CADERNOS DE POESIAS: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL



Documentos relacionados
DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

UMA EXPERIÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO POR MEIO DO PIBID

POEMAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A LEITURA REALIZADA ATRAVÉS DE BRINCADEIRAS Elaine da Silva Reis UFPB elainereis1406@gmail.

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA LEITURA NA PONTA DA LÍNGUA E ESCRITA NA PONTA DO LÁPIS

BIBLIOTECA VIVA: CONHECENDO O MUNDO ATRAVÉS DOS LIVROS RESUMO

O PAPEL DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ACERCA DO PROJETO A CONSTRUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO NO ENSINO MÉDIO: UM OLHAR SOBRE A REDAÇÃO DO ENEM

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

A INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NA VIDA ACADÊMICA E NO AUXÍLIO DE EDUCANDOS DA ESCOLA PÚBLICA

Colégio La Salle São João. Professora Kelen Costa Educação Infantil. Educação Infantil- Brincar também é Educar

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS E AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXÕES SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO DESENVOLVIDO NA PUCGOIÁS/GOIÂNIA

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

Unidade: A Poesia: uma outra maneira para gostar de ler. Unidade I:

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA - PIBID

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DA ESCRITA COMO INSTRUMENTO NORTEADOR PARA O ALFABETIZAR LETRANDO NAS AÇÕES DO PIBID DE PEDAGOGIA DA UFC

Larissa Vilela de Rezende Lucas Fré Campos

FACULDADE EÇA DE QUEIRÓS

Mostra de Projetos Viajando através da Poesia

CONCREGAÇÃO DAS IRMÃS MISSIONÁRIAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO COLÉGIO SANTA CLARA PROJETO: SARAU DE POESIA

Palavras chave: PIBID, Teoria e Prática, Formação inicial.

Apresentação. Práticas Pedagógicas Língua Portuguesa. Situação 5 Lendo e vivendo poemas. Recomendada para EF II ou EM. Tempo previsto: 4 aulas

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NARRATIVOS

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

ATUAÇÃO DO PIBID NA ESCOLA: (RE) DESCOBRINDO AS PRÁTICAS LÚDICAS E INTERDISCIPLINARES NO ENSINO FUNDAMENTAL

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE APRENDIZAGEM COM LUDICIDADE

CONSTITUINDO REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O TRABALHO COM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

USANDO O ALFABETO MÓVEL COMO RECUSO DE RECUPERAÇÃO

A produção de leituras da obra A maior flor do mundo

Atividades Pedagógicas. Agosto 2014

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: 184 Parábola Editorial, 2010.

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance SUBPROJETO: PEDAGOGIA

PROPOSTA DE OFICINAS DE LEITURA E ESCRITA COMO APOIO PARA CRIANÇAS COM ATRASO DE LINGUAGEM ESCRITA

ENSINO FUNDAMENTAL EMEF IVONETE AMARAL DA SILVA ROSA

Elvira Cristina de Azevedo Souza Lima' A Utilização do Jogo na Pré-Escola

RELATO DE EXPERIÊNCIA: A PERCEPÇÃO DE LUZ E SOMBRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Palavras-chave: Conhecimentos físicos. Luz e sombra. Educação Infantil.

Núcleo de Educação Infantil Solarium

APRENDER A LER PROBLEMAS EM MATEMÁTICA

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA. Era uma vez... E conte outra vez.

PESQUISA AÇÃO: ACOMPANHANDO OS IMPACTOS DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE NOVEMBRO DE 2012 EREM ANÍBAL FERNANDES

TÍTULO: REFLEXÕES SOBRE A POESIA E A FUGA AO DIDATISMO CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PEDAGOGIA

ANAIS DA 66ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC - RIO BRANCO, AC - JULHO/2014

O USO DO TANGRAM COMO QUEBRA-CABEÇA PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA SOBRE MULTIPLICAÇÃO DE POLINÔMIOS

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Avaliação-Pibid-Metas

RELATO DE EXPERIÊNCIA. Sequência Didática II Brincadeira Amarelinha

PROCESSO SELETIVO PARA PROFESSORES SUBSTITUTOS EDITAL

ANÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS POR UMA TURMA DO 3ºANO DO ENSINO MÉDIO À LUZ DOS CRITÉRIOS DO ENEM

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MUNICIPAL PROJETO DE INCENTIVO A LEITURA BIBLIOTECA ITINERANTE

PROJETO CONVIVÊNCIA E VALORES

Palavras-Chave: docência, alfabetização, letramento.

O PROJETO RECUPERAÇÃO LÚDICA E AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PEDAGOGIA DA UFGD

A FORMAÇÃO DE LEITORES EM ESPAÇOS ESCOLARES E NÃO ESCOLARES: CONHECENDO UMA EXPERIÊNCIA.

Projeto Ludoteca do Turismo: atuação em escolas de Pelotas

PROJETO PIBID JOGO DO LUDO. Palavras chave: Jogo do Ludo. Educação Infantil. Matemática na Educação Infantil.

O que fazer para transformar uma sala de aula numa comunidade de aprendizagem?

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

O PLANEJAMENTO E A AVALIAÇÃO INICIAL/DIAGNÓSTICA

PRÁTICAS LÚDICAS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA DO INFANTIL IV E V DA ESCOLA SIMÃO BARBOSA DE MERUOCA-CE

PROJETO BRINQUEDOTECA: BRINCANDO E APRENDENDO

2. APRESENTAÇÃO. Mas, tem um detalhe muito importante: O Zé só dorme se escutar uma história. Alguém deverá contar ou ler uma história para ele.

BRITO, Jéssika Pereira Universidade Estadual da Paraíba

A PRÁTICA DE MONITORIA PARA PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL DE LÍNGUA INGLESA DO PIBID

Duração: Aproximadamente um mês. O tempo é flexível diante do perfil de cada turma.

TRANSPARÊNCIA INSTITUCIONAL PROJETO BOA SEMENTE OFICINA SEMEANDO MOVIMENTO

LER E ESCREVER: APRENDER COM O LÚDICO

Atividades Pedagógicas. Abril2014

Pedro Bandeira. Leitor em processo 2 o e 3 o anos do Ensino Fundamental

PROJETO DE LEITURA CESTA LITERÁRIA

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE SETEMBRO DE 2012 EREM LUIZ DELGADO

CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA ATIVIDADES EXTRA CURRICULARES

Como mediador o educador da primeira infância tem nas suas ações o motivador de sua conduta, para tanto ele deve:

A EXPLORAÇÃO DE SITUAÇÕES -PROBLEMA NA INTRODUÇÃO DO ESTUDO DE FRAÇÕES. GT 01 - Educação Matemática nos Anos Iniciais e Ensino Fundamental

RELATÓRIOS DAS OFICINAS: CUIDANDO DO CUIDADOR: CPPT CUNIÃ. Facilitadoras: Liliane Lott Pires e Maria Inês Castanha de Queiroz

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO.

PROJETO VERSOS COLORIDOS ONDE ESTÁ A POESIA?

O USO DE SOFTWARES EDUCATIVOS: E as suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem de uma aluna com Síndrome de Down

TEORIA E PRÁTICA: AÇÕES DO PIBID/INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA. Palavras-chave: Ensino; Recomendações; Língua Estrangeira.

A Formação docente e o ensino da leitura e escrita por meio dos gêneros textuais

A inserção de jogos e tecnologias no ensino da matemática

IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011 A IMPORTÂNCIA DAS ARTES NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

PROJETO MEIO AMBIENTE: CONSCIENTIZAR PARA PRESERVAR - RELATO DA EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDA COM ALUNOS DO 3ºANO NA EEEF ANTENOR NAVARRO

EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA POPULAR ATRAVÉS DA DANÇA

VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA, ORALIDADE E LETRAMENTO EM UMA TURMA DE PRÉ-ESCOLAR (CRECHE), EM TERESINA.

PROJETO: SEMANA LITERÁRIA: LEITURA, CIDADANIA E VIDA

PNAIC/2015 TERCEIRO CICLO DE FORMAÇÃO. Módulo V. A Criança, a Educação Infantil e o Ensino Fundamental de Nove Anos

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

PROJETO DE INTERVEÇÃO: UM OLHAR DIFERENTE PARA O LIXO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR DIRETORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PRESENCIAL DEB

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSO: PEDAGOGIA PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Um espaço colaborativo de formação continuada de professores de Matemática: Reflexões acerca de atividades com o GeoGebra

CONHECER E NEGOCIAR COM CLIENTES: uma experiência de gincana das cores

UMA PROPOSTA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE INTERVALOS REAIS POR MEIO DE JOGOS

Atividades Pedagógicas. Abril2014

Alfabetizar e promover o ensino da linguagem oral e escrita por meio de textos.

Mostra de Projetos Mostra de Educação Ambiental

A EXTENSÃO EM MATEMÁTICA: UMA PRÁTICA DESENVOLVIDA NA COMUNIDADE ESCOLAR. GT 05 Educação Matemática: tecnologias informáticas e educação à distância

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NUMA ESCOLA DO CAMPO

Mostra de Projetos Projeto do LIXO ao LUXO

Transcrição:

CADERNOS DE POESIAS: UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Heloisa Toshie Irie Saito Laiana Moraes de Azevedo Mariana Santana Facina Este pôster tem como finalidade expor uma experiência didática envolvendo um trabalho sistematizado de elaboração de cadernos de poesia. Esta experiência foi realizada no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), por meio do subprojeto Pedagogia (sede). O trabalho foi desenvolvido no segundo semestre de 2013, em duas escolas públicas do município de Maringá e vinculava-se a um projeto maior que visava intensificar práticas pedagógicas de leitura e registro de textos poéticos nos anos iniciais do ensino fundamental. Destacamos que, ao longo do trabalho, foram realizadas sessões de estudo acerca da importância de organizar ações intencionais e sistematizadas para desenvolver a sensibilidade e o gosto por esse gênero textual e promover a apropriação do sistema de escrita. Os cadernos de poesias foram produzidos em consonância com as demais atividades previstas pelo projeto: confecção de painéis convidando os alunos para brincarem de poesia ; elaboração de cartazes com diferentes poemas afixados nas portas das salas de aula; declamação de poesias durante os recreios. Cada criança recebeu um caderno cuja capa havia sido elaborada pela acadêmica responsável pela turma. Na abertura do caderno, as crianças colaram um envelope contendo o poema Convite de autoria de José Paulo Paes. Nas páginas seguintes, semanalmente, pelo menos um texto poético era registrado no caderno. Ora o texto era escolhido pela acadêmica, ora pela professora regente, ora pelas próprias crianças. Evidenciava-se para elas que para lembrar os versos cuidadosamente elaborados pelos poetas, indo além da capacidade humana de memorizá-los, podemos registrá-los nos cadernos de poesias (ora copiando, ora colando um impresso) para depois, quando precisarmos ou desejarmos, recordá-los por meio da leitura. Ao término do ano letivo, os cadernos de poesias foram entregues às crianças durante recitais de poesias. Por fim, verificamos que o registro no caderno de poesias constituiu-se em um momento muito aguardado pelas crianças. Foi uma forma de nelas criar a necessidade da escrita (prazerosa e com função social). Além disso, essa prática contribuiu para enriquecer a formação de professores para atuarem nos anos iniciais do ensino fundamental. Palavras-chave: caderno, professores, poesias. INTRODUÇÃO Este pôster tem como finalidade expor uma vivência realizada no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), por meio do subprojeto Pedagogia (sede), que objetivou um trabalho sistematizado de elaboração de cadernos de poesia nos anos iniciais do ensino fundamental em duas escolas públicas do município de Maringá: Escola

Municipal Ayrton Plaisant e Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP) da UEM. Tal trabalho denominado Leitura de textos poéticos realizou-se no segundo semestre de 2013, almejando estimular o gosto pela poesia tanto das bolsistas do projeto quanto das crianças das instituições. Corroboramos com a defesa de que o trabalho pedagógico com textos poéticos é de grande importância para estimular o gosto pela leitura e pela escrita e a compreensão da função social desta forma de linguagem. Segundo Nascimento e Saito (2011, p.129), Um dos objetivos principais da escola é possibilitar que os alunos participem das práticas sociais que utilizam a leitura e a escrita de maneira critica, ética e democrática [...]. Assim, segundo Amarilha (1997, p. 36), por meio do texto poético podemos possibilitar às crianças uma excelente oportunidade de formação linguística, humana e social, através de uma atividade lúdica extremamente significativa [...] que lhes proporciona alegria, prazer e otimismo no contato com a palavra. Para discutir acerca desta ação, pretendemos descrever as etapas vivenciadas no decorrer do projeto evidenciando as ações planejadas e os resultados obtidos a partir delas. Para tanto baseamos nosso trabalho em autores que discutem a temática do trabalho pedagógico com textos poéticos, tais como: Amarilha (1997), Lajolo (1994), Gebara (2011); Coelho (2000), Resende (1997), Abramovich (2006), entre outros. Dentre as diferentes atividades realizadas, evidenciaremos a produção dos cadernos de poesia, detalhando os caminhos percorridos nessa ação. LEITURA DE TEXTOS POÉTICOS: ESTRATÉGIAS PLANEJADAS E AÇÕES EFETIVADAS Ao longo do projeto Leitura de textos poéticos as acadêmicas do Pibid Pedagogia (sede) vivenciaram e desenvolveram inúmeras ações voltadas para o apreço aos textos poéticos. Por este motivo, no início, foram realizadas apenas com o grupo das acadêmicas e supervisoras sessões de estudo acerca da importância de organizar ações intencionais e sistematizadas para desenvolver a sensibilidade e o gosto pelo texto poético e promover a apropriação do sistema de escrita. Segundo Gebara (2011, p. 11), Lemos porque vivemos rodeados por signos, símbolos, ícones que compulsoriamente exigem a tarefa infindável da busca do sentido. Lemos, também, porque vemos ao encalço do sentido dado pelo outro,

criado por ele, porque desejamos alcança-lo de alguma forma. Lemos ainda, porque nos procuramos. Assim, as pibidianas e supervisoras tiveram o primeiro contato de leitura com a poesia Convite, de autoria de José Paulo Paes, a qual convida seus leitores a brincarem de poesia. Como resposta a esse convite, participaram de sessões de estudos para compreender quais poesias contem elementos de qualidades para serem trabalhados em sala de aula, tendo por base reflexões de Amarilha (1997), Lajolo (1994), Gebara (2011); Coelho (2000), Resende (1997), Abramovich (2006), entre outros. Segundo Abramovich (2006, p.95), [...] se for selecionar alguma poesia para ser lida pelas crianças, que não seja a escrita por iniciantes, que ainda estão à procura da forma. É melhor recorrer àqueles autores que já dominam o verbo, constroem o verso, controlam o ritmo, sabem eliminar o supérfluo, para condensar de modo exato e belo as imagens, e provocar encantamento, suspiros, concordância, gostosura, sorriso, vontade de querer mais [...]. Após esse primeiro contato, e ainda como forma de sensibilização, foi realizada uma oficina de confecção dos cadernos (ver figura 1 do anexo) para os registros de resultados das escolhas das poesias por parte das integrantes do projeto. Neste, as pibidianas e supervisoras poderiam registrar as poesias preferidas, bem como as que conhecessem durante o desenvolvimento do projeto. Para tal, realizaram a participação em uma oficina de scrapbook para aprenderem técnicas de elaboração do mesmo. Para a concretização das ações previstas, foi elaborado um cronograma para orientar o trabalho, tendo em vista que a realização do mesmo exige organização, sistematização e planejamento a fim de alcançar os objetivos propostos. A primeira ação prevista neste cronograma e realizada nas escolas foi a elaboração de um painel (ver figura 2 do anexo) reproduzindo o texto poético Convite, o qual foi afixado em lugares visíveis, com a finalidade de convidar a todos da comunidade escolar para se envolver e brincar de poesia. Após esta etapa, as pibidianas confeccionaram um grande envelope contendo o texto citado acima para iniciar a sensibilização dos educandos e docentes para que os mesmo pudessem se envolver com o projeto. Segundo Altefelder (2009, p. 40-41) [...] tão gostoso quanto ler poemas, é ouvi-los sendo declamados. Desta forma, as acadêmicas foram em todas as salas declamando (ver figura 3 do anexo) a referida

poesia com o intuito de despertar o interesse para a participação da comunidade escolar nas próximas etapas do projeto. Outra ação desenvolvida foi a organização de baús (ver figura 4 do anexo) contendo poesias para proporcionar a primeira vivência formal com o projeto em sala de aula. Na sequência, foi realizada, juntamente com as crianças (ver figura 5 do anexo) a escolha de uma poesia para compor um cartaz que foi afixado nas portas de todas as salas da escola, com o intuito de despertar nos educandos o gosto pela poesia. Para despertar este gosto, Abramovich (2006, p. 94) enumera algumas possibilidades para se trabalhar poesias com as crianças: São tantos os elementos para se trabalhar poesias com as crianças, em sala de aula... O ler em voz alta um poema amado com a emoção que ele despertou... O encontrar poesias que mexeram com o sensorial de cada um (visão, olfato, paladar...) e perceber como aconteceram escolhas diferentes por razões diversas... O procurar poemas que falem de assuntos paralelos, parecidos, mas tratados de outra forma, valorizados por outro ângulo... O trocar experiências pessoais a partir de um poema que tenha sido vivido por cada leitor à sua maneira, no seu momento de vida, de modo mais abrangente, mais específico ou mais distanciado. Tendo como respaldo os comentários acima desenvolvidos, selecionamos várias poesias para comporem o baú de acordo com os critérios estudados, resultando na escolha de autores de referência, a saber: Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Mário Quintana, José Paulo Paes, Roseana Murray, dentre outros. Dando continuidade ao trabalho, as acadêmicas confeccionaram os cartazes a serem afixados nas portas das salas (ver figura 6 do anexo). Para tal as acadêmicas utilizaram diferentes recursos, como recortes, colagens, dobraduras, pinturas, etc. contando com a participação das crianças. As pibidianas, de forma criteriosa, selecionaram adequadamente o tamanho das letras, o tamanho da fonte a ser utilizada, a cor do papel e a disposição dos versos nos paineis. Ao término da composição do painel, declamamos a poesia escolhida pelas crianças e a afixamos na porta das salas. Através desta ação, as acadêmicas puderam perceber o quanto os alunos se envolveram com o projeto por meio das indagações dos mesmos quando as encontravam: Tem poesia hoje? Você vai declamar poesia novamente?. ELABORAÇÃO DE CADERNOS DE POESIA

Dentre as ações previstas no projeto Leitura de textos poéticos foi realizada uma oficina de confecção dos cadernos de poesias com cada turma, sendo que a composição do conteúdo deste recurso ocorria com a apresentação e registro semanal de textos poéticos. Com esse gênero textual, buscou-se incentivar a leitura e a escrita sem desvincular o valor dos recursos poéticos abundantes em sons e palavras que induzem o leitor a diferentes emoções e sensações, despertando assim a sensibilidade dos indivíduos para os significados em cada rima presente nos poemas. Abramovich nos lembra da importância deste recurso: O ter um caderno, um álbum, uma agenda, onde anotar poemas inteiros ou versos que pareceram particularmente belos ou sábios ou perspicazes ou esclarecedores ou incríveis... O musicar, tornando cantigas, algumas expressões poéticas, que dão aquela vontade de criar uma melodia. O descobrir ritmos e lê-los em conjunto ou em voz alta... o escrever os próprios, a partir dum jogo de rimas fáceis ou difíceis -, de significados, de inversões, de brincadeiras com o sentido das palavras, através da cor, da textura, do movimento de cada palavra, cada frase ou estrofe... (ABRAMOVICH, 2006, p. 94, grifo nosso). Para que as crianças pudessem ter um material de anotação das diferentes poesias a serem trabalhadas, foi entregue um caderno (ver figura 7 do anexo) cuja capa havia sido elaborada pela pibidiana responsável pela turma com a opinião da professora regente e das crianças. A decoração possuía a palavra poesia destacada. Na abertura do caderno, as crianças colaram um envelope contendo o poema Convite, de autoria de José Paulo Paes. Nas páginas seguintes, semanalmente, pelo menos um texto poético era registrado no caderno. Ora o texto era escolhido pela pibidiana, ora pela professora regente, ora pelas próprias crianças. Verificou-se assim que o registro no caderno de poesias constituiu-se em um momento muito aguardado pelas crianças. Evidenciava-se para elas que para lembrar os versos cuidadosamente elaborados pelos poetas, indo além da capacidade humana de memorizá-los, podemos registrá-los nos cadernos de poesias (seja por meio de uma cópia ou de uma folha impressa) para depois, quando precisarmos ou desejarmos, podermos recordá-los por meio da leitura. Desta forma, nos conscientizamos com a vivência, diretamente na prática, do real significado de trabalhar com texto poético nas escolas (gênero este, tão alijado do ambiente escolar), não bastando somente entrar em contato com esse gênero textual, mas apresentá-lo de maneira lúdica e encantadora, conforme Abramovich (2006, p. 80)

nos mostra: Ah, mas quando a poesia é boa, que sensações alguns escritos provocam e evocam!, aflorando assim o sentimento que o autor buscou demonstrar por meio de um texto poético. Nas diferentes atividades com os textos poéticos, as pibidianas pretendiam, assim como defende Soares (2003), desenvolver uma prática que pudesse articular o processo de alfabetização com o letramento e deste modo realizaram ações que contribuíram para isso. Por meio da poesia, foi observado o envolvimento das crianças no uso social da escrita para se apropriarem dos significados dos símbolos linguísticos presentes em cada poema trabalhado. Coelho (2000) defende a importância de realizar um trabalho sistematizado e lúdico com a escrita: Se partirmos do principio de que hoje a educação da criança visa basicamente levá-la a descobrir a realidade que a circunda; a ver realmente as coisas e os seres com que ela convive; a ter consciência de si mesma e do meio em que está situada (social e geograficamente); a enriquecer-lhe a intuição daquilo que está para além das aparências e ensiná-la a se comunicar eficazmente com os outros, a linguagem poética destaca-se como um dos mais adequados instrumentos didáticos. É nesse sentido que cabe àqueles a quem está entregue a orientação da infância prepararem-se para extrair desse instrumento suas mil virtualidades (COELHO, 2000, p.223). Considerando as defesas acima apontadas, todo o trabalho com o caderno de poesias pretendeu proporcionar às crianças uma aproximação mais significativa com a linguagem escrita que culminou como recital de poesias no final do ano letivo, momento em que as turmas apresentaram (ver figura 8 e 9 do anexo) as poesias mais apreciadas e receberam os cadernos na presença dos pais. Esta ação foi uma forma de nelas criar a necessidade da escrita prazerosa e com função social. Além disso, essa prática contribuiu para enriquecer a formação de professores para atuarem nos anos iniciais do ensino fundamental. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto Leitura de poesias buscou proporcionar a todos os envolvidos pibidianas, supervisoras e comunidade escolar o contato com o gênero textual poesia, tão alijado da escola. Nesse sentido, vivenciamos o trabalho com poesia buscando, antes de todas as ações, a sensibilização, pois como afirma Resende (1997, p. 130): [...] a poesia é para ser ouvida, vista, cantada, tocada e sentida profundamente pela totalidade

do corpo. Assim, buscou-se envolver não só os aspectos da língua, como também a função social que a mesma possui. Para que o trabalho com texto poético pudesse se desenvolver, foi necessária a sistematização do mesmo, de forma que não se perdesse de vista uma das funções que a escola deve contemplar, a qual consiste levar as crianças a se apropriarem dos processos de leitura e escrita, ampliando sua participação na cultura. Pode-se incluir, entre as funções da escola, o aumento progressivo e paulatino da familiaridade do aluno com textos que ampliem seu horizonte de expectativas, numa perspectiva de familiaridade crescente com esferas de cultura cada vez mais complexas [...] (LAJOLO, 2009, p.45). Neste sentido, destacamos a relevância deste projeto que aconteceu ao longo do ano de 2013 para nossa formação enquanto futuras docentes. Concordamos com Lajolo quando defende que o trabalho com poesia pode ser muito divertido e agradável. Desde, é claro, que o professor goste de poesia (LAJOLO, 2009, p. 42). Por meio da sensibilização pudemos compartilhar com as crianças o quanto a poesia permite diferentes expressões. Destacamos, ao longo de todo o desenvolvimento do projeto, o envolvimento de todos pibidianas, supervisoras, alunos, professores, gestores e funcionários para que o mesmo se efetivasse e trouxesse resultados tão positivos e gratificantes. Verificamos dessa forma que o trabalho coletivo permite uma ação mais elaborada e, portanto, mais proveitosa para alcançar diferentes aprendizagens.

REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2006, p. 65-95. ALTEFELDER, A. H. Ofício de Poeta. Na ponta do lápis. São Paulo: AGWM Editora e Produções Editorias, n.11, 2009, p. 40-41. AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1997. COELHO, Nelly Novaes. A poesia destinada às crianças. In: Literatura Infantil. São Paulo: Moderna 2000, p. 221 273. GEBARA, Ana Elvira Luciano. A poesia na escola. São Paulo: Cortez, 2002. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2009. NASCIMENTO, Elvira Lopes; SAITO, Claudia L.N. Uma contribuição para o letramento literário: Didatização do gênero textual poema. In: GONÇALVES, Adair Vieira; PINHEIRO, Alexandra Santos (org.). Nas trilhas do letramento entre teoria, prática e formação docente. Campinas: UFGD, 2011, p. 129-158. RESENDE, Vânia Maria. Literatura infantil e juvenil. São Paulo: Saraiva, 1997. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as múltiplas facetas. In: Revista Brasileira de Educação. (2004) vol. 25 - p. 5-17.

ANEXOS (Figura 1) (Figura 2) (Figura 3)

(Figura 4) (Figura 5) (Figura 6)

(Figura 7) (Figura 8) (Figura 9)