PREVALÊNCIA DE FASCIOLOSE HEPÁTICA NO DESCARTE DE VÍSCERAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

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Transcrição:

PREVALÊNCIA DE FASCIOLOSE HEPÁTICA NO DESCARTE DE VÍSCERAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA Autores: Letícia Heloise ANDREANI¹, Carlos Eduardo Nogueira MARTINS², Thaís Regina LEMFERS¹, Priscila Ferreira FAUSTINO¹, Ranieri BOM¹, Thaís Vaz Brito da LUZ³. Identificação autores: ¹Graduandos em Medicina Veterinária pelo IFC Câmpus Araquari; ²Orientador e docente do curso de Medicina Veterinária no IFC Câmpus Araquari; ³Médica Veterinária do Frigorífico São João, São João do Itaperiú-SC. Projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail: leticiah.andreani@gmail.com. Introdução Santa Catarina localiza-se na região sul do Brasil. Faz fronteira ao norte com o Paraná, ao Sul com o Rio Grande do Sul, a leste com o Oceano Atlântico e a Oeste com a Argentina. A área total do estado é de aproximadamente 95.734 km² (IBGE, 2010), divididos em seis mesorregiões: Grande Florianópolis, região Norte, região Oeste, região Serrana, região Sul e Vale do Itajaí, sendo que cada uma das mesorregiões citadas se difere em termos geográficos e climáticos. Segundo a Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina (2011), realizada pela Epagri/Cepa, a bovinocultura de corte ocupa o 9º lugar no ranking de maior valor bruto de produção no estado, sendo este R$ 352.173,00, com um total de 105.800 toneladas de carne provenientes de aproximadamente 4.000.000 de animais, o que caracteriza 1,9% do rebanho nacional. A mesma pesquisa, porém agora realizada em 2013, indicou que 460 mil cabeças de gado, entre corte e leite, provenientes de produtores catarinenses foram destinadas a abatedouros com serviço de inspeção, seja municipal, estadual ou federal naquele ano. As mesorregiões Oeste e Serrana foram as que mais abateram animais, respectivamente, totalizando juntas 65% de todos os abates do estado. O Vale do Itajaí mesmo não sendo um grande produtor de bovinos é a localidade onde a maioria deles é abatida (quase 50%), pois abriga inúmeros frigoríficos. A fasciolose hepática, conhecida popularmente como baratinha do fígado, é uma das principais doenças que acometem os bovinos de corte de Santa Catarina. Esta é uma parasitose causada pela Fasciola hepatica, um helminto em formato de folha que acomete o fígado e as vias biliares de muitas espécies animais domésticas e selvagens, ocasionando condenação de um grande número de fígados e carcaças nos matadouros, além de perda de ganho de peso, queda na fertilidade, atraso no crescimento, e, em alguns casos até mortalidade. Para que o parasita complete seu ciclo é fundamental que haja a presença do

hospedeiro intermediário, um molusco do gênero Lymnaea (QUEIROZ, et al., 2002) e para o desenvolvimento e manutenção deste último é necessário que haja disponibilidade de água. O objetivo do presente trabalho foi fazer um levantamento de dados sobre o número de fígados descartados por fasciolose em um abatedouro do estado de Santa Catarina, visando evidenciar as regiões mais afetadas pela doença e quantificar as perdas econômicas decorrentes dos descartes. Material e Métodos Em parceria com o Frigorífico São João, localizado na cidade de São João do Itaperiú, no Vale do Itajaí em Santa Catarina, foram coletados e analisados dados de fevereiro de 2011 a junho de 2015. Os dados estavam armazenados em planilhas digitais e manuscritas e continham informações como nome do produtor, número de abates, cidade de origem dos animais abatidos, órgãos condenados, causas da condenação, entre outros. As informações foram compiladas em novas planilhas digitais e analisadas pelo teste do Chi-Quadrado com auxílio do pacote estatístico JMP (JMP, 2015). Juntamente com a CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) de São João do Itaperiú, realizou-se a rastreabilidade dos animais provenientes de regiões que apresentam condições climáticas incomuns para o desenvolvimento do caramujo. Resultados e discussão O número de fígados descartados diferiu nas seis mesorregiões do estado de Santa Catarina entre os anos de 2011 e 2015 (p<0,01). No ano de 2011 foram abatidos 21.847 animais sendo que 644 (2,95%) tiveram condenação de fígado decorrente da fasciolose. Em 2012, 1.130 bovinos (4,51%) dos 25.039 que foram mandados ao frigorífico apresentaram a doença. Em 2013 houve um aumento significativo, passando a ser de 9,44%, 2.860 fígados em 30.286 abates, a taxa de condenação. Em 2014 o número se tornou ainda mais expressivo: de 40.871 abates, 5.040 fígados foram rejeitados, totalizando 12,33%. Até junho de 2015 haviam sido abatidos 23.254, com 2.933 casos de fasciolose (12,61%). No decorrer dos quatro anos e meio foi abatido um total de 141.297 bovinos, com descarte de 12.607 fígados por fasciolose (8,20%), sendo que a região do estado que mais apresentou casos foi o Vale do Itajaí, tendo rejeição de 4.833 órgãos, 38,34% do total.

As diferentes mesorregiões do estado de Santa Catarina não apresentaram um comportamento padrão na porcentagem de fígados descartados entre os anos de 2011 e 2015 (Figura 1). Esta variabilidade observada pode estar associada às condições climáticas característica de cada mesorregião. 60 50 40 2011 2012 30 20 2013 2014 2015 10 0 Grande Florianópolis Norte Catarinense Oeste Catarinense Serra Catarinense Sul Catarinense Vale do Itajaí Figura 1. Porcentagem de fígados descartados por Fasciolose Hepática nas diferentes mesorregiões do estado de Santa Catarina entre os anos de 2011-2015. Considerando que um fígado pesa em média 5 kg e que o preço nos dias de hoje é de aproximadamente R$ 8,00 por kg, pode-se mensurar que em quatro anos e meio as perdas decorrentes da fasciolose giraram em torno de R$ 504.280,00, sendo que este valor refere-se apenas às perdas causadas pelo descarte dos fígados, não envolvendo diminuição do ganho de peso, queda das taxas de fertilidade, atraso no crescimento e morte. Com a análise pode-se verificar que todas as mesorregiões do estado (Figura 2), inclusive as que antes não possuíam casos expressivos, como a região Oeste e a região Serrana, por exemplo, agora apresentam índices consideráveis da doença, com 12,10% e 10,84% do total de condenações, respectivamente. Com base nessas informações foi feita a rastreabilidade de 239 animais abatidos em 2013 e provenientes destas localidades: 80 de produtores serranos e 159 de produtores do oeste, caracterizando 27,66% do total de sacrifícios vindos daquelas mesorregiões no ano em questão. De todos os bovinos rastreados

apenas um foi trazido do Vale do Itajaí, o que caracteriza menos de 1% do total. 137 animais haviam nascido no oeste (57,32%) e 101 na serra (42,26%), confirmando a hipótese de que o parasita e o hospedeiro intermediário já estão presentes nestas regiões. Figura 2. Municípios catarinenses acometidos por fasciolose entre fevereiro de 2011 e junho de 2015. Conclusão A relação mesorregião-fasciolose ocorre devido à necessidade da presença do caramujo, um molusco do gênero Lymnaea para que o ciclo do helminto seja completo e o Vale do Itajaí possui as condições ideais para sua proliferação. Rastreando os animais de regiões que não apresentam o habitat ideal para o caramujo, identificou-se que o mesmo já está adaptado àquelas regiões, tendo ultrapassado as barreiras físicas e climáticas existentes. É indiscutível que a fasciolose hepática causa grandes prejuízos à produção, tanto durante a vida do animal quanto no momento da sua morte. Entender as características regionais do local estudado e os aspectos relacionados ao parasita é fundamental para prevenir o aparecimento da doença e saber como controlá-la. Referências EPAGRI/CEPA. Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina. 2011 e 2013 (http://www.epagri.sc.gov.br/?page_id=7473). Acesso: 11/09/2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Banco de Dados Estados. 2015 (http://www.ibge.gov.br/estadosat/). Acesso: 02/09/2015. JMP, Version 11. SAS Institute Inc., Cary, NC, 1989-2015. QUEIROZ, V. S.; LUZ, E.; LEITE, L. C.; e CÍRIO, S. M. Fasciola hepatica (Trematoda, Fasciolidae): estudo epidemiológico nos municípios de Bocaiúva do Sul e Tunos do Paraná (Brasil). Acta Biológica Paranaense, Curitiba, v. 31, p. 99-111. 2002