Análise comparativa entre metodologias para elaboração de Planos Diretores de Recursos Hídricos no estado de Minas Gerais

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Transcrição:

Análise comparativa entre metodologias para elaboração de Planos Diretores de Recursos Hídricos no estado de Minas Gerais Comparative Analysis between methodologies for the elaboration of water resources master plans in the Minas Gerais state. Camila Luzia Gullo 1 João Paulo Soares de Cortes¹ RESUMO A necessidade de planejamento e manejo dos recursos hídricos vem de encontro ao aumento da demanda emergente no país. O marco de maior relevância nos últimos anos foi a criação da lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997, chamada Lei das Águas, que estabeleceu o Plano Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH). Neste sentido, são instituídos a bacia hidrográfica, como unidade espacial de análise e seus respectivos Comitês como os órgãos colegiados responsáveis pela gestão participativa destes recursos. No estado de minas Gerais, recentemente foi proposta uma nova metodologia para realização de Planos Diretores de Recursos Hídricos, denominada Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP). Este trabalho busca, através de análise comparativa, avaliar as principais diferenças entre o modelo consagrado para elaboração destes planos e a nova proposta instituída por decreto no estado de Minas Gerais. Palavras-chave: Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP); Plano Diretor de Bacia Hidrográfica; Gestão de Recursos Hídricos; Rio Araguari; Comitê de Bacias. INTRODUÇÃO Criado a partir do decreto n 24.643, de 10 de julho de 1934, o Código das Águas se constituiu em um dos primeiros instrumentos para implementação de políticas públicas voltadas à gestão dos recursos hídricos no Brasil. Este decreto surge da necessidade de uma legislação que atenda aos interesses da coletividade nacional e seja adequado para que o estado possa agir sobre o controle e incentivo da utilização racional destes recursos. A necessidade de planejamento e manejo dos recursos hídricos vem de encontro ao aumento da demanda emergente no país. O marco de maior relevância nos últimos anos foi a criação da lei n 1 Dpto. de Geografia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Endereço: Rua Vigário Silva, 695, CEP: 38022-190 Uberaba-MG, sala 9; Email: decortesjps@gmail.com

9.433, de 8 de janeiro de 1997, chamada Lei das Águas, que estabeleceu o Plano Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH). O PNRH está voltado para a utilização adequada e gestão da água de forma qualitativa, quantitativa e sustentável. Este plano institui a bacia hidrográfica segundo a lei n 9.433/97 Art. 1 Inciso V como a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. (BRASIL, 1997). Esta mesma lei institui como entidade de gestão dos recursos hídricos os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs). Os CBHs são órgãos colegiados que garantem a participação social que irá deliberar de forma compartilhada com o poder publico a gestão da água. Cabe, entre outras funções, à CBH segundo a lei n 9.433/97 Art.37 Inciso IV acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas (BRASIL, 1997). Pautados pela necessidade de uma gestão descentralizada e participativa, os CBHs contam com a participação das organizações civis que irão agir em defesa dos interesses coletivos da sociedade no PDRH. De acordo resolução do Comitê Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) n 145, de 12 de dezembro de 2012: Art. 6º Os estudos elaborados referentes ao Plano de Recursos Hídricos serão divulgados, em linguagem clara, apropriada e acessível a todos, pela entidade responsável pela sua elaboração. 1º A participação da sociedade em cada etapa de elaboração dar-se-á por meio de consultas públicas, encontros técnicos, oficinas de trabalho ou por quaisquer outros meios de comunicação, inclusive virtuais, que possibilitem a discussão das alternativas de solução dos problemas, fortalecendo a interação entre a equipe técnica, usuários de água, órgãos de governo e sociedade civil, de forma a contribuir com o Plano de Recursos Hídricos. (BRASIL, 2012). No sentido de propor uma metodologia capaz de simplificar e tornar ágil a gestão dos recursos hídricos no âmbito da propriedade rural, e no conjunto destas frente à bacia hidrográfica da qual fazem parte, surge o Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) como alternativa a ser implantada a partir da revisão dos Planos Diretores dos Comitês de bacia do estado de minas gerais. A metodologia do ZAP foi aplicada de maneira experimental na sub-bacia do Ribeirão Santa Juliana - UPGRH PN2 contida na bacia do rio Araguari, na mesoregião do Triângulo Mineiro. Estes resultados são apresentados no

manual Metodologia para elaboração de Zoneamento Ambiental e Produtivo (SEAPA/SEMAD, 2014). Dividido em duas partes o Plano Diretor de Recursos Hídricos do rio Araguari realiza inicialmente o diagnóstico que irá reconhecer a área caracterizando a exploração e conservação dos bens naturais. Em um segundo momento o plano descreve as ações do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH), da Agencia da Bacia Hidrográfica (ABH) e do governo para evolução na gestão dos recursos hídricos rumo a um uso mais sustentável. Dentre as medidas propostas pelo PDRH do rio Araguari, estão o cadastro de usuários, a classificação qualitativa e qualitativa dos recursos hídricos, a Reformulação da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, o Controle de Qualidade dos Recursos Hídricos, a Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos, a Gestão Compartilhada dos Recursos Hídricos, a Gestão ABH do rio Araguari Estado, o Programa Produtor De Águas, Recuperação e Conservação Ambiental e as Medidas de Regularização de Vazão. Conforme resolução do CNRH n 145, de 12 de dezembro de 2012: Art. 15 A periodicidade da revisão do Plano de Recursos Hídricos de Bacia Hidrográfica deverá ser estabelecida considerando o horizonte de planejamento, as especificidades da bacia hidrográfica e deverá ser baseada na avaliação de sua implementação podendo sofrer emendas complementares, corretivas ou de ajuste. (BRASIL, 2012). O PDRH do rio Araguari foi feito com uma projeção de dez anos distribuída em curto, médio e longo prazo tendo como objetivo o cumprimento das ações do Comitê da Bacia. O prazo dessa projeção foi considerado entre os anos de 2007 a 2016. A proposta para essa revisão do PDRH é a utilização da metodologia ZAP, que é a metodologia mineira de caracterização socioeconômica e ambiental de subbacias hidrográficas. Essa nova metodologia disponibiliza dados e informações que irão aprimorar a gestão ambiental por sub-bacias no estado de Minas Gerais. Desenvolvido a partir da parceria entre Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMAD-MG e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento SEAPA-MG o ZAP surge como instrumento para regularização ambiental em menor escala, uma vez que irá trabalhar com sub-bacias de área entre 30.000 e 150.000 ha possibilitando um melhor detalhamento de informações e possui o

mesmo aspecto dos Indicadores de Sustentabilidade em Agrossistemas ISA, tanto o ZAP quanto o ISA buscam adequação sustentável do desenvolvimento agrossilvopastoril sobre os recursos hídricos.essa nova metodologia é dividida em etapas sendo a primeira a definição das unidades de paisagem, a segunda o levantamento do uso e ocupação do solo e a terceira o diagnóstico da disponibilidade hídrica da sub-bacia. O objetivo deste trabalho é avaliar a metodologia consagrada para a execução dos Planos Diretores de Recursos Hídricos (PDBH) frente à proposta do Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) aprovado pelo decreto estadual n 466.550, de 19 de novembro de 2014, de modo a avaliar as diferenças mais relevantes entre ambas metodologias no que diz respeito à estratégias e políticas de conservação dos recursos hídricos. METODOLOGIA O trabalho se baseia na análise comparativa entre o Plano Diretor de Recursos Hídricos do rio Araguari e a Metodologia proposta para sua revisão, bem como para revisão dos demais PDRHs do estado de Minas Gerais, do Zoneamento Ambiental e Produtivo.Esta análise é embasada por revisão bibliográfica envolvendo materiais voltados ao reconhecimento e preservação dos recursos hídricos buscando formas sustentáveis de manejo. Para tanto são utilizados outros planos de manejo e zoneamento, legislações específicas sobre o temae bibliografias referentes ao manejo e conservação dos recursos hídricos. ANÁLISE COMPARATIVA Plano De Recursos Hídricos da Bacia Do Rio Araguari O Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Araguari foi desenvolvido pela empresa Monte Plan Projetos Técnicos Rurais para nortear o Comitê de Bacia Hidrográfica propondo diretrizes para a ação da Agência da Bacia. Possui linguagem simples permitindo a compreensão de pessoas interessadas bem como a aplicação de suas metodologias voltadas para a conservação e/ou recuperação de recursos hídricos.a exemplo de outros trabalhos de cunho ambiental aplicado, O PRH Araguari é composto pelos capítulos diagnósticos, onde se encontram as descritas as características ambientais da bacia, e pelos capítulos propositivos, onde as informações do capítulos diagnósticos são sintetizadas de modo a subsidiar ações para implementação das políticas propostas.

O diagnóstico da bacia é feito de forma a detalhar toda a área mostrando sua localização, clima, distribuição política, geologia, geomorfologia, hipsometria, redes coletoras, locais com e sem estações pluviométricas e/ou fluviométricas, demanda do uso da água, entre outras características. Após essa apresentação detalhada de toda a área podemos encontrar práticas de manejo que podem auxiliar na recuperação e/ou preservação da bacia. dados Os dados contidos no plano são advindos de diversas fontes como, Instituto Mineiro de Gestão de Águas (IGAM), a Agência Nacional das Águas (ANA), Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), FURNAS, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), BIODIVERSITAS, Empresa de Pesquisa Energética (EPE)/Ministério de Minas e Energia (MME) HIDROSSISTEMAS/Companhia de Saneamento (COPASA). A complementação desses dados vem de audiências públicas onde são apresentadas e discutidas a estrutura do plano, e visitas técnicas com gestores municipais e entes da sociedade civil aos 20 municípios da bacia do rio Araguari Sinteticamente as propostas do Plano determinam as atitudes do CBH e da ABH do rio Araguari voltada para o abastecimento de água em qualidade e em quantidade, definindo prioridades de uso e garantindo o atendimento. Há um conjunto de ações que definem meios de preservação dos cursos d água, uso do solo e várias outras precauções a serem tomadas para que se possa construir um projeto que diminua os problemas ambientais. Em conclusão o plano mostra o grande consumo de recursos hídricos pela agricultura na bacia do rio Araguari tendo a cidade de Uberlândia com um quadro diferente na sub-bacia por possuir demanda maior de necessidades urbanas. Um fator que legitima a proposta do plano é a participação da comunidade que se torna importante parceiro na aplicação das medidas de conservação. Zoneamento Ambiental Produtivo ZAP surge como uma avaliação preliminar das ações a serem implantadas pelos processos que envolvem os PDRH. Dividido em etapas essa nova metodologia vem no sentido de definir as unidades de paisagem, fazer o levantamento de uso e ocupação do solo e diagnosticar a disponibilidade hídrica em escala de sub-bacias.

Os passos para a construção das unidades de paisagem são as buscas de dados secundários encontrados em Estudos de Impacto Ambiental/Relatórios de Impacto Ambiental (EIAs/RIMAs), Relatórios de Controle Ambiental/Planos de Controle Ambiental (RCA/PCA) para elaboração de mapas em escala superior a 1:50.000, procedimentos de cartografia, trabalhos de campo, qualificação das unidades de paisagem, caracterização das potencialidades e limitações das unidades identificadas.para estudo da disponibilidade hídrica a metodologia utilizada é baseada no Atlas das Águas (mapeamento dos recursos hídricos superficiais do estado de Minas Gerais) e IGAM. Quanto à utilização do solo são propostos dois métodos de classificação, o manual de vetorização das feições identificadas na paisagem e a classificação automática segmentada por classe de cor. O primeiro é utilizado quando há levantamento de dados em trabalho de campo consolidando a veracidade das informações, porém não é algo aplicável em grandes áreas por escassez de recurso humano e do logo tempo de duração. O segundo pode ser dividido em classificação supervisionada, onde adotam pontos na imagem e se relacionam a pixels e não supervisionada, onde há a transformação das cores em feições. O ZAP surge como contribuição na ordem e organização do território da subbacia, ele permite uma avaliação das sub-bacias auxiliando assim na implantação de planos e ações nas mesmas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O manual para implementação do ZAP, elaborado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento SEAPA e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEMAD Secretaria detalha todo o procedimento para reconhecimento das sub-bacias, explica passo a passo como utilizar o arcgis, SIG, a Álgebra de Mapas, os tópicos e sub-tópicos para elaboração de tabela de dados, mapas, os cálculos e formulas e todos os métodos a serem executados. Este produto, no entanto, discorre pouco sobre a aplicação da metodologia em termos de gestão e execução de políticas de conservação e manejo, sendo mais descritivo, com foco na identificação das fragilidades e potencialidades em relação aos recursos hídricos na escala das sub-bacias. Apesar de serem metodologias aplicadas em diferentes escalas o ideal é que a nova metodologia complemente a realização do plano diretor. No caso do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio

Araguari o trabalho de campo não é muito explorado, as informações obtidas, na sua maioria, provém de fontes distintas, mas ao fim do material são propostas ações para regularização e manutenção das áreas de bacia. A metodologia ZAP apesar de não apresentar propostas diretas de conservação ou recuperação faz uma análise um pouco mais profunda ao dividir o território da bacia hidrográfica em sub-bacias e estas em unidades da paisagem. A realização de trabalho de campo no ZAP também auxilia a autenticação das informações e à uma maior proximidade com os usuários, obtendo ganhos frente à implementação de gestão participativa.o período de projeção do PDRH do rio Araguari está próximo de terminar sendo assim o mesmo irá passar por um processo de revisão. A metodologia ZAP poderá ser um instrumento de ajuda nessa revisão uma vez que detalha com maior precisão os problemas e as características nas sub-bacias. Essa revisão irá avaliar a bacia em sua totalidade apontando áreas onde as propostas de ação foram viáveis obtendo sucesso e onde ainda falta implantar recursos. Para essa avaliação o ZAP se torna uma ótima ferramenta, pois com analises mais precisas das sub-bacias é possível direcionar melhor as práticas do PDRH do rio Araguari, avaliando o cumprimento das metas estipuladas quando da implantação do plano e auxiliando na proposição de novos horizontes de planejamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABHA Gestão de Águas do Rio Araguari. Disponível em: http://www.abhaaraguari.org.br/institucional/apresentacao/o-que-e-agencia-de-bacia. Acesso em: outubro de 2015. ANA Agência Nacional das Águas. Disponível em: http://www2.ana.gov.br/paginas/default.aspx. Acesso em: outubro de 2015. ATLAS DIGITAL DAS ÁGUAS DE MINAS. Disponível em: http://www.atlasdasaguas.ufv.br/. Acesso em: outubro de 2015. BRASIL, Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d24643.htm. Acesso em: outubro de 2015. BRASIL, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: outubro de 2015.

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