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O Juízo deferiu a antecipação dos efeitos da tutela (fls. 384).

Transcrição:

PEDIDO Pedido pode ser entendido como o núcleo, o cerne da petição inicial. Lá está estabelecida a conseqüência jurídica que se pretende ver implementada pelo poder da jurisdição. O pedido pode ser analisado em alguns aspectos Retira a inércia da jurisdição; Limita a jurisdição; Limita a sentença e os seus efeitos; (a sentença não poderá ser extra, ultra ou citra petita); Determina o valor da causa. Pedido Mediato e Imediato O petitum é o que se pede, não o fundamento ou a razão de pedir, a causa petendi. É o objeto imediato e mediato da demanda. Aí está o motivo da discórdia, que o juiz vai desfazer, declarando quem está com a verdade 1 O Pedido Imediato é a providência jurisdicional almejada pelo autor, como por exemplo, a expedição de ordem, a condenação, providências de expropriação do bem do devedor. É a providência jurisdicional reclamada, poderá ser a declaração de um direito, a constituição de uma situação jurídica, condenação, mandamento ou execução. O pedido imediato põe a parte em contato direto com o direito processual. 2 O Pedido Mediato liga-se ao direito substancial, ao bem da vida reclamado, aquilo que o demandante esperar conseguir no mundo fático ao provocar a jurisdição. É a dívida, a entrega da coisa reclamada, a obrigação de fazer, entre outros. Pedido Certo e Determinado Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Cumpre esclarecer que o CPC utilizou impropriamente a partícula ou, devendo ser entendido que o pedido deve ser certo e determinado. Pedido Certo é o pedido expresso 3. É inadmissível que o pedido seja implícito, ferindo a certeza do pedido. O pedido implícito somente é aceito por força de lei, como por exemplo, os juros legais e as despesas processuais e honorários advocatícios (art. 20 do CPC). 1 Pontes de Miranda 2 Humberto Theodoro Júnior 3 Pontes de Miranda. 1

Há alguns pedidos que sem encontram compreendidos na petição inicial, como se fossem pedidos implícitos. Isto porque seu exame decorre da lei, prescindindo de alegação expressa do autor. São eles os de: a) juros legais(cpc 293); juros de mora (CPC 219); c) correção monetária (LCM), porque mera atualização da moeda, não se constituindo em nenhuma vantagem para o autor que não a pediu; d)despesas processuais e honorários advocatícios (CPC 20); e) pedido de prestações periódicas vincendas (CPC 290) 4. Pedido Determinado é delimitado na qualidade e quantidade, opondo-se ao chamado pedido genérico. A certeza e a determinação são requisitos tanto do pedido mediato quanto do pedido imediato. Entretanto, em alguns casos expressamente referidos nos incisos do art. 286 poderá ser o pedido genérico. Ocorre que, somente o pedido mediato (a utilidade prática objetivada pelo autor) poderá ser genérico, nunca o pedido imediato. Isto porque, o pedido imediato sempre será certo e determinado já que busca a prestação jurisdicional ou na forma de condenação, ou constituição, mandamental, ordem expressa, ofício, etc. Hipóteses de Pedido Genérico: - no caso do art. 286, I, ações universais, quando no inventário não se tem na inicial a relação exata e completa de todos os bens deixados pelo de cujus; - no caso do inciso II do art. 286, por exemplo, nas ações de danos morais, onde não for possível verificar de pronto a extensão exata do dano, ou quando, não se puder, desde logo, determinar as conseqüências do ato ou fato ilícito. - no caso do inciso III do art. 286, por exemplo, nas ações de prestação de contas cumulada com pagamento do saldo devedor. Ressalte-se que no caso específico dos danos morais o STJ já entendeu possível a fixação de pedido genérico, senão vejamos: Desnecessária, na ação de indenização por dano moral, a formulação, na exordial, de pedido certo relativamente ao montante da indenização postulado pelo autor (STJ 4ª.Turma, REsp 175.362-RJ) STJ Súmula 227 A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. honra objetiva credibilidade. Sendo o pedido genérico e não sendo possível ao juiz obter elementos para proferir sentença líquida, nos termos do art. 475-A será processada a liquidação da sentença. Pedido Certo Sentença ilíquida. Nos termos do art. 459, parágrafo único, sendo certo o pedido, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida. 4 Nelson Nery Junior. 2

Pedido Cominatório Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, 4 o, e 461-A). Pela dicção do artigo dada pela Lei 10.444/2002, não somente as obrigações de fazer e não-fazer se submetem a penalidade pecuniária, mas igualmente nas obrigações e entrega de coisa é possível a fixação da astreinte. Pode também ser empregada nos casos de antecipação de tutela, penalizando o descumprimento da ordem judicial. É meio de coerção que poderá inclusive ser efetivado de ofício pelo juiz. É a indução ao cumprimento da ordem. Art. 461. 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. A multa poderá, mesmo depois de transitada em julgado a sentença, ser modificada, para mais ou para menos, conforme seja insuficiente ou excessiva. O dispositivo indica que o valor da astreinte não faz coisa julgada material, pois pode ser revista mediante a verificação de insuficiência ou excessividade. O excesso a que chegou a multa aplicada justifica a redução (STJ, 3ª. Turma, REsp 705.914, Rel. Min. Gomes de Barros, 15.12.2005) Súmula 372 STJ: Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória 12/03/2009 RECURSO ESPECIAL Nº 433.711 - MS MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: Autos de ação de exibição de documentos proposta pelo ora embargante, no qual esta 3ª Turma, no Acórdão embargado, assentou que a multa cominatória é pertinente quando se trate de obrigação de fazer ou não fazer, não cabendo na cautelar de exibição de documentos, em que, se não cumprida a ordem, segundo precedente desta Terceira Turma, é possível a busca e apreensão (fls. 294). O aresto está assim fundamentado: "(...) Como sabido, a multa cominatória é própria para garantir o processo por meio da qual a parte pretende a execução de uma obrigação de fazer ou não fazer (REsp nº 148.229/RS, da minha relatoria, DJ de 13/10/98). No caso da cautelar de exibição de documentos, não tem cabimento a imposição da multa cominatória. Há, é certo, questionamento sobre a incidência do art. 359 do Código de Processo Civil. Nesta Turma, precedente de que Relator o Senhor Ministro Eduardo Ribeiro (REsp nº 204.807/SP, DJ de 28/8/00), com o meu voto e o voto do Senhor Ministro Ari Pargendler, ficou assentado que no processo cautelar, "o desatendimento da determinação de que se exiba documento ou coisa não acarreta a conseqüência prevista no artigo 359 do Código de Processo Civil". Rebateu o ilustre Relator o argumento de que sem tal sanção seria inútil a sentença que determine a exibição, afirmando que se isso ocorrer, "será caso de busca e apreensão"." (fls. 295) 3

Pedido Alternativo Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz Ihe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo. O pedido alternativo é afeto diretamente ao direito substancial, o modo de cumprir as obrigações. Possuindo o Réu o direito de escolha, ainda que o Autor não efetue pedido alternativo, poderá ser cumprido conforme a escolha do Réu. É que não seria lícito a uma parte, unilateralmente, arrogar-se do ius eligendi pertencente à outra, tocando então ao órgão judicial velar pela preservação desse direito 5 Importante ressaltar que aqui não há cumulação de pedidos, mas apenas pedido alternativo, ou seja, não se confunde com o pedido subsidiário que ocorre quando o autor pede que em não sendo aceito o primeiro pedido, seja aceito o segundo. Quanto ao valor da causa na hipótese de pedido alternativo, corresponderá ao pedido de maior valor, nos termos do art. 259, III do CPC: Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; Pedido Cumulativo Pedido Sucessivo Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior. Na hipótese de ocorrer cumulação de pedidos, podem ocorrer duas situações (ressalte-se que não há unanimidade na doutrina acerca do nome dos institutos: - Cumulação Alternativa/Eventual/Subsidiária: também chamado de pedido subsidiário, isto porque o autor efetua o pedido principal, não sendo este acolhido, o juiz passa para a análise do pedido subsidiário. Assim, na cumulação alternativa, o pedido subsidiário somente é enfrentado, caso não seja acolhido o pedido principal. Sendo julgado procedente, sendo acolhido o pedido principal, o juiz não conhece do pedido subsidiário. Por exemplo, em virtude do atraso no pagamento de prestações, o autor requer a rescisão do contrato com perdas e danos, não sendo acolhido o pedido principal requer a a condenação do réu nas prestações vencidas. O autor pode deduzir dois ou mais pedidos em ordem sucessiva. Pedido sucessivo é a pretensão subsidiária deduzida pelo autor, no sentido de que, não podendo o juiz acolher o pedido principal, passe a examinar o sucessivo. Por exemplo, pedido de nulidade ou anulação do casamento (principal) e subsidiário 5 José Carlos Barbosa Moreira. 4

de separação judicial (sucessivo). O pedido sucessivo só é examinado pelo juiz se não puder ser deferido, no mérito, o pedido principal 6 Importante referir que, nessa cumulação chamada de alternativa, eventual, subsidiária, em sendo rejeitado o pedido principal e acolhido o subsidiário, há interesse recursal para o autor apelar, em virtude do não acolhimento do pedido principal. Cúmulo eventual é a reunião de dois ou mais pedidos em uma só iniciativa processual, com a manifestação de preferência por um deles. Esse é um cúmulo alternativo, porque não se deduzem pretensões somadas para que ambas fossem satisfeitas (como no cúmulo simples). Mas é uma alternatividade qualificada pela eventualidade do segundo pedido que se deduz, de modo que este só será apreciado em caso de o primeiro não ser acolhido (CPC, art. 289). O não-acolhimento, que autoriza conhecer do segundo pedido, pode ser pela improcedência do primeiro ou pela declaração de sua inadmissibilidade (carência de ação, etc.). Em caso de ser provido o pedido prioritário, fica prejudicado o eventual e não será julgado por ausência de interesse processual. O caráter eventual dessa alternatividade distingue-a da alternatividade ordinária, pela escolha prioritária manifestada pelo autor. Não existe, como lá, a indiferença deste quanto aos resultados. Por isso, a rejeição do pedido prioritário e procedência do eventual não têm o efeito de procedência integral da demanda, mas parcial: o autor tem legítimo interesse recursal em pedir aos órgãos jurisdicionais superiores o provimento do pedido de sua procedência. De todo modo, como os pedidos não são somados, basta o acolhimento de um deles para que suporte o réu, por inteiro, os encargos da sucumbência (art. 20). Pela mesma razão, os pedidos não se somam para efeito de atribuir valor à causa: esta terá o valor do pedido principal e não de ambos (art. 259, inc. IV)" 7 Por fim, no que tange ao valor da causa, aplica-se o art. 259, IV do CPC, o valor da causa será o do pedido principal. Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal; Em muitos casos, se utiliza a cumulação alternativa/subsidiária para requerer a aplicação do princípio da fungibilidade. - Cumulação Sucessiva: o acolhimento de um pedido depende do acolhimento do outro. O acolhimento do pedido anterior é pressuposto para a análise do posterior. Ex: declaratória de inexistência de dívida com pedido de indenização por danos morais; investigação de paternidade com pedido de alimentos. Trata-se de figura oposta à cumulação alternativa: enquanto nessa o pedido subsidiário só é analisado na eventualidade de improcedência do pedido principal, na cumulação sucessiva o pedido sucessivo só é analisado na eventualidade de julgar-se procedente o primeiro pedido formulado. 8 6 Nelson Nery Jr. 7 Cândido Rangel Dinamarco. 8 Luiz Guilherme Marinoni. 5

Aqui, não sendo acolhido qualquer dos pedidos, haverá interesse recursal por parte do autor, pois presente a sucumbência. O valor da causa, de igual forma, será cumulada pelo valor de todos os pedidos, pois é isto que o autor almeja, conforme art. 259, II do CPC: Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; - Cumulação Simples (art. 292 do CPC): o acolhimento ou rejeição de um não afeta o outro pedido. Exemplo: ação de cobrança em virtude de duas vendas de mercadorias havidas entre as mesmas partes. 9 O valor da causa será a soma de todos os pedidos, art. 259, II do CPC. O Pedido e as Prestações Periódicas Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação. É uma das exceções apresentadas pela lei, admitindo o chamado pedido implícito. O pedido poderá limitar-se às prestações vencidas, implicitamente a lei entende que poderão ser cobradas as prestações que se forem vencendo no curso do processo e até mesmo após a sentença, é uma ficção jurídica. Obrigação Indivisível (...) a norma do art. 290, CPC, insere-se na sistemática de uma legislação que persegue a economia processual, buscando evitar o surgimento de demandas múltiplas (REsp n. 57.602/SP) (...) o credor poupa-se às despesas, aos incômodos e aos trabalhos duma nova ação de conteúdo idêntico, e além disso fica possuindo uma sentença com trato sucessivo, um título executivo que pode por em movimento logo que o devedor deixe de satisfazer, de futuro, qualquer prestação 10 Art. 291. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo receberá a sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito. Artigo que guarda íntima relação com a obrigação indivisível do Código Civil e a existência de pluralidade de credores, conforme art. 258, 260 e 261do Código Civil: Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 9 Humberto Theodoro Júnior. 10 Calmon de Passos. 6

Cumulação de Pedidos - Possibilidade Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. 1 o São requisitos de admissibilidade da cumulação: I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. 2 o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário. O presente artigo refere a cumulação simples, caracterizada pela autonomia dos pedidos, ou seja, a procedência ou improcedência de um independe do outro. Ocorrendo a improcedência de qualquer um dos pedidos, há sucumbência, há interesse recursal por parte do autor. O valor da causa será a soma de todos os pedidos cumulados. Requisitos - Cumulação de Pedidos - Possibilidade - Pedidos Compatíveis: os pedidos são compatíveis quando não se incluem mutuamente. Deve, portanto, existir uma conciliação entre eles. A incompatibilidade dos pedidos, portanto, não é admitida na cumulação simples, não cumulação alternativa, subsidiária, eventual ela é permitida. Exemplo de pedidos incompatíveis: a)revisão de cláusula contratual bem como a decretação de nulidade total do contrato. Portanto, o pedido deve ser compatível na cumulação simples. - Competência do Juízo: o juiz deve ser competente para conhecer de todos os pedidos. O juízo da causa tem de ser competente materialmente para processar e julgar todos os pedidos que se pretende cumular. Caso tenha competência para um e não tenha para outro, não poderá haver cumulação. 11 O juiz julgará o pedido que é competente e rejeitará aquele que é estranho à sua competência. Por exemplo: pedido de dano moral e de dano material em face de pessoa física e do Estado proposto na Vara Cível, onde haja Vara da Fazenda Pública. - Mesmo Procedimento para todos os Pedidos: o mesmo procedimento para todos os pedidos, estabelecido de forma adequada. Não é admissível, pura e simplesmente, a cumulação de pedido que deve tramitar pelo rito sumário, com pedido que deve tramitar pelo rito ordinário. Nesta hipótese, para ser permitida a cumulação deve o autor optar pelo ordinário para todos os pedidos, renunciando à sumariedade. A doutrina refere que existem alguns procedimentos especiais que são incompatíveis com o rito ordinário e, portanto, não estariam admitidas a cumulação de pedidos, como é co caso do inventário e partilha, sendo manifestamente incompatível com o procedimento ordinário e, portanto, insuscetível de cumulação com qualquer outro. 12 Interpretação do Pedido Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais. 11 Nelson Nery Jr. 12 José Carlos Barbosa Moreira. 7

A Causa de Pedir Causa Petendi Art. 282. A petição inicial indicará: III o fato e os fundamentos jurídicos do pedido Todo pedido tem uma causa. A causa de pedir vai se caracterizar como o fato constitutivo do direito alegado, não é o próprio direito, mas o fato constitutivo. Motivo (razão fática e jurídica) pelo qual se esta é juízo. Enunciado legal não integra a causa de pedir. É o fato ou conjuntos de fatos da vida juridicizados. Razões fáticas e jurídicas que justificam o pedido. Na visão de Ovídio Baptista da Silva: O conjuntos dos fatos relevantes e dos fundamentos jurídicos constituem a causa de pedir (causa petendi). A doutrina também chama de teoria da substanciação. A chamada teoria da consubstanciação, de maior voga no Brasil, sustenta que cada demanda há de ser caracterizada pelos fatos que o autor descreve na petição inicial, de tal modo que, mudando-se os fatos, muda-se a demanda, que se transforma em outra. Em nosso exemplo da ação de despejo fundada em infração de contrato de locação, segundo essa teoria, se o locador apenas alegar, na causa, a infração consistente no descumprimento da obrigação por parte do inquilino em construir o muro divisório, a outra infração contratual, também verificada,não ficaria absorvida pela sentença, pois esse novo conjunto de fatos infração do contrato por não haver o inquilino remodelado a instalação elétrica - constituiria uma segunda demanda, possível de ser ajuizada depois, ou cumulada com a primeira. 13 Conforme leciona José Carlos Barbosa Moreira em sua obra O Novo Processo Civil Brasileiro, pág. 15, identificar a causa de pedir é fazer a seguinte pergunta: - Por que o autor pede tal providência? Ou seja, - Qual o fundamento, de sua pretensão? Constitui-se a causa petendi do fato ou do conjunto de fatos a que o autor atribui a produção do efeito jurídico por ele visado 14 Liga a existência do direito material e do processo. Por exemplo, quando o autor reclama a restituição de quantia emprestada. Qual o pedido mediato? A restituição da quantia. Qual o pedido imediato? A condenação do réu na devolução da quantia, impondo a força expropriatória do Estado. 13 Ovídio A. Baptista da Silva e Fábio Luiz Gomes. Teoria Geral do Processo Civil. Ed. Revista dos Tribunais, 4ª. Ed, pg. 244-245. 14 José Carlos Barbosa Moreira.O Novo Processo Civil Brasileiro. Editora Forense, 23ª ed., pg. 15. 8

Qual a causa de pedir? Pergunta-se, por que o autor pede tal providência? Porque emprestou dinheiro e não foi devolvido, portanto a causa de pedir é o empréstimo e o não pagamento da dívida. Novo exemplo, A propõe contra B ação de resolução do contrato, por infração de cláusula contratual. Qual o pedido mediato? Qual o pedido imediato? Qual a causa de pedir? Novo exemplo, José propõem em face de Maria, Ação de Separação Judicial, em virtude de conduta desonrosa e grave violação do dever conjugal Qual o pedido mediato? Qual o pedido imediato? Qual a causa de pedir? - Causa de Pedir Remota: o fato; - Causa de Pedir Próxima: o fundamento jurídico. Questões - Marque V ou F 01 - ( ) O pedido pode ser genérico não só na hipótese de ações universais, se o autor não tiver condições de individuar na petição os bens demandados, como também nas ações de conhecimento em geral quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito, bem como na hipótese de a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu; 02 - ( ) É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão, mas desde que sejam compatíveis entre si, o mesmo juízo seja o competente e o procedimento seja adequado para todos os pedidos; 03 - ( ) Mesmo não havendo pedido expresso, deve o juiz compreender no principal os juros legais, além da correção monetária, sendo que, se a obrigação consistir em prestações periódicas, as vincendas estarão incluídas no pedido, mesmo que ausente declaração expressa nesse sentido; 04 - ( ) O pedido mediato, no processo comum ordinário, pode ser genérico quando a determinação do valor da condenação dependa de ato a ser praticado pelo réu, hipótese em que o juiz fica autorizado a proferir sentença ilíquida. 05- ( ) Quando o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo, o pedido poderá ser sucessivo. 06 - ( ) Na cumulação sucessiva, o segundo pedido somente será apreciado se improcedente o primeiro; na cumulação alternativa, o segundo pedido somente será apreciado se for acolhido o primeiro. 07 - ( ) O pedido pode ser formulado de modo genérico quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; 9

08 - ( ) É juridicamente impossível o pedido de reparação por danos morais formulado por pessoa jurídica, já que esta não possui honra, atributo exclusivo da pessoa natural. 09 ( ) Ainda quando, na inicial, o autor formule pedido de multa coercitiva, arbitrando desde logo seu valor, pode o juiz fixar outro meio coercitivo ou mesmo impor a multa em valor distinto daquele solicitado pelo requerente. 10 ( ) A causa de pedir revela o nexo existente entre o direito material e o processo. Magistratura RS/SP 11 - O Juiz, em ação que tem por objeto cumprimento de obrigação de fazer, entendendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, concede tutela liminar requerida pela parte e, ao mesmo tempo, sem pedido expresso, impõe multa diária ao réu, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. A imposição da multa (A) encontra amparo no ordenamento positivo brasileiro. (B) fere o princípio da imparcialidade. (C) só poderia ser feita depois de comprovada a resistência da parte demandada em atender à ordem judicial. (D) justifica-se pelo princípio da economia processual. (E) atenta contra o princípio da demanda. 12 - ( ) O juiz não conta com impedimento para conceder ao autor tutela jurisdicional diversa da postulada, contanto que se mostre qualitativa ou quantitativamente superior. Promotor de Justiça - SP 13 ( ) É de valor fixo e invariável a multa coercitiva prevista para estimular o cumprimento de sentença condenatória que tem por objeto obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa. 14 ( ) O juiz não pode impor de ofício a multa coercitiva prevista para o cumprimento da sentença condenatória que tem por objeto obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa. 15. A cumulação de ações em que o autor pleiteia o exame de segundo pedido, no caso de rejeição do primeiro, é (A) eventual. (B) inadmissível. (C) simples. (D) sucessiva. (E) subjetiva. 10