Universidade de Brasília Faculdade de Ciências da Saúde Hospital Universitário de Brasília 1 Simpósio Internacional de Práticas Integrativas e Complementares Baseadas em Evidencias ( 1 SIPIC-UNB) Práticas integrativas como objeto da educação popular em saúde Medicina tradicional indígena Brasília, 2015
Ambulatório de Saúde Indígena Ambulatório de Saúde Indígena no Hospital Universitário tem principal objetivo promover ações que melhorem o acesso e atenção integral à saúde dos indígenas no HUB na perspectiva de uma atenção intercultural à saúde.
Interculturalidade Interculturalidade a relação entre duas sociedades com culturas distintas que se relacionam de uma forma respeitosa, uma em relação a outra. A interculturalidade é um ponto de correlação, de articulação social entre pessoas e grupos socioculturais economicamente diferentes, buscando não fazer desaparecer as diferenças ou de formar identidades misturadas, mas uma interação entre a pertença e a diferença, uma interação entre o passado e o presente.( Athias, R 2015)
Ambulatório de Saúde Indígena Ambulatório surge a partir de uma demanda dos estudantes indígenas da UNB Criação de um processo participativo que articula e mobiliza os diversos atores de um serviço intercultural de saúde: professores, docentes indígenas e não indígenas, preceptores, lideranças indígenas, profissionais de saúde, pajés e colaboradores. O dialogo de saberes é construído a partir do acolhimento e da escuta qualificada feito por estudantes indígenas e não indígenas, preceptores, profissionais de saúde com indígenas, pajés, xamas Nesse dialogo se estabelece uma troca de experiências entre os diferentes saberes e a busca a construção de projetos terapêuticos singulares.
Projeto Terapêutico Singular exercita a capacidade de perceber e dialogar com diversos saberes estruturados diante da singularidade dos sujeitos respeitando seus desejos, sua autonomia sua opção sobre seu corpo e sua saúde e portanto seu tratamento. Construção de rede através de contatos permanentes entre as especialidades no HUB em articulação com a CASAI, e articulação com as redes de linhas de cuidado de acordo com as demandas surgidas Superação de barreiras na relação usuários e profissionais considerando a fricção interétnica Relação ensino, pesquisa, extensão PIBIC e projetos de saúde indígena. Produção e divulgação de conhecimentos vinculados ao Ambulatório por meio de participação em congressos, eventos, seminários e publicações. Criação de disciplina de saúde indígena no curso de graduação de saúde indígena. Os processos de trabalhos são discutidos, avaliados e aperfeiçoados de forma participativa em reuniões semanais envolvendo todo o Coletivo PET.
Construção do dialogo de saberes Os mitos, festas, ritos, e a religiosidade expressam a relação transcendental do saber indígena. No Brasil existem cerca de 210 povos e 170 línguas indígenas, presentes em quase todo os Estados da Federação. A situação de saúde dos povos indígenas esta relacionada com os diversos contextos históricos que esses povos tem vivido. Cada povo indígena possui um sistema próprio de linguagem, cultura, formas de comunicação e praticas de cura. (Athias, R 2015) Os saberes indígenas e as praticas tradicionais de cura são um conjunto muito diversificado de conhecimentos práticos, experimentais e teóricos sobre a relação da pessoa com os entes que possibilitam a cura. As praticas tradicionais de cura se apresenta como um sistema especifico intimamente relacionado a uma cosmovisão.
Praticas Tradicionais de Cura Esses conhecimentos formam um patrimônio cultural, que se transmite entre as gerações, baseados na observação da natureza, do território, tendo a terra como base da produção de alimentos, e na relação e da reprodução social, bem como, o cuidado com o corpo contra as doenças e os infortúnios. Medicina tradicional indígena ou sistemas de cuidados, práticas tradicionais de cura é uma variedade de terapêuticas, cuidados, tratamentos e práticas de cura, que fazem parte do conhecimento tradicional dos povos indígenas que são utilizadas por esses povos em suas comunidades Medicina Tradicional e praticada por distintos especialistas nas áreas indígenas que podem ser chamados de pajés, xamas, benzedores, curadores, curandeiros, etc. mas, em cada um dos povos indígenas tem um próprio para designar esses especialistas de cura
Medicina Tradicional Indígena Os povos indígenas desenvolveram modelos teóricos e técnicas sobre os processos de enfermidade, que são utilizadas para enfrentar e tratar os problemas relacionados as doenças e a recuperação da saúde (Citarela 1995; Langdon 2001). A saúde (e não a doença) e concebida pelos povos indígenas levando em consideração o bem estar na totalidade do ser, sem dar ênfase aos aspectos biológicos, como se entende na perspectiva da biomedicina. As praticas de curas dos povos indígenas buscam um equilíbrio entre o ser e a relação com ele mesmo e com sua comunidade. O corpo e o espírito do corpo (da pessoa) e a mente representam uma unidade. A medicina indígena compreende que a doença e as patologias encontram- se no corpo, na mente e no espírito; Mas é no corpo que se dão as manifestações dos espíritos do corpo. As curas realizadas por especialistas tradicionais tratam do corpo e do espirito do corpo (principio vital) ao mesmo tempo, uma vez que fazem parte de uma mesma totalidade.
Praticas Tradicionais de Cura Nos princípios teóricos da medicina indígena existe a valorização da singularização e da individualização na hora de estabelecer um diagnostico. Cada pessoa tem um nome próprio e requer um diagnostico especifico, a sua individualização vem definida pela sua singularidade ancestral a relação com os demais. A medicina indígena considera e inter-relaciona o corpo, espirito e mente, onde se situam as metalizações energéticas dos princípios vitais (imateriais) que possibilitam o equilíbrio do estar com saúde, ou seja, do bem- estar. As atividades terapêuticas na medicina indígena situam- se em um campo que alguns chamariam de bioenergético, para atingir todas as dimensões constitutivas do ser humano. Em geral, na medicina indígena se fala mais das pessoas (aspectos sociais e interacionais) que das doenças (aspectos biológicos) das pessoas
Medicina Tradicional Indígena O sistema da Medicina Tradicional Indígena tem seus agentes, itinerários terapêuticos próprios, com diferentes racionalidades que se diferenciam medicina ocidental ou da biomedicina. Biomedicina, medicina oficial ou medicina ocidental e um conjunto de tratamentos, cuidados, práticas de curas dos não indígenas, geralmente, entendida como dominante e hegemônica, nos estados nacionais. A construção do dialogo entre a medicina tradicional e a ocidental e complexa principalmente pela grande incompreensão, e desconhecimento por parte trabalhadores de saúde do sistema biomédico oficial com relação a s possibilidades da medicina tradicional indígena
Medicina Tradicional Indígena saberes e interculturalidade A politica Nacional de Atenção a Saúde Indígena tem como um dos seus objetivos preparar os recursos humanos da saúde para a sua atuação no contexto intercultural. Os mecanismos de aproximação ou espaços de diálogos por parte da medicina ocidental em direção as medicinas Indígenas são quase inexistentes. Os profissionais de saúde tem dificuldades de estabelecer um dialogo profissional com os especialistas de cura indígenas. Torna-se fundamental o diálogo entre os modelos de atenção a saúde dessas duas culturas que coexistem no mesmo território geográfico, epidemiológico ou em espaços de atenção a saúde como Hospital Universitário.
Dialogo de Saberes e Interculturalidade A interculturalidade em sau de é a capacidade de transitar equilibradamente entre conhecimentos, crenças, pra tica culturais diferentes em relação a sau de, a doença, a vida, e a morte, em um corpo biolo gico e social.
Obrigada!
Bibliografia Pra ticas Tradicionais de Cura e a Articulação com os Modelos de Atenção nos DSEIs Renato Athias Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade Grupo de Estudos em Saúde Indígena (GESI) (Texto para Discussão- SIG Sau de Indi gena- março 2015)