O DEBATE ATUAL SOBRE A DIDÁTICA E AS DISTINTAS PERSPECTIVAS

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Transcrição:

O DEBATE ATUAL SOBRE A DIDÁTICA E AS DISTINTAS PERSPECTIVAS Rosangela Aparecida Ramos de Lima 1 Vânia Moreira Lino 2 Modalidade Pôster GT: Didática, Práticas de Ensino e Estágio. RESUMO O presente trabalho analisa as perspectivas atuais sobre a didática, o seu desenvolvimento histórico e cultural, os cenários, os atores envolvidos nesse processo, bem como a sua evolução epistemológica. A didática como teoria especializada e focalizada em temas de ensino, tem adotado modalidades técnicas ou práticas, de acordo com as políticas educativas e os fins propostos para cada época. No decorrer da história, houve mudanças em seus conceitos, impulsionadas pela evolução da escola para atender as demandas do processo de industrialização, que colocou em primeiro plano o conhecimento útil na adaptação do sujeito ao aparato produtivo. No que tange ao objeto de estudo da didática, discorre sobre os avanços para a prática de ensino, como uma ação social situada, dentro de um contexto real. Atualmente, o discurso didático favorece uma prática docente reflexiva, com indagações que conduz para uma auto - avaliação constante, onde a responsabilidade do sucesso do ensino está na eficácia da prática docente. A didática como teoria social e integrada às demais áreas do conhecimento, promove condições para o educador identificar práticas que promovam a transformação do sujeito e da sociedade como um todo. Na discussão teórica será possível analisar as diferentes perspectivas sobre a didática e seus fundamentos, explicando os diferentes contextos históricos em que foram desenvolvidos; compreender qual é o papel da didática como uma disciplina que estuda os complexos processos de ensino e aprendizagem, qual a sua relação com as demais áreas que contribuem para o sucesso da aprendizagem, por fim qual o papel do professor no contexto educacional atual. PALAVRAS CHAVES: Perspectivas atuais. Didática. Ensino-Aprendizagem. INTRODUÇÃO O trabalho ora apresentado aborda as perspectivas atuais da didática, como uma teoria que prima em contribuir com a eficácia da ação docente, proporcionando a reflexão da prática 1 rosangelaramos33@hotmail.com 22 vanilino_@hotmail.com

pedagógica, tornando-se um dos principais fundamentos para o professor. No processo educativo a didática compreende vários fatores, que influenciam diretamente na ação de ensino e aprendizagem e na relação professor-aluno, portanto, compreendê-la e buscar seus fundamentos é de vital importância para o sucesso da prática pedagógica. Nesse sentido, afirma Haydt (2003, p.13) a didática é o estudo da situação instrucional, isto é, do processo de ensino e aprendizagem, e nesse sentido ela enfatiza a relação professor-aluno. Esse trabalho justifica-se pela necessidade de aprofundar conhecimentos acerca das perspectivas da didática considerando as mudanças oriundas da revolução tecnológica e da globalização. Para, a partir desse estudo ter a possibilidade de repensar a prática docente no cotidiano da sala de aula. OBJETIVOS Analisar as distintas perspectivas sobre a didática, explicitando seus fundamentos. Identificar o papel da didática como disciplina que estuda os complexos processos entre o ensino e a aprendizagem no contexto sócio histórico. Conhecer qual a nova postura do professor frente às mudanças na sociedade contemporânea. METODOLOGIA Este estudo constitui-se em uma revisão de literatura especializada, realizada no período de janeiro à junho de 2013, em livros, periódicos e artigos. Os critérios utilizados para inclusão dos estudos foram a abordagem sobre as perspectivas atuais da didática. Posteriormente foram estudados e analisados os principais conceitos sobre a didática com a fundamentação em diversos autores. O DEBATE ATUAL SOBRE A DIDÁTICA E SUAS DISTINTAS PERSPECTIVAS A didática é uma disciplina teórica que se ocupa de estudar a ação pedagógica, as práticas de ensino, o sistema educativo, a cultura e a sociedade; tem a missão de descrevê-las,

explicá-las, fundamentar e anunciar normas para a resolução dos problemas que estas práticas propõem. Mediante os problemas essenciais da educação, a didática como prática social, propõe sua resolução com avaliação de decisões em projetos, desenvolvimento curricular, programação didática, estratégias de ensino, configuração de ambientes de aprendizagem, elaboração de materiais de ensino, uso de meios e recursos, avaliação, tanto de aprendizagem quanto da qualidade de ensino e da avaliação institucional. Diante das muitas distinções da didática, Daniel Feldman (1999), a distingue como uma disciplina voltada para diferentes maneiras no campo prático do ensino, ou distintas dimensões dele, que produz uma gama variável de conhecimentos e abarca princípios teóricos, modelos compreensivos, regras práticas, métodos e estratégias articuladas de distinta índole. Atualmente, grande parte do discurso sobre o ensino e a didática, é de certo relativismo epistemológico, acompanhado a este um abandono progressivo da ideia de que a teoria deve ir além de descrever, criticar, desconstruir, etc. No entanto, quando recusa essas velhas posições em torno do ensino eficaz, consideram-no em suas complexidades, imediatez e multidimensionalidade da prática, frente a isso se encontra um novo problema, o da relação entre discurso teórico e a prática na sala de aula. Assim, o discurso didático situa-se em uma posição caracterizada por dois extremos, de um lado uma espécie de renúncia à regulação da prática no interior da aula, abandonando como objeto o velho problema do método didático, e do outro a construção de um discurso crítico em torno dos processos de escolarização como processos políticos, econômicos e sociais. AS ESPECIFICIDADES DA DIDÁTICA O pensamento didático tem sido caracterizado nas últimas décadas, por uma crescente expansão das propostas especializadas nas áreas do conhecimento. Diversos autores têm assinalado esta tendência nos últimos anos. Dentre eles: Davini, 1996; e Feldman, 1999. As didáticas especiais apresentam certa diferença quanto ao grau de expansão e seus padrões de desenvolvimento. Porém, as linhas teóricas que a descrevem nas produções recentes variam. Em termos gerais, se trata de planos de base construtivista, articulados com enfoques teóricos próprios do campo disciplinar. Nestes trabalhos é possível apreciar a diversidade de propósitos, alguns de caráter mais propositivo, sugerem reflexões em torno do ensino de diversos temas e conceitos; outros apresentam resultados de investigações ligadas à

problemática específica da aprendizagem, pondo à prova determinadas estratégias e sequências, e finalmente, outros se orientam para a apresentação e discussão de modelos teóricos relativos ao ensino por área. Um denominador comum tem sido a busca de propostas didáticas alternativas ao conducionismo, e a necessidade de restituir a questão da especificidade dos objetos de conhecimento. Os diferentes modelos põem em jogo considerações de caráter psicológico, relativas às concepções prévias dos alunos, as estratégias de apropriação, as intervenções docentes e os obstáculos, assim como perspectivas de análises de caráter disciplinaria e epistemológica. Um exemplo disso é o trabalho em torno da noção de transposição didática e vigilância epistemológica (CHEVALLARD, 1997), que remete a problemática dos processos de transformação do saber erudito em ensino no contexto escolar. Dentro do campo do ensino das ciências, o conceito de trama conceitual (ASTOLFE, 2001), também faz referência à dimensão disciplinaria e epistemológica do processo de estruturação do conteúdo de ensino. DIDÁTICA E O PROFISSIONALISMO DOCENTE É importante ressaltar, a mais recente produção da didática, caracterizada pelo predomínio das novas visões sobre o profissionalismo docente. Uma dessas mudanças é o abandono da imagem do professor como técnico, dando lugar a um profissional investigador e reflexivo da sua própria prática, o que resultou em convergência nas várias linhas de pensamento. A concepção de professor como executor de projetos, foi substituída por docente colaborador na implementação dos processos de reforma, intérprete e agente curricular, profissional que redefine ou reconstrói o projeto curricular. Nesse sentido, Stenhouse (1984), apresenta o modelo processual do currículo como possibilidade do avanço das práticas de ensino através da melhoria do julgamento dos professores. O modo como os professores interpretam sua tarefa e modelam a prescrição curricular, se converte em uma área de interesse teórico, que permite ampliar a compreensão sobre a ação docente. É importante ressaltar o aporte de Schön relativo à natureza da prática profissional. Suas ideias sobre um profissional reflexivo têm influenciado o discurso pedagógico da formação docente nos últimos anos, uma vez que o professor aplica uma série de regras derivadas de um conjunto de princípios científicos, colocando em questão a virtude de um modelo que destaca a existência de espaços indeterminados da prática (SCHÖN, 1992). Do mesmo modo, outras investigações sobre a prática docente a partir de um olhar mais descritivo da ação de ensino destacam a importância dos saberes da ação (TARDIF, 2004) e das competências (PERRENOUD, 2001), que permite ao professor emitir juízo e tomar

decisões em contextos particulares de ensino caracterizados pela complexidade, a incerteza e a urgência. CONCLUSÃO Podemos dizer que a didática como uma ciência social, não é autônoma, porque transcorre entre as disciplinas das ciências sociais e naturais, compartilhando de outras teorias, é descritiva, é explicativa, é hermenêutica, é normativa, é verificável, é factível, é científica e política. Tem caráter projetivo. Contudo, o resultado do empenho para resolver problemas concretos que se apresentam na prática social da educação é o produto dos esforços de teorização das ações e situações de ensino e suas relações com a aprendizagem dos alunos e docentes, sustentados na investigação empírica. Portanto, a didática tem o compromisso de orientar teorias de aprendizagem e professores para um ensino significativo, profundo e autêntico, com capacidade de resolver problemas da vida real constituindo a base para conquistar uma aprendizagem para a vida toda. REFERÊNCIAS - CAMILLONI. Alicia W. R. de (et.al). El saber didáctico. 1ª ed. Buenos Aires. Editorial Paidós, 2007. - CAMILLONI Alicia W. R. de. De deudas, dudas y legados. Una introducción a las corrientes contemporáneas en la didáctica. En Corrientes didácticas contemporâneas Buenos Aires. Paidós, 1997. - CHEVALLARD, Yves. La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Colección dirigida por Mario Carretero, Catedrático de Psicologia Cognitiva de la Universidad Autónoma de Madrid. Traducción: Claudia Gilman Título Original: La transpocicion didactique. Du Savoir savant au savoir enseigné. Buenos Aires: Aique, 1991. - DAVINI, Maria Cristina. Conflictos en la evolución de la didáctica. La demarcación de la didáctica general y las didácticas especiales. En Camilloni, Alicia, Davini, Maria Cristina, Edelstein, G., Litwin, E., Souto, M. et ál. Corrientes didácticas contemporáneas. Buenos Aires: Paidós.1996. - FELDMAN Daniel. Ayudar A enseñar. Aique, Buenos Aires 1999.

- HAIDT, Regina C. Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo, Ática, 2003. - ASTOLFI. A didática das Ciências. Campinas: Papirus, 2001. - STENHOUSE, Lawrence. Investigación y desarrollo del curriculum. Madrid: Morata 1984. - SCHÖN, Donald A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Tradução Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. -TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. - PERRENOUD, Philippe. Ensinar: Agir na urgência, decidir na incerteza. Saberes e competências em uma profissão complexa. Porto Alegre: Artimed Editora, 2001.