sobre esse fenômeno, dentre outros, Bordas (2005), Cordeiro e Melo (2008), têm contribuído para a análise e reflexão dessas ações na vida profissional do professor universitário. Esses estudos também vêm contribuindo para ratificar o sentido dessa formação continuada quando se configura como um espaço privilegiado de reflexão em que o docente universitário tem a possibilidade de dialogar com os conhecimentos que não estiveram presentes em sua formação stricto sensu. A esse respeito Ramos (2010) aponta que ações de formação dessa ordem têm possibilitado ao professor universitário a oportunidade de refletir sobre o seu exercício docente ao se deparar com realidades diversas, mas que fazem parte da sua própria realidade, experiências que se completam na medida em que o outro passa a se enxergar na fala de quem fala. Pois, conforme Leite e Ramos (2008), o sentido do conhecimento didático-pedagógico reside em possibilitar uma compreensão das interações humanas, no âmbito do caráter mediador do ensino e das suas relações [...] tanto no que se refere à expressão de um ideário pedagógico, como à implicação desse trabalho no processo dos diálogos existentes e possíveis (p. 259),. 3

E, tratando sobre efeitos de um programa de aperfeiçoamento pedagógico no desempenho dos professores ingressantes, Bordas (2005) aponta para a pertinência de reflexões em torno de questões que tratam do significado de ser um profissional professor e ensinar na universidade. Porém, desencadear essa reflexão é um desafio. Pois, conforme Cunha (2006), embora os docentes universitários reconhecerem carências quanto aos saberes relacionados ao exercício da profissão, ainda continuam a reforçar o território do conhecimento específico como o principal esteio de sua docência (p. 262). Por essa razão a formação continuada, especificamente didático-pedagógica, é vista como um caminho possível para o reconhecimento de um lugar do conhecimento didáticopedagógico na docência universitária, na medida em que esta formação possua uma base construída com as possíveis necessidades de seus protagonistas. Ou seja, uma preparação pedagógica que conduza a uma reconstrução de sua experiência pode ser altamente mobilizadora para a revisão e construção de novas formas de ensinar (Pimenta e Anastasiou, 2008, p.250). É nesse sentido que o estudo ora apresentado visa trazer elementos para o debate acerca da importância da reflexão sobre o reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico na docência universitária, no que diz respeito aos contributos das ações de formação continuada na sua relação com processos de (re)significação deste lugar. Sobre o levantamento dos dados O presente estudo teve como objeto de análise ações de formação didático-pedagógica ofertadas no âmbito do um programa de desenvolvimento profissional docente na UFPE, através do Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE), especificamente junto a professores da área do Centro de Tecnologia e Geociências do Campus Recife que participaram de ações promovidas por esse Núcleo. O NUFOPE constitui-se num espaço institucional de estudos, pesquisas e produção acadêmica, acerca da docência no contexto da universidade, que desenvolve ações de formação continuada junto aos professores das diversas áreas do conhecimento da UFPE. Esse Núcleo enquanto ideário iniciou o seu processo de concepção no período de 2000 a 2005 com o desenvolvimento do Projeto de Atualização Didático-Pedagógico, em que as ações de formação tinham uma carga horária curta de 20 horas e seminários temáticos 4

pontuais. Entre 2005 e 2007, no âmbito de uma iniciativa da PROACAD 4, esse Projeto passou a integrar o Programa de Formação Continuada dos Professores da UFPE, ampliando a sua área de atuação para o Centro Acadêmico de Vitória e o Centro Acadêmico de Caruaru (UFPE, 2008). Decorrente de uma avaliação positiva do desenvolvimento desse projeto e da pertinência de institucionalizar um programa de desenvolvimento profissional docente da UFPE, veio a oportunidade de materializar o NUFOPE, o qual desde 2008 vêm desenvolvendo ações sistemáticas em torno da temática da Docência Universitária. Investindo em estudos, pesquisa, socialização de experiências e tendo como uma das principais ações o Curso de Atualização Didático-Pedagógica, agora congregando uma carga horária maior dividida em dois módulos conforme está apresentado na Tabela 1. Tabela 1 Organização do curso de atualização didático-pedagógica do NUFOPE Primeiro módulo - Iniciação à formação continuada (presencial) Objetivos das atividades Carga horária (24h)/ Realização Proposta a) Reflexão teórica acerca dos saberes e da 3 horas de simpósio aberto à Requisito para o identidade do professor universitário; comunidade acadêmica da UFPE; segundo módulo. b) Contextualização das práticas pedagógicas. Curso de Atualização Didático- Pedagógica, com 21hora. Segundo módulo - Formação continuada semi-presencial Atividades realizadas Carga horária (21h)/ Realização Proposta O professor-formando realiza o registro de 10 horas de atividades realizadas Estimular no docente a aprendizagens realizadas no seu campo de em campo; compreensão da atuação (sala de aula), num diário de campo. globalidade e das particularidades das Esta atividade realizada em grupos de 9 horas para socialização e relações entre trabalho e em plenária para o teorização das sínteses individuais universidade, aprofundamento da temática Fundamentos elaboradas pelos participantes. sociedade, professor da docência universitária e sua organização. universitário, docência, ensino-aprendizagem, planejamento e Encerramento do curso 2 horas para a realização da avaliação, a partir do palestra de encerramento. contexto que o docente está inserido. Fonte: Proposta do NUFOPE (UFPE, 2008) Observa-se que a proposta de ações do NUFOPE compreende a docência universitária num contexto que tem exigido dos professores um repensar sobre a e na prática, considerando a docência uma prática multidimensional que não se dá de forma isolada, nem distante das subjetividades dos sujeitos (UFPE, 2008, p. 9). 4 Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (PROACAD). 5

Em relação aos sujeitos da pesquisa, os professores são da área do Centro de Tecnologia e Geociências que participaram de ações ofertadas na UFPE, que foram escolhidos pelo fato de pertencerem a uma área que tradicionalmente se apoia no paradigma newtoniano-cartesiano no caso, enfrentando o desafio de lidar com o referencial didáticopedagógico na perspectiva de formação continuada (Cunha, 1998). Com base nos dados fornecidos pelo NUFOPE, verificou-se que 44 (quarenta e quatro) professores do CTG haviam participado de ações de formação continuada didáticopedagógica na UFPE. Esses foram contactados através do correio eletrônico, mas desse total apenas 25 responderam o questionário. Desses 25 professores foram entrevistados 11. Para sistematizar a análise dos dados recolhidos o estudo recorreu à análise temática, considerando os seguintes eixos: expectativas relativas à formação, repercussões das ações e reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico. Considerando os aspectos pertinentes aos objetivos específicos deste estudo: a) razões que mobilizaram professores do CTG a participarem de ações de formação continuada didático-pedagógica; b) limites e possibilidades de ações de formação continuada no processo de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico; c) as implicações de ações de formação continuada na (re)significação de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico. Sobre os resultados encontrados No que diz respeito às razões que mobilizaram os professores do Centro de Tecnologia e Geociências a participarem de ações de formação continuada didáticopedagógica, foram identificados tanto no questionário quanto na entrevista, pontos que ressaltam as expectativas em relação às ações de formação. Os sujeitos da pesquisa ressaltam que a busca por ações de formação continuada didático-pedagógica explica-se principalmente pela necessidade de adquirir novos conhecimentos e de reflexão. Indicando uma preocupação do professor em rever o seu saberfazer e o reconhecimento de uma lacuna, não suprida pelo mestrado e doutorado, de dar conta dos fundamentos da mediação didática, como expressa a seguinte colocação: Para mim não foi um curso de atualização, foi o primeiro curso didático-pedagógico que eu fiz na minha vida. Então, eu achava isso importante pra me ajudar (pausa) nesta parte de lecionar aqui na universidade. Neste contexto, ao serem questionados se o proposto pelo NUFOPE, no curso de atualização didático-pedagógica havia atendido as expectativas, alguns sujeitos da pesquisa 6

ressaltam que o curso trouxe elementos novos acerca da atividade docente, que eles não esperavam, pois depararam-se com uma proposta de formação, que o objetivo não se resumia em transmitir técnicas, mas sensibilizar os docentes através da reflexão e do dialogo, quanto o seu papel como docente universitário, necessitando assim que estes fossem receptivos as ações de atualização didático-pedagógica. Diante das expectativas dos sujeitos considerados quanto às ações de formação continuada, ratifica-se a afirmativa de Bordas (2005, p.4) no sentido de que há indícios fortes de que algo se está fazendo em prol de uma mudança que valorize o ensinar. As colocações dos sujeitos ainda permitem concordar com Pimenta e Anastasiou (2008, p. 82) quando apontam que de certa maneira, há um reconhecimento de que, para saber ensinar, não bastam a experiência e os conhecimentos específicos, mas se fazem necessários os saberes pedagógicos e didáticos. No que diz respeito aos limites de ações de formação continuada no processo de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico, foram destacados pontos que diz respeito às repercussões de ações de formação continuada, a partir das experiências vivenciadas pelos sujeitos da pesquisa na formação e no seu saber-fazer docente. No contexto do desenvolvimento das atividades docentes após o curso de atualização didático-pedagógica, a maioria dos sujeitos da pesquisa encontraram na prática o desafio de reconfigurar o saber-fazer docente. Fato este ressaltado nas entrevistas, pelo limite de levar adiante a reflexão desencadeada no contexto das ações do NUFOPE em razão das peculiaridades do Centro de Tecnologia e Geociências. Essas peculiaridades dizem respeito, entre outras, as questões de infraestrutura As condições de trabalho que aqui em engenharia são cruciais, ah, os materiais que são oferecidos pro nosso trabalho em sala de aula não acompanha a evolução tecnológica e aí fica meio difícil a gente aplicar certas coisas. E sobre as questões de funções acumuladas que dificultam uma reflexão sobre o trabalho docente: Na verdade a gente é sobrecarregado, com todas as atividades que a gente tem que fazer, e aí, acaba não sobrando muito tempo pra [...] Desconstruir e construir a minha aula, eu gostaria de ter mais tempo pra preparar aulas, e aulas cada vez melhores. São peculiaridades que ressaltam desafios a serem enfrentados pelo NUFOPE para uma aproximação com professores dessa área, devido à própria característica dos sujeitos em relação à área de conhecimento que atuam, e a formação acadêmica. Seguido também da falta de reconhecimento do conhecimento didático-pedagógico por parte dos departamentos e 7

colegas de trabalho, fato este evidenciado quando em entrevista, quanto o lugar do conhecimento didático-pedagógico no Centro/Departamento, colocam a inexistência deste lugar, em que não é um lugar muito privilegiado não aqui, nem no Centro nem no Departamento. Os dados quanto à repercussão de ações de formação que destacam os limites destas no processo de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico, alerta para a necessidade de ações de formação continuada que persistam na reflexão acerca do saber-fazer docente, considerando as peculiaridades do grupo, as características do público alvo. Embora seja este um fato observado anteriormente em relação à proposta do Núcleo de Formação Didático-Pedagógica, as colocações dos professores chamam atenção para uma reflexão, revisão ao elaborar as ações. Mas no contexto das repercussões das ações foram também revelados pontos relevantes que demonstram as possibilidades de ações de formação continuada no processo de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico. Os sujeitos da pesquisa destacam que o curso de atualização didático-pedagógica, proporcionou novos olhares sobre a prática docente, e reconhecem que passaram a refletir sobre o saber-fazer docente. Identifica-se também que alguns professores expressam que passaram a sentir segurança em sala de aula, reconhecendo a necessidade das ações de atualização didáticopedagógica em sua formação na medida em que possibilitam conhecimentos necessários ao seu saber-fazer docente reafirmando o que Leite e Ramos (2008, p. 257) ressaltam no sentido de que a docência exige um conhecimento que possibilite uma compreensão dos fundamentos que dão suporte ao exercício da docência universitária. Seguindo essa lógica, pode-se afirmar também que as ações do NUFOPE estimulam o dialogo entre os docentes de diferentes áreas de conhecimentos, reconhecido pelos sujeitos como algo interessante, que possibilita enxergar desafios comuns e socializar experiências, como é ressaltado na seguinte colocação Eu achei muito bom porque, como eu nunca tinha discutido nada dentro desta área de didática, então pela primeira vez eu pude ter contato com outros professores [...]. O que acontece é que todos os problemas são praticamente os mesmos em todas as áreas [...]. Neste sentido, existe o reconhecimento de que uma proposta de formação que promova trocas de experiências entre os docentes pode possibilitar superar aos poucos o 8

desafio de lidar com o outro. Ainda é possível afirmar que as ações de formação continuada vêm possibilitanto o reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico. Esses dados indicam possibilidades do reconhecimento de um lugar do conhecimento didático-pedagógico, e ratificam a dupla função desafiante das ações apresentada por Ramos (2010, p. 89) em termos de configuram-se como espaço que possibilite contribuir para desconstruir a concepção de docente como profissional de um saber e fornecer elementos estruturantes para que os docentes se compreendem e se assumam como profissionais de ensino. Trata-se pois de possibilitar ao docente percebe-se como um articulador e orquestrador do processo ensino-aprendizagem, possibilitado assim conforme Bordas (2005, p.14) desmistificar a facilidade do ensinar, conceituado e vivido como o simples ato de transmitir informações, explicitando sua intencionalidade, sua complexidade e suas exigências. Neste sentido, tratando sobre a (re)significação de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico após as ações de formação continuada, embora este lugar antes dos sujeitos frequentarem o curso de atualização didático-pedagógica, estivesse num lugar inferior ao conhecimento específico, e que muitas vezes a figura do professor ideal que apoiava a prática docente, conforme o depoimento apresentado: Neste período todo eu nunca tive nenhum, estudo desta parte didática, o que a gente sabe é só pela experiência mesmo, sabe assistindo aula, vendo os professores e depois quando eu comecei realmente a lecionar e ai eu fui me interessando [...]. Os dados apontam para a pertinência da UFPE investir num programa institucional de desenvolvimento profissional docente, pois, conforme os dados recolhidos, as ações de formação possibilitam alterações na atuação docente. Pois, existe uma necessidade do reconhecimento institucional quanto os aspectos pedagógicos para que os professores universitários levem em conta a sua importância (Chamlian, 2003). Observa-se que após frequentar o curso de atualização didático-pedagógica, a atuação docente, dos sujeitos considerados, uma tendência a sair do estado em que se encontrava antes do curso, seja na intenção de fazer diferente, seja na busca de refletir sobre a prática. Aspectos traduzidos na resposta apresentada no questionário, como Conscientização de que ensino aprendizagem requer muito mais que técnicas e sim vivenciar através de diálogos e maior conhecimento dos alunos seus problemas e dificuldades no aprendizado. 9

Vale ressaltar que aqueles que dizem que a atuação dos professores continua no mesmo lugar após a formação didático-pedagógica, como exemplo a seguinte afirmativa Pouco porque nesse primeiro módulo eles estavam falando só de umas teorias de educação. Aí a gente não entendo nada de teoria de educação, nem de coisa nenhum. Ninguém tem formação pra isso e nem num dia se aprende teoria de educação, apontam para a necessidade de superação da visão de que ações pontuais dão conta de magicamente promoverem uma ressignificação de saberes e reconfiguração de fazeres. Nota-se que as implicações de ações de formação continuada na (re)significação de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico, constitui-se num processo de reconhecimento que tem ocorrido mediante, conforme Fernandes (1999, p. 179), uma desinstalação, uma insatisfação, um desequilíbrio que rompe com a racionalidade única do paradigma dominante. Levando a supor que os sujeitos da pesquisa iniciaram um processo de reconhecimento da pertinência do conhecimento didático-pedagógico. Considerações Finais Retomando ao objetivo que conduziu este trabalho é possível afirmar que as ações de formação continuada didático-pedagógica vêm contribuído no movimento de reconhecimento de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico, por parte de alguns professores do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE. Sendo necessário reconhecer que as ações dessa ordem possuem seus limites, pois se configura como uma atividade que vai de encontro com uma cultura em que comunga com a crença de que para ser docente não é necessária uma formação, além dos desafios que constituem a universidade no seu sentido amplo, que repercute no saber-fazer docente. Diante do exposto pode-se afirmar que o movimento de busca por ações de formação continuada didático-pedagógica por si já indicia um reconhecimento do conhecimento didático-pedagógico. E que os dados aqui apresentados apontam para a pertinência da oferta de ações tanto para um público diversificado como para um público específico, em termos de área do conhecimento e para a necessidade da formação ter um princípio de continuidade ratificando o objetivo do NUFOPE de configurar-se como objeto de investigação e intervenção. E, mais ainda, aponta para o imprescindível apoio institucional, do poder central e no âmbito do compromisso no e entre os departamentos, no sentido da compreensão de que as ações de formação didático-pedagógica representam um lugar privilegiado para tratar de 10

questões que são de interesse geral e particular de todos os que fazem a universidade. Pois esse apoio fortalecerá o movimento dos professores de saírem do distanciamento individual para um reconhecimento institucional de um lugar para o conhecimento didático-pedagógico. Referências Bordas, Mérion (2005). Formação de professores do ensino superior: aprendizagens da experiência. 28ª Reunião Anual da ANPEd. Recuperado em 25 de Fevereiro, 2011, de http://www.anped.org.br/28/textos/gt11/gt111432int.rtf. Chamlian, Helena (2003). Docência na universidade: professores inovadores na USP. Cadernos de Pesquisa, 118, 41 64. Cunha, Maria Isabel (1998). O professor universitário na transição de paradigmas. Araraquara: JM Editora. Cunha, Maria Isabel (2006). Docência na universidade, cultura e avaliação institucional: saberes silenciados em questão. Revista Brasileira de Educação. 11 (32), 258 271. Cunha, Maria Isabel (2007). O lugar da formação do professor universitário: a condição profissional em questão. In Maria Isabel da Cunha (Org.). Reflexões e práticas em pedagogia universitária (pp. 11 26). Campinas, SP: Papirus. Cordeiro, Telma & Melo, Márcia (Orgs.) (2008). Formação pedagógica e docência do professor universitário: um debate em construção. Recife: Ed. Universitária da UFPE. Fernandes. Cleoni (2001). Docência universitária e os desafios da formação pedagógica. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 5 (9), 177 182. Leite, Carlinda & Ramos, Kátia (2008). De um lugar de exclusão ao reconhecimento de um lugar: questões pedagógio-didáticas na universidade do Porto. In Telma Cordeiro & Márcia Melo (Orgs.). Formação pedagógica e docência do professor universitário: um debate em construção (pp. 243 274). Recife: Ed. Universitária da UFPE. Pimenta, Selma & Anastasiou, Léa (2008). Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez Editora. Ramos, Kátia (2010). Reconfigurar a profissionalidade docente universitária: um olhar sobre ações de atualização pedagógica-didática. Porto: U.Porto editorial. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (1998). Declaracion Mundial sobre la Educación Superior en siglo XXI: visión y acción. Recuperado em 24 de Fevereiro, 2010, de http://www.unesco.org/education/educprog/wche/declaration_spa.htm. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (2003). Conferência Mundial sobre Educação Superior +5, Paris, 2003. Educação superior: reforma, mudança e internacionalização. Anais. Brasília: UNESCO Brasil, SESU. Universidade Federal de Pernambuco/Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos/Centro de Educação/Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino (2008). Proposta do Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE. Recife: UFPE. Zabalza, Miguel (2004). O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre: Artmed. 11