DISCURSO DA DIRETORA REGIONAL DA OIT, ELIZABETH TINOCO I CONFERÊNCIA NACIONAL DE EMPREGO E TRABALHO DECENTE BRASÍLIA, DF, 8 DE AGOSTO DE 2012 1. É uma grande satisfação e honra dirigir-me a esta Primeira Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente. 2. Em nome do Diretor Geral da OIT, Juan Somavia, e do Diretor Geral Eleito, Guy Ryder, gostaria de cumprimentar a Presidenta Dilma Rousseff, o Ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, o Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência (nessa ocasião representando a Presidenta Dilma Roussef) e os demais ministros e ministras. 3. Gostaria de cumprimentar também os empregadores, representados pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson 1
Braga de Andrade e os trabalhadores, representados pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. Esta I Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, é uma grande demonstração da capacidade de diálogo entre o governo, as organizações de empregadores e de trabalhadores e da sociedade civil no Brasil. Esta é uma experiência única de diálogo tripartite, baseada no reconhecimento do papel fundamental do trabalho decente para a justiça social e o desenvolvimento sustentável, e uma evidência a mais do compromisso que o Brasil vem assumindo com o trabalho decente desde 2003. Sem dúvida, um processo de diálogo social desta magnitude 2
em torno do tema do trabalho decente constitui um marco nas relações de trabalho no Brasil e um exemplo em nível global do que se pode alcançar quando existe a vontade política para o diálogo. A OIT se encarregará de dar a conhecer em nível mundial esta importante experiência. Esta Primeira Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente é a culminação de um processo que teve início em novembro de 2010, e mobilizou mais de 23,000 pessoas em mais de 270 conferências subnacionais, incluindo a realização de 26 conferências estaduais. É produto de um processo participativo que se construiu e se consolidou de baixo para cima. Nisso reside a sua fortaleza. 3
Em 1999 a OIT formalizou o conceito de trabalho decente como uma síntese de sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana. O país abraçou esta agenda de trabalho decente a partir de 2003. Mas o Brasil é hoje um líder global... e um exemplo de que é possível que o crescimento econômico seja uma alavanca para a inclusão social. 4
Entre os anos de 2003 e 2009, 27,9 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza, o que contribuiu para a redução da desigualdade social. Foram gerados mais de 18 (dezoito) milhões de empregos formais até o final do 1º semestre de 2012 e ampliou-se a proteção social. Durante o mesmo período, foi registrado um aumento muito expressivo do salário mínimo (66%. Avanços foram registrados em relação aos princípios e direitos fundamentais no trabalho. A negociação coletiva foi fortalecida e foram criadas instâncias e processos de diálogo social. Estes são dados da realidade. Isto é trabalho decente. 5
Graças a essas políticas o país soube resistir à crise financeira internacional, garantindo a proteção dos setores mais vulneráveis. A região da América Latina e do Caribe foi capaz, em geral, de amortecer os piores efeitos da crise de 2008-2009 sobre as suas economias e evitar um impacto grave sobre o emprego e as condições de trabalho. Em grande medida, isto se deve a que a região reagiu privilegiando em vários países o investimento público e as políticas destinadas a proteger os empregos e a renda das pessoas. A OIT está convencida que os esforços devem continuar, devido à incerteza que gera a persistência da crise, especialmente na Eurozona. 6
O Brasil como membro do G20 tem enfatizado a necessidade de enfrentar a debilidade persistente do sistema econômico mundial. É evidente que o caminho a ser seguido se dará por meio de uma maior integração entre as políticas econômicas e sociais, com atenção especial aos investimentos produtivos, ao emprego e ao trabalho decente. E o Brasil escolheu trilhar esse caminho. Importantes desafios ainda persistem na América Latina. A altíssima informalidade, a baixa cobertura da seguridade social, o desemprego juvenil que duplica e até triplica o dos adultos e a persistência das desigualdades de gênero e raça. 7
Hoje, mais que nunca, quando celebramos o dia Internacional dos Povos Indígenas, não podemos esquecer que o combate às desigualdades de gênero, raça e etnia é uma necessidade com sentido de urgência para derrotar a pobreza e promover o trabalho decente. O acesso ao Trabalho Decente para homens e mulheres é a chave para a superação da pobreza e da desigualdade em nossa região. O trabalho é um dos principais vínculos entre o desenvolvimento econômico e o social. Sra. Presidenta, A OIT não poderia estar mais de acordo com a sua estratégia de erradicar a pobreza extrema com o Programa Brasil sem Miséria, 8
por meio de seus três eixos principais: a transferência de renda, o acesso aos serviços públicos e a inclusão produtiva. O Brasil é hoje referência no combate ao trabalho infantil e ao trabalho forçado, e na construção de um piso básico de proteção social para todos. As experiências aqui desenvolvidas, incluídas as iniciativas empresariais e sindicais, são atualmente reconhecidas internacionalmente e compartilhadas por diversos países em desenvolvimento por meio da cooperação Sul-Sul. O Brasil foi anfitrião de uma discussão crucial sobre o desenvolvimento sustentável, qual seja, a Conferência Rio +20. 9
Sem dúvida essa Conferência foi fundamental para enfatizar que o trabalho decente e produtivo é um nexo fundamental entre os três pilares do desenvolvimento sustentável: a redução da pobreza e a inclusão social, a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico. A Sra. disse em seu discurso de encerramento da Rio+20: Lançamos as bases para uma agenda para o século XXI, trouxemos a erradicação da pobreza para o centro do debate do futuro que queremos e criamos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para enfocar e orientar as nossas metas. Esta Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente é outro marco importante. A Senhora, Presidenta Dilma, e toda a sua equipe, assim como os representantes das organizações de empregadores e de trabalhadores, 10
são pioneiros em demonstrar a importância do diálogo social e da promoção do trabalho decente como política de Estado. Sra. Presidenta, A OIT vem acompanhando de perto este processo desde o início, e reiteramos neste momento nosso apoio contínuo e nossa vontade de aprender com esta experiência e compartilhá-la com outros países por meio da cooperação Sul-Sul que seu país lidera. Desejo-lhes muito sucesso nos trabalhos ao longo da conferência. 11