ÉRIKA REGAZOLI ESTUDO RETROSPECTIVO DA UROLITÍASE EM CÃES ATENDIDOS NO HV UEL ENTRE 2007 E 2009 LONDRINA

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Transcrição:

ÉRIKA REGAZOLI ESTUDO RETROSPECTIVO DA UROLITÍASE EM CÃES ATENDIDOS NO HV UEL ENTRE 2007 E 2009 LONDRINA 2010

ÉRIKA REGAZOLI ESTUDO RETROSPECTIVO DA UROLITÍASE EM CÃES ATENDIDOS NO HV UEL ENTRE 2007 E 2009 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Clinicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto LONDRINA 2010

ÉRIKA REGAZOLI ESTUDO RETROSPECTIVO DA UROLITÍASE EM CÃES ATENDIDOS NO HV UEL ENTRE 2007 E 2009 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento Clínicas Vetrinárias da Universidade Estadual de Londrina. COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto Universidade Estadual de Londrina Prof. Dra. Mirian Siliane Batista de Souza Universidade Estadual de Londrina Prof. Carmen Lúcia Scortecci Hilst Universidade Estadual de Londrina Londrina, de de.

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meu animais de estimação Hulk, Meg, Pitucha, Marley (gato), Jão, Gregory, Brisa, Janis, Marley (cão), Bartolomeu, Chica e Serafim que me inspiraram, alguns desde pequena, a ser Médica Veterinária.

AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus que sempre me levantou e deu muita força nos momentos difíceis e me fez acreditar no meu potencial. Ao meu orientador Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto por ter sido além de um ótimo orientador, um grande amigo que me apoiou em todos os momentos, até mesmo naqueles que eu nem imaginava que poderia ter contado com a sua compreensão. Obrigada professor pela paciência, oportunidade, carinho, respeito, por ter compreendido as minhas idéias e ter me adotado como sua primeira pupila. Tenho uma grande admiração pela pessoa que você é. Aos meus pais Moacir e Vera que apesar da distância sempre me apoiaram e me insentivaram a ser esforçada. Agradeço por terem concordado com algumas idéias mesmo sem entenderem bem o que algumas atitudes refletiriam na minha vida e por terem depositado em mim uma grande confiança. As minhas irmãs Juliana e Letícia que me inspiraram desde criança a estudar e a correr atrás dos meus objetivos. Não poderia esquecer também de agradecer aos presentinhos que apareciam de vez em quando e que me ajudaram muito. Ao meu sobrinho Cainã e a minha afilhada Maria Fernanda por me trazerem muitas alegrias e me mostrarem, com a pureza do seus corações, o quanto os animais são importantes na vida de qualquer pessoa. Agradeço as minhas amigas Larissa, Patrícia, Grabryella e Mariane que me ajudaram muito durante a graduação e me mostraram que mesmo com muitas diferenças a amizade prevalece quando se há respeito. A minha irmã Daniela, que foi a família que escolhi em Londrina, agradeço por ter sido tão minha amiga e por ter cuidado de mim em todos esses anos de convivência. Agradeço também por ter sido a responsável pela minha primeira convivência com os gatos, pelos quais eu me apaixonei. Valeu parceira! Agradeço a Ana Paula que apareceu na minha vida em um momento tão oportuno e que desde então foi uma amiga pra se contar a qualquer hora. Ao Luis Armando por ter me ajudado a conquistar muito dos meus objetivos e ter compartilhado tanto momentos difíceis como grandes felicidades. Aos meus amigos: André, Mari, Mindú, Moniquinha, Angelita, Luciana, Nati e Rosalba que estiveram presentes cuidando de mim quando eu mais precisei e tornaram a vida em Londrina muito mais divertida.

Ao Hospital Veterinário da UEL que me proporcionou inúmeras oportunidades e a todos os funcionários, residentes e professores que diariamente me ensinam algo novo. Ao Minnesota Urolith Center, pela análise dos urólitos enviados e aos cães e seus proprietários que colaboraram com este estudo. Aos membros da Banca Examinadora que aceitaram avaliar esse trabalho.

REGAZOLI, Érika. Estudo Retrospectivo da Urolitíase em Cães atendidos no Hospital Veterinário - UEL entre 2007 e 2009. 2010. 67 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar a composição mineral de cálculos recuperados do trato urinário de cães. Por ser a urina do cão uma solução supersaturada de sais, fatores que alteram sua composição, podem levar a precipitação de sais e formação de urólitos. Raça, gênero, idade, dieta, anormalidades anatômicas, anormalidades metabólicas, infecção do trato urinário, medicações e o ph urinário são fatores que influenciam essa formação. Foram avaliados os urólitos de 64 cães com diagnóstico de urolitíase atendidos no Hospital Veterinário da UEL, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009. Os urólitos foram enviados para avaliação quantittiva no Minnesota Urolith Center, e foram classificados em simples quando havia predomínio de um mesmo mineral (maior ou igual a 70%) em uma ou duas de suas camadas, compostos quando apresentavam 70% ou mais de minerais distintos em camadas diferentes e mistos aqueles que apresentam camadas com diversos tipos de minerais, sem que houvesse o predomínio de um único mineral (composição menor que 70%). O grupo analisado foi composto por 40 cães machos (62,5%) e 24 fêmeas (37,5%), sendo que os animais inteiros foram mais encontrados em ambos os grupos. Um quarto dos cães eram sem raça definida e o restante se dividiam entre 18 raças, das quais dálmatas (15,6%), pinscher (10,9) e poodle (10,9%) foram mais frequentes. Os cálculos foram removidos mais frequentemente da bexiga (51,6%), uretra (12,5%) ou ambos (16,5%), contrapondo com 6,2% dos cálculos de origem renal. Os urólitos mais observados foram formados predominantemente por estruvita (42,2%), seguido de urato (23,4%), oxalato de cálcio (18,8%), cistina (4,7%) e compostos (11,0%). Não observamos amostra de cálculo misto. A infecção do trato urinário (ITU) foi frequentemente diagnosticada em cães com urolitíase, presentes em metade das amostras analisadas. As fêmeas, que têm predisposição anatômica à ITU, foram diagnosticadas com infecção em 52% dos casos. Os animais que apresentaram episódios recidivantes foram 12 sendo que destes 3 tiveram seus cálculos novamente analisados e mantiveram a composição mineral original. Palavras-chave: Cães. Urolitíase. Infecção de Trato Urinário. Análise Quantitativa.

REGAZOLI, Érika. Retrospective Study of Urolithiasis in Dogs Veterinary Hospital at - UEL between 2007 and 2009. 2010. 67 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. ABSTRACT This study aimed to analyze the mineral composition of stones recovered from urinary tract of dogs. Because the dog urine a supersaturated solution of salts, factors that alter its composition, can lead to precipitation of salts and formation of uroliths. Race, gender, age, diet, anatomical abnormalities, metabolic abnormalities, urinary tract infection, medications, and urinary ph are factors that influence the training. Uroliths were evaluated 64 dogs with a diagnosis of urolithiasis Veterinary Hospital at UEL, from January 2007 to December 2009. The uroliths were sent for evaluation in quantittiva uroliths, and were classified as simple when there was a predominance of a single mineral (greater than or equal to 70%) in one or two of its layers, composed when presented with 70% or more distinct minerals on different layers and those with mixed layers with different types of minerals, with no predominance of a single mineral (composition below 70%). The group was composed of 40 male dogs (62.5%) and 24 females (37.5%), and the bulls were mostly found in both groups. A quarter of the dogs were mixed breed and the rest were divided among 18 races, including Dalmatians (15.6%) pinscher (10.9) and poodle (10.9%) were more frequent. Calculations were removed more frequently from the bladder (51.6%), urethra (12.5%) or both (16.5%), contrasting with 6.2% of the calculations of renal origin. The most frequently observed uroliths were formed predominantly of struvite (42.2%), followed by urate (23.4%), calcium oxalate (18.8%), cystine (4.7%) and compound (11.0% ). We did not observe mixed sample calculation. A urinary tract infection (UTI) was frequently diagnosed in dogs with urolithiasis present in half of the samples. Females, who have anatomic predisposition to UTI were diagnosed with infection in 52% of cases. The animals with recurrent episodes were 12 and of these 3 had reviewed his calculations again and kept the original mineral composition. Key words: Dogs. Urolithiasis. Urinary Tract Infection. Quantitative Analysis.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Representação das possíveis camadas do urólito em corte transversal...16 Figura 2: Urólitos de composições minerais diferentes e com a aparência semelhante...17 Figura 3: Distribuição dos urólitos caninos analisados pelo Minnesota Urolith Center no período de 1981 a 2007...19 Figura 4: Metabolismo das purinas e sítio de ação do alopurinol...27 Figura 5: Urólitos classificados como compostos recuperados de 4 cães atendidos no HV - UEL entre 2007 e 2009...34 Figura 6: Urólitos formados com predomínio de estruvita e clinicamente abordados como simples, recuperados de 7 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...35 Figura 7: Urólitos formados por oxalato de cálcio, recuperados de 4 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...36 Figura 8: Urólitos formados por Purinas, recuperados de 5 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...37 Figura 9: Urólitos puros de cistina, recuperados de 2 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...38 Figura 10: Fotos de dois urólitos de composições minerais diferentes com uma aparência relativamente semelhante, recuperados de 2 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...39 Figura 11: Frequência de cães com urolitíase distribuídos de acordo com o estado reprodutivo e o sexo...43 Figura 12: Urólitos renais recuperados de 2 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...46 Figura 13: Método de obtenção dos 64 urólitos analisados, recuperados de cães diagnosticados com urolitíase no HV-UEL...47 Figura 14: Urólitos de urato de amônio recuperados da vesícula urinária de um canino, macho, da raça dálmata, de 7 anos...50

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Classificação dos 64 urólitos de cães atendidos no HV -UEL, segundo o tipo mineral predominante...33 Tabela 2: Distribuição dos urólitos obtidos de 64 cães com diagnóstico de urolitíase atendidos no HV UEL entre 2007 e 2010, relacionando as raças com o tipo de mineral predominante...39 Tabela 3: Frequência de 64 cães com urolitíase distribuídos de acordo com o tipo mineral predominante, o sexo e o estado reprodutivo...42 Tabela 4: Variação da idade dos 67 cães analisados, segundo a composição do mineral predominante...44 Tabela 5: Localização dos urólitos retirados dos 64 cães diagnosticados com urolitíase no HV-UEL entre 2007 e 2009, relacionados com o sexo e o tipo de mineral predominante...45 Tabela 6: Número de isolamento bacteriano de uroculturas de 67 cães com urolitíase atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...48 Tabela 7: Bactérias isoladas em cada tipo mineral dos urólitos de cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009...49 Tabela 8: Recidiva de urolitíase em 67 cães diagnosticados com urolitíase entre 2007 e 2009 no HV...50

11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 12 2. REVISÃO DE LITERATURA... 14 2.1. Urólitos de estruvita... 21 2.2. Urólitos de oxalato de cálcio... 24 2.3. Urólitos de purina... 26 2.4. Urólitos de cistina... 29 2.5. Urólitos de sílica... 30 3. MATERIAL E MÉTODOS... 32 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 33 4.1. Frequência da urolitíase segundo a classificação mineral... 33 4.2. Frequência da urolitíase segundo as raças... 39 4.3. Frequência da urolitíase segundo o sexo e o status reprodutivo... 41 4.4. Distribuição etária dos cães com urolitíase... 44 4.5. Distribuição da urolitíase segundo sua localização... 45 4.6. Método de obtenção do urólito... 46 4.7. Presença de infecção do trato urinário... 47 4.8. Frequência de recidivas... 50 5. CONCLUSÃO... 52

12 1. INTRODUÇÃO Urolitíase é um termo geral para se referir à formação de pedras no trato urinário (OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 2009b; LULICH, et al., 2004). Sua formação e composição não têm uma causa isolada, e podem ser influenciadas por vários fatores incluindo raça, sexo, idade, dieta, anormalidades anatômicas, anormalidades metabólicas, infecção do trato urinário, medicações e o ph da urina (MOORE, 2007; LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999a; KHOELER et al., 2009). Dentre as doenças que acometem o trato urinário inferior dos cães, a urolitíase tem-se mostrado um problema clínico significativo em muitos países (LULICH, et al., 2004; LANGSTON, et al., 2008). De todos os animais atendidos entre 1999 a 2003 pelo serviço de nefrologia e urologia da Unesp/Jaboticabal, a urolitíase é a terceira doença que mais acomete o trato urinário de cães (CAMARGO, 2004). Segundo Ware (2006) e Lulich et al. (2004), os urólitos podem predispor à infecção do trato urinário, além de provocar lesões mecânicas no epitélio e causar inflamação das vias excretoras ou obstrução ao fluxo urinário, caso estes se instalem no ureter ou uretra. A causa mais comum de doença obstrutiva do trato urinário inferior em cães é a presença de cálculos no interior da via urinária, e são de grande importância, pois podem comprometer à qualidade de vida do animal ou até mesmo levá-lo ao óbito (CARCIOFI, 2007). As terapias específicas para prevenir a formação de urólitos ou recidivas dependem da composição do cálculo. A análise qualitativa é utilizada com frequência para a identificação da composição mineral, mas pode resultar em dados não-confiáveis, portanto deve ser evitada. Sendo assim, recomenda-se a análise quantitativa, realizada em laboratórios qualificados para especificar o tipo mineral e assim direcionar melhor o tratamento (KOEHLER et al. 2009; LULICH, et al., 2004; MOORE, 2007; OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 1999b). Diante da frequência de casos de urolitíase em cães, é de grande importância um estudo regional para a identificação da composição mineral correta do urólito, tanto para a preconização de uma terapia adequada, como para a instalação de medidas preventivas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a composição mineral dos urólitos de cães atendidos no Hospital Veterinário da

13 Universidade Estadual de Londrina no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2009, que tiveram seus cálculos analisados quantitativamente pelo Minnesota Urolith Center, a fim de obter informações que possam auxiliar no entendimento da patogenia e a identificação das causas predisponentes para a formação do urólito.

14 2. REVISÃO DE LITERATURA O sistema urinário é responsável pela eliminação de resíduos metabólicos sob a forma líquida. A urina do cão é uma solução complexa e normalmente supersaturada de sais que podem permanecer em solução nessas condições. A elevada ingestão nutricional de minerais e proteínas e as alterações contínuas na composição da urina promovem a hipersaturação de uma ou mais substâncias que resultam em sua precipitação e consequentemente formação de urólitos. Os urólitos são agregados de substância sólidas cristalinas e ocasionalmente não-cristalinas compostas principalmente por cristalóides orgânicos ou inorgânicos (90-95%) e uma pequena quantidade de matriz orgânica composta de complexos de proteínas (5-10%) (KOEHLER et al. 2009; LULICH et al., 2004; WARE, 2006). Para a melhor compreensão, os cristais referem-se à presença de precipitados microscópicos e os urólitos referem-se à presença de precipitados macroscópicos (LULICH et al., 2004). De acordo com Osborne et al. (1999a; 2009b), a urolitíase não pode ser considerada como uma doença com uma única causa, mas sim como uma sequela de múltiplas interações anormais. Assim, a síndrome da urolitíase pode ser definida como de ocorrência hereditária, congênita ou fatores patofisiológicos adquiridos que, em combinação, progressivamente aumentam o risco de precipitação de metabólitos na urina e a formação de cálculos. Naturalmente a ocorrência da urolitíase é afetada por fatores de risco, alguns são conhecidos e podem ser corrigidos e outros não. Alguns fatores conhecidos incluem raça, gênero, idade, anormalidades anatômicas e funcionais do trato urinário, anormalidades metabólicas, infecção do trato urinário (ITU), dieta e ph da urina (OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE, 1999). A formação, dissolução e prevenção dos urólitos envolvem processos físicos, dentre os quais se incluem: supersaturação resultando em formação de cristais, retenção urinária favorecendo a precipitação de sais, ph urinário favorável à cristalúria, existência de matriz de nucleação e diminuição de inibidores de cristalização na urina (WARE, 2006; BARTGES, et al., 1999a; CARCIOFI, 2007). De acordo com Carciofi (2007), Osborne et al., (2009a) e Koehler et al. (2009), a dieta pode contribuir no aparecimento e no manejo da urolitíase, bem como a prevenção de recidivas, pois afetam diretamente o volume urinário, o ph e as concentrações de sais na urina. Além desses fatores, sabe-se que a baixa reabsorção tubular e as

15 infecções urinárias também contribuem para a supersaturação urinária e subsequente formação de urólitos (WARE, 2006; LULICH et al. 2004). Algumas teorias foram propostas para explicar o início da formação dos urólitos. Na teoria da Precipitação-Cristalização, a supersaturação da urina é considerada fator primário responsável por iniciar a litogênese (WARE, 2006). De acordo com Lulich et al. (2004), a teoria da Matriz-Nucleação afirma que substâncias da matriz orgânica na urina são promotoras de um núcleo inicial que permite o crescimento do urólito por meio de precipitação de cristais. Já a teoria da Cristalização-Precipitação aponta a redução ou ausência de fatores de inibição da cristalização como o fator primário no início da formação do núcleo. Os urólitos podem ser classificados de acordo com sua localização, formato, características de superfície, características radiográficas e, principalmente, sua composição mineral. Quanto à localização podem ser encontrados na vesícula urinária, uretra, rins ou ureteres sendo, então, classificados em urocistólitos, uretrólitos, nefrólitos ou ureterólitos, respectivamente (LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999a). Quanto à forma podem ser lisos, facetados e piramidais, influenciados pela estrutura interna dos cristais e pelo ambiente no qual se formam. Quanto à composição, podem ser formados por fosfato de amônio e magnésio (estruvita), oxalato de cálcio, uratos, cistina, sílica ou de composição mista (CAMARGO, 2004; FEENEY et al., 1999; LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999a; ULRICH et al., 2009). Segundo Langston et al. (2008) e Ware (2006), os urólitos podem ser encontrados em qualquer lugar do trato urinário e em mais de um local. No entanto, em 95% dos cães os urólitos são encontrados no trato urinário inferior (bexiga ou uretra). Ling et al. (1998) descreve que cálculos de origem renal são incomuns em cães e que entre os anos de 1981-1993 menos de 4% dos cálculos analisados eram de origem renal. Segundo Ross et al. (1999), 1% dos cálculos analisados no Minnesota Urolith Center entre 1981 a 1997 eram renais. Osborne et al. (2009b) relata que entre os anos de 1981 à 2007, 43% dos 5591 renólitos de cães recebidos neste mesmo centro eram compostos de oxalato de cálcio, seguido de 26% formado por estruvita, 13% por purinas e 12% compostos. Embora muitos urólitos apresentem mais de um tipo mineral, comumente há predominância de um mineral particular. A agregação dos diversos tipos minerais pode ocorrer de forma desordenada ou organizada em bandas ou camadas. Cada

16 urólito pode conter um núcleo, uma pedra, uma parede ou lâmina externa e cristais de superfície. Define-se o núcleo de um urólito como a área a partir da qual se deu o início do crescimento, que pode ser composto de minerais ou estruturas como pêlo, material de sutura, material vegetal ou pedaços de cateter urinário. A pedra caracteriza-se como a maior parte do corpo do urólito. A parede ou lâmina externa designa uma camada de materiais precipitados que envolvem completamente o corpo da pedra. Já os cristais de superfície são descritos como uma cobertura incompleta da superfície mais externa do urólito (Figura 1) (OSBORNE et al., 1999a; CAMARGO, 2004; KOEHLER et al. 2009; MOORE, 2007; ULRICH, et al., 2009). Cristais de superfície Pedra Núcleo Parede Figura 1: Representação das possíveis camadas do urólito em corte transversal. ULRICH et al., 2009. Segundo o Minnesota Urolith Center, os urólitos podem ser classificados como simples, mistos ou compostos, baseando-se no tipo e quantidade mineral e presença ou ausência de camadas de composições minerais diferentes. São classificados como simples os urólitos com predomínio de um mesmo mineral (maior ou igual a 70%) em uma ou duas de suas camadas, compostos quando apresentam 70% ou mais de minerais distintos em camadas diferentes e mistos aqueles que apresentam camadas com diversos tipos de minerais, sem que haja a predominância de um único mineral (composição menor que 70%). (MOORE, 2007; OYAFUSO, 2008; OSBORNE et al., 1999a; ULRICH, et al., 2009). Apesar dos avanços no manejo do paciente (cirúrgico e médico), o maior problema no tratamento da urolitíase continua sendo a determinação acurada do tipo de urólito, que é de fundamental importância para instituir a terapia mais adequada e efetiva, bem como para prevenir recorrência (KOEHLER et al. 2009; LULICH, et al., 2004; MOORE, 2007; OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 1999b; OYAFUSO,

17 2008). A dissolução do urólito pode ser dificultada caso os urólitos sejam compostos de diversos tipos minerais com características de solubilidade distintas. Por exemplo, urólito de estruvita circundado por oxalato de cálcio (LULICH et al., 2004; ULRICH, et al., 2009; OSBORNE et al., 1999a). Vários métodos são descritos para a avaliação da composição dos urólitos, tais como o aspecto externo, achados radiográficos, cristalúria, análise qualitativa e quantitativa e a cultura do urólito (CAMARGO, 2004; FEENEY et al., 1999; LANGSTON et al., 2008). Análises qualitativas são comumente utilizadas para identificar a composição mineral do cálculo, porém muitos falso-negativos e falsopositivos são encontrados. Portanto, as análises quantitativas são fundamentais para o diagnóstico preciso e são a que melhor fornece informações diagnósticas, prognósticas e terapêuticas (KOEHLER et al. 2009; LANGSTON et al, 2008; LULICH, et al., 2004; MOORE, 2007; OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 1999b). Embora os tipos minerais dos urólitos muitas vezes tenham características específicas como formas, cores e superfície, o diagnóstico do tipo mineral presente no urólito não pode ser baseado apenas nas características morfológicas, pois a aparência de diferentes tipos de urólitos pode ser pouco distinta e algumas pedras podem conter mais de um tipo mineral, impedindo a determinação do urólito apenas pelas características morfológicas grosseiras (Figura 2) (OSBORNE et al., 1999a; KOEHLER et al. 2009). Figura 2: Urólitos de composições minerais diferentes e com a aparência semelhante. A: Cistina. B: Estruvita. C: Estuvita. D: Oxalato de Cálcio. Fonte: OSBORNE et al., 2009b.

18 As análises quantitativas são superiores para a identificação dos diferentes componentes do urólito, pois permite maior exatidão na identificação e na quantificação das substâncias cristalinas em cada camada dos urólitos (MOORE, 2007). Além disso, esses métodos também permitem a diferenciação de diversos subgrupos de minerais (oxalato de cálcio monohidratado e dihidratado, por exemplo) (LULICH et al., 2004). Os métodos físicos comumente utilizados por laboratórios que se especializam em análises quantitativas incluem uma combinação de cristalografia óptica, microscopia de luz polarizada, difractometria por raio-x, espectroscopia infravermelha, técnicas dispersivas de energia e outras (OYAFUSO, 2008; MOORE, 2007; LULICH et al., 2004; KOEHLER et al. 2009). Os urólitos utilizados nas análises podem ser obtidos por intervenção cirúrgica (cistotomia) ou por métodos não-cirúrgicos que incluem a micção espontânea, micção forçada, ou pelo cateterismo uretral (FOSSUM, 2005; MOORE, 2007; OSBORNE et al., 1999a). Quando não for possível a análise do mineral, a literatura disponibiliza uma tabela que auxilia na estimativa da composição ou tipo mineral do cálculo. A referida tabela é denominada de guesstimation, que correlaciona o tipo mineral com ph urinário, cristalúria, presença ou ausência de infecção de trato urinário, análise radiográfica do urólito densidade e contorno, alterações de análises bioquímicas séricas, raças predispostas, sexo e idade (Anexo 1). Protocolos de dissolução ou de prevenção planejados com base no conhecimento da análise quantitativa dos urólitos proporcionam resultados terapêuticos mais consistentes (OSBORNE et al., 1999a; LULICH et al., 2004). Algumas mudanças na frequência dos tipos de urólitos têm sido descritas desde os anos 80. A avaliação da prevalência de urólitos de cães recebidos pelo Minnesota Urolith Center durante os anos de 1981 a 2007, revelou que a tendência no aumento da ocorrência da composição de oxalato de cálcio tem sido gradual, mas consistente. O estudo mostrou que em 1981, 78% dos cálculos analisados eram de estruvita e 5% eram de oxalato de cálcio, enquanto que em 2007 a prevalência de urólitos de oxalato de cálcio passou para 40%, sendo aproximadamente igual aos de estruvita com uma incidência de 41% (Figura 3) (OSBORNE et al., 2009b).

19 Figura 3: Distribuição dos urólitos caninos analisados pelo Minnesota Urolith Center no período de 1981 a 2007. Fonte: OSBORNE et al., 2009b. Uma hipótese para explicar a relação recíproca entre o aumento da prevalência de urólitos de oxalato de cálcio em cães durante este período é que a utilização de protocolos médicos para dissolver urólitos de estruvita com dietas calculolíticas pela comunidade veterinária resultou na diminuição de urólitos de estruvita submetidos à análise (OSBORNE et al., 1999a). Além disso, um avanço nas estratégias e fármacos antimicrobianos para controle da ITU pode ter contribuído para a diminuição na prevalência de urólitos de estruvita. Por fim, as medidas de controle de alguns fatores de risco em cães que inicialmente foram identificadas para o controle dos urólitos de estruvita (como redução do ph urinário, magnésio e fósforo), poderiam predispor à formação de urólitos de oxalato de cálcio (OSBORNE et al., 1999a; LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999b; LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 1999b). As informações da anamnese e exame físico podem auxiliar no diagnóstico da urolitíase, no entanto as manifestações clínicas podem variar dependendo do número, tipo e localização do cálculo (LULICH et al., 2004). Geralmente os sinais clínicos como hematúria, polaquiúria, estrangúria e disúria, são comumente encontrados em animais com suspeita de urolitíase. Pequenos urólitos podem causar obstrução parcial ou completa do trato urinário, levando a distensão da vesícula urinária, dor abdominal, incontinência urinária, sinais de azotemia pós-renal (anorexia, vômito e depressão). Ocasionalmente pode ocorrer o rompimento da

20 vesícula urinária resultando em uroabdome (LANGSTON et al, 2008; LULICH et al., 2004; WARE, 2006). Exames complementares como exame de urina, urocultura e antibiograma, exame radiográfico e ultrassonográfico são importantes para diferenciar a urolitíase de outras doenças que acometem o trato urinário inferior (LULICH et al., 2004; LANGSTON et al., 2008). A urinálise é um importante exame para a avaliação de desordens do trato urinário. A solubilidade dos cristais é afetada pelo ph urinário, sendo que em ph alcalino ocorre mais facilmente formação de urólitos de estruvita, e em ph ácido ocorrem preferencialmente urólitos de oxalato de cálcio, urato, xantina e sílica (LANGSTON et al, 2008; LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999b; BARTGES, et al., 1999b; OSBORNE et al., 1999a). Deve-se ter cuidado na interpretação da cristalúria, já que essa formação pode ter ocorrido após a colheita por fatores como: mudança na temperatura, evaporação, alterações de ph e técnica de preparação da amostra. Devem-se examinar amostras frescas para ter uma avaliação mais precisa da cristalúria (LULICH et al., 2004; LANGSTON et al, 2008). A formação de um urólito exige a retenção desses cristais formados no trato urinário e, em seguida, a possibilidade de seu crescimento. Portanto a cristalúria não é sinônimo de urolitíase, mas pode ser considerado um fator potencialmente litogênico (LULICH et al., 2004). A urocultura é indicada em todos pacientes com urolitíase, já que a infecção de trato urinário está frequentemente associada à formação de cálculos, como causa primária ou secundária (LANGSTON et al, 2008). Urólitos de estruvita normalmente estão associados à infecção do trato urinário (LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE, 1999b; WARE, 2006). A detecção de urocistólitos em cães através do exame radiográfico simples é dependente do tamanho, localização e do tipo de mineral que o urólito é formado (FEENEY et al., 1999). A incidência de resultados falso-negativos através do exame radiográfico é de aproximadamente 13%, considerando todos os tipos de cálculos. Urólitos de oxalato e fosfato de cálcio, estruvita, cistina e sílica são geralmente radiopacos, já os constituídos de uratos costumam ser radiotransparentes (LULICH et al., 2004). De acordo com Feeney et al. (1999), a taxa de falso-negativo para urólitos de estruvita e oxalato de cálcio foi de 2 e 5%, respectivamente; já para urólitos de urato de amônio, cistina e bruchita foi aproximadamente de 25%.

21 Os exames radiográficos com contraste (positivo ou negativo) são mais sensíveis do que a radiografia simples para detecção de cálculos, sendo que para a pneumocistografia a taxa de falso-negativo diminui para 6,5% e na radiografia com duplo contraste para 4,5%. Esta última técnica tem sido descrita como um excelente exame diagnóstico (LANGSTON et al, 2008). O exame ultrassonográfico abdominal detecta tanto cálculos radioopacos quanto os radioluscentes. A interface criada entre o cálculo e a urina é intensamente hiperecóica com uma sombra acústica abaixo do cálculo. Cálculos uretrais são dificilmente visualizados no exame ultrassonográfico (LANGSTON et al, 2008). Segundo Feeney et al. (1999), em condições ideais, o ultrassom é superior na detecção de vários tipos de urólitos se comparado com o exame radiográfico, um pouco melhor do que a pneumocistografia e similar à cistografia com duplo contraste. A sensibilidade e especificidade do exame no diagnóstico de urólitos dependem da movimentação do paciente, presença de gás intestinal e dos variáveis graus de distensão da vesícula urinária (FEENEY et al., 1999). Os exames de imagem devem ser repetidos após o término da cirurgia de cães com cálculos múltiplos, para avaliar de modo eficiente a remoção completa dos urólitos (LULICH et al., 2004). A seguir, serão descritos os principais tipos minerais de urólitos detectados em cães. 2.1. Urólitos de estruvita Os urólitos de fosfato de magnésio e amônio (estruvita) são os mais comumente encontrados em cães adultos (WARE, 2006; FEENEY et al., 1999; OSBORNE et al., 1999b; OSBORNE et al., 2009b; OYAFUSO, 2008), relatados em 42,5% dos urólitos de cães analisados quantitativamente pelo Minnesota Urolith Center entre 1981 e 2007 (OSBORNE et al, 2009b). Em estudo feito em São Paulo entre 1999 e 2005 (OYAFUSO et al., 2010), estruvita foi o mineral mais encontrado em compostos, além de ser observado em 47,6% dos 124 urólitos simples. A hipersaturação da urina com estruvita pode estar associada com diversos fatores como infecção do trato urinário (ITU) por bactérias produtoras de urease,

22 urina alcalina, predisposição genética, fatores metabólicos e dieta (OSBORNE et al., 1999b; WARE, 2006; KHOELER et al., 2009). Estudos clínicos e experimentais em cães demonstraram que existe uma relação entre os urólitos de estruvita e a ITU causada por bactérias produtoras de urease. Staphylococcus intermedius e Proteus spp. São considerados potentes produtores de urease e são frequentemente isolados de cães com urólitos de estruvita. Por motivos desconhecidos, estafilococos são mais comumente encontrados em cães com urólitos de estruvita do que Proteus. Outros microorganismos como Klebsiella spp. e Pseudomonas spp. têm um potencial variável de produção de urease e não têm sido comumente associados aos urólitos de estruvita. Da mesma forma Escherichia coli e outros microorganismos não produtores de urease não têm sido associados à ocorrência natural destes urólitos (OSBORNE et al., 1999b; KOEHLER et al. 2009). A urease que é produzida por essas bactérias hidrolisa a uréia resultando em aumento dos níveis de amônio urinário. Desta forma, a urina se torna mais alcalina e, consequentemente a estruvita se torna menos solúvel (LULICH, et al., 2004, WARE, 2006, OSBORNE et al., 1999b). Em geral, os cristais de estruvita dissolvem-se em ph urinário inferior a 6,3 e tendem a precipitar em ph maior que 7.0 (OSBORNE et al., 1999Bb). Concentrações altas de amônio na urina também contribuem para a adesão de bactérias à mucosa do trato urinário o que resulta em aumento de debris celulares que funcionam como superfície de cristalização (WARE, 2006). De acordo com Lulich et al. (2004), em alguns cães com urólitos de estruvita, não há o envolvimento de urease microbiana. Nesse caso, fatores nutricionais, metabólicos ou hereditários podem estar envolvidos na sua formação (OSBORNE et al., 1999b). A ocorrência deste tipo de cálculo independe da raça do animal, porém cães sem raça definida, schnauzer miniatura, shih tzu e bichon frisé representaram mais da metade dos casos. A alta prevalência em schnauzers sugere que há uma predisposição familiar nessa raça (OSBORNE et al., 1999b). Os urólitos de estruvita geralmente são mais encontrados no trato urinário inferior (95%) do que no trato urinário superior (5%) (OSBORNE et al., 1999b). Em estudos mais recentes, Osborne et al. (2009b) relata que 26% dos nefrólitos analisados no período de 1981 a 2007 eram de estruvita.

23 Os animais entre três a oito anos são os mais acometidos e, como esse tipo de urólito está associado com a ITU, há uma maior prevalência em fêmeas caninas, no entanto a maior taxa de recorrência é observada em cães machos (LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999b; FEENEY et al., 1999). Esse tipo de urólito varia muito de tamanho, quantidade e são radiopacos. (WARE, 2006; LANGSTON et al, 2008). Geralmente sua forma é piramidal ou ovóide, com superfície lisa ou de ponta romba (FEENEY et al., 1999; KOEHLER et al. 2009). De acordo com Osborne et al. (1999a), urólitos em cães com menos de um ano de idade também são geralmente de estruvita e frequentemente associados à infecção urinária. Essas infecções em animais jovens, geralmente provocadas por Staphylococcus, estão relacionadas com defeitos nos mecanismos de defesa do trato urinário, os quais incluem: anormalidades de micção ou anatômicas, defesas da mucosa e composição da urina (OSBORNE et al., 1999b). Os mesmos autores sugerem que causas predisponentes à ITU sejam investigadas em cães diagnosticados com urolitíase com menos de um ano de idade. Tais fatores devem ser considerados antes da formulação do tratamento e prognóstico. Os urólitos de estruvita podem ser dissolvidos com tratamento médico ou removidos por métodos físicos (WARE, 2006). O objetivo do tratamento médico é interromper o crescimento e promover uma dissolução dos urólitos já formados corrigindo ou controlando outras anormalidades. Para a terapia ser efetiva é necessário diminuir as concentrações de cristalóides de estruvita na urina (OSBORNE et al., 1999b). As recomendações para a dissolução médica de urólitos de estruvita em cães incluem: erradicação e controle da ITU, dieta terapêutica, administração de inibidores de urease em casos de infecções persistentes por bactérias produtoras de urease (OSBORNE et al., 1999b; WARE, 2006). A maior parte da uréia presente na urina é resultante do metabolismo de proteínas dietéticas, portanto o manejo alimentar é fundamental no controle e dissolução do cálculo. A dieta terapêutica tem como objetivo aumentar o volume urinário, diminuir as concentrações de uréia, fósforo e magnésio e promover uma acidificação urinária (OSBORNE et al., 1999b; WARE, 2006; OSBORNE et al., 2009a). Bactérias podem ficar aprisionadas dentro do urólito de estruvita e permanecer viáveis por muito tempo, inclusive protegidas da ação dos

24 antimicrobianos presentes na urina (OSBORNE et al., 1999b). Mesmo que os exames de urina indiquem que ela está estéril, a interrupção prematura da terapia antimicrobiana pode resultar em recidiva da bacteriúria e infecção urinária (LULICH, et al., 2004), portanto quando os protocolos médicos são instituídos para a dissolução de urólitos de estruvita, recomendada-se a administração de antimicrobianos durante todo o tratamento, até que o urólito não seja mais visualizado em exames radiográficos (OSBORNE et al., 1999b). Os urólitos de estruvita têm uma tendência à recorrência após remoção cirúrgica ou dissolução médica. Esse fato pode estar relacionado com a recorrência de ITU ou por remoção cirúrgica incompleta dos cálculos (pseudo-recorrência) (OSBORNE et al., 1999b). 2.2. Urólitos de oxalato de cálcio Diferentes combinações de sais de oxalato de cálcio são identificadas em urólitos de cães, porém a forma predominante é a de oxalato de cálcio monohidratado (KOEHLER et al. 2009). Antigamente a detecção desse tipo de urólito era incomum, mas atualmente, é o segundo tipo mais comum encontrado nos cães (LULICH et al., 2004; LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 1999b; OSBORNE et al., 2009a). De acordo com dados da Universidade de Minnesota, houve um constante crescimento passando de 5,3% (1981) para 35,4% (1997) (OSBORNE et al., 1999a; LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 1999b) e 40% em 2007, com média de 38% entre os anos de 1981 a 2007 (OSBORNE et al., 2009b). Segundo pesquisa feita no estado de São Paulo entre os anos de 1999 a 2005, dos 124 urólitos simples encontrados, 37,9% eram de oxalato de cálcio (OYAFUSO et al., 2010). Camargo (2004) relata que 14,94% dos urólitos avaliados eram compostos por oxalato de cálcio, sendo o segundo tipo mais observado no estudo feito com análise qualitativa. O aumento significativo desse tipo de urolitíase em cães pode estar relacionado ao uso de dietas acidificantes (WARE, 2006; OSBORNE et al., 1999a) e a alta ingestão de proteína de origem animal (LULICH et al., 2004; LULICH et al., 1999a).

25 As causas deste tipo de urólito não são bem compreendidas, mas acreditase que sua formação seja resultado de diferentes combinações de fatores que perturbam o equilíbrio entre a concentração urinária de minerais potencialmente litogênicos (cálcio e ácido oxálico) e inibidores da cristalização (citrato, fósforo, magnésio, ácido úrico, mucoproteína Tamm-Horsfall, glicosaminoglicanos) (WARE, 2006; LULICH et al., 2004; LULICH et al., 1999b). Dados de pesquisa sugerem que alguns fatores promotores da formação de urólitos de oxalato de cálcio podem ser herdados. Apesar de uma base genética não ser claramente estabelecida como um motivo da formação de urólito de oxalato de cálcio em cães, as anomalias herdadas que afetam o metabolismo mineral e a cristalúria fornecem uma explicação plausível para o aumento desproporcional desse tipo de urolitíase em raças caninas (LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 2004). Embora muitas raças tenham sido relatadas, a maioria dos casos diagnosticados pelo Minnesota Urolith Center entre 1981 e 1997 foi descritos em schnauzers miniatura (24,1%), cães com raça indefinida (13,1%), lhasa apso (8,9%), yorkshire terrier (8,3%), bichon frisé (6,3%), shih tzu (5,7%) e poodle miniatura (5,2%) (LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 2004). Oyafuso (2010) observou um maior número de cães sem padrão racial acometidos por urólitos de oxalato de cálcio, seguidos por cães da raça Schnauzer e Poodle. Os animais machos são mais predispostos a urolitíase por oxalato de cálcio, devido ao aumento na produção hepática de oxalato mediado pela testosterona (WARE, 2006), ao contrário das fêmeas, que, devido à produção de estrógeno, aumentam a excreção urinária de citrato e diminuem as concentrações de cálcio e oxalato na urina (LULICH et al., 1999a; WARE, 2006). Em 71,2% dos cães analisados em Minnesota entre 1981 e 1997 eram machos, e apenas 26% eram fêmeas. Os animais castrados foram mais frequentemente observados tanto nos machos (69,4%) quanto nas fêmeas (87,9%) (LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 2004). Observa-se que há uma maior incidência em animais mais velhos, sendo que 60% dos cães com urólitos de oxalato de cálcio têm entre 6 e 11 anos de idade (LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 2004). A solubilidade do oxalato de cálcio é aumentada na urina com ph maior que 6,4, enquanto que em ph menor que 6,5 favorece a formação dos cristais (WARE,

26 2006). In vivo, a cristalúria é geralmente observada como um evento associado a um ambiente menos favorável do trato urinário, o que pode resultar na formação de urólitos clinicamente significativos (LULICH et al., 1999b). Os urólitos de oxalato de cálcio não são facilmente dissolvidos quando há diminuição na concentração urinária das substâncias calculogênicas. Portanto, a remoção física é o tratamento mais indicado para a correção da doença clinicamente ativa (LULICH et al., 2004; LULICH et al., 1999b). Devido ao pequeno tamanho e contorno irregular que muitos urólitos apresentam, a remoção cirúrgica completa pode ser difícil (LULICH et al., 1999b). Para minimizar recidiva é necessário diminuir as concentrações de minerais litogênicos e aumentar a concentração de inibidores de cristalização. Para tanto as terapias dietéticas, medicamentosas e o aumento no consumo de água são fundamentais (LULICH et al., 2004; LULICH et al., 1999b). 2.3. Urólitos de purina Os urólitos de purinas (urato de amônio, urato de sódio, urato de cálcio, ácido úrico e xantina) ocorreram em aproximadamente 6,4% de todos os urólitos de cães analisados pelo Minnesota Urolith Center entre os anos de 1981 a 2007 (OSBORNE et al., 2009b). Em pesquisa feita por Oyafuso (2010) no Estado de São Paulo entre os anos de 1999 a 2005, 12,1% dos urólitos simples eram formados por uratos. Os urólitos de ácido úrico, xantina e seus vários sais são produtos de biodegradação do metabolismo das purinas (Figura 4) (BARTGES et al., 1999b; LULICH et al., 2004). As purinas sofrem um processo de degradação em hipoxantina e esta se transforma em xantina. Por sua vez, a xantina, por ação irreversível de uma enzima denominada de xantina oxidase, se transforma em ácido úrico. Nos cães e gatos, o acido úrico sofre uma degradação por enzimas hepáticas e é transformado principalmente em alantoína, que é um composto mais solúvel na urina (BARTGES et al., 1999b; WARE, 2006).

27 Purinas endógenas Purinas dietéticas Purinas Hipoxantina Xantina oxidase Xantina Xantina oxidase Ácido úrico Uricase Alantoína (-) Alopurinol Oxipurinol Figura 4: Metabolismo das purinas e sítio de ação do alopurinol. Modificado de BARTGES et al., 1999b. Grande parte dos urólitos de cães derivados de purina é composta por urato ácido de amônio, que é o sal monobásico do ácido úrico (BARTGES et al., 1999b). Os urólitos, formados 100% de ácido úrico e urato de sódio, são relativamente raros (WARE, 2006). Pode ocorrer a formação de urólitos de xantina quando há uma diminuição da conversão de xantina para ácido úrico, mediado pela enzima xantina oxidase. Como consequência, há um aumento da excreção urinária de xantina, que por ser uma substância pouco solúvel, está ligada à formação de urólitos (BARTGES et al., 1999b). A causa mais comum de formação de urólitos de xantina em cães é secundária à terapia com alopurinol. O alopurinol se liga e inibe a ação da enzima xantina oxidase, causando uma diminuição nas concentrações séricas e urinárias de ácido úrico e ao aumento sérico e urinário de xantina (Figura 4). O uso em altas doses concomitante a uma dieta com altas concentrações protéicas pode resultar em urolitíase por xantina (BARTGES et al., 1999b). Os fatores de risco para a litogênese em cães incluem: aumento da excreção renal e concentração urinária de ácido úrico; aumento da excreção renal, produção renal, ou produção microbiana de íon amônio; acidúria; e presença de promotores ou ausência de inibidores de cristalização (BARTGES et al., 1999b).

28 Os componentes dietéticos podem promover a formação de urólitos de urato em raças predispostas, porque as purinas dietéticas podem ser digeridas, absorvidas e excretadas na urina, causando uma supersaturação urinária de substâncias calculogênicas (BARTGES et al., 1999b). Segundo Ware (2006) e Bartges et al. (1999b), os cães da raça dálmata são predispostos geneticamente a formarem urólitos de urato, pois nessa raça há uma diminuição na conversão do ácido úrico em alantoína. Outro fator que acomete essa raça é a diminuição na reabsorção tubular do ácido úrico. Sendo assim, há um aumento nos níveis de ácido úrico na urina, que, em ph apropriado se combina com diferentes substâncias do trato urinário e precipitam-se na forma de cristais de urato (AQUINO, 2007). Para todos os tipos de urólitos de purina, a raça dálmata sempre é a mais frequente, sendo: urato de amônio (61%), urato de cálcio e sódio (92%), ácido úrico (80%), xantina (56%) (BARTGES et al., 1999b). Outras raças mais acometidas são: schnauzer miniatura, yorkshire terriers e shih tzu. Os buldogues ingleses também apresentam alta incidência desse tipo de urólito, que pode ocorrer em qualquer cão com insuficiência hepática (WARE, 2006; lulich E AL., 2004). Eles tendem a se formar e acumular no trato urinário inferior. Sendo assim, as fêmeas, que possuem uma uretra com diâmetro maior, conseguem eliminá-los naturalmente durante a micção. Esse fato poderia explicar a maior prevalência da urolitíase por urato em cães machos (AQUINO, 2007). Segundo Bartges et al. (1999b) são mais frequentemente encontrados em cães entre 3 e 5 anos de idade, no entanto Oyafuso (2008) encontrou uma variação de 8 meses a 12 anos. Geralmente são encontrados urólitos múltiplos, pequenos, lisos, duros, de formato redondo ou ovóide (BARTGES et al., 1999b; WARE, 2006). No entanto, o aspecto físico do urólito de urato pode variar dependendo dos compostos minerais adicionais, quantidade de matriz, local de formação e crescimento e, outras desordens concomitantes do trato urinário (BARTGES et al., 1999b). O tratamento médico de dissolução inclui: dieta calculolítica, administração de inibidores da xantina oxidase (alopurinol), alcalinização da urina, erradicação ou controle das infecções urinárias e aumento no volume urinário (BARTGES et al., 1999b). Em alguns casos a remoção cirúrgica é emergencial por causar obstrução da pelve renal, ureter ou uretra. O protocolo de dissolução pode ser iniciado após a

29 remoção cirúrgica, pois a retirada incompleta dos cálculos pode ocorrer devido ao número e tamanho pequeno (BARTGES et al., 1999b). Cães da raça Dálmata devem ser sempre monitorados e pode ser utilizada a terapia profilática com uso de dieta terapêutica restrita em purinas (LULICH et al., 2004; BARTGES et al., 1999b). 2.4. Urólitos de cistina A cistina é um aminoácido não-essencial que, em condições fisiológicas, está presente em baixas concentrações no plasma. Ela é filtrada pelo glomérulo e quase que totalmente reabsorvida pelos túbulos proximais (OSBORNE et al., 1999c; WARE, 2006; LULICH et al., 2004). A cistinúria é um defeito metabólico congênito, caracterizado por aumento na excreção urinária de cistina pelos túbulos renais. Ao contrário de cães normais, cães cistinúricos reabsorvem uma porção muito menos de aminoácidos do filtrado glomerular (OSBORNE et al., 1999c). De acordo com Ware (2006) e Osborne et al. (1999c) a solubilidade da cistina é ph dependente, sendo que em ph alcalino ela é mais solúvel. Portanto os cálculos de cistina comumente são formados em urina ácida. A formação dos urólitos não ocorre em todos os animais cistinúricos, portanto essa característica é um fator predisponente e não uma causa primária da formação. A prevalência desse tipo de urólito corresponde a aproximadamente 1% dos cálculos analisados pelo Minnesota Urolith Center entre os anos de 1981 a 2007 (OSBORNE et al., 2009b). A idade média dos animais é de 2 a 7 anos e há uma maior prevalência em cães machos (98%). As raças buldogues ingleses (20%), cães sem raça definida (13%), dachshunds (10%), mastiff (5%), basset hound (5%) e terra nova (5%), são as mais acometidas (OSBORNE et al., 1999c; LULICH et al., 2004). Os urólitos de cistina são mais comumente encontrados no trato urinário inferior (97%) do que no superior (3%). A maior parte desse tipo de cálculo, analisados quantitativamente, é pura. Geralmente são ovóides, lisos e variam no diâmetro. Alguns contem outros tipos minerais em outras camadas, especialmente urato de amônio e oxalato de cálcio (OSBORNE et al., 1999c).

30 As recomendações para a dissolução dos urólitos de cistina incluem a redução no aporte dietético de proteína e metionina, a alcalinização da urina e a administração de drogas contendo tiois, com o intuito de reduzir as concentrações de cistina na urina ao mesmo tempo em que se aumenta sua solubilidade (BARTGES et al., 1999b; WARE, 2006). 2.5. Urólitos de sílica Embora a sílica constitua mais de 90% da crosta terrestre, ela ocorre em baixa concentração na maioria dos animais. Em contraste, as plantas frequentemente contêm altas quantidades de sílica. Gramíneas, por exemplo, contêm entre 1 a 4% de sílica por peso seco, e alguns vegetais como o arroz contém 16% ou mais de sílica em sua composição (OSBORNE et al., 1999d). Os urólitos de sílica são incomuns em cães, com uma prevalência de menos de 1% dos cálculos analisados no Minnesota Urolith Center entre os anos de 1981 e 2007 (OSBORNE et al., 2009b). Sua formação provavelmente está ligada ao consumo de rações de baixa qualidade contendo quantidades substanciais de glúten de milho ou casca de soja (OSBORNE et al., 1999d; LULICH et al., 2004). As raças mais acometidas são cães com indefinição racial (17%), golden retriever (8%), pastor alemão (8%), schnauzer miniatura (7%), labrador retriever (5%), entre outros (LULICH et. al, 2004; OSBORNE et al., 1999d). A ocorrência é maior em machos (93%), provavelmente porque as fêmeas conseguem eliminar os cálculos durante a micção. A idade média dos cães com urólitos de sílica está entre 4 e 9 anos. Os Urólitos de sílica são mais comumente encontrados no trato urinário inferior (99%) do que no trato urinário superior (1%) (OSBORNE et al., 1999d). A maioria dos cálculos de sílica analisados são puros, mas podem conter quantidades variadas de outros minerais, especialmente oxalato de cálcio e estruvita, em sua composição. A maioria dos urólitos de sílica tem a configuração de jackstone e geralmente são múltiplos (OSBORNE et al., 1999d). Ainda não se tem um protocolo eficiente para a dissolução dos urólitos de sílica, mas são indicadas medidas inespecíficas como mudança na dieta e aumento no consumo de água (LULICH et al., 2004). Dietas calculolíticas que não contenham em sua formulação quantidades significantes de proteína vegetal e que induzem

31 diurese podem prevenir o aumento dos urólitos já formados (OSBORNE et al., 1999d). Os urólitos pequenos podem ser removidos por urohidropropulsão, enquanto que os urólitos grandes apenas com remoção cirúrgica (OSBORNE et al., 1999d).

32 3. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados 67 cálculos de 64 cães atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, com diagnóstico clínico de urolitíase. Foram realizados exames complementares de acordo com a rotina do Hospital Veterinário para confirmação do diagnóstico na consulta inicial, dentre eles, urinálise, urocultura e antibiograma, exame radiográfico simples e contrastado e exame ultrassonográfico. Exames hematológicos e bioquímicos (uréia e/ou creatinina) foram realizados para avaliação de alterações sistêmicas. A maior parte dos urólitos (66%) foi obtida por remoção cirúrgica, 3% foram achados de necropsia e em 31% não constava a informação no prontuário do animal. Após a obtenção, os urólitos foram delicadamente lavados em água corrente, envoltos em gaze e acondicionados em recipientes plásticos e encaminhados para o Minnesota Urolith Center, na Universidade de Minnesota, St. Paul, MN, EUA, para análise quantitativa. A análise quantitativa do cálculo (núcleo, parede, pedra e superfície) foi realizada de acordo com a metodologia empregada no referido centro, que se baseia nos métodos de microscopia de luz polarizada, espectroscopia infravermelha e espectroscopia por raios-x com dispersão de energia (EDAX). Os urólitos foram classificados como simples, mistos ou compostos, de acordo com a classificação do centro de diagnóstico de Minnesota, onde simples são os urólitos com 70% ou mais de um único tipo mineral em diferentes camadas; mistos são aqueles que não apresentam predominância (menos de 70%) de um tipo mineral em suas camadas e urólitos compostos são os que apresentam predominância de minerais distintos em diferentes camadas. Dentre os urólitos compostos, alguns apresentam predominância de um mesmo mineral em diferentes camadas e por isso se comportam clinicamente como urólito simples. Os dados coletados foram dispostos em tabelas para a determinação de frequências. Foram avaliadas as frequências de cada tipo de urólito relacionando com sexo, raça, idade, status reprodutivo, localização do urólitos, ITU e recidivas.

33 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo, 67 urólitos de 64 cães atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009, com diagnóstico clínico de urolitíase, foram analisados quantitativamente pelo Minnesota Urolith Center. Dos animais analisados, apenas três tiveram recidivas durante o estudo e seus respectivos cálculos foram novamente analisados. 4.1. Frequência da urolitíase segundo a classificação mineral Os urólitos foram classificados em estruvita (fosfato de amônio e magnésio), oxalato de cálcio (mono e dihidratado), purinas (urato ácido de amônio e ácido úrico), cistina e compostos dos três primeiros tipos minerais. A maior parte dos cálculos foi predominantemente formada por estruvita (42,2%), seguido de urato (23,4%), oxalato de cálcio (18,8%), cistina (4,7%) e compostos (10,9%). Não observamos amostra de cálculo misto (Tabela 1). Tabela 1 Classificação dos 64 urólitos de cães atendidos no HV -UEL, segundo o tipo mineral predominante Londrina 2010 Tipo Mineral Nº de urólitos % Estruvita Simples 12 18,8 Estruvita composto 15 23,4 Oxalato de Cálcio Simples 2 3,1 Oxalato de Cálcio Composto 10 15,6 Purina Simples 10 15,6 Purina Composto 5 7,8 Cistina Simples 3 4,7 4,7 42,2 18,8 23,4 Compostos 7 10,9 10,9 Estruvita + Carbonato de cálcio 6 9,4 Estruvita + Oxalato de cálcio 1 1,6 10,9 TOTAL 64 100,00 100,00

34 Dos 64 urólitos analisados, obtivemos 37 classificados como compostos e 27 como simples. Dentre os cálculos compostos, 30 se comportavam clinicamente como simples, pois o mesmo constituinte mineral predominava em todas as camadas, sendo 15 de estruvita, 10 de oxalato de cálcio e 5 de purinas. Apenas 7 (10,9%) dos urólitos analisados foram classificados como compostos, dos quais 6 cálculos eram formados por estruvita e carbonato de cálcio e 1 amostra formada por estruvita e oxalato de cálcio (Figura 5). Destes, todos apresentaram quantidades significantes de estruvita em uma de suas camadas, no entanto não eram passíveis de dissolução, pois apresentavam na camada mais externa,minerais que não eram solúveis com a terapia dietética. A B C D Figura 5: Urólitos classificados como compostos recuperados de 4 cães atendidos no HV -UEL entre 2007 e 2009. A: Podlee, fêmea, 8 anos, Bexiga, Est+CarbCa; B:Pinscher, fêmea, 7 anos, Bexiga e uretra, Est+OxCa C: Lhasa Apso, macho, 7 anos, Bexiga, Est+CarbCa; D: Schnauzer miniatura fêmea, 10 anos, Bexiga, Est+CarbCa. Londrina 2010. Legenda: Est: estruvita; CarbCa: carbonato de cálcio; OxCa: oxalato de cálcio. Fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto A maior frequência de urólitos formados por estruvita (42,2%) encontrados neste trabalho concordam com a literatura (WARE, 2006; OSBORNE et al., 1999b;

35 OYAFUSO, 2008; FEENEY, et al., 1999; OSBORNE, et al., 2009b, CAMARGO, 2004). Em estudo feito em São Paulo entre 1999 e 2005, dos 124 urólitos simples encontrados, 47,6% eram de estruvita (OYAFUSO et al., 2010). Camargo (2004) refere que 81,6% dos urólitos analisados qualitativamente apresentavam estruvita em sua composição. Esse tipo de urólito foi encontrado em diversos aspectos macroscópicos (figura 6). A B C D G E F Figura 6: Urólitos formados com predomínio de estruvita e clinicamente abordados como simples, recuperados de 7 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009. A: Beagle, fêmea, idade NI, Bexiga, Est+CarbCa; B: Pitt Bull, macho, 4 anos, Bexiga e Uretra, Puro de Est; C: Cocker Americano, macho, adulto, Bexiga, Est+UraAmo; D: Podle, fêmea, 8 anos, Bexiga, Est+CarbCa; E: SRD, macho, 10 anos, Bexiga e Uretra, Puro de Est; F: Poodle, macho, 12 anos, Puro de Est; G: Poodle, macho, idade NI, Bexiga, Puro de Est. Legenda: OxCa: oxalato de cálcio;est: estruvita; CarbCa: carbonato de cálcio; UraAmo: urato ácido de amônio; SRD: sem raça definida, NI: Não Informado no prontuário do animal.fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto A frequência de 18,8% de urólitos formados por oxalato de cálcio (figura 7) é diferente do relatado por outros autores, visto que este tipo mineral é o segundo

36 mais encontrado (OYAFUSO, 2008; OSBORNE, et al., 1999a; LULICH, et al. 1999a; LULICH, et al. 1999b; OSBORNE et al., 1999c; OSBORNE et al., 2009b; CAMARGO, 2004). Segundo Osborne et al. (2009b), por volta do ano de 2003 os urólitos de oxalato de cálcio foram detectados na mesma proporção dos cálculos de estruvita e, nos anos seguintes não houve diminuição nessa prevalência (Figura 3). Os autores referem que o aumento constante na freqüência de urólitos de oxalato de cálcio, está ligado a indiscriminada prescrição de dietas acidificantes oferecidas aos cães, a fim de prevenir urólitos de estruvita e assim poderiam predispor à formação de urólitos de oxalato de cálcio (OSBORNE et al., 1999a; LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999b; LULICH et al., 1999a; LULICH et al., 1999b), fato esse que não ocorre no Brasil como nos EUA. A B C D Figura 7: Urólitos formados por oxalato de cálcio, recuperados de 4 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009. A: Lhasa Apso, Macho, 10 anos, Renal, Puro de OxCa; B: Pinscher, Fêmea, 12 anos, localização NI, OxCaMono+OxCaDi; C: Basset Hound, Macho, 11 anos, Bexiga e Uretra, OxCaMono+OxCaDi; D: SRD, macho, 12 anos, Bexiga e Uretra, OxCaMono+OxCaDi. Londrina 2010. Legenda: OxCa: oxalato de cálcio; OxCaMono: oxalato de cálcio monohidratado; OxCaDi: oxalato de cálcio dihidratado; VU: vesícula urinária; SRD: sem raça definida; NI: Não informado no prontuário do animal. Fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto

37 Os urólitos constituídos por purinas (Figura 8) representaram 23,4% da amostra analisada, frequência alta se comparada com os dados consultados (BARTGES et al., 1999b, OYAFUSO, 2008; CAMARGO, 2004). A B C D E Figura 8: Urólitos formados por Purinas, recuperados de 5 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009. A: SRD, macho, 2 anos, Uretra, UraAmo B: Dálmata, fêmea, 5 anos, Bexiga, UraAmo+Est; C: Dálmata, macho, 5 anos, Uretra, AcUri; D: Pequinês, fêmea, 4 anos, Bexiga e Rim, UraAmo+Est; E: Dálmata, macho, 5 anos, Bexiga, UraAmo. Londrina 2010. Legenda: UraAmo: urato ácido de amônio; Est: estruvita; AciUri: ácido úrico; VU: vesícula urinária; SRD: sem raça definida. Fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto Os urólitos formados por cistina, que são considerados raros (1%) (OSBORNE et al., 2009b) foram encontrados em 4,7% (3) dos animais analisados (Figura 9). Episódio recidivante foi observado em um desses cães após 5 meses da remoção cirúrgica. Esse tipo de urolitíase não foi relatado em outros estudos brasileiros (OYAFUSO, 2008; CAMARGO, 2004).

38 A B C D Figura 9: Urólitos puros de cistina, recuperados de 2 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009. A: SRD, macho, 10 anos, Uretra; B,C,D: Mastiff, macho, 5 anos; B: 1º episódio; C: Fotomicrocrafia de sedimento urinário evidenciando cristais de cistina (aumento de 100 X); D: Recidiva. Londrina 2010. Fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto Os aspectos físicos dos uróitos encontrados neste trabalho evidenciam que a análise quantitativa é muito relevante devido às diversas formas que os cálculos podem se apresentar independente do mineral constituinte (figura 10). Estudo feito por Camargo (2004) mostrou que a estimativa da composição dos urólitos por meio de análise dos aspectos macroscópicos não foi bem sucedida nas amostras de cães com apenas 19,1% de acertos. Este mesmo autor refere que a forma e a superfície dos urólitos são muito importantes para a estimativa do mineral, porém muitas vezes se repetem independente de sua composição. Segundo Osborne et al. (1999a), a guesstimation para análise do urólito pode ser empregada com relativo sucesso para exemplares puros, no entanto para amostras com mais de um tipo mineral essa estimativa se torna prejudicada.

39 A B Figura 10: Fotos de dois urólitos de composições minerais diferentes com uma aparência relativamente semelhante, recuperados de 2 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009. A: Dálmata, fêmea, 5 anos, Bexiga, predomínio de Urato de Amônio; B: Schnauzer, fêmea, 6 anos, Bexiga, predomínio de Estruvita. Fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto 4.2. Frequência da urolitíase segundo as raças O grupo analisado foi composto por 18 raças puras além de cães sem raça definida (SRD). Do total, um quarto eram mestiços, semelhante a outros estudos feitos no Brasil (OYAFUSO, 2008; CAMARGO, 2004) seguidos de dálmata (15,6%), pinscher (10,9%), poodle (9,4%), yorkshire (7,8%), lhasa apso e schnauzer miniatura (4,7%) (Tabela 2). Tabela 2. Distribuição dos urólitos obtidos de 64 cães com diagnóstico de urolitíase atendidos no HV UEL entre 2007 e 2010, relacionando as raças com o tipo de mineral predominante Londrina 2010 Raça Estruvita Oxalato Urato Cistina Composto Total % SRD 9 4 2 1-16 25,0 Dálmata - - 10 - - 10 15,6 Pinscher 1 2 1 1 2 7 Poodle 4 - - - 2 6 10,9 9,4 Yorkshire 1 3 1 - - 5 7,8

40 Lhasa Apso Schnauzer miniatura Cocker Americano 1 1 - - 1 3 4,7 2 - - - 1 3 2 - - - - 2 3,1 Dachshund 2 - - - - 2 3,1 Basset Hound - 1 - - - 1 Beagle 1 - - - - 1 1,6 Bichon Frise 1 1 1,56 Buldog Ingles 1 - - - - 1 Maltês - 1 - - - 1 1,6 Mastiff - - - 1-1 1,6 Pastor Alemão 1 - - - - 1 Pequines - - 1 - - 1 1,6 Pitt Bull 1 - - - - 1 1,6 4,7 1,6 1,6 1,6 Shih Tzu 1 - - - - 1 1,6 Total 27 12 15 3 7 64 100 Para cães com cálculos contituídos por estruvita, 33% (9) foram encontrados em cães sem padrão racial e 14% (4) em poodles. Em estudo desenvolvido por Osborne et al. (1999b), entre 1981 e 1997, 25% foram recuperados de cães mestiços e 5% em poodles. Oyafuso (2010) refere que a maior parte dos urólitos de estruvita foram também recuperados de cães da raça poodle, seguidos por cães SRD. Cães da raça dálmata (66%) foram os mais observados com a confirmação de urólitos de uratos. Esta raça é predisposta geneticamente a formar esse tipo de urólito devido a uma diminuição na conversão enzimática do ácido úrico em alantoína descrita nessa raça (Figura 4). Koehler et al. (2009) relata que entre 1981 e 2002, 96% dos dálmatas analisados pelo Minnesota Urolith Center tinham urólitos de purinas. No presente estudo todos os urólitos encontrados nessa raça eram formados por purinas. Exceto um urólito constituído 100% por ácido úrico, todos os

41 outros eram predominantemente formados por urato de amônio, o que corresponde ao que é descrito (BARTGES et al., 1999b; KOEHLER et al., 2009; LULICH et al., 2004; WARE, 2006). Mesmo que os cães da raça Dálmata sejam mais predispostos à formação de cálculos de uratos, devem ser submetidos à análise pois podem formar pedras de outros tipos minerais (KOEHELER et al., 2009). Os cães sem raça determinada (33,3%) foram os mais encontrados com urólitos de oxalato de cálcio, seguidos por Yorkshire (25%) e Pinscher (16,6%). Em estudo feito por Lulich et al. (1999a), dos urólitos formados por oxalato de cálcio entre 1981 e 1997, 24% foram observados em cães da raça Schnnauzar Miniatura, 13,1% em SRD, 8,9% em Lhasa Apso e 8,3% em Yorkshire. A raça Schnauzer Miniatura foi descrita como uma das mais predispostas para formar urólitos de oxalato de cálcio (OYAFUSO et al., 2010; LULICH et al., 1999a), o que não foi confirmado neste estudo. As raças de cães com urólitos de cistina foram Mastiff, Pinscher e SRD. Exceto o pinscher, as outras raças são descritas por outros autores (OSBORNE et al., 1999c; LULICH et al., 2004). Houve equivalência nas raças mais observadas com urólitos compostos, ocorrendo 28,5% em pinscher e poodle. Os dados referentes às raças pode não corresponder a outros trabalhos devido às características raciais da população canina encontrada em cada região. Como os animais sem padrão racial foram os mais encontrados nesse estudo (25%), é de se esperar que sejam também os mais encontrados em diversos grupos minerais. Cães da raça pinscher foram apresentaram maior variação na composição mineral encontrada, estando presente em todos os grupos minerais. 4.3. Frequência da urolitíase segundo o sexo e o estado reprodutivo O grupo analisado foi composto por 40 cães machos (62,5%) e 24 fêmeas (37,5%). Esses resultados são parecidos com estudo feito em São Paulo (OYAFUSO, 2008) que relata 60,3% de machos e 39,7% de fêmeas. Já Camargo (2004) descreve que seus resultados em relação ao gênero dos cães não foram significantes. Devido ao pequeno diâmetro da uretra, animais do sexo maculino são mais predispostos à manifestação clínica de obstrução urinária provocadas por

42 pequenos urólitos, determinando geralmente remoção cirúrgica. Esse quadro obstrutivo faz com que o proprietário observe mais prontamente o distúrbio urinário do animal e o encaminhe ao médico veterinário. No entanto, Feeney et al (1999) descreve que 61% dos urocistólitos analisados foram recuperados de fêmeas. A influência do sexo nas diferentes composições minerais foi descrita por vários autores. Osborne et al. (1999b) descreve que 85% dos urólitos de estruvita analisados entre 1981 e 1997 no Minnesota Urolith Center foram recuperados de fêmeas. Nos resultados obtidos observamos que houve praticamente a mesma proporção entre machos (13) e fêmeas(14) com urólitos de estruvita. Porém, das 24 fêmeas analisadas, 14 tinham urólitos formados predominantemente por estruvita, e dos 6 cálculos compostos encontrados em fêmeas, todos tinham estruvita em sua composição. Esses dados demonstram a relação que existe entre urólitos de estruvita e as fêmeas caninas. Em outros grupos de minerais os machos são frequentemente mais encontrados, sendo 11 machos para 1 fêmea em urólitos de oxalato de cálcio e 12:3 em urólitos de purinas. Dos 3 cálculos classificados como cistina, nenhum foi recuperado do trato urinário de fêmeas (Tabela 3). Tabela 3 Frequência de 64 cães com urolitíase distribuídos de acordo com o tipo mineral predominante, o sexo e o estado reprodutivo Londrina 2010 Tipo Mineral Machos Fêmeas Total Castrados Inteiros Castradas Inteiras NI Total TOTAL Estruvita simples 3 7-2 - 12 13 14 Estruvita composto 3 4 7 1 15 Oxalato de Ca 1 1 - - 2 simples 11 1 Oxalato de Ca 1 8-1 - 10 composto Purina Simples - 9-1 - 10 12 3 Purina Composto - 3-2 - 5 Cistina simples - 3 3 - - - - 3 3 Compostos - 1 1 4 2-6 7 7 TOTAL 5 37 9 15 1 64 64 Legenda: NI: Não informado no prontuário do animal 27 12 15

43 Os cães machos são mais predispostos a formarem cálculos de alguns minerais (OSBORNE et al., 1999a; LULICH et al., 2004). Segundo Koelher et al. (2009), 93% dos urólitos de purinas analisados entre 1981 e 2002 eram recuperados de cães machos. Outros estudos relatam que o oxalato de cálcio está mais frequentemente ligado aos urólitos presentes em homens do que em mulheres, devido ao aumento de concentração de citrato urinário dependente de estrógeno, diminuindo assim as concentrações de oxalato e cálcio no trato urinário de fêmeas (LULICH et al., 1999a). Em todos os grupos, os animais inteiros (81,25%) foram mais encontrados do que os animais castrados (21,88%) (Figura 11). Esses dados sugerem que os proprietários dos cães da região avaliada são refratários ou desinformados quanto aos benefícios da esterilização, contrapondo ao que acontece em outros países em que a maior parte da população canina é castrada precocemente (LULICH et al., 1999a), portanto a castração não deve ser considerada como fator de risco para a formação de pedras no trato urinário, mas sim como reflexo do comportamento de uma população. Figura 11: Frequência de cães com urolitíase distribuídos de acordo com o estado reprodutivo e o sexo Londrina 2010

44 4.4. Distribuição etária dos cães com urolitíase A idade dos animais deste estudo variou entre 1 e 14 anos. A variação e a idade média para cada tipo de urólito estão distribuídas na Tabela 4. Tabela 4 Variação da idade dos 67 cães analisados, segundo a composição do mineral predominante Londrina 2010 Tipo Mineral Variação da idade (anos) Idade média (anos) Estruvita 1-12 6,76 Oxalatato de Cálcio 7-14 10,60 Urato 1-7 3,93 Cistina 5-10 7,50 Composto 5-10 7,66 A idade dos cães foi um fator importante observado em outros trabalhos que relacionam a formação de urólitos de estruvita em animais entre três a oito anos, sendo a idade média próxima a 6 anos (LULICH et al., 2004; FEENEY et al., 1999; OSBORNE et al.,1999b). Foi observado que a variação de idade dos cães estudados foi de um a doze anos, com média próxima a sete anos. Oyafuso et al. (2010) também encontrou cães com a mesma faixa etária com cálculos de estruvita. Os cães com urólitos formados por purinas apresentaram idade média próxima a quatro anos (1 a 7 anos), correspondendo com Bartges et al. (1999b) que relata que a idade média foi de 4,1 anos. Os urólitos de purinas encontrados em cães com menos de 1 ano de idade representou 19% entre os anos de 1981 a 1997 (FEENEY et al., 1999). Estudos sugerem que os promotores de formação de cálculos de oxalato de cálcio sejam herdados, no entanto esse tipo de urolitiase é relatado em cães mais velhos, com idade média de 8,5 anos (FEENEY et al., 1999; LULICH et al., 1999a). A idade observada nesse estudo correspondeu à literatura consultada e variou de 7 a 14 anos, sugerindo que animais mais velhos são predispostos à formação.

45 Encontramos 3 cães com urólitos de cistina e destes, dois estavam com 10 anos e um com 5. A idade relatada na literatura varia de 2 a 5 anos (BARTGES et al., 1999b; OSBORNE et al., 1999b), no entanto foram poucos os relatos de urolitíase de cistina e assim não foi possível observar uma correspondência entre os dados. 4.5. Distribuição da urolitíase segundo sua localização O maior número de urólitos analisados (61) foi obtido do trato urinário inferior (Tabela 5), o que corresponde aos dados consultados (LANGSTON et al., 2008; WARE, 2006; OSBORNE et al., 2009b; LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999c; AQUINO et al., 2007; OSBORNE et al., 1999a; MOORE, 2007; CAMARGO, 2004; OYAFUSO, 2008). De todos os urólitos encontrados na uretra, 96% eram machos; 57% dos urocistólitos e 75% dos renólitos foram encontrados em fêmeas. Tabela 5: Localização dos urólitos retirados dos 64 cães diagnosticados com urolitíase no HV-UEL, relacionados com o sexo e o tipo de mineral predominante Londrina 2010 Estruvita Ox. Cálcio Purinas Cistina Compostos Localização Total M F M F M F M F M F Uretra 2-1 - 3-2 - - - 8 Urinária 3 13 3-6 1 1-1 5 33 Urinária + Uretra Urinária + Rim 7-6 - 3 - - - - 1 17 - - - - - 1 - - - - 1 Rim 0 1 1 - - 1 - - - - 3 NI 1 - - 1 - - - - - - 2 TOTAL 13 14 11 1 12 3 3 0 1 6 64 27 12 15 3 7 64 Cálculos de origem renal são incomuns em cães, no entanto aproximadamente 6% dos cálculos analisados foram recuperados da pelve renal.

46 Ling et al. (1998) descreve que entre os anos de 1981-1993 menos de 4% dos cálculos analisados eram de origem renal. Segundo Ross et al. (1999), 1% dos cálculos analisados no Minnesota Urolith Center entre 1981 a 1997 eram renais, sendo que 41% desses eram compostos de oxalato de cálcio e 33% de estruvita. Osborne et al. (2009b), relata que dos urólitos renais analisados no mesmo centro entre 1981 e 2007, 43% eram de oxalato de cálcio, 26% de estruvita e 13% de purinas, mostrando que há uma diminuição gradual de estruvita em nefrólitos. Nos resultados obtidos, observamos 4 cálculos recuperados da pelve renal (Figura 12), dos quais 2 eram constituídos por urato de amônio, um era composto por estruvita e o outro por oxalato de cálcio. A B Figura 12: Urólitos renais recuperados de 2 cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009. A: Yorkshire, fêmea, 6 anos, puro de UraAmo; B: Pinscher, fêmea, 6 anos, Est+CarbCa. Londrina 2010. Legenda: UraAmo: Urato ácido de amônio; Est: estruvita; CarbCa: carbonato de cálcio Fonte: Cedido por Prof. Dr. Marcelo de Souza Zanutto 4.6. Método de obtenção do urólito Os urólitos utilizados nas análises podem ser obtidos por intervenção cirúrgica (cistotomia) ou por métodos não cirúrgicos que incluem a micção

47 espontânea, micção forçada, ou pelo cateterismo uretral (FOSSUM, 2005; MOORE, 2007; OSBORNE et al., 1999a). Dentre os 67 urólitos analisados neste trabalho, aproximadamente 66% foram obtidos através de remoção cirúrgica, 3% foram achados de necropsia e 31% não tiveram os métodos de obtenção informados (Figura 13). Figura 13: Método de obtenção dos 64 urólitos analisados, recuperados de cães diagnosticados com urolitíase no HV-UEL Londrina 2010 4.7. Presença de infecção do trato urinário Dentre os exames complementares solicitados, a urocultura foi realizada em 42 cães, sendo que destes a metade (21) apresentou crescimento bacteriano (Tabela 6). As infecções do trato urinário têm sido relatadas frequentemente em casos de urolitíase (LANGSTON et. al, 2008; 19; 25; LULICH et al., 2004; BARTGES et al., 1999b). Em trabalho realizado em São Paulo, 51 (56,7%) cães apresentaram crescimento bacteriano concomitante à urolitíase (OYAFUSO, 2008).

48 Tabela 6: Número de isolamento bacteriano de uroculturas de 67 cães com urolitíase atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009 Londrina 2010 Mineral predominante ITU presente ITU ausente Não realizado Não conclusivo Total Estruvita 11 (52,4%) 7 (33,3%) 9 1 28 Ox Calcio 1 (4,8%) 5 (23,8%) 5 1 12 Purinas 5 (23,8%) 6 (28,6%) 5-16 Cistina 2 (9,5%) - - 1 1 4 Compostos 2 (9,5%) 3 (14,3%) 2-7 Total 21 (100%) 21 (100%) 22 3 67 As ITUs formadas por bactérias produtoras de urease são mais frequentemente relacionadas com a formação de urólitos de estruvita, já que este mineral se torna menos solúvel em urina alcalina (LULICH et al., 2004; OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 1999b; OYAFUSO, 2008; ULRICH et al., 2009; KOEHLER et al., 2009). Observamos nos casos analisados, que 52,4% das infecções de trato urinário presentes foram encontradas em cães com urolitíase formada por estruvita. As bactérias produtores de urease como Staphylococcus intermedius e Proteus spp. são frequentemente isoladas de cães com urólitos de estruvita. Desconhece-se o motivo pelo qual os estafilococos são mais comumente encontrados em cães com urólitos de estruvita do que as bactérias do gênero Proteus (OSBORNE et al., 1999b), ocorrendo em 10 dos 11 cães com ITU concomitante ao cálculo de estruvita. Não houve relatos de isolamento de bactéria do gênero Proteus nesse estudo (Tabela 7).

49 Tabela 7: Bactérias isoladas em cada tipo mineral dos urólitos de cães atendidos no HV UEL entre 2007 e 2009 Londrina - 2010 Bactérias Isoladas Estruvita Ox. Calcio Purinas Cistina Compostos Total Staphylococcus spp. 9-1 1 1 12 E. coli 1 1 1-1 4 Staphylococcus spp. +Streptococcus spp. 1-1 - - 2 E. coli + Klebsiella spp. - - 1 - - 1 E. coli + Streptococcus - - - 1-1 Klebsiella - - 1 - - 1 Total 11 1 5 2 2 21 Outros microorganismos como Klebsiella spp. e Pseudomonas spp. possuem um potencial variável de produção de urease e não têm sido comumente associados aos urólitos de estruvita (OSBORNE et al., 1999b), o que corresponde aos resultados obtidos onde não foi observado urólitos de estruvita com infecção bacteriana por Klebsiella ou Pseudomonas. Em apenas 2 animais (8%) houve crescimento de Klebsiella e o mineral encontrado no cálculo de ambos os cães foi urato de amônio. Estudos clínicos indicam que a ITU presente em cães com cálculos de urato de amônio ocorrem principalmente em consequência às alterações urinárias provocadas por lesões na mucosa ou mesmo por traumas devido a cateterização vesical como forma de desobstrução urinária (BARTGES et al., 1999a), no entanto aproximadamente um quarto das ITU encontradas neste estudo foram de animais com cálculos de purinas (Tabela 6). Microorganismos não produtores de urease como a Escherichia coli não têm sido associados à ocorrência natural de urólitos de estruvita (OSBORNE et al., 1999b; KOEHLER et al. 2009). Dos 6 cães com ITU provocada por E. coli, apenas 1 apresentou urólitos formados por estruvita, sugerindo que esse tipo mineral é mais frequentemente associado à infecção por Staphylococcus (Tabela 7) (OSBORNE et al., 1999b; OYAFUSO, 2008; LULICH et al., 2004; ULRICH et al., 2009; KOEHLER et al., 2009; OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 1999b).

50 Devido à predisposição anatômica que as fêmeas têm a ITU (WARE, 2006; OSBORNE et al., 1999b), observamos o crescimento bacteriano em 52% destas contrapondo a 19% de machos com ITU presente, mostrando uma relação entre as fêmeas e a urolitíase secundária à infecção (OSBORNE et al., 1999a; OSBORNE et al., 1999b). Para os outros tipos de urólitos, houve maior freqüência em machos (Tabela 3). 4.8. Frequência de recidivas Dentre os 64 cães analisados, 9 apresentaram recidivas antes do atendimento no HV UEL e apenas 3 recidivaram durante o estudo (Tabela 8). Tabela 8: Recidiva de urolitíase em 67 cães diagnosticados com urolitíase entre 2007 e 2009 no HV UEL Londrina 2010 Sim Não NI Machos 8 32 Fêmeas 3 17 4 Total 11 49 4 Os cálculos dos 3 animais que apresentaram recidiva durante o estudo foram analisados novamente e mantiveram as mesmas propriedades minerais originais, sendo estas: estruvita, urato de amônio e cistina. A Figura 14 mostra dois cálculos recuperados de uma mesmo cão. A B