1 - OFENSIVA CAPITALISTA APROFUNDA DESIGUALDADES E INJUSTIÇAS

Documentos relacionados
DIMENSÕES E CONTRADIÇÕES DA ACTUAL CRISE DO CAPITALISMO 10 dimensões da crise 3 profundas contradições

Análise Comparativa à Filosofia, à Ideologia e aos Princípios de Atuação das Associações Sindicais e Patronais

Acabar com as disparidades salariais entre mulheres e homens.

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA JUVENTUDE SOCIALISTA AÇORES

6º Congresso Nacional da Administração Pública

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Bruxelas, 30 de Novembro de 2000 (13.10) (OR. fr) 14110/00 LIMITE SOC 470

VOLUNTARIADO E CIDADANIA


NORMAS INTERNACIONAIS DO TRABALHO Convenção (n.º 102) relativa à segurança social (norma mínima), 1952

POSIÇÃO DA UGT Audição sobre o Futuro da Europa

Europa e África: que futuro comum? Conferência Sala 1 da Fundação Gulbenkian, Lisboa, 12 de Março de Declaração Final

Estratégia Europeia para o Emprego Promover a melhoria do emprego na Europa

DEPARTAMENTO DA IGUALDADE E COMBATE

Comemorações do 35º Aniversário do Banco de Cabo Verde. Conferência internacional sobre A mobilização de oportunidades no pós-crise

ESPAÇO(S) E COMPROMISSOS DA PROFISSÃO

XX CONGRESSO ENGENHARIA 2020 UMA ESTRATÉGIA PARA PORTUGAL 17 a 19 de outubro de 2014 ALFÂNDEGA DO PORTO

Resumo do Acordo de Parceria para Portugal,

GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2008 PRINCIPAIS ASPECTOS

POR UM SINDICATO MAIS FORTE NAS ESCOLAS E COM OS PROFESSORES

O que pode a União Europeia fazer pelas pessoas? O Fundo Social Europeu é uma resposta a esta questão

IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA PROTECÇÃO DOS PRODUTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

TEMA: CONTRASTES DE DESENVOLVIMENTO. 1ª parte -Países desenvolvidos vs Países em desenvolvimento

Prioridades da presidência portuguesa na Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Senhor Presidente da Assembleia Senhoras e Senhores Deputados Senhor Presidente do Governo Regional Senhora e Senhores Membros do Governo

CÓDIGO DE CONDUTA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL ENTRE O GRUPO PORTUGAL TELECOM, A UNI (UNION NETWORK INTERNATIONAL), SINTTAV, STPT E SINDETELCO

Só um ou, quando muito, dois membros do órgão de gestão ou administração da empresa local pode ser remunerado.

nossa vida mundo mais vasto

PLANO DE ACÇÃO E ORÇAMENTO PARA 2008

D SCUR CU S R O O DE D SUA U A EXCE


REDE LUTA CONTRA POBREZA URBANA RLCPU PLANO ESTRATÉGICO,

Pacto Europeu. para a Saúde. Conferência de alto nível da ue. Bruxelas, de junho de 2008

Dinâmicas de transformação das relações laborais em Portugal, DGERT, Colecção Estudos * Autora - Prof.ª Doutora Conceição Cerdeira

Evolução do Número de Beneficiários do RSI

Espaço t Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária. Instituição Particular de Solidariedade Social

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 28/IX SOBRE A REVISÃO DA POLÍTICA COMUM DAS PESCAS

SEMANA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL REGENERAÇÃO URBANA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NA INTERNACIONALIZAÇÃO

Programa de Estabilidade e Programa Nacional de Reformas. Algumas Medidas de Política Orçamental

Carta dos Direitos do Cliente

IX Colóquio Os Direitos Humanos na Ordem do Dia: Jovens e Desenvolvimento - Desafio Global. Grupo Parlamentar Português sobre População e

POSIÇÃO DA UGT SOBRE A ACTUAÇÃO DO FMI EM PORTUGAL

Plano Estratégico de Transportes. Linhas orientadoras- Horizonte

Fundos Estruturais e de Investimento

DIREÇÃO NACIONAL DA CUT APROVA ENCAMINHAMENTO PARA DEFESA DA PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, DAS APOSENTADORIAS E DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

PARLAMENTO EUROPEU. Comissão do Desenvolvimento PROJECTO DE PARECER. destinado à Comissão dos Assuntos Externos

Declaração de Brighton sobre Mulheres e Desporto

PROTEÇÃO DOS BENS AMBIENTAIS: PELA CRIAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE (OME). Brasília, 20/04/2012 Sandra Cureau

AGENDA. Da Globalização à formulação de uma estratégia de Crescimento e Emprego para a União Europeia.

1. Tradicionalmente, a primeira missão do movimento associativo é a de defender os

3 de Julho 2007 Centro Cultural de Belém, Lisboa

COLÉGIO XIX DE MARÇO excelência em educação

As mulheres constituem a maioria da população residente em Portugal e vivem até mais tarde do que os homens; adiam a maternidade, têm menos filhos

Acção Social Produtiva em Moçambique: algumas questões chave para discussão

PLANO ESTRATÉGICO (REVISTO) VALORIZAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL

XXXVII Congresso Nacional APAVT - Turismo: Prioridade Nacional Viseu, 01 a 04 de Dezembro de Diogo Gaspar Ferreira

Promover emprego e trabalho com qualidade: dinamizar a contratação colectiva, valorizar e proteger

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL Gabinete do Ministro

Contribuição sobre Economia solidária para o Grupo de Alternativas econômicas Latino-Americano da Marcha Mundial das Mulheres Isolda Dantas 1

As regiões Portuguesas: Lisboa: Competitividade e Emprego; Madeira: Phasing-in; Algarve: Phasing-out; Norte, Centro, Alentejo, Açores: Convergência

PLANO DE ESTRUTURA URBANA DO MUNICÍPIO DE MAPUTO

A evolução da espécie humana até aos dias de hoje

Defesa dos Serviços e Trabalhadores Públicos Brasileiros e o. Não Pagamento da Dívida Pública

Os males da terceirização

MINISTÉRIO DO AMBIENTE

Portuguese version 1

INTERVENÇÃO DO DEPUTADO BERTO MESSIAS EMPREENDEDORISMO. Empreendedorismo pode ser definido como uma dinâmica de identificação e

Movimentos sociais - tentando uma definição

XI Mestrado em Gestão do Desporto

DIRECÇÃO REGIONAL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E COMUNICAÇÔES

e.mail: República de Angola

O Mês do Terceiro Sector. A Qualidade e a Qualificação no Terceiro Sector. Faculdade de Letras da Universidade do Porto 20 de Maio 2008

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

REU IÃO I FORMAL DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVER O DE 7 DE OVEMBRO VERSÃO APROVADA

2103 CONFERÊNCIA RESPONSABILIDADE SOCIAL. RS vs Stakeholders. Pensões de reforma: um olhar sobre a responsabilidade social da empresa

Comissão Social Inter Freguesias da Zona Central

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1373/XII/4ª

Pobreza e Prosperidade. Metropolitanas Brasileiras: Balanço e Identificação de Prioridades. Compartilhada nas Regiões

Declaração ao país. António José Seguro. 19 de Julho de Boa tarde. Durante esta semana batemo-nos para que:

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO VERSÃO 1

Orientação nº 1/2008 ORIENTAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA LOCAL DE DESENVOLVIMENTO (EDL) EIXO 4 REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Aspectos fundamentais para uma posição da FSESP sobre os desenvolvimentos no sector europeu dos resíduos

Práticas de Responsabilidade Social: Limites e Potencialidades

ESPECIAL PMEs. Volume III Fundos europeus 2ª parte. um Guia de O Portal de Negócios. Março / Abril de 2011

A EXIGÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA COMO GARANTIA DE QUALIDADE E DE SUSTENTABILIDADE DA PROFISSÃO

As pensões sociais do regime não em Cabo Verde

::ENQUADRAMENTO ::ENQUADRAMENTO::

Luis Natal Marques, Gebalis EEM

Desigualdades criam dificuldades à sustentabilidade da Segurança Social Pág. 1

GRUPO DE ECONOMIA E CONTABILIDADE. Cursos Profissionais. Ano Lectivo 2014/2015 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E PLANIFICAÇÃO ANUAL ECONOMIA

DECLARAÇÃO FINAL CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA.

Empreendedorismo Feminino

25 de novembro - Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres. Carta de Brasília

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS RECOMENDAÇÃO DA COMISSÃO

Excelência Sr. Presidente da Associação Angolana de Bancos, Distintos Membros dos Conselhos de Administração dos Bancos

Percepção de Portugal no mundo

Transcrição:

1

1 - OFENSIVA CAPITALISTA APROFUNDA DESIGUALDADES E INJUSTIÇAS A situação internacional caracteriza-se pelo aprofundamento da crise do capitalismo que tendo o seu epicentro nos EUA e assumindo particular relevo na Europa, afecta todos os países à escala mundial. A natureza e o agravamento das contradições do capitalismo lançaram o mundo numa crise profunda que, ao mesmo tempo que confirma a sua incapacidade para se libertar das crises que ciclicamente o abalam, é reveladora de uma crise bem maior, de natureza estrutural e sistémica, que revela que a sobreprodução e a sobre-acumulação de riqueza, não são solução para os problemas da humanidade, antes destroem as forças produtivas, agravam a exploração dos trabalhadores e dos povos e atacam a soberania de cada país, impondo medidas que se traduzem num enorme retrocesso civilizacional. Um retrocesso que, em si mesmo, é gerador de mais e maiores crises. A centralização e concentração do capital e da riqueza: a financeirização da economia; o ataque sistemático a funções sociais do Estado conquistadas pela luta dos trabalhadores e dos povos; a. mercantilização de todas as esferas da vida social, numa lógica de privatizar tudo quanto possa gerar maiores rendimentos ao capital; os ataques ao direito internacional e à soberania dos Estados; a centralização do poder político e da sua submissão ao poder económico e às estratégias de militarização das relações internacionais, são componentes das políticas capitalistas que dominam a maioria dos países por todo o mundo. A exploração dos trabalhadores e das trabalhadoras agrava-se e intensifica-se por todo o mundo, sendo claramente marcada pela negação de direitos e pelo uso abusivo da sua força de trabalho a troco de salários cada vez mais baixos São eixos centrais desta ofensiva: A redução dos salários reais; A intensificação dos ritmos de trabalho; A desregulamentação e o aumento do horário de trabalho; A desregulamentação das relações laborais; A generalização do trabalho precário, particularmente entre as mulheres e os jovens trabalhadores; A sobreexploração dos trabalhadores migrantes; A apropriação dos ganhos de produtividade do trabalho pelo capital; O aumento da idade de reforma; A diminuição dos valores de reformas e pensões; O aumento das taxas de desemprego; a regressão de direitos sociais e laborais; A negação do direito de negociação colectiva e de greve Uma ofensiva que se expressa também no ataque ao sindicalismo de classe e à contratação colectiva, que procura dividir para reinar, que aumenta a clivagem entre trabalhadores públicos e privados, que acentua as discriminação e a divisão das profissões e que fomenta as relações individuais de trabalho, quer para quebrar a solidariedade entre a classe trabalhadora, quer para enfraquecer os sindicatos. Uma ofensiva que só pode ser travada pela prática de um sindicalismo de classe e de massas, de unidade na acção em torno daquilo que é comum: a defesa dos direitos, interesses e aspirações dos trabalhadores, pela sua emancipação e por uma sociedade 2

livre da exploração do homem pelo homem. Os processos de mudança que estão a ser desenvolvidos por alguns povos e governos na América Latina, trazem-nos a esperança e o exemplo de que há alternativas ao modelo capitalista. Apesar das diferenças evidenciadas em cada país, inerentes à sua própria realidade e das contradições e obstáculos existentes, há elementos comuns que nos permitem falar de um caminho diferente, de esquerda ou progressista, tendo Cuba como referência com os seus 50 anos de processo revolucionário e resistência à ofensiva imperialista dos EUA nesse continente. 2 - DESTRUIÇÃO DE UM SECTOR ESSENCIAL AO DESENVOLVIMENTO DAS SOCIEDADES Em média, as empresas dos sectores de acção da UIS-Transportes empregam 5 a 8% da mão-de-obra de um país e são responsáveis por 4 a 8% do PIB. Facilitando a comunicação e o transporte de pessoas e bens, o sector contribui para ainda para a redução da pobreza. Isso mesmo é assumido pelo Banco Mundial (2006), que realça o facto de, por exemplo, no Nepal, cerca de 42% da população viver abaixo do limiar da pobreza e de se encontrar em zonas onde os transportes são inexistentes ou, quando existem, terem infra-estruturas desadequadas. Este número cresce para 70% se pensarmos na índia, onde cerca de 900 milhões de pessoas vivem em completo isolamento e por isso privadas de bens essenciais, como a saúde, a educação ou mesmo a alimentação, pois não têm acesso a mercados. Apesar de concordarmos com este alerta, não podemos ignorar o cerrado ataque que o Banco Mundial tem movido ao sector dos transportes, em todos os seus modos, forçando as companhias de transporte público a desmembramentos e privatizações e empurrando milhões de trabalhadores e trabalhadoras para o desemprego, como acontece, por exemplo, na África Sub-Sahariana, na América Latina ou até na Europa. Um pouco por todo o mundo, em particular na União Europeia, a lógica neo-liberal desfralda a bandeira da privatização das empresas de transportes e comunicações como mais uma das suas inevitabilidades: auto-estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos, correios e telecomunicações estão cada vez mais concentrados nas mãos de grandes grupos económicos e financeiros, que têm como objectivo único o aumento desmedido do lucro. E fazem-no, sacrificando interesses nacionais, à custa da exploração dos trabalhadores e das trabalhadoras e do sacrifício das populações. Vejam-se as consequências negativas Favorecem-se as grandes empresas, que absorvem ou compram outras, em muitos casos empresas tradicionais ou parte delas, criando grandes grupos transnacionais com forte capacidade de pressão para fazer prevalecer os seus interesses; Perdem-se milhares de postos de trabalho e acentua-se a degradação das condições de trabalho que, exclusivamente baseada num critério de redução de custos, aumenta o trabalho precário e nega ou põe em causa o direito a um trabalho digno; Intensifica-se a exploração dos trabalhadores através da contínua desregulamentação da organização dos tempos de trabalho, que impõe o 3

aumento de horários e ritmos de trabalho ao mesmo tempo que acentua a redução dos tempos de descanso, o agravamento da conciliação entre a vida profissional dos trabalhadores e as esferas da sua vida privada, perante uma redução real de salários; Procura-se o recrutamento de trabalhadores de países com economias mais débeis, mais permeáveis ao primado dos baixos salários e do trabalho sem direitos, que facilitem a imposição generalizada de um modelo laboral de semiescravização dos trabalhadores e a maximização do lucro; Aumenta o número de acidentes de trabalho e de doenças relacionadas com o trabalho, seja pela falta de segurança nas infra-estruturas, por sinalização inadequada e por uma débil manutenção, seja por via das longas jornadas de trabalho ou pela falta de formação a que os trabalhadores estão sujeitos; Fomenta-se a discriminação e a deterioração das relações sociais, procurando quebrar a união e os laços de solidariedade entre os trabalhadores e enfraquecer a resistência e luta de quem trabalha; A desregulamentação do sector tem conduzido a um aumento das tarifas e a uma degradação dos serviços oferecidos aos cidadãos, que se reflecte na qualidade, na fiabilidade e na segurança; 3 - COM A LUTA CRIAR ALTERNATIVAS O movimento sindical tem a obrigação de dar uma resposta firme na defesa dos interesses de classe dos trabalhadores, no quadro de um combate forte e determinado ao capitalismo, que é responsável pela crise e pelos graves problemas com que os trabalhadores se confrontam. O reforço do movimento sindical com orientação de classe tem que constituir um importante instrumento ao serviço da luta dos trabalhadores, pela satisfação das suas reivindicações e pela sua emancipação. A defesa dos interesses dos trabalhadores faz-se com o reforço da organização e com a luta, que, no actual confronto com o capital, tem que ser mais forte, mais abrangente e com o movimento sindical de classe a ser o principal dinamizador da unidade na acção dos trabalhadores. A UIS Transportes, portadora do projecto sindical de classe e de massas, de acção e luta da Federação Sindical Mundial, deve protagonizar a mobilização dos trabalhadores do sector, num quadro de alargamento da unidade na acção em todos os continentes, a partir da dinâmica de luta em cada país, mas procurando conjugar a acção e as reivindicações, a nível regional, continental e mundial. Um vector central da intervenção da UIS-Transportes é a luta por um sector público, seguro e com qualidade, que se complemente nas suas diversas componentes. Que lute contra as privatizações e avance com a reivindicação de políticas públicas, que se direccionem a recuperação de papel do Estado e recupere sectores que são estratégicos para a economia da defesa de país, tais como: Portos, Aeroportos Pesca, Telecomunicações, Transporte Público Urbano, etc. Enquanto sector estratégico para o desenvolvimento humano, as empresas de transportes e comunicações assumem uma importância vital para o desenvolvimento dos 4

países e dos povos, porque: Promovem o desenvolvimento económico; São um bem público essencial para a sociedade, com um efeito importante de aproximação dos territórios e fundamental para favorecer a mobilidade e a comunicação dos cidadãos; Geram postos de trabalho; Garantem o desenvolvimento sustentável das nossas sociedades; E contribuem para a redução da pobreza. 4 - PROPOR, REIVINDICAR, LUTAR Neste quadro de forte ataque à componente pública do sector, aos salários, direitos e condições de trabalho é necessária uma forte mobilização sindical, em torno das seguintes reivindicações: Desenvolvimento sustentável do sector dos transportes, comunicações e pescas, numa lógica de serviço aos países e aos cidadãos, com uma forte componente pública; Reconhecimento e valorização dos trabalhadores, através da melhoria dos salários e das suas condições de trabalho; Distribuição eficiente e justa dos fundos públicos. Dinamização da contratação colectiva como forma de progresso social, de modo a negociarem-se justas remunerações do trabalho, horários de trabalho com regras que respeitem o trabalhador enquanto cidadão com direitos, que combate a precariedade no trabalho que atinge essencialmente os trabalhadores mais jovens; Igualdade de géneros, na base do princípio de salário igual para trabalho igual ou de igual valor; Um modelo onde haja a formação e valorização dos seus trabalhadores e trabalhadoras, com normas de segurança e saúde nos locais de trabalho, de modo a garantir um serviço de qualidade e seguro; 5 - REFORÇAR A UIS E A INTERVENÇÃO DO MOVIMENTO SINDICAL DE CLASSE A UIS-Transporte é a estrutura sectorial da Federação Sindical Mundial e exerce a sua acção no sector do transporte terrestre, ferroviário, metro, portos, transporte marítimo, aéreo e comunicações em todos os continentes, em articulação com as acção geral da FSM a nível Continental e Mundial.. Desde o último Congresso, apesar da actividade descontinuada da UIS-Transporte, podemos comprovar as fortes possibilidade de envolver na sua acção outras organizações, mesmo filiadas em organizações reformistas, mas que deram suporte a acções conjuntas na Europa. Alargar a unidade na acção tem que constituir uma preocupação central da UIS- Transportes nos próximos tempos, sem deixar de ter em conta as especificidades de cada continente. 5

O aumento da influência do movimento sindical de classe neste sector, depende na sua capacidade fazer propostas reivindicativas e de acção que unam os trabalhadores e suas organizações. A unidade constrói-se no debate e na proposta de temas com que os trabalhadores se identifiquem e a UIS-Transportes deve, procurar atrair para a sua acção todas as organizações que se identifiquem com as suas propostas. Para desenvolver a sua actividade, a UIS-Transportes tem que se estruturar a nível central, mas acima de tudo em cada continente e região. A UIS-Transportes tem que se assumir, cada vez mais, como um importante instrumento ao serviço da acção e luta dos trabalhadores pela sua emancipação e pelo fim da exploração. A UIS-Transportes tem que se assumir essencialmente como uma estrutura de acção e luta, procurando combater a tendência de resumir a sua actividade a reuniões e encontros, que, sendo importantes, não podem ser redutores da sua acção, mas sim como uma etapa para potenciar a mobilização dos trabalhadores. Só conseguirá cumprir este seu papel em todo o Mundo, na medida em conseguir alargar a sua acção organizada. assim define-se como linhas de intervenção: Estruturar a UIS em cada Continente/Região, a partir do Conselho geral e Secretariado, criando-se Secretariados Regionais e/ou Federações, os quais se devem alargar às estruturas que se identifiquem com as propostas do Movimento Sindical de Classe; Procurar apoios para o funcionamento regular dos órgãos da UIS-Transportes; Aumentar a filiação na UIS, a partir das realidades de cada Continente. 6 - MEDIDAS DE ACÇÃO IMEDIATA No concreto e no que respeita às principais linhas de trabalho, intervenção e luta num futuro próximo, a UIS-Transportes compromete-se a desenvolver esforços com vista a: Prosseguir durante o próximo mandato, a discussão em cada continente, de modo a adaptar às realidades e especificidades de cada um deles as reivindicações e acção; Para se conseguir este objectivo, tem que ser dada prioridade à constituição de organismos da UIS em cada continente/região, seguindo a estruturação regional da FSM, com a qual deve articular toda a sua acção, pelo que, no próximo ano, se deve fazer um esforço para levar a cabo conferências regionais, para alcançar este objectivo; Promover encontros regionais da UIS-Transportes, mobilizando o apoio das organizações da FSM nessas regiões e definindo as reivindicações das organizações sindicais de classe e a sua intervenção e acção, na defesa dos interesses de classe dos trabalhadores; Assegurar uma articulação com as acções da FSM, nomeadamente os dias de Acção de luta Mundial, no qual deve ser feita uma mobilização a partir dos problemas e aspirações concretas dos trabalhadores do sector, de acordo com a especificidade em cada continente/região; 6

Mobilizar, num quadro de alargamento da unidade na acção, os trabalhadores do sector a nível mundial, para acções convergentes, num dia a definir em cada ano, e que tenham por base as reivindicações aprovadas em Congresso, de que se destaca; Valorização dos salários; Combate à precariedade no trabalho e combate à desregulamentação dos tempos de trabalho; Segurança e saúde nos locais de trabalho; Defesa da componente pública das empresas de transportes e comunicações. Santiago do Chile, Setembro 2014 7