GUINÉ-BISSAU. Relatório da situação do sistema educativo



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Transcrição:

República da Guiné-Bissau Ministério da Educação Nacional, da Cultura, da Juventude e dos Desportos GUINÉ-BISSAU Relatório da situação do sistema educativo Margens de manobra para o desenvolvimento do sistema educativo numa perspetiva de universalização do Ensino Básico e de redução da pobreza Banque Mondiale

GUINÉ-BISSAU Relatório da Situação do Sistema Educativo Margens de manobra para o desenvolvimento do sistema educativo numa perspetiva de universalização do Ensino Básico e de redução da pobreza Fevereiro 2013 1

UNESCO-BREDA O escritório da UNESCO em Dakar e o Escritório regional para a educação em África (UNESCO-BREDA) é o maior escritório da UNESCO em África. A UNESCO-BREDA foi criada em 1970 para se encarregar da planificação da educação na África subsaariana. Ao longo dos anos, alargou o seu campo de atividades estendendo-as às ciências, às ciências sociais, à cultura e comunicação e à informação. O Pólo de Dakar O Pólo de Dakar para a análise sectorial em educação é uma plataforma de conhecimento especializada ligada à UNESCO-BREDA. O Pólo de Dakar trabalha desde 2001 no apoio aos países e também aos parceiros técnicos e financeiros nos domínios de análise dos sistemas educativos, da elaboração de estratégias e do seguimento das políticas sectoriais na educação. Banco Mundial O Banco Mundial é uma fonte vital de apoio técnico e financeiro para os países em desenvolvimento à volta do mundo. A instituição colocou a educação na vanguarda da sua missão de combate à pobreza. O Banco Mundial integra as estratégias económicas nacionais de educação e ajuda a implementar os sistemas de ensino que oferecem às crianças os meios para tornarem-se cidadãos activos. Publicado em 2013 por : GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Pólo de Dakar UNESCO-BREDA 12 avenue Léopold Sédar Senghor Dakar SENEGAL Tel : (+221) 33 849 59 79 Fax : (+221) 33 821 35 25 Web : www.poledakar.org UNESCO/Dakar - Pólo de Dakar ISBN : 978 92 9091 111 1 Conceção gráfica : Imprimerie Graphi Plus - Tél.: +221 33 869 10 16 Créditos foto : Braima Mané Impressão : Imprimerie Graphi Plus - Tél.: +221 33 869 10 16 Conception graphique : Imprimerie Graphi Plus - Tél.: +221 33 869 10 16 2 Este documento foi produzido livremente na condição de mencionar as fontes. As designações utilizadas nesta publicação, bem como a apresentação de dados, não implicam da parte da UNESCO qualquer tomada de posição quanto ao estatuto jurídico dos países, territórios, cidades ou regiões e suas autoridades, nem quanto à delimitação das suas fronteiras ou limites. As ideias e opiniões expressas nesta publicação são as dos autores, não refletem necessariamente os pontos de vista da UNESCO nem comprometem de forma nenhuma a Organização.

Prefácio A presente análise do setor da educação na Guiné-Bissau vem somar-se à lista crescente dos Relatórios da Situação dos Sistemas Educativos Nacionais (RESEN). Tal como outros relatórios semelhantes, o RESEN da Guiné-Bissau é o produto da colaboração entre uma equipa nacional composta por quadros do Ministério da Educação e de outros Ministérios, do Pólo de Dakar (UNESCO-BREDA), do Banco Mundial e dos parceiros locais para o desenvolvimento. O relatório visa estabelecer uma fotografia da situação atual da educação na Guiné-Bissau, e assim oferecer aos decisores políticos nacionais e seus parceiros para o desenvolvimento uma base analítica sólida para facilitar o diálogo político e o processo de tomada de decisões. Nos últimos anos, o contexto do desenvolvimento da educação evoluiu de tal forma que os trabalhos analíticos deste género são cada vez mais necessários. Os governos esforçam-se por reduzir a pobreza e cumprir os Objetivos do Milénio para o Desenvolvimento; e a comunidade internacional está empenhada em dar o seu contributo no esforço de fornecer o apoio financeiro necessário para a implementação de planos sectoriais credíveis para o desenvolvimento do sistema educativo. O lançamento, em 2002, da iniciativa de implementação acelerada da educação para todos (IMOA-EPT), mais conhecida pelo seu nome inglês de Fast Track Initiative, permitiu o estabelecimento do mecanismo de apoio necessário. Em Dezembro de 2008, 20 países africanos já tinham recebido doações para um montante global de 1 172 milhões de dólares para implementar os planos de educação aprovados pelos parceiros da iniciativa IMOA-EPT. Este relatório é o primeiro RESEN na Guiné-Bissau e constitui um diagnóstico sólido que permite ao Governo a elaboração e a posse de um plano sectorial credível. Os resultados deste relatório são, assim, particularmente úteis para a elaboração da política sectorial e do Plano de Ação da Educação até 2020 e também para fornecer elementos analíticos para futuras reformas. O relatório pode ainda constituir um instrumento útil no diálogo acerca das políticas educativas entre o Governo da Guiné-Bissau e os diferentes parceiros para o desenvolvimento interessados no sector da educação. Este relatório salienta diversos factos, dos quais dois merecem ser aqui mencionados. Em primeiro lugar, ele foi elaborado graças ao trabalho conjunto e motivado de uma equipa nacional e de uma equipa de apoio de parceiros externos. Este relatório não é, pois, uma avaliação externa do sistema educativo, mas o fruto de um trabalho de colaboração para aprofundar a compreensão dos desafios que enfrenta aquele sector e delinear uma ação conjunta, com base num diagnóstico comum. O relatório apresenta assim uma aplicação prática das recomendações da Declaração de Paris acerca da eficácia da ajuda. Além disso, o modelo de trabalho utilizado permitiu igualmente o reforço das competências de análise sectorial do Ministério da Educação da Guiné-Bissau, bem como de outros Ministérios implicados. Um segundo ponto a salientar diz respeito à metodologia e às fontes de dados utilizadas, que vão além daquilo que normalmente é feito. A equipa conjunta explorou todos os dados disponíveis, retirados principalmente do censo escolar anual da administração, mas também os questionários aos agregados familiares, de forma a realizar uma análise muito mais detalhada do que aquela permitida pelo cálculo dos indicadores básicos utilizados habitualmente para o seguimento dos sistemas educativos. Contudo, algumas análises, nomeadamente sobre a qualidade Prefácio 3

da aprendizagem, não puderam ser realizadas por falta de dados disponíveis (sem exames nacionais, avaliação de aprendizagem inexistente até à data). O Programa de análise dos sistemas educativos da CONFEMEN (PASEC) deve realizar entretanto uma avaliação da aprendizagem dos alunos de 2º e 6º ano, o que fornecerá, então, dados pertinentes acerca da qualidade da aprendizagem na Guiné-Bissau com uma visão comparativa com outros países de África. Há que acrescentar aqui que este relatório foi elaborado inicialmente no ano de 2008 com a base de dados de 2006, mas foi atualizado em 2011 com a base de dados de 2010, no que diz respeito nomeadamente aos dados demográficos e económicos (capítulo 1), aos dados administrativos sobre as matrículas (capítulo 2), aos dados financeiros da educação (capítulo 3) e às disparidades ligadas aos recursos públicos na educação (2ª parte do capítulo 4). Os diferentes resultados deste relatório já estimularam discussões no seio do Governo e entre o Governo e os seus parceiros para o desenvolvimento acerca dos desafios que enfrenta o sector educativo Bissau-guineense. Assim, os números do RESEN já permitiram trabalhar no modelo de simulação financeira do sector e tomar decisões sobre a política educativa do país para os próximos dez anos. Estas decisões são definidas por uma visão estratégica de conjunto já descrita na carta de política educativa do Governo e no plano sectorial interino elaborado. De uma forma mais geral, este relatório é uma fonte documental completa para quem se interessa pela educação na Guiné-Bissau. No entanto, não é mais do que uma fotografia do sistema num momento particular. Assim, ele corre o risco de se tornar desatualizado à medida que o país implementa o seu plano de educação interino. Por isso, nós esperamos ver a realização de uma segunda versão deste diagnóstico nos próximos anos, sob a direção de uma equipa nacional com um apoio técnico exterior mínimo. Esta abordagem já foi comprovada noutros países, em particular para melhorar a apropriação do relatório. GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Esperamos igualmente que o segundo RESEN mostre o progresso contínuo do sistema educativo ao mesmo tempo que o número de crianças que têm acesso a um Ensino Básico de qualidade, mas também o número de jovens que saem do sistema educativo com as competências necessárias para apoiar o desenvolvimento social e económico do país. 4

Agradecimentos Este relatório foi produzido e atualizado de forma conjunta por uma equipa nacional composta por quadros do Ministério de Educação Nacional, da Cultura, das Ciências, da Juventude e dos Desportos, do Ministério das Finanças, do Ministério da Economia e por uma equipa internacional composta por membros do Banco Mundial e do Pólo de Análise Sectorial em Educação de Dakar (UNESCO-BREDA). Agradecemos aos parceiros técnicos e financeiros dos países e agências multilaterais envolvidos no apoio ao sector da educação na Guiné-Bissau pela sua participação nos seminários de preparação deste diagnóstico, nas discussões, e pela sua ajuda ao longo deste processo. A equipa nacional sob a presidência de Alfredo GOMES (Ministro de Educação nacional e também coordenador da equipa nacional), foi constituída por Nelvina BARETTO (consultora), Mamadou Saliu JASSI (Diretor Geral do GIPASE, Ministério da Educação Nacional), Rui LANDIM (Coordenador EPT, Ministério da Educação Nacional), Vençã MENDES (Representante dos sindicatos de educação), Braima MANE (quadro da Direção Geral do Ensino Superior, Ministério da Educação Nacional) e Romão VARELA (Diretor do Orçamento, Ministério das Finanças). Adululai JALO, quadro do Ministério da Economia, contribuiu também para algumas análises executadas neste relatório. A equipa de apoio externo que participou nos estudos e na redação do relatório foi composta por Claire GALL, Guillaume HUSSON e Francis N DEM, analistas das políticas educativas do Pólo de Dakar (UNESCO/ BREDA). Mohamed DIABY, consultor para o Banco Mundial, contribuiu igualmente para algumas análises levadas a cabo neste relatório. Geraldo MARTINS, Michaël DRABBLE e Rahamatra RAKOTOMALALA, especialistas em educação no Banco Mundial, bem como Jean-Marc BERNARD, conselheiro no apoio aos países no Pólo de Dakar (UNESCO/BREDA) e Nicolas REUGE (consultor) contribuíram também para o trabalho e para o processo no qual se envolve a Guiné-Bissau, nomeadamente através do Atelier de Formação em Análise Sectorial e nas discussões acerca das arbitragens da política educativa em torno do modelo de simulação financeira. Esta contribuição permitiu a produção da nota conceptual para a futura política educativa do país, para o período de 2009-2020, depois 2012-2020 com a atualização realizada (em anexo no presente relatório). Agradecimentos 5

Lista de Siglas e Abreviaturas GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO ADEA ADPP BECEAO BREDA CEDEAO CEFC CENFA CENFI CIFAP CONFEMEN EB EBC EBE EN ENEFD ENSTT EPT ES ESC ESG EFTP EVS GIPASE ILAP IMOA INEP MICS NU PASEC PIB PNUD RCA RESEN Associação para o Desenvolvimento da Educação em África Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo ONG Dinamarquesa Banco Central dos Estados da África do Oeste Escritório Regional da UNESCO para a Educação em África Comunidade Económica dos Estados da África do Oeste Centro Experimental de Educação e Formação Centro de Formação Administrativa Centro de Formação Industrial Centro Industrial de Formação e Aperfeiçoamento Profissional Conferência dos Ministros da Educação de Língua Francesa Ensino Básico Ensino Básico Complementar Ensino Básico Elementar Escola Normal Escola Nacional de Educação Física e Desportiva Escola Normal Superior Tchico Té Educação para Todos Ensino Secundário Ensino Secundário Complementar Ensino Secundário Geral Ensino Técnico e Formação Profissional Esperança de vida Escolar Gabinete de Informação, Planificação e Análise do Sistema Educativo (Departamento Estatístico do Ministério da Educação Inquérito Ligeiro sobre a pobreza Iniciativa de implementação acelerada (Fast Track) Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Multiple Indicators Cluster Survey Nações Unidas Programa de Análise dos Sistemas Educativos da CONFEMEN Produto Interno Bruto Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Républica Centroafricana Relatório de Estado sobre o Sistema Educativo Nacional 6 SAB TBS UAC UNESCO UNICEF VIH Sector Autónomo de Bissau Taxa bruta de escolarização Universidade Amílcar Cabral Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Fundo das Nações Unidas para a Infância Vírus de Imunodeficiência Humana

Sumário Prefácio...3 Agradecimentos...5 Lista de Siglas e Abreviaturas...6 Lista de quadros...10 Lista de gráficos...13 Sumário executivo...15 Capítulo 1 : O contexto demográfico e macroeconómico...29 Introdução : o contexto político e institucional...29 I. Um contexto demográfico problemático...29 I.1 Demografia : a estrutura e o crescimento populacional são um fardo pesado no sistema educativo...30 I.2 Uma população maioritariamente rural e muito pobre : desafios adicionais para a escola...31 I.3 A Saúde...33 II. O contexto macroeconómico...34 II.1 Fraco desempenho em termos de crescimento...34 II.2 Evolução das finanças públicas...35 II.3 Despesas em educação...38 Anexos do Capítulo 1...42 Anexo 1.1 : Nota sobre os dados demográficos...42 1.1. Estimativa dos dados demográficos por idade e por sexo entre 1991 e 2009...43 1. 2. Projeção dos dados demográficos por idade entre 2009 e 2020 numa perspetiva de planificar os custos e as necessidades futuras para o sistema educativo...49 Anexo 1.2 : Quadros detalhados...50 Capítulo 2 : A escolarização quantidade, fluxo, qualidade... 53 I. Descrição do sistema educativo da Guiné-Bissau...53 I.1 A educação formal...53 I.2 A educação não formal...55 I.3 Os diferentes tipos de estabelecimentos...55 I.4 Organização do Ministério da Educação...55 II. Análise quantitativa das escolarizações...56 II.1 Um crescimento sólido do número de matrículas...56 II.2 Uma grande evolução da cobertura escolar...58 II.3 O percurso escolar : análise dos perfis de escolarização e de retenção...60 Sumário 7

II.4 A esperança de vida escolar (EVS)...63 II.5 As questões de oferta e de procura escolar...63 III. A eficácia interna : uma grande parte dos recursos públicos servem para financiar as desistências e as reprovações ao longo do ciclo...69 III.1 A questão da reprovação...69 III.2 Os indicadores de eficácia interna...72 IV. A qualidade da aprendizagem através da análise da alfabetização...74 Capítulo 3 : Os aspetos financeiros...77 GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO I. Evolução das despesas globais da Educação...77 I.1. Evolução das despesas correntes...77 I.2. Evolução das despesas de investimento...79 I.3. As despesas das famílias...79 II. Análise detalhada das despesas públicas correntes no ano 2010...81 II.1. As despesas de pessoal...81 II.2. As despesas públicas de funcionamento...85 III. As despesas públicas unitárias de escolarização...89 III.1. Estimativa da média das despesas públicas unitárias por nível de Ensino...89 III.2. Comparação internacional das despesas públicas unitárias por nível de ensino...90 IV. Análise dos fatores que influenciam as despesas unitárias da escolarização...91 IV.1. O enquadramento dos alunos...91 IV.2. A remuneração dos professores no sistema educativo Bissau-guineense...92 IV.3. Comparação do estatuto e do nível de remuneração dos professores...93 IV.4. Alguns elementos de reflexão para a futura política educativa...95 V. A situação Bissau-guineense em perspetiva com o quadro indicativo da iniciativa Fast Track...97 Capítulo 4 : A questão da equidade...100 I. As desigualdades na escolarização devido ás características socioeconómicas...100 I.1 A questão do género...101 I.2 A zona de residência...104 I.3 O nível de vida...105 II. A desigualdade na distribuição dos recursos para a educação...107 III. As desigualdades regionais...113 Capítulo 5 : A gestão do sistema...116 8 I. A distribuição dos recursos para as escolas...116 II.1 Avaliação da coerência na afetação de docentes do Ensino Básico...117 II.2 Avaliação da coerência na afetação dos docentes do ensino secundário...120 II. Análise dos diferentes modos de organização escolar ao nível do ensino básico...122

Capítulo 6 : A eficácia externa do sistema educativo na esfera social...126 I. Efeitos da educação na reprodução...126 II. Efeitos da educação nos comportamentos ligados à saúde...128 II.1 Efeito da educação na saúde materna...128 II.2 Efeito da educação na saúde infanto-juvenil...129 II.3 Efeito da educação na luta contra o VIH/SIDA...130 III. Efeitos da educação nos comportamentos ligados à proteção da mulher...132 IV. Efeitos da educação nos comportamentos ligados ao civismo...132 V. Análise dos ganhos marginais...133 Anexo : Arbitragens a médio prazo para a política educativa sectorial da República da Guiné-Bissau...141 I. As grandes prioridades para o desenvolvimento do sector da educação...141 II. Os recursos públicos que podem ser mobilizados para o sector...142 III.Despesas associadas às opções de política educativa para a produção dos serviços oferecidos...143 IV. Consolidação global do enquadramento macro-financeiro...155 Sumário 9

Lista de quadros Quadro 1 : Alguns indicadores demográficos, 1990 2009...15 Quadro 2 : Indicadores socio-económicos...16 Quadro 3 : A evolução das taxas brutas de escolarização (TBS) entre 1999/00 e 2009/10...16 Quadro 4 : Evolução das percentagens de reprovações ao longo dos últimos 10 anos...18 Quadro 5 : Distribuição das despesas correntes públicas da educação por nível de ensino, ano 2010...20 Quadro 6 : Estrutura das despesas públicas correntes no ensino, ano 2010...20 Quadro 7 : A remuneração dos professores (PIB/ habitante))...21 Quadro 8 : As despesas públicas por aluno por nível de ensino, ano 2010...22 Quadro 9 : Parcela das despesas dos agregados familiares com a educação nas despesas totais nacionais...22 Quadro 10 : Parcela de recursos dos quais beneficia cada grupo da população...26 Quadro 1.1 : Alguns indicadores demográficos, 1991 2009...31 Quadro 1.2 : Indicadores socio-económicos...31 GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Quadro 1.3 Indicadores de saúde...33 Quadro 1.4 : Despesas públicas executadas em educação, 1997-2007...39 Quadro 1A : População por faixa etária em 1991 e em 2009...43 Quadro 2A : População por idade (0-24 anos) entre 1991 e 2009...46 Quadro 3A : População por idade (0-24 anos) entre 2009 e 2020...48 Quadro 1A.1 : Evolução do PIB, 1997-2010...50 Quadro 1A.2 : As receitas do Estado em francos CFA constantes de 2010, 1997-2007...51 Quadro 1A.3 : As despesas do Estado em francos CFA constantes de 2010, 1997-2010...52 Quadro 1A.4 : Défices, 1997-2007...52 Quadro 2.1 : Evolução dos efetivos por ordem de ensino de 1999-00 a 2009-10...57 Quadro 2.2 : Evolução da parcela de cada tipo de ensino de 1999-00 a 2009-10...58 10 Quadro 2.3 : Evolução das taxas brutas de escolarização por ordem de nível de ensino de 1999-00 a 2009-10...59 Quadro 2.4 : Comparações internacionais da EVS...63 Quadro 2.5 : As explicações dadas para o abandono das crianças ao longo da Primária em 2002...64

Quadro 2.6 : Estimativa logística para o acesso à escola numa geração de indivíduos (13-15 anos)...65 Quadro 2.7 : Divisão das crianças com idades dos 7 aos 14 anos segundo a distância da escola mais próxima, (2002)...66 Quadro 2.8 : Estimativa logística de frequência à escola de Ensino Básico para as crianças dos 7 aos 14 anos em 2002...67 Quadro 2.9 : Distribuição da percentagem de escolas e alunos em função do número de níveis ministrados para o ano 2005-06 (Primária : EBE e EBC)...68 Quadro 2.10 : Percentagem de alunos que não tiveram a possibilidade de passar ao nível superior entre 2004-05 e 2005-06 nos 6 primeiros anos de estudo...68 Quadro 2.11 : Evolução da percentagem de reprovações 1997-98 a 2005-06...70 Quadro 2.13 : Retenção e coeficientes de eficácia interna no Ensino Básico em 2005/06 e 2009/10...72 Quadro 2.14 : Comparação internacional dos coeficientes de eficácia interna no Ensino Básico...73 Quadro 2.15 : Retenção e coeficientes de eficácia interna no Ensino Secundário em 2005-06 e 2009-10...74 Quadro 3.1 : Evolução das despesas correntes públicas na educação, 1998-2010...78 Quadro 3.2 : Evolução da distribuição das despesas públicas correntes em educação, 1998-2010...78 Quadro 3.3 : Evolução das despesas de investimento para o sector da Educação com recursos próprios e com recursos externos, 1999-2010...79 Quadro 3.4 : Despesas estimadas das famílias por criança, na educação, segundo o nível e o tipo de estabelecimentos frequentados, a localização geográfica e o nível de vida da família, ano 2010 (francos CFA)...80 Quadro 3.5 : Parcela das despesas das famílias em educação nas despesas totais nacionais...81 Quadro 3.6 : Distribuição do número de pessoal de educação e dos montantes salariais correspondentes segundo a função, o estatuto e o nível de Ensino, ano 2010 (em milhões de francos CFA)...82 Quadro 3.7 : Divisão final do montante salarial pessoal da Educação segundo a função, o estatuto e o nível de ensino (em biliões de francos CFA)...84 Quadro 3.8 : Divisão das despesas públicas correntes por natureza e por sub-sector, ano 2006 (em Biliões de francos CFA)...86 Quadro 3.9 : Comparação internacional da divisão intrassectorial das despesas públicas correntes em Educação...87 Lista de quadros Quadro 3.10 : Organização estrutural das despesas públicas correntes no Ensino, ano 2010...88 Quadro 3.11 : Estimativa das despesas públicas unitárias, ano 2010...89 11 Quadro 3.12 : Comparação internacional das despesas públicas unitárias em % d PIB/habitante por nível de Ensino...90

Quadro 3.14 : A situação de emprego dos indivíduos dos 25 aos 35 anos segundo o nível de estudos, ano 2002...95 Quadro 3.15 : Reconstituição das despesas unitárias públicas (em francos CFA) por nível de Ensino, ano 2010...96 Quadro 3.16 : Situação da educação básica em 2006 para o quadro indicativo da iniciativa Fast Track...97 Quadro 4.1 : Distribuição dos indivíduos dos 7 aos 24 anos segundo o nível atingido e as suas características, 2006...101 Quadro 4.2 : Distribuição estrutural de recursos públicos em educação destinados a um pseudo-coorte de 100 crianças, ano 2010...108 Quadro 4.3 : Parte dos recursos de que beneficia cada grupo da população...112 Quadro 5.1 : Grau de aleatoriedade (1-R2) na afetação dos docentes do ensino básico em 15 países africanos...119 Quadro 5.2 : Relação alunos-professor e coerência na afetação de docentes no interior das regiões...120 Quadro 5.3 : Número de grupos pedagógicos em situação de turmas mistas, 2005-2006...124 Quadro 5.4 : Número de salas de aula em situação de turno múltiplo, de acordo com o número de vagas, 2005-2006...124 GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Quadro 6.1 : Efeito do número de anos de estudo na reprodução das mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos...127 Quadro 6.2 : Medida consolidada de impacto social dos diferentes níveis educativos numa variedade de dimensões sociais...134 Quadro 1 : Uma estimativa do volume de recursos públicos que poderiam ser mobilizados para o sector da educação em 2020...142 Quadro 2 : Despesas correntes e de capital de acordo com diferentes cenários de desenvolvimento do sector, até 2020...144 Quadro 3 : Matriz das políticas educativas para os diferentes níveis de ensino 2020...153 Quadro 4 : Financiamento da política sectorial, cenário final, 2012-2020...156 12

Lista de gráficos Gráfico 1 : Probabilidade de ser alfabetizado em função do nível de escolaridade das mulheres com idades entre os 22 e os 44 anos...18 Gráfico 2 : Despesas públicas correntes na educação em % da despesa corrente do Estado, excluindo a dívida, comparações internacionais...19 Gráfico 3 : relatório de probabilidades de acesso rapazes/raparigas segundo a zona de residência, 2005/06...23 Gráfico 4 : Probabilités estimées d accéder à différents niveaux selon le niveau de vie, 2005/06...24 Gráfico 6 : % de recursos dos quais beneficiam os 10% da população mais educada,... comparações internacionais...25 Gráfico 7 : Coerência na colocação dos professores nas escolas públicas ao nível do ensino básico, 2005-2006...27 Gráfico 1.1 : Crescimento económico, 1997-2010...34 Gráfico 1.2 : Distribuição das receitas do Estado, 1997-2010 (em volume - base 2010)...35 Gráfico 1.3 : Evolução das receitas próprias do PIB em %, 1997-20100...36 Gráfico 1.4 : Distribuição das despesas do Estado, 1997-2010...37 Gráfico 1.5 : Evolução dos défices públicos 1997-2010...38 Gráfico 1.6 : Evolução da despesa pública corrente em educação por jovem dos 7 aos 12 anos, 1997 2010...39 Gráfico 1.7 : Despesas públicas em educação em % das despesas correntes fora a dívida, comparações internacionais...40 Gráficos 1A, 2A, 3A e 4A : Estimativa da população por idade a partir do multiplicador de Sprague, anos 1991 e 200...44 Gráficos 5A e 6A : Alisamento dos dados da população de 1991 por idade e por sexo...44 Graphiques 7A et 8A : lissage des données de population de 2009 par âge et par sexe...45 Gráfico 2.1 : Comparação internacional da TBS no Ensino Básico, num ano entre 2007 e 2010...60 Gráfico 2.2 Perfis transversais de escolarização, 1999/00 e 2009/10...61 Gráfico 2.3 : Perfis de retenção 2009/10...62 Lista de gráficos Gráfico 2.4 : Percentagem de reprovações no Ensino Básico (EBE+EBC) em função do estatuto dos estabelecimentos escolares, ano 2009-10...71 Gráfico 2.7 : Percentagem de reprovações no Ensino Secundário (ESG+ESC) em função do estatuto dos estabelecimentos escolares, ano 2009-10...71 13 Gráfico 2.8 : Probabilidade de ser alfabetizado em função do nível de estudos nas mulheres com idades dos 22 aos 44 anos...75

Gráfico 3.1 : Comparação internacional da parcela das despesas sem os salários dos professores no Ensino Básico...88 Gráfico 3.2 : Comparação internacional da relação alunos-professor no Ensino Básico público...92 Gráfico 3.4 : Comparação internacional do nível de remuneração média para os professores do Ensino Básico...94 Gráfico 4.1 : Divisão raparigas-rapazes no EB e no ES em 2005/06...102 Gráfico 4.2 : Perfis de retenção segundo o género, no EB e no ES, 2004/05 2005/06...102 Gráfico 4.4 : Probabilidades estimadas em aceder aos diferentes níveis segundo a zona de residência, 2005/06...104 Gráfico 4.6 : Probabilidades estimadas de aceder a diferentes níveis de acordo com o nível de vida, 2005/06...106 Gráfico 4.7 : Relação das probabilidades de acesso rapazes/raparigas de acordo com o nível de vida, 2005/06...106 Gráfico 4.8 : Curva de Lorenz...110 Gráfico 4.9 : % Dos recursos de que beneficiam os 10% mais instruídos, comparações internacionais...111 GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Gráfico 4.10 : Percentagem de crianças e de jovens que acedem a diferentes níveis por região, 2005/06...113 Gráfico 4.11 : Percentagem de raparigas no EB e no ES por região, 2005/06...114 Gráfico 5.1 : Coerência da afetação de docentes nas escolas públicas ao nível do Ensino Básico, 2005-2006...118 Gráfico 5.2 : Coerência da afetação dos docentes nos estabelecimentos públicos ao nível do Ensino Secundário, 2005-2006...121 Gráfico 5.3 : Número de grupos pedagógicos e número de salas de aula no Ensino Básico público, 2005-2006...123 Gráfico 6.1 : Probabilidade das mulheres dos 15 aos 49 anos adotarem comportamentos favoráveis à saúde materna segundo o número de anos de estudos, expressa em %...129 Gráfico 6.2 : Probabilidade para as mulheres dos 15 aos 49 anos de adotarem comportamentos favoráveis à saúde infantil segundo o número de anos de estudos, expressa em %...130 Gráfico 6.3 : Probabilidade das mulheres dos 15 aos 49 anos adotarem comportamentos favoráveis face ao VIH/SIDA segundo o número de anos de estudos, expressa em %...131 14 Gráfico 6.4 : Probabilidade das mulheres dos 15 aos 49 anos serem desfavoráveis à excisão segundo o número de estudos, expressa em %...132 Gráfico 6.5 : Probabilidade das mulheres dos 15 aos 49 anos registarem os nascimentos dos seus filhos no registo civil segundo o número de anos de estudos, expressa em %...133

Sumário executivo A análise realizada por uma equipa nacional, em parceria com o Pólo de Dakar da UNESCO-BREDA e o Banco Mundial, tem como objetivo efetuar um diagnóstico da totalidade do setor educativo, de forma a evidenciar as forças e as fraquezas do sistema educativo e identificar, assim, as estratégias mais eficientes para o melhorar. Tal como o relatório, o sumário executivo limita-se ao diagnóstico factual, sem abordar de forma direta recomendações relativamente a ações de política educativa; embora a distância entre diagnóstico e recomendações seja um pouco ténue. As análises presentes neste estudo puderam ser realizadas mobilizando dados e informações provenientes de múltiplas fontes, em particular os questionários administrativos escolares do Ministério de Educação nacional, os dados demográficos das Nações Unidas, os inquéritos aos agregados familiares do Ministério da Economia (ILAP 2002, MICS 2006), as despesas executadas pelo Ministério das Finanças e os indicadores macroeconómicos do Ministério da Economia. O sistema educativo insere-se num contexto de crescimento rápido da população que é essencialmente jovem, maioritariamente rural e pobre. O primeiro elemento do diagnóstico consiste em analisar o contexto no qual evolui o sistema educativo Bissau-guineense. Este contexto é marcado por duas dimensões determinantes, uma é relativa a questões demográficas e a outra a aspetos macroeconómicos. Quadro 1 : Alguns indicadores demográficos, 1990 2009 1991 2000 2006 2009 População total (milhares) 979 1 220 1 413 1 521 Parcela dos 7-12 anos 17 % 18 % 17 % 16 % Parcela dos 7-17 anos 28 % 31 % 30 % 28 % Taxa de natalidade ( ) 44,1 42,3 40,9 Taxa de mortalidade ( ) 17,7 17,5 17,3 Índice de fecundidade 6,8 6,8 6,8 6,8 Taxa de crescimento médio anual 1991-2000 2,5 % Fonte : INEC, RGPH 1991, RGPH 2009, e cálculo dos autores De facto, a população em idade escolar para o Ensino Básico, ou seja dos 7-12 anos, representa quase um quinto da população e esta proporção deveria manter-se durante os próximos anos. O conflito político-militar de 1998 e a instabilidade institucional pós-conflito conduziram a uma degradação profunda das condições de vida da população, a qual 60 % vive em zona rural, em condições muito difíceis e sem acesso aos serviços e infraestruturas sociais de base (escola, saúde, saneamento). Em 2010, 69 % da população vivia abaixo da linha da pobreza (menos de 2 dólares USD por dia). Sumário executivo 15

Quadro 2 : Indicadores socio-económicos 2000 2002 2006 2010 % população rural 65 % 63 % 60 % (2009) Pobreza monetária (<2$/dia 64,7 % 69,3 % Pobreza monetária (<1$/dia) 20,8 % 33,0 % Índice de Desenvolvimento humano (classificação) 10 172/177 175/177 (2007) 164/169 Fontes : MICS 2000, ILAP 2002, MICS 2006, Relatório sobre o Desenvolvimento Humano GB, Relatórios mundiais sobre o desenvolvimento humano 2007 e 2010, RGPH 2009, ILAP 2010. O desempenho em termos de crescimento económico é fraco e a Guiné-Bissau mantém-se muito dependente da ajuda externa No plano macroeconómico, se o PIB tem um crescimento real positivo desde 2004 (+3,2 %), este crescimento é insuficiente para absorver o crescimento da população e o PIB por habitante cresce relativamente pouco. O país está longe de ter recuperado o nível de produção que tinha antes da crise político-militar : o PIB por habitante passou, em francos constantes de 2010, de cerca de 317 000 francos CFA em 1997 a 269 000 francos CFA em 2010, sendo um decréscimo de 15 %, o que reflete um empobrecimento significativo do país. GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Relativamente aos valores recomendados pela UEMOA, a Guiné-Bissau apresenta uma performance pouco satisfatória no que diz respeito à arrecadação de receitas públicas, uma vez que as receitas fiscais e não fiscais representam cerca de 11 % do PIB em 2010. Além disso, a parcela das receitas próprias do Estado nos recursos totais da Guiné-Bissau é bastante baixa : desde 1997, os recursos externos representam em média mais de 40 % das receitas totais o que traduz uma grande dependência da ajuda externa. O sistema educativo apresenta um bom desempenho em termos quantitativos com uma clara melhoria da cobertura escolar. A cobertura escolar melhorou claramente a todos os níveis entre 1999/00 e 2009/10, como mostra o quadro 3. Quadro 3 : A evolução das taxas brutas de escolarização (TBS) entre 1999/00 e 2009/10 1999/2000 2009/2010 Accroissement annuel Pré-escolar 3 % 5 % +5 % Ensino básico 70 % 117 % +5 % Ensino secundário 19 % 43 % +9 % Fonte : cálculo dos autores a partir dos dados GIPASE e dados demográficos Nações Unidas 16 É no ensino secundário que se vê a cobertura escolar progredir mais rapidamente (+9 % por ano). A título comparativo, as coberturas escolares do ensino pré-escolar e básico respetivamente aumentaram apenas 5 % por ano. No entanto, o ensino básico apresenta uma melhor cobertura com uma taxa bruta de escolarização de 43 % em 2009/10.

Todavia, o ensino básico universal está ainda longe de ser alcançado Apesar da evolução positiva das taxas brutas de escolarização para cada nível do ensino, os estudos mostram que apenas 62% das crianças completam o ensino básico em 2009/10. Os estudos mostram igualmente que o acesso ao ensino básico (primeiro ano) não é necessariamente universal, apesar de ter uma taxa de acesso de 164 %. Com efeito, um número significativo de crianças, com idades abaixo ou acima da idade normal, entram para a escola e observamos então um fenómeno multi-coorte. Ainda que seja conveniente alguma cautela relativamente à declaração das idades, os dados administrativos mostram que 54 % dos alunos novos que entraram no 1º ano do ensino básico em 2009/10 tinham 8 ou mais anos (fora as madraças). Um estudo levado a cabo pelo MICS 2006 mostrou uma estimativa de 76% em 2005/06 da possibilidade de entrar para a escola. Mesmo sendo provável que tenha aumentado a percentagem de crianças que acedem à escola desde 2006, isso não significa a certeza de que todas as crianças vão à escola na Guiné-Bissau. Além disso, 55 % das crianças acedem ao ensino secundário (no 7º ano) e apenas 22 % o concluem (11º ano). As dinâmicas atuais observadas entre as classes, bem como o abandono registado ano a ano são particularmente preocupantes : em 100 crianças que entram no primeiro ano do ensino básico, apenas 72 acedem ao segundo ano ( 28 abandonam), 58 chegam ao 3º ano (14 abandonos adicionais entre o segundo e o terceiro ano) e 38 chegam ao fim do sexto ano. Os problemas de abandono ao longo do ciclo escolar e de não frequência à escola são simultaneamente problemas de oferta e procura escolar. Os estudos mostraram que mais de 20% das crianças com idades entre os 7 e os 14 anos vivem a mais de 30 minutos da primeira escola, assim a probabilidade de não ir à escola aumenta claramente com o tempo que separa a primeira escola do domicílio da criança. Então, existe um problema de oferta escolar ligado a uma falta de escolas em algumas zonas. Para além disso, mesmo nas zonas onde há escolas, isto não representa necessariamente a continuidade educativa. De facto, 57 % dos alunos com o 1º ano do ensino básico encontram-se em escolas que não asseguram a continuidade educativa até ao fim do ciclo. Ainda, 40 % dos alunos com o 4º ano do ensino básico não têm a possibilidade de continuar a sua escolaridade na mesma escola no ano seguinte, uma vez que esta não tem a 5ª classe. Existem outros fatores de não frequência escolar ligados à procura. As causas do abandono escolar geralmente citadas pelas famílias são essencialmente o trabalho infantil (32 %) e o casamento precoce para as raparigas (29 %). Assim, não havendo alterações, a probabilidade de ter ido um dia à escola aumenta para a criança quando: é um rapaz, o chefe do agregado familiar é uma mulher, o nível de instrução do chefe do agregado familiar é mais elevado, a criança pertence a uma etnia diferente da etnia mandinga, a criança vive em Bissau e não no Norte do país, e a criança pertence a um agregado familiar mais abastado. Eficácia interna do Ensino Básico e Secundário Geral extremamente fraca A eficácia interna pretende avaliar para cada ciclo escolar a capacidade do sistema educativo em conduzir os alunos do início ao fim do ciclo com o menor custo. As reprovações, através das consequências sérias que acarretam, são, juntamente com o abandono escolar, uma componente essencial da eficácia interna. O quadro 4 mostra uma ligeira diminuição de reprovações por cada nível de ensino entre 1997/98 e 2009/10. Todavia, exceto para o Ensino Secundário Complementar, onde a percentagem de reprovações é de apenas 6%, os números para os outros níveis de ensino (Básico e Secundário Geral) permanecem globalmente muito elevados 1. Sumário executivo 17 1 quadro indicativo Fast Track recomenda uma média de 10 % de reprovações no ensino básico.

Quadro 4 : Evolução das percentagens de reprovações ao longo dos últimos 10 anos Fonte : Dados GIPASE. 1997-98 2005-06 2009-10 Ensino Básico 23 % 19 % 14 % Ensino Secundário Geral 23 % 16 % 15 % Ensino Secundário Complementar 8 % 5 % 6 % Os recursos que financiam as reprovações e os anos de escolaridade dos alunos que desistem antes do final do ciclo representam cerca de 46 % dos recursos a nível do ensino básico. Este número aumenta para 33% para o ensino secundário geral e para 17 % para o ensino secundário complementar. Assim, uma grande parte dos recursos não é utilizada de uma forma eficaz. O sistema educativo produz ainda muito poucas pessoas alfabetizadas de forma sustentável depois de seis anos de escolaridade Gráfico 1 : Probabilidade de ser alfabetizado em função do nível de escolaridade das mulheres com idades entre os 22 e os 44 anos 35,0 GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO % de mulheres de 22 a 44 anos alfabetizadas 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Fonte : MICS 2006, cálculo dos autores. Número de anos de estudos Uma medida alternativa à dos resultados dos alunos, e mobilizável através de alguns questionários ao agregado familiar, é a alfabetização dos adultos. É certo que os objetivos dos programas escolares não se limitam à alfabetização, mas podemos considerar que se trata de uma primeira dimensão que pode, de forma legítima, servir para avaliar a eficácia da escola. Um estudo desenvolvido no questionário MICS 2006 mostra que, para as mulheres com idades dos 22 aos 44 anos, a probabilidade de ser alfabetizada depois 6 anos de escolaridade é apenas de 65 % (gráfico 1) enquanto que poderíamos pensar que um individuo se encontra alfabetizado no final do ensino básico. 18 A parcela destinada à educação é bastante fraca nas despesas correntes totais do Estado A parcela das despesas da educação nas despesas correntes do Estado, excluindo a dívida, representa 11% em 2010 na Guiné-Bissau. O gráfico 2 compara a situação da Guiné-Bissau com outros países africanos com níveis semelhantes de riqueza.

Gráfico 2 : Despesas públicas correntes na educação em % da despesa corrente do Estado, excluindo a dívida, comparações internacionais 25% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Fontes : Pólo de Dakar (UNESCO/BREDA). NB : países com um PIB/habitante em 2009 entre 300 e 700 dólares USD. A Guiné-Bissau é o país em que a parcela de despesas públicas na educação representa a mais fraca percentagem de despesas correntes, excluindo a dívida do Estado. De facto, todos os outros países representados destinam uma parte superior ou igual a 14 % e países como o Mali, o Uganda ou o Gana destinam quase 30 % e mais das suas despesas correntes à educação, fora a dívida. Em termos de distribuição intrassectorial, as despesas correntes na educação favorecem o Ensino Básico e Secundário ; mas financiando maioritariamente as despesas de pessoal, em detrimento das despesas administrativas e pedagógicas Em primeiro lugar, do ponto de vista da distribuição sub-sectorial, constatamos que a maior parte das despesas correntes serve para financiar os Ensinos Básico e Secundário (55,2 % para o Ensino Básico e 32,7 % para o Ensino Secundário, sendo um total de 87,9 %). O Ensino Básico ocupa assim um lugar prioritário ao nível da educação na Guiné-Bissau, uma vez que metade das despesas são atribuídas a esse subsetor, o que é coerente com o quadro indicativo da iniciativa Fast Track 2. Sumário executivo Guinée-Bisseau (2010) RCA (2008) Gambie (2009) Malawi (2007) Cadre Indicatif Fast-Track Sierra Leone (2008) Rwanda (2008) Madagascar (2008) Togo (2008) Burkina Faso (2006) Tanzanie (2009) Niger (2008) Ethiopie (2007) Mali (2008) Ouganda (2009) Ghana (2007) 19 2 O quadro Fast Track indica que 50 % das despesas correntes da educação se destinam ao Ensino Básico.

Quadro 5 : Distribuição das despesas correntes públicas da educação por nível de ensino, ano 2010 Pré-escolar 0,9 % EB 55,2 % ES 32,7 % EFTP 2,5 % Superior 4,7 % Sup. no estrangeiro 0,6 % Éscolas normais 1,3 % ENS 1,0 % Alfabetização 0,5 % Pesquisa Científica 0,5 % TOTAL 100 % Fontes : Direção Geral do Orçamento Ministério das Finanças, Saldo 2010 Ministério das Finanças, base de dados do pessoal 2009/10 da GIPASE Ministério da Educação Nacional, da Cultura, das Ciências, da Juventude e dos Desporto;, e cálculo dos autores. O pessoal é de longe o maior item de despesas na educação. Com efeito as despesas de pessoal no ano de 2010 representam 91 % das despesas correntes totais da educação. GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Quadro 6 : Estrutura das despesas públicas correntes no ensino, ano 2010 Massas salariais Pessoal Docentes Pessoal "giz na mão" não-docente Despesas não salariais Admin. e pedago. Sociais Sub. % despesas excluindo salários % das despesas excluindo salários professores (1) (2) (3) (4) (5) (3)+(4)+(5) (2)+(3)+(4)+(5) Pré-escolar 63,9 % 30,6 % 5,5 % 0,0 % 0,0 % 5,5 % 36,1 % EB 80,4 % 13,9 % 5,7 % 0,0 % 0,0 % 5,7 % 19,6 % ES 79,4 % 15,0 % 5,6 % 0,0 % 0,0 % 5,6 % 20,6 % EFTP 56,8 % 37,6 % 5,6 % 0,0 % 0,0 % 5,6 % 43,2 % Superior (fora pesquisa científica) 67,9 % 12,0 % 8,1 % 11,0 % 1,0 % 20,1 % 32,1 % Escolas Normais 76,8 % 11,0 % 7,4 % 4,7 % 0,0 % 12,2 % 23,2 % ENS 84,5 % 10,0 % 5,5 % 0,0 % 0,0 % 5,5 % 15,5 % 20 Alfabetização 67,6 % 26,9 % 5,5 % 0,0 % 0,0 % 5,5 % 32,4 % Fontes : Direção Geral do Orçamento Ministério das Finanças, Saldo 2010 Ministério das Finanças, base de dados do pessoal 2009/10 do GIPASE Ministério da Educação Nacional, da Cultura, das Ciências, da juventude e dos Desportos; e cálculo dos autores.

Se nos referirmos às despesas correntes por nível de ensino (quadro 6), vemos que os salários (docentes e não-docentes) representam 94 % das despesas no Ensino Básico e no Ensino Secundário em 2010, o que deixa pouco para as despesas administrativas e pedagógicas (cerca de 6 %). No que diz respeito especificamente ao Ensino Básico, o quadro indicativo Fast Track recomenda uma parcela de 33,3% das despesas, fora salários dos docentes, enquanto que esta é de apenas 19,6 % na Guiné-Bissau. O quadro 7 apresenta a remuneração média dos professores do Ensino Básico em termos de PIB por habitante. Observa-se que os valores estão abaixo da média realizada em 10 países 3 com um nível de riqueza comparável (2,3 PIB/habitante contra 4,4 em média nos 10 países). O nível de remuneração dos professores do Ensino Básico é igualmente inferior à remuneração média indicada pelo quadro da iniciativa Fast Track (3,5 PIB/habitante). Quadro 7 : A remuneração dos professores (PIB/ habitante)) Ensino Básico Salário médio Guiné-Bissau 2,3 Média em 10 países africanos com um PIB/habitante compreendido entre 300 e 700 dólares USD 4,4 Quadro da iniciativa Fast Track 3,5 Fontes : Direção Geral do Orçamento Ministério das Finanças, Saldo 2010 Ministério das Finanças, base de dados do pessoal 2009/10 do GIPASE Ministério da Educação Nacional, da Cultura, das Ciências, da Juventude e dos desportos; e cálculo dos autores, e Pólo de Dakar (UNESCO/BREDA). Despesas públicas por aluno inferiores à média de outros países comparáveis LA análise detalhada das despesas públicas na educação em 2010 permitiu determinar a despesa pública por aluno em cada nível de ensino (quadro 8), ou seja, o montante gasto pelo Estado por cada aluno de um determinado nível, escolarizado num estabelecimento público. Se um estudante do ensino superior tem um custo 7,5 vezes mais elevado que um aluno do Ensino Básico, um aluno da EFTP custa 3 vezes mais caro que um estudante do Ensino Superior. Comparando com a média de 10 países africanos com um nível de riqueza semelhante, as despesas públicas unitárias para todos os níveis de ensino são muito menores na Guiné-Bissau. Com efeito, devido a uma arbitragem orçamental intersectorial desfavorável à educação 4, as despesas públicas unitárias são bastante baixas para cada nível de ensino. Sumário executivo 21 3 Esses países são o Burkina Faso (2006), o Mali (2008), a RCA (2008), a Gâmbia (2009), a Tanzânia (2009), o Níger (2008), o Ruanda (2008), Madagáscar (2006), o Gana (2007) e o Togo (2007). 4 As despesas correntes da educação representam apenas 11 % das despesas correntes do Estado, fora a dívida.

Quadro 8 : As despesas públicas por aluno por nível de ensino, ano 2010 Ensino Básico Secundário EFTP Superior* Em FCFA 14 429 26 686 328 157 109 689 Em % do PIB / habitante 5,4 % 9,9 % 122,1 % 40,8 % Média 10 países africanos cujo PIB/ habitante está entre 300 e 700 USD 11,9 % 28,8 % 177,3 % 236,9 % * inclui o ENS Fontes : Direção Geral do Orçamento Ministério das Finanças, Saldo 2010 Ministério das Finanças, base de dados do pessoal 2009/10 do GIPASE Ministério da Educação Nacional, da Cultura, das Ciências, da Juventude e dos Desportos; e cálculo dos autores, e Pólo de Dakar (UNESCO/BREDA). Uma contribuição importante das famílias para a educação dos seus filhos As famílias contribuem fortemente para o financiamento da educação: por elas foram gastos para a escolarização dos seus filhos, em 2010, cerca de 4,4 milhares de francos CFA, dos quais mais de metade para o secundário. Esta soma representa 49 % das despesas totais, com diferenças segundo os níveis : as famílias contribuem maioritariamente para o financiamento do secundário e do pré-escolar (em torno de 62 e 65 % para estes dois níveis). Inversamente, para o Ensino Básico é o Estado o maior financiador, uma vez que as despesas das famílias representam 34 % do financiamento. No entanto, esta participação das famílias é muito importante, nomeadamente à luz dos objetivos da Escolarização Primária Universal. GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Quadro 9 : Parcela das despesas dos agregados familiares com a educação nas despesas totais nacionais Pré-escolar Ensino Básico Ensino secundário Total Despesa por criança (FCFA) 9 500 5 100 36 130 Escolarizados efetivos 9 044 288 738 78 026 Despesas das famílias (milhões FCFA 2010) 85,9 1 472,6 2 819,1 4 377,5 Despesas do Estado (millhões FCFA 2010) 46,1 2 889,2 1 709,3 4 644,6 Despesas totais (milhões FCFA 2010) 132,0 4 361,8 4 528,4 9 022,1 % das despesas suportadas pelas famílias 65 % 34 % 62 % 49 % Fonte : base de dados dos questionários às famílias ILAP 2002, base de dados do pessoal 2005/06 da GIPASE Ministério da Educação Nacional, da Cultura e dos Desportos, Ministério das Finanças; e cálculo dos autores. Disparidades muito marcadas na frequência escolar, segundo o nível de vida das famílias, a zona de residência e o género 22 Se por um lado entram quase tantas raparigas quanto rapazes na escola na Guiné-Bissau, por outro lado, elas têm quase duas vezes menos hipóteses que os rapazes de chegar à 6ª classe nas zonas rurais, contra 1,4 nas zonas urbanas, como apresenta o gráfico 3.

É de sublinhar que, se se observa um crescimento continuo das desigualdades entre as raparigas e os rapazes das zonas urbanas ao longo da escolaridade, esta constatação não é válida para os jovens das zonas rurais, uma vez que a relação de probabilidades de acesso rapazes/raparigas estagna ou baixa ligeiramente a partir da 6ª classe. Os jovens dos meios rurais têm muito poucas hipóteses de completar o Ensino Básico e de aceder ao Ensino Secundário. Pode, assim, pensar-se que aqueles que conseguem, e nomeadamente as raparigas, possuem características especiais que fazem com que não abandonem a escola em maior número que os rapazes. Gráfico 3 : relatório de probabilidades de acesso rapazes/raparigas segundo a zona de residência, 2005/06 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 urbain rural accès EB achvt EB accès ESG achvt ESG Fonte : MICS 2006 e cálculo dos autores.. O nível de vida tem um papel essencial no acesso à escola : enquanto que as crianças de famílias mais abastadas têm 90 % de hipóteses de ir à escola, a probabilidade para as crianças de famílias mais pobres (quintis 1 a 3) é de apenas 65 %. Tal como para as disparidades ligadas ao meio de residência, as desigualdades ligadas ao nível de vida crescem à medida que se avança no sistema escolar, uma vez que as crianças de famílias com mais posses têm cinco vezes mais hipóteses de concluir o Ensino Básico e oito vezes mais hipóteses de acederem ao Ensino Secundário. Sumário executivo 23

Gráfico 4 : probabilidades estimada de acesso aos diferentes níveis de acordo com o nível de vida, 2005/06 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 accès EB achvt EB accès ESG achvt ESG quintiles 1 à 3 quintile 4 quintile 5 Fonte : MICS 2006 e cálculo dos autores. GUINÉ-BISSAU RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO Por outro lado, as raparigas padecem mais que os rapazes das desigualdades devidas ao nível de vida : as diferenças de escolarização entre raparigas e rapazes, nos diferentes níveis de ensino, são muito mais acentuadas nas famílias muito pobres (quintis 1 a 3) do que nas famílias mais abastadas. Num contexto em que os recursos são particularmente escassos e em que não pode ser assegurada a educação de todas os filhos, a das raparigas será sacrificada em proveito dos irmãos. Gráfico 5 : Relação de probabilidades de acesso rapazes/raparigas segundo o nível de vida, 2005/06 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 accès EB achvt EB accès ESG achvt ESG quintiles 1 à 3 quintile 4 quintile 5 24 Fonte : MICS 2006 e cálculo dos autores.