O valor agregado das empresas juniores no campo da ciência da informação. Resumo



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III SBA Simpósio Baiano de Arquivologia 26 a 28 de outubro de 2011 Salvador Bahia Políticas arquivísticas na Bahia e no Brasil O valor agregado das empresas juniores no campo da ciência da informação Resumo Naícia Kirone Figuerôa de São Bernardo Bacharel em Secretariado Executivo, Graduanda em Arquivologia, Diretora Presidente da DOC Jr., nkirone@gmail.com A Empresa Júnior pode ser entendida como uma atividade curricular complementar, composta pela união de alunos regularmente matriculados em uma Instituição de Ensino Superior - IES, organizados sob a forma de uma associação, com o apoio da IES e dos docentes, tendo como finalidade elaborar e desenvolver projetos nas áreas as quais pertencem os discentes, com o objetivo de complementar a sua matriz curricular e permitir a formação de profissionais capacitados. Diante desta perspectiva, este artigo apresenta uma análise dos serviços e atividades desenvolvidas pelos empresários juniores no campo da ciência da informação. Para tanto, foi realizado um mapeamento das empresas da área da Ciência da Informação difundidas pelo país, com o intuito de analisar os principais serviços que compõe o seu portfólio. A partir desta análise, foi possível observar quais são as principais atividades na área da Ciência da Informação desenvolvidas pelos alunos, assim como as competências e habilidades adquiridas ao gerir uma empresa júnior no campo da Ciência da Informação. Palavras-Chave:Empresa Júnior; Ciência da Informação; Discentes. Abstract It s possible to understand Junior Company as a complementary curricular activity, composed of an union of students regularly enrolled in a Superior Teaching Institution STI, organized under an association way, supported by STI and teachers, who purpose prepare e develop projects in the study fields of the students to complement the university curriculum and allow a more capable professional training. On this perspective, this article presents an analysis of services and activities developed by junior manager in Information Science field. To this end, a mapping was made around the country, with the objective of observe the main services inside each company. After this mapping, it was possible to see which activities were more relevant and developed by the students, as well as the skills and competences acquired in managing a junior company in Information Science field. Keywords: Junior Company; Information Science; Students.

2 1 INTRODUÇÃO Os aportes teóricos já não são mais suficientes para o êxito profissional de um estudante universitário. Atualmente, as empresas analisam não somente a capacidade técnica de um profissional, mas especial interesse pelas competências emocionais, comportamentais e, especialmente, pelas atitudes estratégicas e visionárias dos profissionais (BARTZ, 2010, p. 5). Tais competências não são apreendidas em sala de aula e o aluno hoje precisa praticar os conhecimentos em um ambiente que proporcione o complemento do seu aprendizado. As empresas juniores nasceram com o intuito de fortalecer e complementar a formação do aluno da graduação. Neste espaço o discente tem a possibilidade de gerir todos os processos de uma empresa, uma vez que todos os cargos são geridos por alunos e todas as decisões são tomadas por eles. São espaços onde é possível desenvolver o lado empreendedor, além de possibilitar o desenvolvimento de uma visão de futuro. As empresas juniores cresceram exponencialmente no Brasil, fator que pode ser comprovado com o crescimento, nos últimos oito anos, do número de jovens empreendedores no país, cerca de 12% (BARTZ, 2010). Estima-se que existam atualmente vinte mil jovens por todo país atuando como voluntário. O presente trabalho analisa as atividades desenvolvidas por estudantes de graduação em empresas juniores no campo da ciência da informação. Para tanto, foi realizado um mapeamento dessa empresas, para que fosse possível identificar os principais serviços ofertados e as atividades desenvolvidas pelos alunos. Sendo possível identificar as competências requeridas e apreendidas pelos membros das empresas juniores. 1 EMPRESA JÚNIOR: CONCEITO E HISTÓRICO Para a compreensão da proposta deste artigo, faz-se necessário ter ciência sobre o conceito de Empresa Júnior, bem como a sua origem e atuação no Brasil. Empresa Júnior é, sinteticamente, uma Empresa de Consultoria gerenciada por estudantes universitários que realizam projetos e prestam serviços em suas áreas de graduação, principalmente para a micro e pequena empresas. Pela finalidade da Empresa Júnior ser educacional, por ser uma associação civil sem fins econômicos e, ainda, pela estrutura de baixos custos fixos, os preços praticados são consideravelmente abaixo do preço de mercado. No entanto, a serviços que seguem orientação obrigatória de professores os profissionais na área, com o objetivo de sempre garantir um padrão de qualidade elevado (BRASIL JÚNIOR, 2006, p.6). Com isso, entende-se como Empresa Júnior a união de alunos regularmente matriculados em uma Instituição de Ensino Superior - IES, organizados sob a forma de uma associação, com o apoio da IES e dos docentes, tendo como a finalidade elaborar e desenvolver projetos nas áreas as quais pertencem os discentes, com o objetivo de complementar a sua matriz curricular e permitir a formação de profissionais capacitados. A Empresa Júnior também pode ser definida a partir de duas perspectivas a formal e informal (BRASIL JÚNIOR, s.n.t.). A primeira perspectiva refere-se à empresa no seu aspecto jurídico, considerando-a como uma associação sem fins lucrativos. A segunda revela as características inerentes às atividades que são desenvolvidas na gestão. (BRASIL JÚNIOR, s.n.t.). Com isso, a depender do objetivo a ser alcançado, uma dessas definições poderá ser utilizada como a mais adequada.

3 Após a compreensão do significado e campo de atuação das EJ S, é importante ressaltar que este movimento começou no século passado, no final da década de 60, por iniciativa dos alunos da L'Ecole Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales de Paris (ESSEC Business School), Instituição de Ensino Superior francesa em que estavam receosos com a sua formação superior. Uma vez que, conforme os discentes, havia a necessidade de algo que complementasse a sua matriz curricular, esses ansiavam pela prática dos conceitos apreendidos na universidade para se sentirem, em sua totalidade, aptos a exercerem as suas profissões com eficiência e eficácia. A partir desta necessidade, eles desenvolveram uma associação sem fins lucrativos, regida, unicamente, por discentes, chamada Junior Enterprise. A Enterprise foi constituída com o objetivo de ser um ambiente teórico/prático, no qual os alunos fariam as aplicações práticas das teorias estudadas de acordo com a real necessidade do mercado. Posteriormente o movimento Empresa Júnior (MEJ) espalhou-se pelas demais universidades francesas. De acordo com a Brasil Júnior (2006), foi nos anos 80 que o MEJ tomou impulso e alcançou outros países como Brasil, Suíça, Bélgica, Espanha e Estados Unidos. Neste período houve o surgimento de instituições internacionais que representam as EJS mundialmente como a Confederação Européia de Empresas Juniores e a criação da primeira rede internacional de empresas juniores. 1.1 No Brasil No Brasil, o conceito Empresa Júnior foi trazido pelo então diretor da Câmara de Comércio França-Brasil, Sr. João Carlos Chaves, no ano de 1987. A primeira Empresa Júnior do país e da América Latina foi a Júnior FGV da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, em 1988. Hoje a EJ-FGV comporta discentes de graduação de três áreas do conhecimento: administração, economia e direito. Conforme o Brasil Júnior (2010, p.3), atualmente no país existem aproximadamente 27.800 empresários juniores espalhados pelas cerca de 1.120 empresas juniores. Observa-se que o movimento cresceu exponencialmente no Brasil, e a idéia de participar de algo multidisciplinar, de confrontar os aportes teóricos com a prática empresarial já é uma realidade em grande parte do país. As empresas juniores do Brasil possuem características e/ou particularidades próprias devido à realidade nacional. Com isso, seu público alvo geralmente é a micro e a pequena empresa, uma vez que essas organizações optam pelo serviço com profissionais aptos e com custo acessível. As EJs no Brasil ficam alocadas dentro da instituição superior, fator que fortalece a relação discentes/docentes. Diante de tais perspectivas, percebe-se que as empresas juniores fortalecem e/ou complementam significativamente o conhecimento dos discentes, como também estimulam o espírito cientifico e empreendedor dos alunos, além de permitir o contato com profissionais de outras áreas, valorizam a instituição de ensino à qual está vinculada, além de intensificar a interface empresa-univesidade. Quanto à empregabilidade dos recém formados, não há nenhum estudo sobre esta temática, mas de acordo com Marque apud Santos (2001, p.9). o estudante sente-se mais confiante e mais bem preparado, com a facilidade para trabalhar em equipe, com pró atividade e criatividade para lidar com dificuldades. Percebe-se com isso que os alunos que participam das EJs possuem um diferencial que possibilita maior oportunidade de ser empregado (empregabilidade). A EJ tem sido considerada como experiência profissional, o que muitas vezes não ocorre com o estágio. (OLIVEIRA, s.n.t.)

4 2 EMPRESAS JUNIORES NO CAMPO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. No campo da Ciência da Informação, considerando para este artigo as empresas juniores compostas por discentes do curso de Arquivologia e Biblioteconomia, o número de EJs é pequeno se comparado com outras áreas do conhecimento como administração e engenharias. As EJs na área da Ciência da Informação concentram-se na região Sudeste do país, haja vista que nesta região concentra-se um número elevado de Instituições de Ensino Superior que ofertam o curso de Bacharelado em Arquivologia. No entanto, as empresas juniores estão presentes em quase todas as regiões do país como podemos observar na figura 1. Figura 1: Relação de empresas juniores da Ciência da Informação no Brasil. Conforme a figura acima, as EJS na área da Ciência da Informação estão concentradas na região Sudeste do país com o total de seis EJ s (EGID; Empresa Júnior de Biblioteconomia e Ciência da Informação; AGIS Consultoria; EGIR Jr.; Biblio Jr. e Consultoria em Gerência da Informação - CGI). As demais estão dividas entre a região sul (Biblio Jr), nordeste (DOC Jr. e AGIR Jr.) e centro oeste (OMNIDOCS). Observa-se também a ausência de EJS na região norte do país. As EJ s no campo da Ciência da Informação têm em média quatro anos de fundação. Observa-se com isso que o movimento empresa júnior é recente nesta área do conhecimento. Contudo, apesar de serem novas as EJ s da Ciência da Informação já receberam prêmios devido à atuação eficiente e eficaz como é o caso da EGID Jr (Empresa júnior da Universidade de Marília), que recebeu o conceito A pela PROEX, apesar das limitações com a ausência de uma sede e de materiais de trabalho.

5 2.1 Análise dos serviços e da atuação dos empresários juniores Com base na análise dos serviços prestados pelas empresas mencionadas na figura 1, foi possível observar as principais atividades desenvolvidas pelos discentes. Entre os serviços mais populares estão: Gráfico 1 Serviços prestados pelas empresas juniores no campo da ciência da informação. A partir do gráfico apresentado acima podemos agrupar os serviços em grandes áreas para a melhor compreensão das atividades desenvolvidas. O gráfico foi elaborado a partir do estudo dos serviços das empresas mencionadas na figura 1, com exceção da Empresa Jr de Biblioteconomia e Ciência da Informação (UFSCar) e da Biblio Jr. (UFES), porque os seus endereços eletrônicos não continham tais informações. Sendo assim os grupos ficaram da seguinte forma: a) Classificação e organização de Arquivo b) Classificação e organização de Bibliotecas c) Assessoria de gestão e gerenciamento da informação d) Conservação documental e) Descrição da informação A partir da análise dos serviços percebemos que a organização e a classificação de arquivos estão presentes em quase todos os portfólios. Para que o discente esteja apto a desenvolver esta atividade é necessário ter a orientação de um professor experiente ou de um profissional experiente da área para auxiliá-lo no desenvolvimento desta atividade. Assim como o aluno deverá ter o conhecimento de alguns conceitos primordiais como organicidade, autenticidade, a proveniência do documento, além de compreender a teoria das três idades. Do mesmo modo para o desenvolvimento de tal serviço é preciso saber distinguir as funções do recolhimento e da transferência dos documentos. É imprescindível ter ciência do funcionamento de todo o fluxo informacional da instituição, ou seja, o discente deverá

6 analisar o organograma, o estatuto e o regimento da instituição para que seja possível prestar um serviço com eficiência e eficácia. Outro item apontado foi a classificação e organização de bibliotecas. Os voluntários que irão atuar em projetos que envolvam esse tipo de atividade deverão ter o domínio de conhecimentos da área e de outras áreas do conhecimento. Haja vista que para desenvolver uma reestruturação física, reavaliar a disposição dos móveis e matérias, é preciso ter noções de arquitetura e de segurança contra sinistros. Além do mais será preciso compreender todo o sistema de funcionamento da Unidade de Informação, bem como ter entendimento das demandas dos seus usuários. O item representado pela letra D requer dos discentes conhecimentos específicos e, para tanto os mesmo deverão ter cursado a disciplina ou realizado um curso referente à Conservação Documental. A Conservação Documental compreende para este artigo as atividades de promoção da preservação e restauração dos documentos (CONARQ, 2005. p. 52). Tal serviço requer a aquisição de materiais especiais que são caros, por isso não pode ser trabalhado por pessoas totalmente inexperientes para não haver perda de materiais. Além do que os documentos que necessitam desse tipo de serviço possuem um valor não só probatório como também histórico. O último item analisado foi o conjunto de procedimentos que leva em conta os elementos formais e de conteúdo dos documentos, a Descrição da Informação. (CONARQ, 2005. p. 66) A Descrição da Informação demanda o conhecimento amplo da Unidade de Informação, das normas de padronização nacionais e internacionais. A elaboração de mecanismos de descrição eficientes permite a criação de representações precisas e adequadas de acordo com as carências de cada Instituição, orientam o acesso e permitem a rápida localização da informação. Além do conhecimento adquirido na área em que atua o voluntário, ao trabalhar com questões administrativas da instituição, apreende competências e desenvolve novas habilidades. Conforme a pesquisa realizada por Oliveira no XI Encontro Nacional de Empresa Júniores - ENEJ em 2003 junto aos participantes deste evento em Salvador, questões como trabalho em equipe, espírito empreendedor, iniciativa, resolução de projetos, elaboração de projetos, visão de futuro, comunicação foram os sete itens mais apontados quando se referia à influência da Empresa Junior na qualificação profissional do estudante. Além destes itens de qualificação foram apontadas algumas habilidades como a oratória, conduta, adaptabilidade, coragem, contato com o mercado, liderança, relacionamento interpessoal, responsabilidade social, parceria, aprendizado, desinibição, criatividade, comprometimento. (OLIVEIRA, 2003, p.17) Nota-se que a maioria das citações refere-se às habilidades e competências que são, hoje, de maior exigência no mercado de trabalho; fator este, que justifica dar maior importância a esta modalidade, e constituí-la em campo, tanto de estágio, como de extensão universitária e, sem dúvidas, como os dados demonstram, um espaço de qualificação profissional da maior importância e aproveitamento didático. (OLIVEIRA, 2003, p.17) Ou seja, através da empresa júnior o aluno tem a possibilidade de pôr em prática os aportes teóricos apreendidos na academia, assim como terá a oportunidade de desenvolver e/ou trabalhar para a melhoria de suas habilidades e competências. Além de possui uma visão do todo da administração de uma organização.

7 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se compreender a atuação na Empresa Júnior como uma nova estratégia de formação profissional. Ser voluntário júnior significa ter uma série de responsabilidades, habilidades e competências que possibilitam a formação de um profissional completo, exigência do novo mercado de trabalho. A expansão de empresas juniores no campo da Ciência da Informação representa o crescimento, bem como o desenvolvimento da área, expressa em ações realizadas pelos alunos. Uma vez que uma IES possui EJ s, ela ganha mais visibilidade, além de ser uma forma de divulgação do curso. Entende-se, com isso, que a Empresa Júnior é mais uma opção para complementar as atividades acadêmicas, pois desenvolve habilidades não técnicas, como capacidade de liderança, organização, espírito de equipe e outros, e habilidades técnicas, ao se discutir e realizar projetos. Como uma Empresa Júnior se desenvolve a partir de alunos, observa-se a busca pela excelência tanto na execução de projetos, como na formação profissional, o que permite ampliar a empregabilidade e versatilidade dos estudantes para o mercado atual, no qual cabe ao profissional estar atento à sua empregabilidade e evolução.

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