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Mais uma vez, inconformado com o Julgamento das Contas de Gestão o Interessado impetrou Recurso de Revisão com pedido de Efeito Suspensivo em data de 02/07/2012 embasado no artigo 34 da Lei 12.160/93, bem como, artigo 107 do Regimento Interno desta Corte de Contas, assim prelecionado: "Art. 34: Da decisão que julgar em definitivo as contas de gestão, caberá recurso de revisão interposto pelo responsável, seus herdeiros, sucessores ou por Procurador de Contas, no prazo de cinco anos, a partir da publicação da decisão, a qual se fundamentará: I - em erro de cálculo que tenha influído de modo decisivo para a desaprovação das contas, ou que tenha sido considerado para fins de imputação de débito ou multa; II - na comprovação de que a decisão recorrida se baseou na falsidade ou insuficiência de documentos; III - na superveniência de documentos novos, cuja existência ignorava ou deles não pode fazer uso, capazes, por si só, de elidir os fundamentos da decisão; IV - na errônea identificação ou individualização do responsável. " "art. 107. O Recurso de Revisão se fundamentará: I - em erro de cálculo nas contas; II - na falsidade ou ineficiência de documentos em que se tenha baseado a decisão; III - na superveniência de documentos com eficácia sobre a prova produzida e capazes de elidir os fundamentos da decisão; IV - na errônea identificação ou individualização do responsável. 2

Parágrafo único. A deliberação que der provimento a Recurso de Revisão, corrigirá todo e qualquer erro ou engano encontrado." Passo a Relatar sobre a admissibilidade do Recurso de Revisão. No presente caso vislumbro a ADMISSIBILIDADE do Recurso de Revisão vez que o mesmo preenche os requisitos legais para tal admissão, estando esta Relatoria com ato discricionário em recebê-lo com efeito suspensivo. Portanto, em sede sumária e preliminar, RECEBO o Recurso de Revisão amparado no artigo 34, inciso II e III da Lei 12.160/93, vez que, o Interessado faz uso, neste momento, de documentos (fl. 634) e argumentações plausíveis para o deslinde dos presentes autos. O recurso de Revisão ora impetrado ataca a irregularidade que foi apontada como "ausência de certame licitatório para as despesas realizadas com serviços mecânicos em veículos no total de R$ 44.544,57 junto ao credor EQUIMAQ Equipamentos Máquinas Comércio Ltda". Entretanto, o aue se pode notar já na instrução dos presentes autos, e agora com a juntada da documentacão aue não era conhecida desta Corte de Contas (fl. 634), é que a despesa realizada com o credor em questão não perfaz despesas com serviços mecânicos; e sim, com a compra de três cacambas basculantes no valor total de R$ 79.800,00, tendo sido apontado erroneamente desde a primeira decisão prolatada. Portanto, é prudente a esta Relatoria não cercear o direito de defesa nesta fase revisional quando o gestor encontra-se prejudicado por óbice ocorrido em nossa própria Corte de Contas, portanto, totalmente 3

cabível o presente Recurso de Revisão amparado no artigo 34, inciso II e III da Lei 12.160/93. Passando agora a analisar o efeito suspensivo para recebimento do presente Recurso de Revisão, hei por bem, por analogia e utilizando de forma subsidiária nosso Código de Processo Civil, evocar decisão do Supremo Tribunal Federal que ao prelecionar sobre o Poder Geral de Cautela dos Tribunais de Contas assim decidiu: EMENTA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. PODER GERAL DE CAUTELA. LEGITIMIDADE. DOUTRINA DOS PODERES IMPLÍCITOS. PRECEDENTE (STF). CONSEQUENTE POSSIBILIDADE DE O TRIBUNAL DE CONTAS EXPEDIR PROVIMENTOS CAUTELARES, MESMO SEM AUDIÊNCIA DA PARTE CONTRÁRIA, DESDE QUE MEDIANTE DECISÃO FUNDAMENTADA. DELIBERAÇÃO DO TCU, QUE, AO DEFERIR A MEDIDA CAUTELAR, JUSTIFICOU, EXTENSAMENTE, A OUTORGA DESSE PROVIMENTO DE URGÊNCIA. PREOCUPAÇÃO DA CORTE DE CONTAS EM ATENDER. COM TAL CONDUTA, A EXIGÊNCIA CONSTITUCIONAL PERTINENTE À NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES ESTATAIS. [...] Decisão: Com efeito, impende reconhecer, desde logo, que assiste, ao Tribunal de Contas, poder geral de cautela. Trata-se de prerrogativa institucional que decorre, por implicitude, das atribuições que a Constituição expressamente outorgou à Corte de Contas. Entendo, por isso mesmo, que o poder cautelar também compõe a esfera de atribuições institucionais do Tribunal de Contas, pois se acha instrumentalmente vocacionado a tornar efetivo o exercício, por essa Alta Corte, das múltiplas e relevantes competências que lhe foram diretamente outorgadas pelo próprio texto da Constituição da República. Isso significa que a atribuição 4

de poderes explícitos, ao Tribunal de Contas, tais como enunciados no art. 71. da Lei Fundamental da República, supõe que se reconheça, a essa Corte, ainda que por implicitude, a possibilidade de conceder provimentos cautelares vocacionados a conferir real efetividade às suas deliberações finais, permitindo, assim, que se neutralizem situações de lesividade, atual ou iminente, ao erário. [...] Na realidade, o exercício do poder de cautela, pelo Tribunal de Contas, destina-se a garantir a própria utilidade da deliberação final a ser por ele tomada, em ordem a impedir que o eventual retardamento na apreciação do mérito da questão suscitada culmine por afetar, comprometer e frustrar o resultado definitivo do exame da controvérsia. Torna-se essencial reconhecer especialmente em função do próprio modelo brasileiro de fiscalização financeira e orçamentária, e considerada, ainda, a doutrina dos poderes implícitos (MARCELO CAETANO. Direito Constitucional, São Paulo: Forense, 1978. v.2, item 9, p. 12-13; CASTRO NUNES. Teoria e Prática do Poder Judiciário, São Paulo: Forense, 1943. p. 641-650; RUI BARBOSA, Comentários à Constituição Federal Brasileira, São Paulo: Saraiva, 1932, v.1, p. 203-225, coligidos e ordenados por Homero Pires, 1932, Saraiva, v.g.) que a tutela cautelar apresenta-se como instrumento processual necessário e compatível com o sistema de controle externo, em cuja concretização o Tribunal de Contas desempenha, como protagonista autônomo, um dos mais relevantes papéis constitucionais deferidos aos órgãos e às instituições estatais. (MS 26547/DF. Relator: Ministro Celso de Mello) A doutrina e a jurisprudência têm pacificamente admitido que o legítimo condutor do processo, de modo a assegurar o direito de defesa da 5

parte e a efetividade da prestação jurisdicional, pode adotar o efeito processual suspensivo a Recurso. Inclusive, o próprio egrégio Tribunal de Contas da União já se manifestou no sentido de que, caso ocorra fato que iustifiaue a atribuição desse efeito, o mesmo se torna viável. Ademais, citando a decisão do Supremo Tribunal Federal acerca dessa matéria, quando submetida ao seu crivo, aquela Corte Máxima também enfatizou ser possível a atribuição do comentado efeito por ato discricionário da Corte de Contas, conforme transcrição que segue: A eventual atribuição de efeito suspensivo ao mencionado recurso de revisão, na esfera administrativa, decorreria de juízo discricionário, pautado nos dados constantes do pedido de revisão, a ser feito pelo relator do processo. (MS 27426 / DF - DISTRITO FEDERAL - DJe-151 de 14/08/2008) Portanto, o julgador tem condão constitucional de fazer juízo de convencimento acerca do efeito suspensivo adotado no Recurso de Revisão. Evocando ainda subsidiariamente a Lei No. 9.784/1992, a mesma preleciona: Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a oedido, dar efeito suspensivo ao recurso. 6

Considerando que o Poder Geral de Cautela dos Tribunais de Contas resulta de natureza da função jurisdicional destes tribunais administrativos; e, que inexiste norma especifica que regulamente a matéria nesta Corte de Contas, ao contrário do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (art.276) aplica-se, subsidiariamente, o prelecionado no artigo 273 do CPC: "Art. 273: O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu." No caso em tela, encontra-se o Interessado sofrendo os efeitos das decisões anteriores através dos Acórdãos Nos. 2477/2008 e 3155/2010, enquanto, vislumbra esta Relatoria, a possibilidade de que a decisão anteriormente prolatada seja revista através do Recurso de Revisão ora impetrado. Diante do relato acima, vislumbro no caso, o perigo na demora, bem como, a fumaça do bom direito, tendo uma situação fática prejudicial à parte quando a mesma tem seus direitos eleitorais e administrativos restringidos, pois encontra-se na iminência de não poder exercer seu direito a candidatura uma vez que seu nome fez parte da lista de cidadãos inelegíveis conforme Lei Complementar No 135/2010 (que alterou a alínea "g" do artigo 10 da Lei Complementar No. 64/1990); bem como, Lei Federal No. 9504/1997. 7

ai ESTADO DO CEARÁ Diante da plausibilidade jurídica e legal do pedido, verossimilhança da alegação (probabilidade da verdade fática), como também de direito aparente e possibilidade de lesão grave ou de difícil reparação (portanto, preenchido requisitos do artigo 273 do Código de Processo Civil) dos fatos acima expostos, hei por bem, acautelar o pedido do Interessado recebendo o presente recurso de revisão concedendo efeito suspensivo no sentido de impedir aue os Acórdãos Nos. 2744/2008 e 3155/2010 continuem a produzir seus efeitos; e, por consequencia, retirar o nome do ge tor Antonio Ronivaldo da Silva Mala da lista de inelegíveis. Encaminhamento dos autos a Secretaria para anotações necessárias; após, retorne-me concluso. Fortaleza, 02 de Julho de 2012. José arcelo ell itosa Conselheiro 8