1 TROMBOEMBOLISMO AÓRTICO EM FELINO COM CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA RELATO DE CASO LORENA GATTO-FUSETTI (1), ALINE PETROLINI FLORIANO (2), SUZANE NOTAROBERTO (3) (1) Estudante do curso de Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Poços de Caldas; (2) Médica Veterinária Clínica Veterinária Felini Especializada em Medicina Felina. Av. Gen. Francisco Glicério, n. 651, Santos/SP; (3) Médica Veterinária especializada em Ultrassonografia Veterinária. RESUMO Felino, macho, SRD, 12 anos, com histórico de cardiomiopatia hipetrófica (CMH) apesentou paralisia dos membros pélvicos e resposta dolorosa à palpação. Após três horas os membros encontravam-se hipotérmicos e cianóticos. Foi realizando um exame ultrassonográfico que demonstrou diminuição do fluxo sanguíneo na aorta abdominal e após 24 horas o animal veio a óbito. A necropsia revelou a presença de dois trombos no lúmen da aorta abdominal em região caudal e na bifurcação para as ilíacas, confirmando a suspeita de tromboembolismo. Palavras-chave: Tromboembolismo, Cardiopatias, Felinos. AORTIC THROMBOEMBOLISM IN A CAT WITH HYPERTROPHIC CARDIOMYOPATHY CASE REPORT ABSTRACT Feline, male, no breed, 12 years old, with hypertrophic cardiomyopathy 1334
2 (HCM) showed paralysis on pelvic members and pain response on touch. After three hours the members was hypothermic and cyanotic. The ultrasonographic exam was carried out and showed a decrease in the blood flux on abdominal aorta and after 24 hours the animal was death. The necropsy revealed two thrombus in lumen of abdominal aorta in caudal region and in the iliac bifurcation, the thromboembolism was confirmed. Key-words: Thromboembolism, Cardiopathies, Cats INTRODUÇÃO Entende-se por trombo como a formação de um coágulo dentro do coração ou de vasos sanguíneos. Quando o trombo emboliza em uma artéria periférica, ocorre o tromboembolismo arterial (TEA) (FUENTES, 2012). O tromboembolismo aórtico é uma síndrome que ocorre em felinos, estando geralmente associada a uma cardiomiopatia, o que facilita a formação do trombo dentro do ventrículo esquerdo. Este trombo segue pela circulação sistêmica e em mais de 90% dos casos se instala na trifurcação da aorta caudal (FOX, 1992) A maioria dos gatos com TEA possui doença cardíaca subjacente, sendo a cardiopatia hipertrófica a condição mais frequentemente associada (SMITH et al., 2003) MATERIAL E MÉTODOS Felino macho, SRD, castrado, 12 anos, com doença renal crônica e cardiomiopatia hipertrófica diagnosticada através de ecocardiograma após quadro de efusão pleural. 1335
3 Apresentou paralisia aguda dos membros pélvicos e resposta dolorosa à palpação dos mesmos, através do exame clínico foi observada diminuição dos pulsos arteriais femorais e após três horas os membros encontravam-se cianóticos e hipotérmicos. Foi requisitado exame ultrassonográfico e após 24 horas o animal veio a óbito, sendo então realizada a necropsia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os gatos em sua maioria, são apresentados com paraparesia lateralizante, devida a um êmbolo em sela na trifurcação aórtica distal. A oclusão aguda causa dor, palidez das extremidades afetadas, parestesia, paralisia, leitos ungueais cianóticos, ausência dos pulsos arteriais femorais e extremidades frias (FOX, 1992) Foi instituído tratamento com morfina 1mg/kg intravenoso (IV), dipirona 25 mg/kg IV e heparina sódica 250 unidades/kg subcutâneo. Para Ware (2010) o tratamento visa evitar a formação de novos trombos O ultrassom realizado durante o quadro demonstrou diminuição do fluxo sanguíneo na aorta abdominal em região caudal. O exame necroscópico evidenciou palidez na musculatura pélvica e demonstrou a presença de áreas de conteúdo enegrecido no lúmen da aorta abdominal em região caudal e na bifurcação da mesma para as ilíacas. Ao realizar uma arteriotomia através de uma incisão longitudinal foi possível observar a presença de dois trombos nas regiões descritas acima. De acordo com Fox (1992) o chamado êmbolo em sela ou embolização aórtica distal ocorre em mais de 90% dos gatos com tromboembolismo arterial. 1336
4 Figura 1 (A) áreas enegrecidas no lúmen da aorta; (B) Incisão longitudinal permite a visualização de trombos no interior da artéria aorta abdominal em porção caudal e bifurcação para as ilíacas. Figura 2 Êmbolo em sela Figura 3 Espessamento do miocárdio ventricular esquerdo com diminuição da câmara ventricular Apenas 37% dos gatos sobrevivem após um episódio de TEA (SMITH, et. al., 2003; HAMEL-JOLETTE, 2009) e 25 a 45% dos 1337
5 sobreviventes apresentam recidivas, o que torna o prognóstico reservado. (HAMEL-JOLETTE, 2009). CONCLUSÃO O diagnóstico primário de CMH permite estabelecer uma correlação com possíveis quadros de tromboembolismo favorecendo a identificação precoce dos mesmos e o início breve do tratamento, no entanto, o prognóstico é considerado reservado e com altas chances de recidiva. REFERÊNCIAS FOX, R. P. Moléstias do Miocárdio. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 3ª. ed. São Paulo: Manole, 1992, p. 1153-1189. FUENTES, V. L. Arterial thromboembolism: risks, realities and a rational first-line approach. Journal of Feline Medicine and Surgery, London, 2012. v.4, n.7, p. 459-470. HAMEL-JOLETTE, A.; DUNN, M.; BÉDARD, C. Plateletworks: a screening assay for clopidogrel therapy monitoring in healthy cats. Canadian Journal of Veterinary Research, 2009. v. 73, n. 1. p. 73-76. SMITH, S. A.; TOBIAS, A. H.; JACOB, K. A. et al. Arterial thromboembolism in cats: acute crisis in 127 cases (1992 2001) and longterm management with low-dose aspirin in 24 cases. Journal of Veterinary Internal Medicine, Philadelphia, 2003. v.17, n.1, p. 73-83. 1338