ACIDENTES NA INFÂNCIA: O CONHECIMENTO DOS CUIDADORES

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Transcrição:

1 ACIDENTES NA INFÂNCIA: O CONHECIMENTO DOS CUIDADORES Alexandra Giovanna Aragão Lima (Graduanda em enfermagem pela UFS), e-mail: aleaaragao@hotmail.com. Aglaé da Silva Araújo Andrade (Orientadora, Mestre em saúde e ambiente, professora adjunta do Departamento de Enfermagem DEN/UFS), e-mail: a3glae@yahoo.com.br. Linha Assistencial 03 Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de saúde da população. Sublinha de pesquisa: Práticas avançadas de cuidado de enfermagem direcionados aos 4 grupos humanos: criança, adolescente, adulto (homem e mulher) e idoso. INTRODUÇÃO Os acidentes, que segundo a Organização Mundial de Saúde são considerados acontecimentos desencadeados por ações externas que independem da vontade humana, representam uma das causas mais comuns de óbitos na infância. 1 Dados estatísticos revelam que, no cenário nacional, no ano de 2014, foram registrados 2.599 casos de óbitos desencadeados por causas externas de crianças na faixa etária de 0 a 14 anos. 2 E dentre os tipos mais comuns de acidente na infância estão as quedas, acidentes automobilísticos, queimaduras e afogamentos. 3 Tais acidentes ocorrem devido às características de desenvolvimento das crianças, como o aumento de habilidades motoras, curiosidade e necessidade de explorar ambientes. 4 Levando em consideração o aumento da demanda de atendimentos em urgência e emergência pediátricas e os onerosos gastos públicos, é de fundamental importância que profissionais nas Unidades Básicas de Saúde desenvolvam ações educativas para cuidadores de crianças, familiares e comunidade no intuito de torna- los agentes multiplicadores das informações, despertando assim a necessidade de adotarem comportamentos preventivos e auxiliarem na redução dos acidentes na infância. 5 OBJETIVOS Verificar o conhecimento dos cuidadores de crianças internadas em um Hospital Público de Aracaju- Sergipe, sobre os acidentes ocorridos na infância. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo prospectivo, aleatório e intencional, de corte transversal, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em uma Unidade de Pronto-Socorro Pediátrico de um Hospital Público do município de Aracaju. Foram incluídos no estudo todos os responsáveis pelas crianças de 0 a 12 anos vítimas de acidentes, internadas em uma instituição pública municipal no momento da pesquisa. Os acompanhantes inseridos na

2 pesquisa deveriam apresentar idade igual ou superior a 18 anos e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Para a coleta de dados utilizou-se um formulário composto por duas partes, a primeira era composta da identificação do cuidador, sua atividade profissional e renda salarial e a segunda refere-se aos dados do acidente, sobre o conhecimento dos cuidadores acerca dos acidentes na infância e suas formas de prevenções. A coleta ocorreu diariamente durante todo mês de outubro, nos turnos matutino, vespertino e noturno em uma Unidade de Pronto Socorro Pediátrico. Os resultados foram tabulados utilizando-se o programa Microsoft Office Exel versão 2014 e em seguida analisados os valores relativos e absolutos por meio de estatística simples. Este estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Sergipe com número de Documento 0030.0.107.000-11. A pesquisa atendeu todos os aspectos éticos conforme os preceitos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS O estudo constou com 107 cuidadores de crianças na faixa etária de 0 a 12 anos, atendidas na Unidade de Pronto Socorro Pediátrico de um Hospital Público de Aracaju/SE durante um período de 30 dias. A análise da faixa etária permitiu observar maior frequência entre 9 e 10 anos (22,43%), acompanhada de 0 a 2 anos (18,69%). Em relação à identificação dos cuidadores que acompanhavam as crianças na unidade hospitalar, prevaleceu a figura materna com 64,50 % (69), seguida de tia, pai, outros membros da família e indivíduos sem vínculo familiar (professores, vizinhos) com 35,5 % (38). Quanto ao tipo de atividade laboral exercida pelos responsáveis das crianças, observou-se que 31,78% (34) estavam inseridos em atividades domésticas e 68,22% (73) em outras atividades (serviço de comercio, vendas e profissionais liberais). A renda mensal das famílias de crianças vítimas de acidentes foi de 1 a 3 salários mínimos em 69,16% (74) dos casos. Em relação ao local de ocorrência dos acidentes, 46,73% (50) dos casos aconteceram em casa, 32,71% (35) na rua, e 14,95% (16) na escola. As outras localidades como praças, clubes, festas perfizeram 5,61% (06). A análise quanto aos tipos de acidentes sofridos pelos infantes apontou 65,42% (70) vítimas de queda e 34,58% (37) outros tipos como corte, atropelamento, queimadura, trauma por objetos, corpo estranho, acidentes com animais, acidente automobilístico e torção. Não foram verificados casos de afogamento, asfixia, intoxicação e choque elétrico durante o período de coleta do estudo.

3 Quando os responsáveis pelas crianças foram questionados sobre o conhecimento dos principais tipos de acidentes na infância, 81,31% (87) referiram conhecer os tipos de acidente e 18,69% (20) desconheciam o assunto. Dos 81,31% (87), 40,23% (35) apresentaram erros em suas respostas e 59,77% (52) acertaram todos os questionamentos feitos. Em relação à aquisição prévia de informações sobre prevenção de acidentes com crianças, 68,22% (73) referiram nunca ter recebido informação a respeito desse assunto e 31,78% (34) referiram ter recebido informações sobre prevenção de acidentes com crianças e jovens. Quanto a obtenção dessas informações, 44,12% (15) foram nas unidades básicas de saúde, 32,35% (11) no ambiente escolar, 11,77% (04) a partir de meios de comunicação como a televisão, 8,82% (03) no seu local de trabalho e 2,94% (01) na maternidade. O profissional responsável pelo repasse das orientações para a prevenção de acidentes foi o profissional de saúde com 82,35% (28), em seguida o da educação, 14,71% (05) e 2,94% (01) dos entrevistados não souberam relatar quem ofertou as informações. Quando questionados sobre formas de prevenção dos acidentes com crianças, 8,41% (09) não souberam informar e 91,59% (98) apresentaram como resposta: 47,96% (47) ter mais cuidado ou bastante atenção; 16,33% (16) cuidados com fogo/fogão; 15,31% (15) manter substâncias tóxicas longe das crianças; 14,29% (14) manter objetos perfuro-cortantes fora do alcance das crianças; 7,14% (07) proteção de tomadas e interruptores; 3,06% (03) não deixar subir em lugares altos; 3,06% (03) não deixar ir sozinho à rua; 2,04% (04) trancar portas; 2,04% (04) segurar na mão para atravessar a rua; 2,04% (04) evitar chão molhado ou tapetes escorregadios; 1,02% (01) não deixar sozinho em casa; 1,02% (01) colocar protetor nas quinas dos móveis; 1,02% (01) conversar e orientar a criança; 1,02% (01) não deixar andar de moto sem capacete; 1,02% (01) colocar cinto de segurança. Durante a rotina diária familiar, 95,33% (102) dos cuidadores referiram que em algum momento conversaram sobre cuidados para prevenção de acidentes na infância, e 4,67% (5) não apresentam esse hábito. DISCUSSÃO Os acidentes, conhecidos como um problema de saúde pública por serem responsáveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade entre crianças, são possivelmente previsíveis e preveníveis. 3 A falta de cuidado dos responsáveis na proteção e segurança da criança pode ser uma das causas dos acidentes, o que para os pais gera culpa e arrependimento, porém conformismo e resignação na compreensão dos acidentes como fatos prédestinados. 8 O seu entendimento, no entanto, é fator primordial para redução dos casos. Observou-se nesse estudo, que dos 107 entrevistados, houve uma maior prevalência de

4 acidentes na faixa etária escolar. Esses dados são semelhantes a um estudo realizado em Fortaleza, cuja maioria das vítimas estão entre a faixa etária de 6 a 10 anos. 9 Nesta fase, as crianças obtêm grande independência física, adquirem o prazer por atividades esportivas e recreativas em grupo. Interessa-se principalmente por brincadeiras que envolvem correr e pular, tornando este grupo mais vulnerável aos acidentes. 1 Em relação aos acompanhantes que se encontravam com as crianças durante a hospitalização, a presença materna se deu com maior frequência devido à ligação afetiva e segurança passada por esse membro familiar. Esse achado é confirmado em um estudo realizado na cidade de Natal/RN, no qual o autor destaca a mãe como principal promotora de cuidados. 4 Sobre a atividade desenvolvida, a maioria dos cuidadores trabalham fora de casa 68,22% (73). E apesar desse dado não significar que a criança fique sozinha em sua residência, a ausência do cuidador no lar é considerada um fator de risco para os acidentes na infância. 1 A renda mensal familiar prevalente foi de 1 a 3 salários mínimos em aproximadamente 70% da amostra. Este fato aumenta os riscos de acidentes na infância devido a necessidade que os genitores têm de deixar as crianças sobre a guarda de outras pessoas. 4 Quanto ao local do acidente, houve uma maior ocorrência de acidentes em domicílio. Esse resultado mostra que no ambiente doméstico a criança está mais exposta aos fatores de risco, como piso escorregadio, móveis espalhados com quinas pontiagudas, rede elétrica ao alcance, entre outros. 3 Entre os tipos de acidentes, a queda foi a ocorrência mais frequente no estudo. Esse dado se deve ao fato dos pré escolares e escolares apresentarem uma perfeita maturação motora, serem curiosos e aventureiros, expondo- se mais a fatores de risco. Da mesma forma, estudos realizados em Fortaleza- CE salientam a queda como o acidente mais comum entre as crianças. 9 Em relação ao recebimento de informações prévias sobre prevenção de acidentes com crianças, apenas um terço referiu já ter recebido. Dos que receberam informações, os locais mais citados foram em ordem as Unidades Básicas de Saúde e escolas; sendo o responsável pela repasse da informação os profissionais da saúde e da educação. Em um estudo realizado no interior de São Paulo, 92% dos respondentes apontaram como locais de orientação para a prevenção de acidentes as unidades de atenção primária à saúde, as escolas, o próprio lar dos responsáveis e os hospitais. 11 Quanto as formas de prevenção é importante ressaltar que metade dos entrevistados referiu como resposta... ter mais cuidado e bastante atenção... A fala do participante demonstra uma resposta ampla e subjetiva, que não reflete um cuidado específico, fazendo- se assim, necessário

5 a orientação de uma assistência ampla abordando o ambiente domiciliar e extra domicílio. Neste estudo, aproximadamente 95% dos cuidadores referiram conversar sobre a prevenção dos acidentes com as crianças, porém não conseguiram evitar os acidentes. Talvez esse fato esteja relacionado ao desconhecimento por parte dos responsáveis das etapas do crescimento e desenvolvimento infantil e suas características em cada fase evolutiva como o desejo da criança em adquirir novas experiências e explorar o ambiente. Os pais e familiares informados dos fatores que predispõem os acidentes, juntamente com ações de escolas e instituições de saúde são grandes parceiros para a redução dos traumas na infância. 1 CONCLUSÃO Os acidentes na infância identificados durante a realização da pesquisa poderiam ter sido prevenidos através de uma adequada orientação aos cuidadores. Há necessidade da adoção de ações preventivas junto aos profissionais de saúde, criança, família e comunidade para reduzir os índices de acidente na infância. Sendo assim, a educação em saúde pode ajudar a comunidade a construir conhecimentos e a adotar comportamentos de proteção em relação aos fatores de risco dos acidentes. REFERÊNCIA pediatria e puericultura. São Paulo: Atheneu, 2005. 2.. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Informações de saúde. Óbito por Causas Externas em 2014. Brasília, DF, 2017. 3. Hockenberry MJ, Wilson D. Wong Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 8 ed. Rio de Janeiro:Elsevier, 2011. 4. Gurgel AKC, Monteiro AI. Prevenção de acidentes domésticos infantis: susceptibilidade percebida pelas cuidadoras. Rev Fund Care Online. 2016 out/dez; 8(4):5126-5135. 5. Malta DC, Mascarenhas MDM, Silva MMA, Macário EM. Perfil dos atendimentos de emergência por acidentes envolvendo crianças menores de dez anos Brasil, 2006 a 2007. Ciência e saúde coletiva. 2009; 14(5): 1669-1679. 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Política nacional de redução de morbimortalidade por acidentes e violência: Portaria MS/GM nº 737 de 16/05/01, publicada no DOU nº 96 seção 1E de 18/05/01 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. 2. ed.- Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. 7. Cumaru JL, Lima NMC, FÉ MCM, Andrade LM. Avaliando os acidentes mais freqüentes na infância em um hospital de referências em traumas. Fortaleza, 2004. 8. Gimeniz PSR, Gonsales TP. Acidentes Infantis: opinião e recebimento prévio de orientação de profissionais da educação. Encontro de Segurança Pública e Cidadania UNESP. Marília-SP, 2008. 1. Schmitz EMR et al. A Enfermagem em