Análise da atuação do Enfermeiro do Trabalho na Síndrome de Burnout em profissionais da Enfermagem



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Transcrição:

Sociedade Universitária Redentor Faculdade Redentor Pós-Graduação Lato-Sensu em Enfermagem do Trabalho Análise da atuação do Enfermeiro do Trabalho na Síndrome de Burnout em profissionais da Enfermagem Paulamara Clemente Dutra Venâncio Enfermeira Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora Endereço: BR 040,KM 796, Salvaterra Juiz de Fora MG F: (32) 2101-5000 www.suprema.edu.br - Gisele Simas dos Santos, M.Sc Orientadora Enfermeira UFF Mestre em Ciências da Saúde UNIPLI Pós Graduada em Terapia Intensiva e Educação UFJF Tel (32) 37241231 simasenfermeira@yahoo.com.br

RESUMO Este trabalho busca a partir da literatura analisar a atuação do enfermeiro do trabalho na Síndrome de Burnout (SB) em profissionais de enfermagem. Expõe sinais físicos, psíquicos e comportamentais em funcionários de enfermagem, a enfermagem relacionada à Síndrome de Burnout, a atuação do enfermeiro do trabalho e por fim a prevenção. Palavras-chaves: Síndrome de Burnout, enfermagem, enfermeiro do trabalho e prevenção. SUMMARY This job search from the literature on nurses' performance of work on burnout syndrome (BS) in nursing professionals. Exhibits signs physical, psychological and behavioral nursing staff, nursing-related burnout syndrome, the role of a nurse's work and ultimately prevention. Keywords: Burnout Syndrome, nursing, nurse and prevention work.

1 INTRODUÇÃO Segundo Lautert (1997), a Síndrome de Burnout (SB) se define como um estresse crônico experimentado pelo indivíduo em seu contexto de trabalho, principalmente no âmbito das profissões cuja característica essencial é o contato direto com pessoas, como por exemplo, professores, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentre outras. Ressalta ainda que a Síndrome de Burnout seja como uma deficiência, um falhar, um ficar exaurido através da demanda excessiva de energia, força ou recurso. Conforme Maslach et al (2001), há três dimensões da síndrome: exaustão emocional, caracterizada por uma falta ou carência de energia, entusiasmos e um sentimento de esgotamento de recursos; despersonalização, que se caracteriza por tratar os clientes, colegas e a organização como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho, tendência dos trabalhadores a se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas sentem-se infelizes consigo próprias e insatisfeitas com seu desenvolvimento profissional. O processo de Burnout é individual, sua evolução pode levar anos e até mesmo décadas. Seu surgimento é paulatino, cumulativo, com incremento progressivo em severidade, não sendo percebida pelo indivíduo que geralmente se recusa a acreditar estar acontecendo algo de errado com si próprio (FRANÇA, 1987). De acordo com Maslach et al (2001), pontua-se que várias definições de Burnout, embora com algumas questões divergentes, todas encontram no mínimo cinco elementos comuns: existe a predominância de sintomas relacionada à exaustão mental e emocional, fadiga e depressão; a ênfase nos sintomas comportamentais e mentais e não nos sintomas físicos; os sintomas do Burnout são relacionados ao trabalho; os sintomas manifestam-se em pessoas normais que não sofrem de distúrbios psicopatológicos antes do surgimento da síndrome; 5) a diminuição da efetividade e desempenho no trabalho ocorre por causa de atitudes e comportamentos negativos. Conforme Carlotto e Gobbi (2003), com as mudanças introduzidas no processo educativo essas possibilitaram o aumento produtivo e, conseqüentemente o aumento

dos lucros, e trouxe impactos a saúde do trabalhador com manifestações na esfera do seu físico quanto no psíquico. Os surgimentos de enfermidades relacionadas às essas mudanças introduzidas no mundo do trabalho são apontados nas produções científicas. A enfermagem, como pratica social, não ficou isenta às novidades do mundo, assim entende-se que estudar as manifestações da SB entre enfermeiros permite compreender e elucidar alguns problemas tais como insatisfação profissional, a produtividade do trabalho, o absenteísmo, os acidentes de trabalho e algumas doenças ocupacionais, além de permitir a proposição de intervenções e busca de solução. A SB foi conhecida como risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos. No Brasil, o Decreto N 3.048 de 6 de maio de 1999 aprovou o Regulamento da Previdência Social e,em seus Anexo II,trata dos Agentes Patológicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional profissional) como sinônimo do Burnout que, na CID-10, recebe o código Z 73.0. Esse trabalho tem como objetivo geral analisar a síndrome de Burnout em profissionais de Enfermagem. Os objetivos específicos podem ser descritos como: buscar na literatura as definições da síndrome de Burnout, compreender a síndrome nos profissionais da enfermagem e definir a atuação do enfermeiro do trabalho nos profissionais portadores da Síndrome. O estímulo para a realização do estudo partiu das temáticas relacionadas à saúde mental dos profissionais de enfermagem discutidas durante os estudos na pós graduação somando a isto, a oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre a SB com os profissionais de enfermagem, colegas de classe. No Brasil a SB é ainda pouco estudada pelos pesquisadores enfocando os profissionais de enfermagem e poucos artigos na integra com a atuação do enfermeiro do trabalho evitando os problemas físicos e psíquicos dos profissionais de enfermagem.

2 METODOLOGIA Segundo Trentini e Paim (1999), a revisão bibliográfica ou revisão de literatura é definida como uma fonte de informação para as pesquisas bibliográficas. Estas pesquisas incluem estudos que propõem a construção de teorias e marco conceitual pelo método dedutivo, estudos conduzidos para traçar uma imagem do saber produzido ou os vazios em determinados fenômenos. Foram realizadas pesquisas bibliográficas de artigos nacionais em bases de dados confiáveis, artigo do período de publicação entre 1984 a 2010, utilizou-se as terminologias Burnout, síndrome, estresse profissional, atuação do enfermeiro, exaustão emocional e físico e enfermeiro do trabalho. Para inclusão nesse estudo foram lidos artigos com temas sobre profissionais da enfermagem com sinais e sintomas da SB e seus fatores desencadeantes e atuação do enfermeiro do trabalho para minimizar os desgastes dos mesmos. Foram excluídos artigos onde a SB descrevia outros cargos que não fosse o da enfermagem e que não estava no período determinado. Os artigos selecionados para a realização do estudo de revisão bibliográfica foram classificados e organizados pelos critérios: ano de publicação, metodologia, lugar realizado da pesquisa, ocupação dos profissionais, sinais físicos, psíquicos e comportamentais em profissionais de enfermagem, atuação do enfermeiro do trabalho e prevenção. Realizado leitura após organização detectou-se pontos relevantes direcionados aos objetivos estabelecidos e assim foram agrupados pelos aspectos relevantes: sinais físicos, psíquicos e comportamentais em funcionários de enfermagem, enfermagem relacionada à SB, atuação do enfermeiro do trabalho e prevenção.

3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Sinais Físicos, Psíquicos e Comportamentais em funcionários de enfermagem A SB se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas de exaustão física, psíquica e emocional, em conseqüência da má adaptação do enfermeiro a um trabalho estressante e prolongado. Segundo Pereira (2002), os sintomas físicos são: fadiga constante progressiva: a sensação de falta de energia e vazio interno é o sintoma mais referido pela maioria das pessoas acometidas pelo Burnout; dores musculares ou osteomusculares: as mais freqüentes são dores na nuca e ombros; distúrbios do sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a pessoa não consegue conciliar o sono, ou dorme imediatamente, acordando poucas horas depois e permanecendo desperta do cansaço; Sono agitado e pesadelos; cefaléias e enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional; perturbações gastrintestinais: podem ter intensidades que vai desde uma queimação estomacal, gastrites, podendo evoluir até para uma úlcera. Náuseas, diarréias e vômitos são referidos. Em algumas pessoas, observa-se a perda do apetite, levando a um emagrecimento significativo, enquanto em outras há um aumento no consumo de alimentos, com conseqüência opostas; imunodeficiência: diminuição da resistência física, acarretando resfriados ou gripes constantes, afecções na pele como prurido, alergias, herpes, queda de cabelo, aparecimento ou aumento de cabelos brancos; transtornos cardiovasculares: relatos desde hipertensão arterial, palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias; Sintomas psíquicos são: falta de atenção e concentração; alterações da memória: tanto evocativa como de fixação. Apresenta lapsos de memória muitas vezes para de realizar uma atividade que estava fazendo por não saber mais por que a realizava, precisando retornar ao local ou momento anterior para tentar recordar-se; lentidão do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, assim como o tempo de resposta do organismo; sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que a rodeiam, como se nada tivesse a ver com ela, como se as coisas fossem irreais; sentimento de solidão: muitas vezes decorrente do traço

anterior, a pessoa sente-se só, não compreendida pelos demais; impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sentindo que este é sempre menor do que gostaria. Torna-se intransigente com atrasos, esperar passa a ser insuportável; sentimento de impotência: há sensação de que nada podem fazer para alterar a atual situação, sentindo-se vítima de uma conjuntura superior as suas capacidades; labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor; dificuldade de auto-aceitação e baixa auto-estima; astenia, desânimo e depressão; desconfiança e paranóia: sentimento de não poder contar com os demais, que as pessoas se aproveitam de si e de seu trabalho, recebendo muito pouco ou nada em troca. Os sintomas comportamentais são: negligência ou escrúpulo excessivo: dificuldade de atenção pode vir a descuidar-se em suas atividades ocupacionais, podendo causar ou ser vitima de acidentes; condutas aditivas e evitativas: probabilidade do aumento de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e amigos; irritabilidade: revela pouca tolerância para com os demais, perdendo muito rapidamente a paciência; incremento da agressividade: denota dificuldade em se conter, passando facilmente a comportamentos hostis, destrutivos, mesmo que o acontecimento desencadeante não seja de grande importância; incapacidade para relaxar: apresenta constante tônus muscular ou rigidez; dificuldade na aceitação de mudanças: denota dificuldade em aceitar e se adaptar a novas situações, pois isto demandaria um investimento de energia de que não mais dispõe. O comportamento desta forma torna-se mais rígido, estereotipado; perda de iniciativa; aumento do consumo de substâncias: há uma tendência ao incremento no consumo de bebidas alcoólicas ou mesmo cafezinho, por vezes fumo, tranqüilizantes, substâncias lícitas ou até mesmo ilícitas; comportamento de alto risco; suicídio: existe maior incidência de casos de suicídios entre profissionais da área da saúde.

3.2 Enfermagem relacionada à Síndrome de Burnout A enfermagem é uma das profissões da área da saúde onde a SB tem forte indicativo de agravos à saúde devido aos enfermeiros vivenciar um cenário de instabilidade e insegurança e por ter que conviver com ausência de horas adequadas de repouso e simultaneamente com a falta de tempo para realização de outras atividades heterogênicas do cotidiano. Quanto aos setores mais estressantes para a equipe de enfermagem trabalhar Avellar et al (2007) e Campos (2005), indicaram a oncologia como a mais estressante. Devido ao fator emocional e por tratar-se de uma unidade onde a morte sempre está presente e o sofrimento é causa de estresse constante na enfermagem. Conforme Batista e Bianchi (2006), o setor de emergência tem sido o maior problema para a equipe de enfermagem. Os pesquisadores compararam o setor público e privado e identificou que os fatores que tornam a unidade de emergência um setor estressante são: o número reduzido de funcionários, a falta de respaldo institucional e profissional, carga horária de trabalho, realização de tarefas em tempo reduzido, falta de experiência por parte dos supervisores, ambiente físico da unidade, assistência ao paciente e ausência de tempo com familiares. Os fatores de estresse na equipe de enfermagem se destacam em três categorias: funcionamento organizacional que se refere ao caráter hierárquico e burocrático das organizações de saúde; relacionamento interpessoal seja entre colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados, seja entre empregados e clientes resultando em conflitos; sobrecarga de trabalho afetando negativamente a percepção do auxiliar de enfermagem acerca do seu contexto de trabalho e associando-se principalmente ao déficit de pessoal. O exercício profissional no âmbito hospitalar é marcado por múltiplas exigências como lidar com a dor, sofrimento, morte e perdas que se somam com as condições desfavoráveis do trabalho e a baixa remuneração, esses fatores elevam o índice da SB nos profissionais causando assim desgaste emocional, físico e psíquico.

3.3 Atuação do Enfermeiro do Trabalho O enfermeiro do trabalho estuda as condições de segurança e periculosidade de empresas, hospitais, efetuando observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria do trabalho. Os enfermeiros do trabalho elaboram e executam planos e programas de proteção à saúde dos empregadores, participando de grupos que realizam inquéritos sanitários, estudam causas de absenteísmo, levantamentos de doenças profissionais e lesões traumáticas, procedem a estudos epidemiológicos, coletam dados estatísticos, executa e avalia programas de prevenção de acidentes e de doenças dos profissionais fazendo análise de fadiga, dos fatores de insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho e várias outras funções. Para os profissionais de enfermagem do trabalho o ato de ensinar é constituído de peculiaridades gerador de estresse e de alterações de comportamento daqueles que executam, expondo permanentemente os enfermeiros a uma degeneração progressiva da saúde mental em que os profissionais de enfermagem estão entre as principais categorias atingidas pela SB, podendo assim o enfermeiro do trabalho concretizar e divulgar melhorias no âmbito profissional. O enfermeiro do trabalho deve contribuir aos profissionais de enfermagem com atividades básicas e prioritárias em todo o cotidiano do emprego e lazer. Com algumas atividades realizadas no dia-a-dia a SB pode minimizar fatores emocionais e psíquicos dos enfermeiros, podendo proporcionar melhoria no emprego e na saúde. As atividades que o enfermeiro do trabalho pode desenvolver aos profissionais de enfermagem são: ginásticas laborais, exercícios físicos, esportes, relaxamento, melhoria da atividade no dia, ensinar esses profissionais a diferenciar competência com competição, promover ou buscar qualidade nas relações interpessoais e educações permanentes e várias outras ações educativas aos profissionais de enfermagem em seu âmbito profissional.

3.4 Prevenção da Síndrome de Burnout Conforme Philips (1984), a primeira medida para evitar a SB é conhecer suas manifestações. Torna-se essencial a conciliações das atividades profissionais com o lazer, não precisam fazer de suas vidas um campo de batalha, não permitindo que o estresse tome conta, procurando não se desgastar emocionalmente, afim de não entrarem em Burnout. Algumas formas de prevenção são: a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia; b) prevenir o excesso de horas extras; c) dar melhor suporte social as pessoas; d) melhorar as condições sociais e físicas de trabalho; e) investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conhecimento dos sintomas e sinais que são apresentados pelos profissionais da enfermagem está relacionado a fatores desencadeantes da Síndorme de Burnout, ao desenvolver o artigo voltado para os profissionais de enfermagem pude analisar as contribuições para a melhoria das condições de trabalho e diminuição do sofrimento dos trabalhadores. O fato de carência de estudos sobre o tema pode ser atribuído a falta de conhecimento da síndrome. Portanto cabem a nós enfermeiros, estarmos atentos às mudanças de comportamento dos profissionais da enfermagem, a fim de diagnosticar e planificar os cuidados a serem tomados. O interesse por Burnout aumentou e parece coincidir com a preocupação com a qualidade de vida. Estaria também relacionado, com o aumento da demanda e exigências da população em relação aos serviços de maneira geral e em especial, da saúde. Importante considerar nesta revisão de literatura, que os estudos abordaram como fatores desencadeantes para o Burnout na enfermagem: a falta de proteção adequada, as condições inadequadas de trabalho, as atividades em setores estafantes, o trabalho prolongado, a organização, os superiores, o ambiente físico, dentre muitos

outros. E esclareceu que não existe uma função ocupacional mais estressante e sim fontes de estresse maior ou menor. À prevenção pode identificar que os profissionais precisam mudar sua rotina e agir de forma diferente frente ao trabalho, praticar distrações extras laborais, exercícios físicos, esportes, relaxamento, ter um hobby particular, fazendo pequenos momentos de descanso (pausas) durante o trabalho e como último recurso para não abandonar a profissão, mudar de posto. E no setor da organização constituir grupos de especialistas capazes de oferecer a ajuda necessária aos profissionais. A Enfermagem do Trabalho contribui para as medidas de prevenção onde se consegue entender melhor como a síndrome se inicia e como evolui com o passar do tempo, permitindo assim atuar precocemente em ações de prevenção.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVELLAR L.Z, IGLESIAS A, VALVERDE P.F. Sofrimento psíquico em trabalhadores de enfermagem de uma unidade de oncologia. Rev. Psicologia em Estudo, Maringá, v12 n3 p 475-481 set-dez 2007. BATISTA K.M, BIANCHI E.R. Estresse de Enfermeiro em unidade de emergência. Rev. Latino-am Enfermagem v14 n4 Ribeirão Preto jul-ago 2006. CAMPOS R.G, Burnout: uma revisão integrativa na enfermagem oncologia. Dissertação (Mestrado de Enfermagem) Universidade de São Paulo- Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- SP2005. CARLOTTO M.S, GOBBI M.D. Síndrome de Burnout: um problema do indivíduo ou do seu contexto de trabalho? [monografia na Internet].Canoas: ULBRA; 2003. [citado 17 maio 2003]. Disponível em: http://www.ulbra.br/psicologia/margob1.htm. Acesso em 08 de junho de 2011. FRANÇA, H. H. A Síndrome de "Burnout". Revista Brasileira de Medicina, 44, 8, 197-199, 1897. LAUTERT. L. O desgaste profissional: uma revisão de literatura e implicações para a enfermeira. Revista Gaucha de Enfermagem, V. 18, n2, 1997, p.133-44, Jul. MASLACH, C.; SCHAUFELI, W.B. & LEITER, M. P. (2001). Job burnout. Annual Review Psychology, 52, 397-422. PEREIRA AMTB. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. 1 ed.são Paulo: Casa do Psicólogo,2002.282p. PHILIPS, J. R. 1984. Faculty Burnout. American Journal of Nursing, (9): 1525-1526

TRENTINI, M.; PAIM, L. Pesquisa em enfermagem: uma modalidade convergenteassistencial. Florianópolis: Ed. UFSC, 1999