Invista em títulos públicos e fundos imobiliários Uma carteira baseada em renda para sua aposentadoria Temos insistido no fim do paraíso do CDI. Aquele lance de ganhar folgado da inflação, com liquidez imediata e no pós-fixado, já era. As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão, diria o rentista Drummond. Não há saída: se você quer retornos reais minimamente razoáveis, terá de se expor a algum tipo de risco, e isso não é ruim. Ao contrário, talvez seja uma das grandes belezas do capitalismo, o sistema capaz de remunerar adequadamente aqueles que se expõem ao risco. Sem pânico. Não há porque confundir a extinção da Selic estratosférica com a impossibilidade de se fazer poupança de longo prazo com remuneração atraente e exposição a riscos toleráveis. Exige um pouco de estômago para aceitar a volatilidade derivada da marcação a mercado, o que não deve ser necessariamente confundido com maior risco, mas oferece a contrapartida desejada. Dentro desse perfil de rendas recorrentes junto a riscos toleráveis, recomendamos investimento em títulos públicos e fundos imobiliários.
Títulos públicos As NTN-Bs, sobretudo aquelas de mais longo prazo, representam alternativa de investimento bastante convidativa para o cenário atual e àqueles dispostos a segurar os títulos até seu vencimento. Aos pouco familiarizados com o título, a NTN-B remunera o investidor através do pagamento de uma taxa de juro mais a variação do IPCA entre a data da compra e o vencimento do papel. É uma forma de comprar um título público brasileiro e ter garantido seu poder de compra, ao se deparar com retorno real garantido aqui falamos mais diretamente com aqueles de fato interessados em formar poupança de longo prazo, cujo objetivo é a compra do título e seu carrego até o vencimento. Temos duas recomendações em particular: as NTN-Bs com vencimento em 2050 e, àqueles com menor tolerância à volatilidade de curto prazo (e mais com perspectiva de trading), as NTN-Bs 2017. Hoje, quem compra uma NTN-B 2050 recebe um pouco mais de 5,90% ao ano mais a variação do IPCA até o vencimento do título em 2050, supondo aqui a manutenção em carteira por todo o período. Para o atual contexto, entendemos ser um excepcional retorno real. O mundo quase em sua totalidade convive com taxas de juro real negativas e, no Brasil, a perspectiva é de elevação da Selic para algo em torno de 10%, voltando, posteriormente, a reduzir-se o juro básico de forma lenta e gradual. No médio e longo prazo, não há razão para Selic não convergir aos padrões internacionais de taxa básica de juro. Existem dois riscos principais aqui. O primeiro é o tradicional risco do emissor.você pode dormir tranquilo quanto a isso. Se o Governo brasileiro não honrar seus compromissos financeiros, a coisa estará tão feia que provavelmente você terá outras preocupações para além da NTN-B tratamos quase como desprezível a probabilidade de ocorrência desse cenário. E o segundo risco relaciona-se ao fator de liquidez, proveniente de potencial necessidade do dinheiro antes do vencimento do título, o que forçaria venda antecipada no mercado secundário, não necessariamente com ganho novamente falando para os menos tarimbados, a formação de preço (e do juro oferecido) da NTN-B acontece diariamente, com flutuações oriundas da interação das forças de mercado de compra e venda; portanto, ao eventualmente precisar vender, o investidor pode encontrar preço de venda inferior ao
de sua entrada, incorrendo em prejuízo a história de renda efetivamente fixa só serve àqueles que segurarem o papel até seu vencimento. Fundos imobiliários Quanto aos fundos imobiliários, por escaparmos do modismo que hoje os permeia, acreditamo-nos sóbrios o bastante para recomendar precisamente aqueles voltados a horizontes mais longos. Não é novidade para ninguém que, com a queda recente da renda fixa, vem se intensificando um movimento de busca por oportunidades de investimento mais atrativas. E o mercado de fundos imobiliários cresceu em 2012 justamente por apresentar algumas características que batem essas aplicações (na maioria dos casos), sem cair no mesmo risco do retorno variável. Encontramos bons elementos para referendar a tese de que esta apreciação e maior popularização dos fundos imobiliários é apenas o começo de uma dinâmica mais pronunciada. Grosso modo, estamos otimistas, sim, com os FIIs. Gostamos do produto, vemos espaço formidável de crescimento e fatores de cunho macro capazes de construir panorama positivo aos imóveis e aos fundos imobiliários em particular. Listamos abaixo três sugestões de fundos imobiliários com os devidos racionais: + SAAG11 - O Santander Agências FII foi um dos grandes responsáveis pela popularização do mercado de FIIs, tendo elevado muito o volume de negociação do setor. Conta com um portfólio bastante diversificado (mais de 20 imóveis), com bom alcance geográfico. É um modelo interessante de fundos lançados para comprar agências/ativos dos próprios bancos, em uma relação de ganha-ganha: a administração passa a alguém com mais know how e o banco diminui custos. Também conta com boa previsibilidade de receitas, a partir de um único locatário, de rating alto e contratos de longa duração (10 anos). Yield para 2013 projetado em 8,4%, o que pode não ser o mais alto do segmento, mas é mais do que compensado pelo horizonte dilatado, capaz de oferecer proteção do investimento por bastante tempo. Negocia a 1x o valor do book, o que consideramos justificado em face à segurança dos locatários. Recomendado àqueles com horizonte temporal bastante dilatado, sem tanto upside paras as cotas, mas com boa previsibilidade de yield. + BRCR11 - O portfólio do BC Fund conta com quase duas dezenas de empreendimentos comerciais de alto padrão e médio padrão, localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Campinas. E vem crescendo após as aquisições da nova oferta, vide a compra de mais quatro andares do Eldorado Business Tower, em São Paulo, do qual já possuía 19 andares, diminuindo a concorrência dentro do mesmo imóvel. A gestão ativa do BTG Pactual permite
bons deals na compra e venda de ativos, e consequente ganho de capital das cotas. O único alerta se dá sobre a capacidade de reproduzir a qualidade atual do portfólio com as aquisições provenientes da nova captação. Não vemos isso como grande preocupação, pela expertise dos gestores. Mas estaremos monitorando de perto. Há também a concentração de mais de 25% das receitas no Edifício Eldorado, o que pede atenção ao imóvel, mas acreditamos que sua qualidade é proteção a esse risco, por ora. O yield projetado para 2013 é de 8,8%. Negociando a 0,8x o valor patrimonial, BRCR11 é também o que conta com mais peso em nossa carteira de FIIs. + HGBS11 - O CSHG Brasil Shopping (HGBS11) é um FII do Credit Suisse que concentra seus investimentos em shopping centers (~70%), tendo também em carteira ativos de renda fixa, CRIs e LCIs. A taxa de administração cobrada é de 1,5% a.a. sobre o valor em bolsa do fundo, como de praxe nos FIIs geridos pelo banco de investimento. As cotas negociam a 1,05x book, com prêmio razoável pelo dividendo distribuído. A distribuição em 2012 teve um yield de 7,3%. Para 2013, projetamos um retorno na faixa dos 8,8%. São números interessantes. No mais, portfólio com boa diversificação, upside e o investimento em CRIs conversíveis conferem um ar especial de versatilidade ao case. Boa opção àqueles que procuram um aposta sensata no setor de shoppings.
Analistas Responsáveis Rodolfo Amstalden, CNPI * Assistentes de Análise Gabriel Casonato, CNPI-T Roberto Altenhofen, CNPI Beatriz Nantes, CNPI Disclosure Elaborado por analistas independentes da Empiricus, este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário, não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. O estudo é baseado em informações disponíveis ao público, consideradas confiáveis na data de publicação. Posto que as opiniões nascem de julgamentos e estimativas, estão sujeitas a mudanças. Nem a Empiricus nem os analistas respondem pela veracidade ou qualidade do conteúdo. Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o debate entre os analistas da Empiricus e os destinatários. Os destinatários devem, portanto, desenvolver suas próprias análises e estratégias. Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação. Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17º da Instrução CVM nº 483/10, que: + As recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente. + Os analistas Rodolfo Amstalden e Roberto Altenhofen são sócios e participam dos lucros da Gradius Gestão, que mantém em fundos e carteiras de valores mobiliários que administra ativos objeto de análise por parte da Empiricus Research, podendo daí resultar conflito de interesses. * O analista Rodolfo Amstalden é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo cumprimento do disposto no Art. 16, parágrafo único da Instrução ICVM 483/10.