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5 Definição da composição das características do campolivre 5.1. Estratégia Figura 5.1 Modelo da vertical do ponto de controle utilizado para as leituras Tem-se como objetivo principal a identificação cinemática do terreno no campo livre em função das variáveis que o caracterizam, ou seja, da natureza própria do terreno, dos tipos das ondas e dos ângulos de incidência das mesmas, da localização do ponto de controle e da definição do semi-espaço. Como indicadores principais, são analisadas funções de transferência de acelerações do terreno do ponto de controle para vários outros pontos nas direções vertical e horizontal do campo-livre. Após esse estudo, avaliam-se as modificações causadas pela presença de uma estrutura para evidenciar o nível da sua interação com o terreno. O módulo SITE disponibiliza a configuração cinemática do terreno na vertical do ponto de controle, ver Figura 5.1, nas freqüências de análise; a partir

Definição da composição das características do campo-livre 59 dessas configurações, podem-se analisar as variações no campo-livre através da vertical do ponto de controle observando os resultados numéricos e gráficos. Todavia, as freqüências do sistema não são fornecidas; para identificar essas freqüências trabalha-se com funções de transferência, por serem curvas que representam o sistema sob a ação de um carregamento padrão, correspondendo à transposição de uma aceleração harmônica unitária do ponto de controle e na direção do movimento de controle para o ponto e direção em que se está solicitando a resposta. Uma particularidade do programa é que a configuração cinemática do terreno, direção X, Y e Z, é normalizada, no SITE, na vertical do ponto de controle, a partir do ponto na superfície, e na direção X. Devido a isso, quando se usa onda P com α = 0º, e com movimento de controle segundo X, por exemplo, encontram-se resultados elevadíssimos em Z, já que a normalização torna unitária a amplitude do movimento segundo X do ponto de controle, enquanto que as amplitudes dominantes são na direção Z; para a onda SV encontram-se essas mesmas grandezas muito próximas de zero. Daí a explicação porque o programa não fornece a função de transferência em X-X para a onda P, α = 0º, como também não o faz para o caso da onda SV, segundo a direção Z, com incidência também na vertical. Na fase de normalização surgem resultados numéricos de ordem muito elevada. Outro aspecto interessante é o comportamento das funções de transferência. Para obtenção de gráficos bem comportados dessas funções, isto é, mostrando os mesmos picos de freqüência nas funções de transferência de todas as camadas do terreno, é necessário, o movimento de controle segundo X e avaliar a resposta segundo Z, ou vice-versa. Dessa maneira, adotam-se as seguintes atitudes e seleções para o prosseguimento do trabalho de visualização da solução do campo-livre: Situa-se o ponto de controle, preferencialmente, no topo da primeira camada e focalizam-se as configurações deformadas na vertical desse mesmo ponto; Utilizam-se funções de transferência para a identificação das freqüências de vibração do sistema e, para esses valores, caracterizam-se as configurações das camadas do sistema, na vertical

Definição da composição das características do campo-livre 60 do ponto de controle, que correspondem aos seus modos de aceleração; Para a determinação dessas freqüências e respectivas configurações, a partir de funções de transferência mais bem comportadas, emprega-se movimento de controle segundo Z e observam-se as acelerações segundo X, ou emprega-se o movimento de controle segundo X e observam-se as acelerações segundo Z; Amortecimento para todos os tipos de solo e de onda, ξ = 0.07. Assim, espera-se expandir o entendimento e a sensibilidade quanto à maneira de se trabalhar com o SASSI, para que se possa escolher a composição mais adequada de ondas de modo a se obterem melhores resultados. 5.2. Programa de ensaio 5.2.1. Ondas de corpo (P, SV e SH) Em primeiro lugar, avalia-se a influência da natureza das ondas de corpo, P ou SV, e do ângulo de incidência das mesmas. Estudam-se três tipos de solo, através de três pares de velocidades para ondas P e SV, e utilizando um mesmo semi-espaço. As características do modelo estão descritas na Tabela 5.1. A vertical do ponto de controle é feita coincidir como o eixo coordenado Z e se fazendo o plano X ou Y horizontal. A seguir avalia-se o comportamento do campo-livre com a variação da distância x, do ponto de controle ao nó considerado. Varia-se essa coordenada de 125 em 125 m, até os 700 metros. Os movimentos tanto na direção x como em z são analisados somente para a onda P. A análise da influência da onda SH é feita com os mesmos parâmetros de campo-livre apresentados na Tabela 5.1 com exceção do tipo de onda e da direção do movimento de controle que, para a onda SH, deve ser a direção Y.

Definição da composição das características do campo-livre 61 Tabela 5.1 Parâmetros do campo-livre no modelo de sítio Parâmetros de Campo Livre Velocidades características do terreno estratificado Vp = 2500 m/s Vp = 1900 m/s Vp = 1300 m/s Descrição Vs = 1600 m/s Vs = 1200 m/s Vs = 800 m/s Velocidades características do semiespaço Vp = 4000m/s Vs = 2500m/s Massa específica 1,85 t/m 3 Amortecimento associado à onda S(ξvs) 0,07 Módulo de Elasticidade (E) 3,08 x 10 5 KN/m 2 Coeficiente de Poisson (ν) 0,3 Amortecimento associado à onda P(ξvp) 0,07 Espessura da camada de Terreno(h) 2,00 m Número de camadas(n c ) 6 Tipo de onda P ou SV Ângulo de incidência(α) 0º; 10º; 20º; 30º; 35º Posição do ponto de controle (X PC ;Y PC ) (0;0) Direção do movimento de controle (mc) X ou Z 5.2.2. Ondas superficiais (R e L) Para a análise da influência da presença de ondas de Rayleigh(R) e Love(L) no desempenho do campo-livre, analisam-se os resultados obtidos de forma semelhante às ondas de corpo, agora para as equações definidoras das ondas superficiais. Utilizam-se fatores de participação de 5% ou 20%, no intervalo de 0 a 4Hz, juntamente com ondas SV ou P, com conseqüente participação de 95% ou 80% das ondas de corpo. Estudo feito por Dalcanal (2004) sugere a participação das ondas superficiais até a freqüência de 4Hz; e para freqüências superiores adota-se 100% de ondas de corpo. Segundo Chen (1980) as ondas superficiais perdem a expressão além desse limite de freqüência.

Definição da composição das características do campo-livre 62 5.3. Apresentação e análise dos resultados 5.3.1. Ondas de corpo (P, SV e SH) O modelo inclui seis camadas de terreno sobre o semi-espaço, conseqüentemente têm-se 7 superfícies de camada incluída a do semi-espaço. O programa SASSI no módulo SITE faz a contagem das superfícies de cima para baixo, assim sendo, a vertical do ponto de controle aparece em primeiro lugar. Desenvolvem-se os ensaios com o solo de velocidades Vp = 1300 m/s e Vs = 800 m/s por ser menos rígido e opta-se por um t de 0,005 segundos para o cálculo do passo da freqüência, o que leva a resultados de freqüência até 100Hz. 5.3.1.1. Relação entre os resultados apresentados pelas ondas P e SV Freqüências O primeiro ponto a ser analisado é o valor das freqüências do sistema, obtidas através das funções de transferência, pois, existem diferenças na utilização de uma para outra onda, como demonstrado na tabela a seguir: Tabela 5.2 - Freqüências do sistema para o solo 3 para α = 0,5º Freqüência DIREÇÃO Onda P Onda SV Referência Nº Freq.(Hz) Freq.(Hz) Freq.(Hz) 1ª Z-X 16,41 16,89 16,83 2ª X-Z 27,25 28,32 27,34 3ª Z-X 50,10 51,17 50,48 4ª X-Z 70,02 81,45 82,03 5ª Z-X 83,01 ---- 84,14 6ª X-Z 96,29 ---- 117,79 De um modo geral as freqüências encontradas para as ondas de corpo têm valores semelhantes e muito próximos às freqüências de referência, entretanto constatam-se os seguintes efeitos:

Definição da composição das características do campo-livre 63 A quarta freqüência do sistema, avaliada pela onda P, demonstra uma disparidade sensível chegando até 14% de diferença em relação à onda SV, contudo a freqüência encontrada utilizando a onda SV tem aproximadamente o mesmo resultado fornecido pela freqüência de referência. Para a quinta freqüência o resultado apresentado pela onda P é praticamente igual ao da freqüência de referência e a onda SV não demonstra resultados próximo a 100 Hz. Para a sexta freqüência do sistema observa-se que a onda P afasta-se bastante da freqüência de referência demonstrando uma diferença de 18.25%, já a onda SV não apresenta resultado para essa freqüência visto que a análise das freqüências no SASSI é programada até 100 Hz. Para o ângulo de 0,5º observa-se que os resultados da onda SV tendem a ser maiores que os fornecidos pela onda P e se aproximam mais das freqüências de referência. Também se observa, na Tabela 5.2, que a diferença entre os resultados apresentados pelas ondas de corpo tendem a crescer com o aumento do valor da freqüência. A seguir é demonstrada mais uma tabela com as freqüências produzidas utilizando agora um ângulo de incidência de 10º: Tabela 5.3 - Freqüências do sistema para o solo 3 para α = 10º Freqüência DIREÇÃO Onda P Onda SV Referência Nº Freq.(Hz) Freq.(Hz) Freq.(Hz) 1ª Z-X 16,406 16,992 16,83 2ª X-Z 27,246 28,32 27,34 3ª Z-X 50,195 51,269 50,48 4ª X-Z 70,117 81,738 82,03 5ª Z-X 83,398 ---- 84,14 6ª X-Z 96,289 ---- 117,79 Os ângulos de 0,5º e 10º apresentam resultados bastante semelhantes. Conclui-se com estas tabelas que para ângulos de incidência pequenos os resultados são próximos aos das freqüências de referência e, as ondas de corpo apresentam mais bem esses resultados, principalmente para valores próximos a 100 Hz, nas seguintes direções: Onda SV movimento de controle em X e direção

Definição da composição das características do campo-livre 64 do movimento Z, já para a onda P é o movimento de controle em Z e a direção de movimento em X, consoante com observação anterior. A Tabela 5.4 apresenta os resultados encontrados utilizando 35º como ângulo de incidência. Tabela 5.4 - Freqüências do sistema para o solo 3 para α = 35º Freqüência DIREÇÃO Onda P Onda SV Referência Nº Freq.(Hz) Freq.(Hz) Freq.(Hz) 1ª Z-X 16,309 15,309 16,83 2ª X-Z 27,44 28,906 27,34 3ª Z-X 50,976 52,344 50,48 4ª X-Z 71,387 74,023 82,03 5ª Z-X 83,789 83,496 84,14 6ª X-Z 96,582 96,582 117,79 De maneira geral, as freqüências fornecidas pelas ondas de corpo possuem valores semelhantes aos das freqüências de referência; a diferença existente entre os valores das ondas de corpo tende a diminuir com o aumento do ângulo de incidência das ondas e, para freqüências próximas a 100 Hz, seus valores se afastam da freqüência de referência. Conclui-se então que nas freqüências correspondestes à direção Z, utilizando ângulos maiores, ou seja, próximos ao ângulo crítico, ocorrem maiores alterações nas freqüências (observe a 4ª e 6ª freqüência da tabela acima). Sabe-se que a equação utilizada para solucionar a propagação da onda é a mesma para as duas ondas, no entanto a velocidade de propagação da onda que é utilizada é diferente, levando a um número de onda diferente para a mesma freqüência do sistema. Esses parâmetros levam a obter freqüências diferentes pela aproximação dos resultados, como também a forma de propagação da onda, pois, a onda SV se propaga por cisalhamento e a onda P por dilatação. E, a disparidade encontrada na sexta freqüência do sistema, demonstra que o ângulo de inclinação da onda pode realmente interferir na freqüência natural do sistema devido ao acoplamento existente dentro das propriedades do solo e que, com um valor do ângulo α em torno dos 35º esse acoplamento existente é despertado. Um dos principais pontos que influenciam nas diferenças de resultado da onda P para a onda SV é o número de onda k, pois, quanto menor a velocidade de propagação no terreno maior é o k, isso explica porque, para ângulos pequenos, a

Definição da composição das características do campo-livre 65 onda SV apresenta resultados sempre maiores que a onda P. A crescente diferença existente entre os resultados apresentados pela onda P e SV para pequenos ângulos é devido ao ângulo de incidência da onda, pois, a diferença entre o seno e o cosseno do ângulo é muito grande. E quando se aumenta o ângulo de incidência, esta diferença diminui bastante, pois, próximo a 45º o seno e o cosseno são os mesmos. Estes resultados mostram que o ângulo de incidência altera as freqüências do sistema, principalmente para freqüências altas, pois, na freqüência fundamental a variação é pequena e, a escolha da onda de corpo também influencia bastante nos resultados. Modos de vibração nas freqüências do sistema São apresentados nesta seção os modos de vibração fornecidos pelas ondas P e SV com a variação do ângulo e da freqüência. Tais configurações seguem os aspectos gerais já identificados em outros sistemas estruturais. 1º Modo- Vertical do Ponto de Controle Z-X Amplitudes normalizadas 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 16,31 Hz- P35º 15,31 Hz- SV35º 16,41 Hz- P 0,5º 16,89 Hz- SV 0,5º 16,70 Hz- P 0,5º-S.E.Rig. Figura 5.2-1º modo, vertical do ponto de controle, movimento de controle Z-X, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 66 2º Modo- Vertical do Ponto de Controle X-Z Amplitudes normalizadas 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 27,44 Hz- P 35º 28,91 Hz- SV35º 27,25 Hz- P 0,5º 28,32 Hz- SV 0,5º 27,15 Hz- P 0,5º-S.E. Rig. Figura 5.3-2º modo, vertical do ponto de controle, movimento de controle X-Z, solo 3. 3º Modo- Vertical do Ponto de Controle Z-X Amplitudes normalizadas 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 50,98 Hz- P 35º 52,34 Hz- SV 35º 50,10 Hz- P 0,5º 51,17 Hz- SV 0,5º 50 Hz- P 0,5º- S.E.Rig. Figura 5.4-3º modo, vertical do ponto de controle, movimento de controle Z-X, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 67 4º Modo- Vertical do Ponto de Controle X-Z Amplitudes normalizadas 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 71,39 Hz- P 35º 74,02 Hz- SV35º 70,02 Hz- P 0,5º 81,45 Hz- SV 0,5º 74,71 Hz- P 0,5º-S.E.Rig. Figura 5.5-4º modo, vertical do ponto de controle, movimento de controle X-Z, solo 3. 5º Modo- Vertical do Ponto de Controle Z-X Amplitudes normalizadas 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 83,79 Hz- P 35º 83,50 Hz-SV 35º 83,01 Hz -P 0,5º 84,08 Hz- P 0,5º-S.E.Rig. Figura 5.6-5º modo, vertical do ponto de controle, movimento de controle Z-X, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 68 6º Modo- Vertical do Ponto de Controle X-Z Amplitudes normalizadas 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 96,58 Hz- P35º 96,58 Hz-SV 35º 96,29 Hz- P 0,5º 92,87 Hz-P 0,5º-S.E.Rig. Figura 5.7-6º modo, vertical do ponto de controle, movimento de controle X-Z, solo 3. Estas figuras demonstram que mesmo variando o ângulo α, os modos dados pelas respectivas ondas são praticamente os mesmos; existe uma pequena diferença entre os modos fornecidos pelas ondas SV e P. Os modos fornecidos pelo SASSI 2000 são sempre positivos, pois o mesmo fornece os valores em módulo. Utilizando-se um semi-espaço bastante rígido ocorre uma pequena variação da freqüência e o modo tende a apresentar resultados na média dos modos anteriormente fornecidos pelas ondas, mas, a configuração permanece a mesma. As Figuras 5.6 e 5.7 não apresentam modos para a onda SV a 0.5º como foi apresentado no estudo das freqüências. Mesmo alterando as velocidades de propagação no semi-espaço não ocorrem alterações significativas nas freqüências, isso porque no Programa SASSI2000 quando se alteram as velocidades do semi-espaço, altera-se apenas o k, o elemento responsável pela excitação na Equação (4.1), ou seja, não ocorrem alterações nas condições de contorno. Os modos correspondentes às direções X-X e Z-Z apresentam as mesmas configurações que as direções X-Z e Z-X respectivamente. A seguir é analisado o comportamento das funções de transferência de acelerações, a partir do ponto e da direção de controle, para as diversas camadas (nós) do campo-livre, com a variação do ângulo de incidência α.

Definição da composição das características do campo-livre 69 Análise das funções de transferência - Ondas P e SV As Figuras 5.8 a 5.12 mostram a amplitude segundo X das funções de transferência, para o caso da onda P, ponto de controle na primeira camada, direção de controle, Z, e solo 3; essas amplitudes estão normalizadas pela aceleração da camada 1, na direção do movimento de controle, ac 1, igual à unidade. Em tais figuras, observa-se o seguinte: São mobilizadas três freqüências para a transferência de energia, 16,41, 50,10 e 83,10 Hz, Figura 5.7 e Tabela 5.2, sendo que a freqüência 50,10 Hz é a que apresenta maior amplificação; compreende-se que, para α = 0, essa função de transferência não existiria pois toda a potência seria transferida segundo Z; compreende-se, também, que as ordenadas reunidas segundo uma dessas freqüências de transferência, se plotadas convenientemente, reproduziriam a configuração modal a ela associada, Figura 5.3; Com o aumento do ângulo α até 10º, a amplitude na freqüência de 50,10 Hz é majorada sensivelmente e depois, continuando o aumento de α, essa amplitude decai enquanto que a da freqüência 83,01 Hz passa a crescer, chegando a dominar inteiramente as anteriores. As figuras 5.13 a 5.16, semelhantemente às anteriores, agora para a onda SV, mostram um quadro semelhante voltado para o primeiro e o segundo modos, confirmando a variação do ângulo α como um elemento de acentuação do espectro de Fourier da excitação. Sob o ponto de vista formal do desenvolvimento analítico, essa questão encara a decomposição do vetor de amplitudes do carregamento harmônico (representado por uma aceleração unitária segundo a direção do movimento de controle e zero nos demais registros) pelas configurações modais do sistema do campo-livre e as correspondentes amplitudes de cada freqüência.

Definição da composição das características do campo-livre 70 Função de Transferência Z-X P 0.5º 7.00E-01 a/a c1 6.00E-01 5.00E-01 4.00E-01 3.00E-01 2.00E-01 1.00E-01 Figura 5.8 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda P, α = 0.5º, solo 3. Função de Transferência Z-X P 10º a/a c1 4.50E+01 4.00E+01 3.50E+01 3.00E+01 2.50E+01 2.00E+01 1.50E+01 1.00E+01 5.00E+00 Figura 5.9 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda P, α = 10º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 71 Função de Transferência Z-X P 20º 1.20E+01 a/ac1 1.00E+01 8.00E+00 6.00E+00 4.00E+00 2.00E+00 Figura 5.10 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda P, α = 20º, solo 3. Função de Transferência Z-X P 30º 7.00E+00 a/ac1 6.00E+00 5.00E+00 4.00E+00 3.00E+00 2.00E+00 1.00E+00 Figura 5.11 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda P, α = 30º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 72 Função de Transferência Z-X P 35º a/ac1 4.00E+01 3.50E+01 3.00E+01 2.50E+01 2.00E+01 1.50E+01 1.00E+01 5.00E+00 Figura 5.12 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda P, α = 35º, solo 3. Função de Transferência Z-X SV 0.5º 4.00E+02 a/a c1 3.50E+02 3.00E+02 2.50E+02 2.00E+02 1.50E+02 1.00E+02 5.00E+01 Figura 5.13 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda SV, α = 0.5º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 73 Função de Transferência Z-X SV 10º a/a c1 1.80E+01 1.60E+01 1.40E+01 1.20E+01 1.00E+01 8.00E+00 6.00E+00 4.00E+00 2.00E+00 Figura 5.14 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda SV, α = 10º, solo 3. Função de Transferência Z-X SV 20º 8.00E+00 a/ac1 7.00E+00 6.00E+00 5.00E+00 4.00E+00 3.00E+00 2.00E+00 1.00E+00 Figura 5.15 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda SV, α = 20º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 74 Função de Transferência Z-X SV 35º 1.20E+03 a/a c1 1.00E+03 8.00E+02 6.00E+02 4.00E+02 2.00E+02 Figura 5.16 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda SV, α = 35º, solo 3. Propagação horizontal nas freqüências do sistema Para esta análise é adotada somente uma onda, a P, pois, o efeito da propagação no campo-livre somente leva em consideração uma exponencial, Equação (4.2). Foram adotadas distâncias de 125 m entre um nó e outro. As Figuras apresentadas nesta seção demonstram a propagação horizontal para um nó na superfície do modelo. Propagação horizontal X-Z P 35º 8.00E+00 7.00E+00 6.00E+00 Ponto de Controle 125 m 5.00E+00 250 m a/ac1 4.00E+00 3.00E+00 2.00E+00 1.00E+00 375 m 500 m 625 m 750 m Figura 5.17 - Função de Transferência, propagação horizontal na superfície a cada 125 m, movimento de controle X-Z, onda P, α = 35º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 75 Propagação horizontal Z-X P 35º a/a c1 3.50E+01 3.00E+01 2.50E+01 2.00E+01 1.50E+01 1.00E+01 5.00E+00 Ponto de Controle 125 m 250 m 375 m 500 m 625 m 750 m Figura 5.18 - Função de Transferência, propagação horizontal na superfície a cada 125 m, movimento de controle Z-X, onda P, α = 35º, solo 3. As Figuras 5.17 e 5.18 mostram que com a distância as freqüências do sistema permanecem as mesmas e ocorrem apenas diminuições nas amplitudes, tanto na direção X como também na direção Z, como se esperava. Agora são visualizadas curvas exponenciais para as freqüências fornecidas pela Função de Transferência para o movimento de controle nas direções X-X e X-Z, Figuras 5.19 e 5.20. Propagação horizontal com a frequência X-X P 35º 1.2 1 a/ac1 0.8 0.6 0.4 0.2 27,44 Hz 71,39 Hz 96,58 Hz 0 0 200 400 600 800 Distância(m) Figura 5.19 - Propagação horizontal com a freqüência a cada 125 m, movimento de controle X-X, onda P, α = 35º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 76 Propagação horizontal com a frequência X-Z P 35º a/ac1 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 200 400 600 800 Distância(m) 27,44 Hz 71,39 Hz 96,58 Hz Figura 5.20 - Propagação horizontal com a freqüência a cada 125 m, movimento de controle X-Z, onda P, α = 35º, solo 3. Pode-se observar, ver Figura 5.19, que todas as curvas partem de um mesmo valor, no entanto, a exponencial possui curvaturas diferentes; o fator responsável por esse resultado é o número de onda k, pois, quanto maior o seu valor, maior é o decaimento, ver equação (4.2). A Figura 5.20 demonstra as diferenças existentes nas amplitudes devido à freqüência, pois, nesta direção, os resultados são normalizados pela 1º camada na direção X-X. { U ( x) } = { U} exp( ikx) δ (4.2) 5.3.1.2. Onda SH São analisados os valores das freqüências do sistema e as configurações dos modos correspondentes; para isso escolhem-se três ângulos de incidência, 0,5º, 10º e 35º, ver Figuras 5.21 a 5.23.

Definição da composição das características do campo-livre 77 Função de Transferência Y-Y SH 0.5º 1.40E+00 a/a c1 1.20E+00 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.21 - Função de transferência, movimento de controle Y-Y, onda SH, α = 0,5º, solo 3. Função de Transferência Y-Y SH 10º 1.40E+00 a/a c1 1.20E+00 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.22 - Funções de transferência, movimento de controle Y-Y, onda SH, α = 0,5º, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 78 Função de Transferência Y-Y SH 35º 1.40E+00 a/a c1 1.20E+00 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.23 - Funções de transferência, movimento de controle Y-Y, onda SH, α = 35º, solo 3. Pode-se observar, através das figuras, que ocorre uma grande variação na vertical do ponto de controle, pois, tomando como base a primeira superfície de camada, nó 1, as outras superfícies possuem funções de transferência totalmente diferentes, sem indicarem valores extremos em freqüências coincidentes. Concluise também que através da variação do ângulo de incidência da onda não ocorrem alterações expressivas nas funções de transferência, ou seja, o ângulo α interfere muito pouco nos resultados obtidos na direção Y. Outro fato relevante é que a função de transferência fornecida pela onda SV em um ângulo de incidência de 0,5º, ver Figura 5.24, mostra o mesmo resultado das figuras observadas anteriormente; isso comprova a semelhança entre essas ondas para ângulos próximos a 0º, pois, para maiores valores de ângulos de incidência a onda SV produz ondas P refletidas e refratadas modificando os resultados das funções de transferências. Entretanto, a onda SH somente produz onda SH e isso é comprovado pelo resultado obtido quando se varia o ângulo α.

Definição da composição das características do campo-livre 79 Função de Transferência X-X SV 0.5º 1.40E+00 a/a c1 1.20E+00 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.24 - Funções de transferência, movimento de controle X-X, onda SV, α = 0,5º, solo 3. Modos de vibração - SH São apresentadas nesta seção, as configurações dos modos da onda SH em freqüências fornecidas pela onda SV a 0,5º: Modos- Vertical do ponto de controle Y-Y SH 1.2 1 a/a c1 0.8 0.6 0.4 0.2 1º Modo- 16,89 Hz 2º Modo- 51,17 Hz 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada Figura 5.25 - Modos, vertical do ponto de controle, movimento de controle Y-Y, onda SH, α = 0,5º, solo 3. Os resultados obtidos da Figura 5.25 demonstram os mesmos modos apresentados pela onda SV, ver Figuras 5.2 e 5.4.

Definição da composição das características do campo-livre 80 A utilização desse tipo de onda é interessante em problemas axissimétricos, uma vez que se obtém as respostas fora do plano. 5.3.2. Ondas de superfície (Rayleigh e Love) 5.3.2.1. Ondas Rayleigh Admitindo uma onda plana com movimentos harmônicos simples no plano X-Z e que somente se propaga na direção X, e que a amplitude desse movimento decresce assintoticamente com a profundidade Z, essas ondas recebem o nome do seu primeiro estudioso, Lord Rayleigh (1885). As ondas Rayleigh atenuam rapidamente com a profundidade. A solução correspondente a esta definição deve ser derivada das equações gerais do movimento para ondas propagando-se em duas dimensões. A trajetória de uma partícula movendo-se em uma onda Rayleigh é elíptica e, a magnitude e direção do movimento elíptico dependem da profundidade. O maior efeito causado pelo amortecimento é que essas ondas Rayleigh decaem exponencialmente quando se propagarem na direção X. O fator de decaimento é, aproximadamente, exp(-2πξ) por comprimento de onda na direção X. Para encontrar uma formulação para este tipo de onda é necessária uma teoria baseada em um complicado problema não-linear de autovalor. A solução para esse problema envolve sérias dificuldades numéricas. Através da equação da onda Rayleigh podem-se determinar 2n fatores de participação modal. Esses, em princípio, podem ser determinados por 2n condições de contorno. Porém, em um usual problema de resposta do site, ou seja, somente um movimento de controle e, conseqüentemente, um único deslocamento conhecido para cada freqüência, não é possível determinar o movimento geral. A solução particular pode ser obtida se assumido que o movimento produz, no ponto de controle, somente um modo fundamental. Isso é uma aproximação lógica desde que o modo fundamental, fornecido pela onda Rayleigh existente no site, tenha a maior contribuição no movimento.

Definição da composição das características do campo-livre 81 Através da análise do modo fundamental na solução da equação, tem-se a freqüência do modo fundamental, e, após essa freqüência o resultado das acelerações decaem rapidamente; então, adota-se a freqüência de 4Hz como limite para atuação das ondas Rayleigh nas freqüências de análise, devido à potência que essa onda apresenta em sua densidade espectral. Na análise da onda superficial de Rayleigh, são utilizados resultados fornecidos pela Equação (4.4), mostrando os modos fundamentais para o solo em estudo, no gráfico seguinte é demonstrado esses resultados. 2 2 ([ ] k + i[ B] k + [ G] [ M ]) { W} = { 0} A ω (4.4) Função de Transferência X-Z R a/a c1 1.80E+00 1.60E+00 1.40E+00 1.20E+00 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.26- Função de Transferência, movimento de controle X-Z, onda R, solo 3. Função de Transferência Z-X R 2.50E+00 a/ac1 2.00E+00 1.50E+00 1.00E+00 5.00E-01 Figura 5.27 - Função de Transferência, movimento de controle Z-X, onda R, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 82 Os modos em cada direção são apresentados e verifica-se que a equação em estudo produz somente um modo para cada direção correspondente. As freqüências que definem os modos fundamentais para as direções X-Z, 28,22 Hz e Z-X, 17,38 Hz, têm os seus valores próximos às freqüências de referência, 27,34 Hz e 16,83Hz. Com estas Figuras, 5.26 e 5.27, pode-se inferir que realmente para as ondas Rayleigh o modo fundamental é preponderante sobre os outros modos. Função de Transferência X-X R 1.20E+00 a/ac1 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.28 - Função de Transferência, movimento de controle X-X, onda R, solo 3. Função de Transferência Z-Z R 1.20E+00 a/ac1 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.29 - Função de Transferência, movimento de controle X-X, onda R, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 83 As Figuras 5.28 e 5.29 mostram a dispersão que ocorre ao se utilizarem ondas Rayleigh, tanto com a variação da freqüência como em profundidade, pois, quanto mais próximo ao semi-espaço maior é a dispersão. Na Figura 5.29, são apresentados os modos fundamentais da onda Rayleigh nas direções X-Z e Z-X, em comparação com os modos apresentados pela onda P. Analisam-se também os resultados das freqüências. Modo fundamental- Vertical do ponto de controle- R 1.2 Ampitude normalizada 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada 17,38 Hz- Z-X 28,22 Hz- X-Z 16,41 Hz- Z-X- Onda P 27,25 Hz- X-Z- Onda P Figura 5.30 - Modo fundamental, vertical do ponto de controle, movimento de controle Z-X e X-Z, ondas R e P, solo 3. Ainda na Figura 5.30, observa-se que os modos produzidos pelas ondas Rayleigh são muito próximos dos modos produzidos pela onda P e que ocorre uma pequena variação na freqüência, entretanto, o modo das ondas Rayleigh apresentado na direção X-Z é mais assintótico na superfície. Para se utilizar as ondas Rayleigh em conjunto com as ondas de corpo P e SV é necessário entender que, em um sismo, a potência na densidade espectral das ondas de Rayleigh é obtida somente até 4Hz, portanto a utilização das ondas Rayleigh deve se limitar a esse intervalo. Na análise deste solo utilizando ondas Rayleigh até 4Hz, não ocorrem alterações significativas nas amplitudes e nas freqüências do sistema. Segundo os estudos produzidos por Dalcanal (2004) a influência das ondas R, em geral, é de redução das respostas, sendo maior com o aumento do seu fator de participação e do ângulo de incidência da onda de corpo. E é mais presente quando se considera o movimento de controle na direção Z. Em

Definição da composição das características do campo-livre 84 todos os casos, para maiores valores de seu fator de participação as respostas do campo-livre apresentam singularidades sem uma aparente conexão lógica. Em conseqüência, concordando com o que está escrito no manual do SASSI 2000, o fator de participação das ondas R convém ser mantido pequeno 10%. 5.3.2.2. Onda Love As ondas Love são definidas no SASSI2000 para propagação na direção Y. Em um sistema viscoelástico de multicamadas, as formas dos modos e os números de onda são mais convenientemente avaliados por um método discretizado similar ao que foi usado pela onda de Rayleigh. Como no caso das ondas Rayleigh, este método assume variações lineares dos deslocamentos dentro das camadas e a existência de uma base rígida em algumas limitadas profundidades que podem ser variadas, com a freqüência, assegurando uma adequada simulação do semiespaço. A Equação (4.5) demonstra um problema similar de autovalor, no entanto mais simples do que o apresentado pela Equação (4.4) da onda de Rayleigh. Para uma dada freqüência, ω, este problema pode ser resolvido por um método de resolução de n autovalores. E, como no caso das ondas Rayleigh, para um único movimento de controle é necessária a existência de um único modo fundamental. 2 2 ([ ] k + [ G] [ M ]) { W} = { 0} A ω (4.5) A Figura 5.31 não demonstrou a definição de uma freqüência, mas, pode-se inferir que a participação da onda Love dá-se preponderantemente sobre a superfície para qualquer freqüência do sistema, pois, quanto mais próximo do semi-espaço, menores são os resultados encontrados. Pode-se perceber, pelo gráfico, através da profundidade, que existe apenas um modo sendo propagado em qualquer freqüência do sistema, principalmente a partir de 20 Hz. Nas freqüências menores que 20 Hz existe uma tendência de deslocamento uniforme para qualquer profundidade, ou seja, todas as superfícies de camada têm o mesmo deslocamento da superfície.

Definição da composição das características do campo-livre 85 Função de Transferência Y-Y LOVE 1.20E+00 a/a c1 1.00E+00 8.00E-01 6.00E-01 4.00E-01 2.00E-01 Figura 5.31 - Função de Transferência, movimento de controle Y-Y, onda R, solo 3.

Definição da composição das características do campo-livre 86 5.4. Conclusões parciais (terreno campo-livre) O comportamento geral da solução do campo-livre é influenciado pela composição desse campo, natureza e ângulo de incidência das ondas de corpo e fator de participação das ondas superficiais que o compõem. As amplitudes das funções de transferência, no ponto de controle, são mantidas unitárias na direção desse movimento, exceto para o movimento de controle segundo z com participação simultânea de ondas Rayleigh. Para solos com rigidez elevada, com participação das ondas Rayleigh até 4 Hz não ocorrem alterações nas amplitudes e freqüências do sistema. As freqüências do sistema podem sofrer alterações com a variação do ângulo de incidência das ondas de corpo, principalmente a partir da segunda freqüência do sistema. Os valores de freqüências apresentadas na direção Z sofreram maiores alterações do que na direção X. Os resultados das freqüências utilizando a onda SV tendem a ser maiores que os apresentados pela onda P devido ao número de onda k. Para ângulos pequenos (< 10º) os valores das freqüências fornecidas pelo SASSI tendem a ser muito próximos aos valores das freqüências de referência. Para ângulos maiores (> 20º) as freqüências do sistema sofrem maiores alterações devido ao acoplamento existente nas propriedades do solo. A variação do ângulo de incidência pode alterar as funções de transferência nas freqüências do sistema tanto para mais como para menos, ou seja, a depender do ângulo utilizado na análise pode ocorrer variação no fator de participação modal demonstrando que um modo pode prevalecer sobre os outros. Essa comprovação ocorre apenas na direção X tanto para a onda P como para a onda SV; com a onda P ocorre uma permuta entre a segunda e a terceira freqüência; para a onda SV ocorre uma permuta entre a primeira e a segunda freqüência. Os modos de vibração são praticamente os mesmos, independente da onda utilizada; a variação dos parâmetros que constituem o semi-espaço não altera de forma significativa as freqüências do sistema. A propagação com a distância demonstra que quanto maior o valor da freqüência, maior o decremento das curvas exponenciais, pois, o número de onda

Definição da composição das características do campo-livre 87 k depende da freqüência de modo proporcional. E, com o aumento da distância, não ocorrem alterações nas freqüências do sistema. A onda SH possui a mesma resposta da onda SV para um ângulo de 0º na direção X-X. As respostas na direção Y demonstram o cisalhamento entre as camadas na vertical do ponto de controle. A onda SH não define freqüências e os modos definidos nas freqüências da onda SV são semelhantes. As ondas Rayleigh apresentam um modo preponderante, e o valor da freqüência é próximo aos valores apresentados pelas ondas de corpo. O modo é praticamente o mesmo apresentado pelas ondas de corpo e apresenta uma curva assintótica à superfície. A participação da onda de Love dá-se preponderantemente sobre a superfície para qualquer freqüência do sistema, pois, quanto mais próximo do semi-espaço menores são os resultados encontrados. Todos os exemplos mostram apenas um modo para qualquer freqüência.