CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER

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Transcrição:

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER

O QUE É VIOLÊNCIA? As Nações Unidas definem violência como o uso intencional da força física ou poder, ameaça ou real, contra si próprio, outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha uma alta probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. A violência se manifesta de diversas maneiras, em guerras, torturas, conflitos étnico-religiosos, preconceito, assassinato, fome, etc. Pode ser identificada como violência contra a mulher, a criança e o idoso, violência sexual, etc. Existe também a violência verbal, que causa danos morais, que muitas vezes são mais difíceis de esquecer-se do que os danos físicos. A palavra violência deriva do Latim violentia, que significa veemência, impetuosidade. Mas na sua origem está relacionada com o termo violação (violare). Quando se trata de direitos humanos, a violência abrange todos os atos de violação dos direitos: civis (liberdade, privacidade, proteção igualitária); sociais (saúde, educação, segurança, habitação); econômicos (emprego e salário); culturais (manifestação da própria cultura) e políticos (participação política, voto). TIPOS DE VIOLÊNCIA: Violência Física: ação ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa; Violência Patrimonial: ato de violência que implique dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores; Violência Psicológica: ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal; Violência socioeconômica: quando envolve o controle da vida social da vítima ou de seus recursos económicos; Violência sexual: ação que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como violência sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos com terceiros; Negligência: é o ato de omissão do responsável pela criança/idoso/outra em proporcionar as necessidades básicas, necessárias para a sua sobrevivência, para o seu desenvolvimento. 2

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Violência doméstica é um tipo de violência que é praticada no contexto familiar. Pode acontecer entre pessoas com laços de sangue, como pais e filhos, ou pessoas unidas de forma civil, como marido e esposa ou genro e sogra. Apesar do nome, este ato de violência nem sempre ocorre dentro de casa. A violência doméstica pode ser subdividida em violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Também é considerada violência doméstica o abuso sexual de uma criança e maus tratos em relação a idosos. Muitos casos de violência doméstica ocorrem devido ao consumo de álcool e drogas, mas também podem ser motivados por ataques de ciúmes. A maioria dos casos verificados é de violência doméstica contra a mulher, mas também há casos de violência doméstica contra o homem. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO BRASIL A lei nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006, também conhecida como Lei Maria da Penha, tem como objetivo lidar de forma adequada com a problemática da violência doméstica. Segundo o artigo 5º da lei configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Apesar da criação desta lei, o número de vítimas da violência doméstica no Brasil não diminuiu. Segundo dados de uma pesquisa de Agosto de 2013 do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em alguns casos até houve um aumento. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, em São Paulo houve um crescimento de 10% comparando os primeiros semestres de 2012 e 2013. Cerca de 54% das vítimas mortais foram mulheres entre 20 e 39 anos, e aproximadamente 31% dos casos ocorreram em via pública, sendo que metade dos homicídios foram concretizados com armas de fogo. DENUNCIE LIGUE 100 ou 180 3

QUEM AGRIDE? O perfil do agressor é caracterizado por autoritarismo, falta de paciência, irritabilidade, grosserias e xingamentos constantes, ou acompanhados de alcoolismo e uso de outras drogas. A maioria dos agressores são homens. O agressor, geralmente, acusa a vítima de ser responsável pela agressão, provocando um grande sentimento de culpa e vergonha na vítima. A maioria dos agressores são homens. O agressor, geralmente, acusa a vítima de ser responsável pela agressão, provocando um grande sentimento de culpa e vergonha na vítima. QUEM É AGREDIDO? Geralmente, as vítimas de violência doméstica são as mulheres e as crianças. E há casos em que são os idosos e pessoas com deficiência. Muitas vezes, as vítimas de violência doméstica, sentem-se muito frustradas e acabam por pensar que a culpa da agressão foi delas. A maioria das vítimas tem dificuldade em denunciar a agressão, não só pela vergonha, mas principalmente pelas consequências desse ato. A vítima acaba por criar uma relação de dependência com o agressor. A vítima tem pouca autoestima e sente-se violada e traída, já que o agressor promete, depois da agressão, que nunca mais repetirá o comportamento, apesar de fazê-lo. QUEM DENUNCIA? Depende muito dos tipos de crime que a vítima sofre, da vítima e também do agressor. Se a vítima não tiver coragem suficiente para denunciar, normalmente quem o faz é algum familiar que de algum modo descobriu o crime. Se por acaso houver crianças envolvidas na agressão, nesses casos a mulher opta por denunciar, pois não suporta ver o(s) seu(s) filho(s)ser(em) agredido(s). 4

CONSEQUÊNCIAS As consequências da violência doméstica são delicadas e podem permanecer durante muito tempo. Além das marcas físicas, a violência doméstica costuma causar também vários danos emocionais, como: - Influências na vida sexual da vítima; - Lesões graves; - Mau desenvolvimento da personalidade (no caso das crianças); - Baixa autoestima; - Dificuldade em criar laços, em construir relações; - A vítima, consoante a gravidade dos danos emocionais, pode passar, mais tarde, a ter o papel do agressor. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES A violência doméstica contra crianças e adolescente pode se manifestar de diversas maneiras além da agressão física. É comum a violência através de ameaças, humilhações e outras formas que afetam psicologicamente as crianças e adolescentes. Outra forma constante de violência é a omissão: alguns pais deixam de fornecer os cuidados necessários ao crescimento de seus filhos, que passam a sofrer privações essenciais à sua formação, como falta de carinho, de limpeza e, até mesmo, de alimentação adequada. Vale ressaltar que nem sempre essa omissão é decorrente da situação de pobreza em que a família vive. Uma das maneiras mais perversas de violência contra a criança e o adolescente é o abuso sexual. Mais comum do que se acredita, ele acarreta fortes traumas nessas pessoas. COMO PERCEBER A EXISTÊNCIA DE VIOLÊNCIA Crianças e adolescentes, vítimas de violência doméstica, costumam apresentar vários sintomas físicos e psicológicos associados, o que pode ser observado através de seu comportamento. Assim, é interessante estar atento a marcas na pele e fraturas, lembrando que podem ser decorrentes de violência, especialmente quando reiteradas. Além disso, a própria aparência da criança pode ser motivo para se suspeitar de violência doméstica, demonstrando falta de alimentação adequada e falta de asseio e higiene, por exemplo. Pais que maltratam seus filhos, às vezes, são também negligentes em outros aspectos: impedindo-os de frequentar a escola ou deixando de dispensar cuidados com a saúde da criança, que apresenta diversas vezes alguma moléstia, por exemplo. A criança ou adolescente, vítima de violência, sofre frequentemente fortes traumas e reage a eles de maneira diversa. Assim, alguns modificam seu comportamento regular, tornando-se tristes, agressivos, rebeldes, tensos ou infantis para sua idade. Às vezes, apresentam dificuldade em compreender os ensinamentos, recusa-se a participar das atividades propostas e faltam às aulas. Por fim, vale ressaltar, aspectos referentes à sexualidade que por vezes se manifesta visivelmente incompatível com a faixa etária da criança. Também são verificados, em alguns casos, sintomas de doenças sexualmente transmissíveis, certamente decorrentes de abuso sexual. 5

O QUE FAZER DIANTE DE SUSPEITAS OU DE CASOS DE VIOLÊNCIA? Quando a criança ou o adolescente passa a apresentar várias características de maus tratos associadas, há que se levantar a hipótese de que esteja sofrendo agressões. Nesse caso, uma averiguação cuidadosa deve ser realizada. É conveniente que esse procedimento seja desenvolvido com a ajuda de outros profissionais, como médicos, psicólogos, assistentes sociais e advogados. A comunicação às autoridades competentes é certamente uma medida essencial para o melhor encaminhamento do caso. Assim, devem tomar conhecimento do ocorrido o Conselho Tutelar, o promotor de justiça da infância e da juventude, o juiz da infância e da juventude e a autoridade policial. VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES PODE LEVAR AO USO DE DROGAS Estudo feito pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), indica que a violência contra a criança ou adolescente pode ser um fator que leva ao consumo de drogas lícitas ou ilícitas. Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), dos 4.607 indivíduos pesquisados em 149 municípios, 21,7% relataram terem sido vítimas de alguma violência na infância ou na adolescência. A ocorrência entre as meninas foi de 20,5%, enquanto entre os meninos, de 17,8%. Adolescentes ou adultos que presenciaram agressões físicas entre pais ou cuidadores também podem ter sido influenciados a consumir tais substâncias, conforme o estudo. Entre os adolescentes pesquisados, 8,4% daqueles que consomem drogas viram discussões no ambiente doméstico. Entre maiores de 18 anos, o número chega a 11,1%. Quando se fala em violência sexual, o Lenad revelou que 5,3% dos entrevistados foram molestados em algum momento, sendo que 33% disseram que o abusador foi um parente e, em 25% dos casos relatados, um amigo. Entre as mulheres, a violência sexual doméstica é maior (7%) do que entre os homens (3,4%). 1,3% dos participantes da pesquisa afirmaram terem sido vítimas de exploração sexual para obtenção de lucro. Os atos de violência física ou psicológica intencionais e repetitivos na escola, o chamado bullying, atingiram 13% dessa população, sendo a agressão verbal (12%) e o isolamento social (5%) os mais comuns. Aparecem na lista também agressão física (3,2%), racismo (1,3%), ofensas pela internet (0,1%) e homofobia (0,1%). Os estudos mostraram associação entre a exposição ao abuso físico e psicológico na infância com consequências negativas para a saúde mental e emocional na vida adulta, como maior predisposição à depressão e ao uso de psicotrópicos. 6

OUTRAS CONSEQUÊNCIAS As crianças, vítimas de violência doméstica, são as que provavelmente sofrem mais, até porque as consequências desses crimes são muitas e graves, como a vergonha que permanece, a dificuldade em criar e manter relações, entre muitas outras. Nos casos em que a criança é do sexo feminino, esta tem tendência para, mais tarde, procurar ter relações com homens que tenham comportamentos idênticos àqueles que a pessoa que os agrediu tinha. Se a criança for do sexo masculino, este tem tendência, em certos casos para adquirir comportamentos idênticos ao do agressor (que muitas vezes é o seu pai), ou seja, passa de vítima a agressor. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA PESSOAS IDOSAS A violência contra pessoas idosas pode ser realizada de diversas maneiras: fisicamente, psicológica, através de negligência e financeiramente. COMO PODEMOS IDENTIFICAR? Existem vários sinais de aviso que podem indicar violência nos idosos. Alguns idosos hesitam em contar o sucedido, pois temem que o abuso se torne pior, ou porque não querem preocupar e alarmar a família, ou não contam devido a limitações físicas e/ou mentais. Quando existe algum sinal ou indício de violência em pessoas idosas, deve-se imediatamente agir, no intuito de ajuda-las. Violência física: Cortes e queimaduras; Lesões e quebraduras; Perda inexplicável de peso; Marcas escondidas e sem explicação; Queixas específicas dos vizinhos ou próprios familiares; 7

Violência Psicológica: Medo, agitação e hesitação; Depressão; Adoção de comportamentos pouco usuais; Dificuldade de comunicação; Desorientação e confusão; Isolamento injustificado; Comentários humilhantes, rudes, por exemplo, por parte de um funcionário de uma instituição; Queixas específicas de residentes, vizinhos ou familiares. Negligência: Insanidade; Má nutrição e desidratação; Cheiros de urina ou fezes; Má higiene pessoal. Violência Financeira: Venda inexplicável de alguma propriedade; Desaparecimento/roubo de dinheiro ou propriedades; Apropriação indevida de aposentadoria e outras rendas. A PIOR VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO, É O SEU SILÊNCIO! 8

VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA A violência contra pessoas com deficiência é agravada, assim como nos outros casos, pela vulnerabilidade desse grupo,que se torna maior se o portador de deficiência for mulher, idoso ou criança/adolescente. Os dados internacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre violência em relação às pessoas com deficiência revelam que em determinados países um quarto da população com deficiência sofre maus tratos e abusos violentos, sendo que pesquisas mostram que a violência praticada contra crianças e idosos com deficiência é mais alta e intensa que em relação às pessoas sem deficiência. O Brasil ainda não possui indicadores específicos relacionados à violência praticada contra a pessoa com deficiência. Observa-se que a prática em larga escala está associada a fatores sociais, culturais e econômicos da sociedade que vê a deficiência como algo negativo. Notícias coletadas nas promotorias de defesa de pessoas com deficiência revelam que a pessoa com deficiência intelectual está mais vulnerável à violência, se criança ou idosa. A denúncia contra esse tipo de violência deve ser estimulada junto à sociedade, principalmente porque muitas vezes o portador de deficiência não temcondições de fazê-la. O atendimento deve ser integrado e facilitado e a acessibilidade aos serviços, garantida, minimizando o sofrimento. A família, assim como a sociedade, deve ser conscientizada de que a pessoa com deficiência possui características pessoais, habilidades e potenciais que não podem ser anulados por causa da sua condição, mas ao contrário, devem ser estimulados. Assim, a pessoa com deficiência não pode ser vista como diferente, pois isso só contribui mais para a sua exclusão. Exclusão essa que também constitui uma forma de violência e que pode ser percebida nos mais variadoscontextos. Outro destaque para as vítimas das agressões são as crianças com deficiência. Normalmente as mães são as maiores agressoras das mesmas, por exigirem cuidados excessivos como higiene pessoal, alimentação, locomoção, onde estas se sentem sobrecarregadas e por não receberem apoio dos pais da criança ou uma estrutura advinda de órgãos governamentais. VIOLÊNCIA CONTRA HOMENS A violência praticada contra o homem também existe, mas o homem tende a esconder mais por vergonha. Pode ter como agente tanto a própria mulher quanto parentes ou amigos, convencidos a espancar ou humilhar o companheiro. Também existem casos em que o homem é pego de surpresa, por exemplo, enquanto dorme. Analisando os denominados crimes passionais a partir de notícias publicadas em jornais identifica-se que estes representam 8,7% dos crimes noticiados e que destes 68% o agressor era do sexo masculino (companheiro, ex-companheiro, noivo ou namorado) nos crimes onde a mulher é a agressora ressalta-se a circunstância de ser o resultado de uma série de agressões onde a mesma foi vítima. No caso dos homens, a agressão, normalmente, é cometida pelos próprios filhos, pais, avós ou netos existindo casos em que o agressor pode ser a própria mulher. 9

BASTA DEVIOLÊNCIA CONTRA ÀS MULHERES DENUNCIE LIGUE 180

ESTATISTICAMENTE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER É MUITO MAIOR DO QUE A CONTRA O HOMEM. Estudos demonstram, quanto à relação autor-vítima, que 81,1% das agressões ocorreram entre casais, 11,6% entre pais/responsáveis e filhos, e 7,3% entre outros familiares. Járeferindo-se acerca dos motivos da agressão, os chamados desentendimentos domésticos que se referem às discussões ligadas à convivência entre vítima e agressor (educação dos filhos; limpeza e organização da casa; divergência quanto à distribuição das tarefas domésticas) prevaleceram em todos os grupos, fato compreensível se for considerado que o lar foi o local de maior ocorrência das agressões. Para muitos autores, são os fatos corriqueiros e banais os responsáveis pela conversão de agressividade em agressão. Complementa ainda que o sentimento de posse do homem em relação à mulher e filhos, bem como a impunidade, são fatores que generalizam a violência. Há quem afirme que em geral os homens que batem nas mulheres o fazem entre quatro paredes, para que não sejam vistos por parentes, amigos, familiares e colegas do trabalho. A cultura popular tanto propõe a proteção das mulheres, em mulher não se bate nem com uma flor como estimula a agressão contra as mulheres mulher gosta de apanhar chegando a aceitar o homicídio destas em casos de adultério, em defesa da honra. Outra suposição é que a maioria dos casos de violência doméstica são classes financeiras mais baixas, a classe média e a alta também tem casos, mas as mulheres denunciam menos, por vergonha e medo de se exporem e a sua família. TODAS AS MULHERES TÊM DIREITOS E MERECEM PROTEÇÃO! De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 01 em cada 04 mulheres é vítima de abusos sexuais por seu parceiro, e quase metade das mulheres que morrem por homicídio é assassinada por seus parceiros atuais ou anteriores. A violência contra a mulher assume diversas formas: agressão física, sexual, assédio psicológico, coerção, entre outras. É preciso que a sociedade esteja mobilizada para lutar contra todas estas práticas. Todas as mulheres e meninas têm direito a uma vida livre de violência e todos os homens e meninos podem ser educados a agir e a pensar diferente. Violência é o ato de agressão, ou mesmo a omissão que causa sofrimento físico ou psicológico à vítima. A violência contra a mulher pode acontecer em qualquer lugar, na rua ou em casa, no espaço público ou no espaço doméstico, e pode atingir mulheres dentro e fora da família. A violência contra a mulher produz consequências emocionais devastadoras, muitas vezes irreparáveis, e impactos graves sobre a saúde mental sexual e reprodutiva da mulher. 11

PROTEÇÃO Quando a violência é praticada em casa, por familiares, por pessoas que convivem no mesmo ambiente doméstico mesmo que não sejam parentes (ex. agregados, hóspedes, etc.) ou pelo marido, companheiro ou companheira, a mulher agredida terá a proteção da Lei 11.340, que ficou conhecida como Lei Maria da Penha. Com a Lei Maria da Penha, o governo brasileiro deu um importante passo, mas o sistema de justiça brasileiro reconhece de forma irregular a gravidade da violência doméstica e familiar. Apenas um terço dos casos que chegam aos tribunais é condenado, e a impunidade ainda é um problema crítico. TELEFONES ÚTEIS DISQUE DENÚNCIA 180 CREAS (66) 3566-1953 Conselho Tutelar (66) 3566-1022 Polícia Militar 190 12

PROTEÇÃO Os Centros de Referência Especializados da Assistência Social - CREAS são unidades de serviços de Proteção Social Especial demédia Complexidade, para atendimento de famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social. RISCO SOCIAL Estar em situação de risco pessoal e social significa ter os direitos violados, ou estar em situação de contingência (Ex.: pessoa com deficiência ou idosa necessitando de atendimento especializado). Normalmente, as pessoas em situação de risco social ainda estão convivendo com suas famílias. O atendimento, personalizado e continuado, exige intervenções especializadas, e acontece desde a escuta, feita por profissionais capacitados, até os encaminhamentos para a rede de proteção social e o sistema de garantia de direitos. OBJETIVOS: - Fortalecer na família a função de protetora de seus membros; - Incluir as famílias na rede de proteção social e nos serviços públicos; - Romper com o ciclo de violência no interior da família; - Oferecer condições para reparar danos e interromper a violação de direitos; - Prevenir a reincidência de violações de direitos. 13

FUNDAMENTOS LEGAIS E REGULADORES DOS SERVIÇOS NOS CREAS Os Serviços de Média Complexidade oferecem proteção social e defesa de direitos, priorizando o convívio familiar e comunitário às pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social. Entre os pressupostos, envolve a mobilização da sociedade e o desenvolvimento do protagonismo social. Fundamentos legais: Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como com outras legislações e normativas vigentes, como a Constituição Federal (arts. 226 e 227); Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (Lei nº8742 de 1993); Política Nacional de Assistência Social - PNAS; Norma Operacional Básica - SUAS; Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes; Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária - PNCFC; Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais - Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, Resolução Nº 109, de 11 de novembro de 2009 organiza por níveis de complexidade do Suas os serviços de Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade.

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER