Consolidar uma resposta Brasileira de Solidariedade ao Povo da Palestina e uma resposta Ecumênica ao Kairos Palestine 1
Em comemoração ao Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino foi realizada de 25-28 novembro de 2011 na Escola Florestan Fernandes (MST), em Guararema (SP), o I Encontro Nacional de Solidariedade com o Povo Palestino que reuniu centenas de pessoas, entre militantes e refugiados palestinos, representantes de movimentos sociais, movimentos ecumênicos, de partidos políticos e outras organizações da classe trabalhadora brasileira, com o apoio Também de Peace for Life (http://www.peaceforlife.org/). As discussões tinham como objetivo a construção coletiva de denominadores comuns que devem orientar a luta pela solidariedade e a criação de um movimento social e político de carácter internacional, para garantir condições dignas de vida, trabalho e liberdade para o povo palestino. A meta agora é consolidar uma Comissão Nacional e da preparação do Fórum Free Palestine social, prevista para novembro de 2012, em Porto Alegre (RS). PROGRAMAÇÃO SEXTA- FEIRA, 25 DE NOVEMBRO MANHÃ Encontro Ecumênico de Solidariedade à Palestina, com a presença de lideranças religiosas e demais dirigentes inscritos para o encontro TARDE Análise de conjuntura política, de luta de libertação nacional e da luta de classes na Palestina com a participação de diversas organizações políticas e sociais palestinas NOITE Atividade cultural com a colaboração do Instituto Jerusalém e de grupos culturais palestinos no Mato Grosso do Sul SÁBADO, 26 DE NOVEMBRO MANHÃ Campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel) com Jamal Juma, e Stop The Wall, Situação das Mulheres (União dos Comitês de Mulheres Palestinas UPWC), Operári@s (General Union of Palestinian Workers GUPW/ Palestinian General Federation of Trade Union PGFTU/ Coalition of Independent Democratic Unions CIDU) TARDE Camponeses/as (União dos Comitês de Trabalho Agrícola UAWC), Estudantes (União Geral de Estudantes Palestinos- GUPS0, Pres@s Polític@s (Ministério Palestino de Assuntos dos Presos) e Refugiados, Mundubat NOITE Jornada Cultural de Homenagem aos Mártires da Luta Palestina DOMINGO, 27 DE NOVEMBRO MANHÃ Debate com o governo brasileiro, Ministério das Relações Exteriores, Assessoria Internacional de Combate à Fome do MINREX, Secretaria Especial de Mulheres, Secretaria Especial de Direitos Humanos, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério dos Esportes, Conselho Nacional dos Refugiados (CONARE) TARDE Debate sobre ações conjuntas e prioritárias para o próximo período, como fortalecer a solidariedade brasileira com o povo palestino, encaminhamentos e divisão de tarefas NOITE Em homenagem ao Dia Internacional e Solidariedade ao Povo Palestino Participação Palestina no Encontro Vários líderes participaram do evento, incluindo: Jamal Juma membro fundador dos Comitês de Alívio Agrícola palestinos, a Associação Palestina de Intercâmbio Cultural e da Rede de ONG Environmental palestino. Desde 2002 Juma é um dos coordenadores da campanha contra o muro do apartheid e é também membro do Conselho Internacional do FSM. AblaSaadat ativista palestino dos direitos humanos, trabalha denunciando as condições precárias e abusos que são submetidos os presos políticos por Israel. 2
A esposa de Ahmad Saadat, secretário- geral do partido palestino Frente Popular para a Libertação da Palestina, realizada desde 2002. Leila Khaled como um dos maiores líderes da Frente Popular, preside a União Nacional das Mulheres palestinas e membro do Conselho Nacional Palestino. Também estiveram presentes o embaixador da Autoridade Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, Atef Deixe a Federação Palestina Geral dos Sindicatos - PGFTU; RubaOdeh União dos Comitês de Mulheres Palestinas, Luta Popular, Comissões de Coordenação Mahmoud Zwahre; Abdallah Abu Rahma'sBil 'no Comitê Popular, entre outros. A ambigüidade da posição brasileira : futebol, água e café, turismo e guerra O Brasil tem expressado em Fóruns internacionais seu apoio ao povo Palestino mas, na prática a situação é contraditória. Um dos principais pontos discutidos foi como o Brasil tem contribuído para o regime apartheid cometido por Israel conta a Palestina. O Brasil tornou- se um objetivo estratégico para a economia de guerra de Israel, em constante busca de novos mercados e alianças econômicas que sustentam a sua política de colonização e de guerra. Entre 2005 e 2010, o nosso país foi o quarto maior importador de armas israelenses no mundo, iniciado várias joint ventures com produtores de armas e da indústria de armas israelense tem comprado empresas brasileiras. Aqui estão alguns exemplos: - Rifle Tavor : Foi desenvolvido pela Indústrias Militares de Israel ( IMI) durante a segunda Intifada ea guerra em Gaza. Foi dada a Taurus no Brasil a licença para produzir esses fuzis que são comprados pelo Exército Brasileiro. - Elbit Systems: Fornece armas que matam civis israelenses em execuções extrajudiciais " e equipamentos para o Muro do Apartheid e assentamentos. Adquiriu três empresas brasileiras ( AEL, Ares Aeroespacial e Defesa SA e SA Periscópio equipamentos optrônica ). - Segurança Nacional : A indústria militar israelense visa bilhões de dólares em contratos em preparação para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil. Das sete empresas de armas israelenses, seis deles têm ligações comprovadas a violações israelenses da Quarta Convenção de Genebra. - Em 6 de maio, o ministro da Indústria e Comércio de Israel, Shalom Simhon, assinou um acordo de cooperação técnica com a Sabesp, a empresa de abastecimento de água em São Paulo. A indústria de água é baseada na colonização israelense de terras palestinas e roubar os recursos naturais, os consumidores brasileiros para contribuir, mesmo que inconscientemente, para a perpetuação de crimes cometidos por Israel. - Mesmo o café está manchada com sangue pelo terrorismo israelense. O Grupo Strauss identificou uma década atrás, o Brasil como um objectivo estratégico de sua expansão e agora controla o Café Três Corações, Santa Clara e Grão Fino. Strauus Em 2006, o grupo anunciou um crescimento impressionante de 26% no Brasil, que ajudaram a compensar a queda nos lucros globais do grupo. Parte desses lucros está apoiando as forças de ocupação israelenses, terminando em assentamentos ilegais em território palestino ocupado da Cisjordânia. O Grupo Strauss se orgulha de seu apoio às forças de ocupação israelenses, especificamente a brigada Golani, uma unidade de combate agressivo que viola regularmente os direitos humanos e o direito internacional. Consumidores brasileiros que compram o café Très Corações tomam, sem perceber participação na ocupação ilegal. 3
Boicotes, desinvestimentos e sanções Após a apresentação de dados sobre a participação do Brasil na estratégia militar e colonialista de Israel, as discussões voltaram para as medidas de boicote liderada principalmente pelo BDS. O Movimento global BDS (Boicote Desinvestimento Sanções) é uma plataforma informal de activistas, grupos sociais e organizações que, a nível mundial, coordenam os seus esforços, em resposta ao Apelo lançado pela sociedade civil palestina, para pressionar Israel a cumprir com o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Para proporcionar um espaço para informação, análise e permuta de ideias e de experiências para todos os participantes no Movimento, foi criado o website http://www.bdsmovement.net, gerido pelo Comité Nacional Palestino para o BDS. O objetivo é o de identificar, denunciar e bloquear via BDS empresas, produtos e serviços que financiam o apartheid israelense. A iniciativa prioriza o embargo militar integral a Israel como instrumento político de fazer com que Israel cumpra leis internacionais: O fim imediato da ocupação militar e colonização de terras árabes, e a derrubada do muro do apartheid, que está sendo construído na Cisjordânia desde 2002. O reconhecimento dos direitos dos palestinos à autodeterminação, à soberania e igualdade. O direito de retorno dos refugiados palestinos à sua terra, que foi expulso desde 1948. libertação de milhares de presos políticos. Apesar de este movimento vem se expandindo em todo o mundo, no Brasil ainda há muito por se fazer. Estudo patrocinado pela organização Stop the Wall revela que a FTA (Livre Comércio) Mercosul - Israel inclui a venda, em território brasileiro, de produtos fabricados em assentamentos ilegais na Cisjordânia. Além disso, a USP (Universidade de São Paulo ) e CAPES ( Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior ) assinaram acordos de cooperação e intercâmbio com instituições israelenses em áreas de assentamento ilegais, sobretudo nos últimos anos. O organização Stop The Wall alertou que estas iniciativas vão garantir que as guerras, ocupação e colonização israelenses continuem a gerar lucros e fragilizam o compromisso do governo brasileiro para apoiar os direitos humanos, a paz e a criação de um Estado palestino. O Brasil não pode manter cumplicidade com as graves violações do direito internacional de parte de Israel em troca de manter suas aspirações de potência mundial emergente. O brasil deve se manter na defesa do respeito pelo direito internacional e os direitos humanos. Consolidar a resposta ecumênica brasileira ao Kairos Palestina O objetivo deste encontro foi articular solidariedade com a Palestina no Brasil, criando um significativo consenso entre os movimentos sociais, organizações sociais, pastorais e de direitos humanos. As diferenças políticas complexas entre as organizações brasileiras, historicamente, criou dificuldades para a realização de solidariedade. A partir desta reunião, o consenso construído acreditamos que a solidariedade com a Palestina será mais eficaz e que a participação dos setores progressistas das religiões podem contribuir para a Kairos Palestine. 1- Entre os eixos de ação ecumênica é identificado com o turismo religioso questão urgente que mobiliza pessoas e recursos e reforça equívocos na cultura de massa brasileira sobre o conflito com tendência a apoiar o Estado de Israel por causa de supostas continuidades com os israelenses bíblica muito presentes na imaginação 4
religiosa das grandes massas brasileiras exploradas pela mídia e muitos fundamentalistas religiosos 2- Considerou também o desafio de articular os estudiosos da religião, especialmente a literatura bíblica para enfrentar o fundamentalismo circulando tanto no campus e no geral cultural gospel e organizar uma resposta brasileira ao documento Kairos Palestine. Para o encaminhamento dessas propostas foram articulados dois grupos de trabalho: um sobre turismo religioso e outro no fundamentalismo teológico. Os movimentos ecumênicos presentes (Comissão Pastoral da Terra, Movimento Fé e Política, Centro Ecumênico da Bíblia, o Conselho Latino Americano de Igrejas, Pastoral da Juventude), assumem também os compromissos comuns do documento Kairos Palestine. A resposta teológica e pastoral para a defesa de direitos do povo palestino deve passar por um compromisso concreto de solidariedade. Também de grande importância foi a presença do EAPP Manuel Quintero / WCC que compartilhou sobre o programa de acompanhamento ecumênico de conflitos e a discussão de ampliar a possibilidade de participação do Brasil. Carta de Princípios No final do evento foi escrita uma carta com alguns princípios que irão nortear as ações do Comitê Nacional de Solidariedade com o Povo Palestino, com o objetivo de reforçar e coordenar a construção de campanhas de solidariedade em curso no Brasil e as ações futuras Os princípios são: 1 - Defender o direito legítimo do povo palestino de lutar contra a ocupação israelense, o reconhecimento de um Estado palestino como membro pleno da ONU; 2 - Fortalecer a luta pela libertação de prisioneiros palestinos, incluindo os 22 deputados que estão agora em prisão; 3 - Intensificar a luta contra o Acordo de Livre Comércio Mercosul- Israel; 4 - A intensificação da campanha do Brasil para boicotar e desinvestimento contra Israel; 5 - Lutar contra o bloqueio econômico, político e militar imposto por Israel sobre o povo de Gaza, 6- defender o direito de todos os palestinos de retornar à sua terra e 7 - apoiar as mobilizações populares contra a ocupação israelense 8- organizar um Forum Social Mundial Palestina Livre (Brasil 2012?) Nancy Cardoso Pereira Palestine & Israel Ecumenical Forum November 2011 5
Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben Leila Khaled da Frente Popular, da União Nacional de Mulheres Palestinas e membro do Parlamento Nacional Palestino João Felício, secretaria internacional da CUT Jamal Juma ativista do Stop the Wall Soraya Misleh: jornalista palestino-brasileira 6
Davina Lucas, Movimento Fé e Política Nancy Cardoso, CPT e Peace for Life Vanessa Dias, Marcha Mundial de Mulheres Father Naves, Comissão Pastoral da Terra (SP) Padre Vidal, CEBI (SP) 7
Leila Kahled Nancy Cardoso AblaSaadat Palestinian human rights activistfor the release of palestinian political prisoners by Israel. She is the wife of Ahmad Saadat, secretary general of the Popular Front for the Liberation of Palestine 8
9