FLÁVIA HOLANDA ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DO ENTREPOSTO ADUANEIRO regimes especiais e o setor de óleo e gás 2016
FLÁVIA HOLANDA Doutora e Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Professora Conferencista do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP- Cogeae). Advogada
Sumário AGRADECIMENTOS... 7 PREFÁCIO... 9 CAPÍTULO I - TRIBUTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO... 15 1.1. Noções Propedêuticas... 15 1.2. Extrafiscalidade... 29 1.2.1. Competência Tributária e os Limites ao Poder de Tributar... 32 1.2.2. Princípios Jurídicos Tributários e Extrafiscalidade... 37 1.2.2.1. Sobreprincípios e Limites Objetivos: a Definição dos Conceitos... 38 2.2.2.1. A Extrafiscalidade e a Aplicação dos Limites Objetivos... 43 1.1.2.3. A Estrita Legalidade Aplicada à Legitimação de Políticas Extrafiscais... 47 1.1.2.4. Anterioridade: Anual e Nonagesimal... 51 1.1.2.5. Princípio do Não Confisco... 53 1.2. A Regra Matriz de Incidência Tributária (RMIT)... 54 1.2.1. O Conceito de Sistema Jurídico e as Relações entre os Sistemas.. 54 1.2.2. A Regra Matriz de Incidência Tributária (RMIT): Noção e Aplicabilidade... 61 1.2.2.1. A RMIT dos Tributos Incidentes sobre Operações Aduaneiras... 72 1.2.2.1.1. Imposto sobre a Importação (II)... 73 1.2.2.1.2. Imposto sobre a Exportação (IE)... 93
12 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DO ENTREPOSTO ADUANEIRO 1.2.2.1.3. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)... 104 1.2.2.1.4. Contribuições Sociais para o PIS e a Cofins-Importação... 114 1.2.2.1.5. Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM)... 119 1.3. Regime Jurídico das Isenções Tributárias... 120 1.3.1. Perfil Constitucional das Isenções Tributárias e a Extrafiscalidade... 120 1.3.2. Noção de Isenção pelo Método do Constructivismo Lógico- -Semântico... 130 1.3.2.1. Interpretação Literal das Isenções Tributárias... 135 1.3.3. Isenções Transitórias e Condicionais e seus Fins Extrafiscais... 136 1.3.3.1. Isenções no Âmbito das Operações de Comércio Exterior... 137 1.3.3.1.1. O Caos Conceitual: Suspensão da Exigibilidade do Crédito x Isenção... 140 1.3.3.1.2. A Não Incidência Tributária e o Contexto das Normas Isentivas... 144 1.3.3.1.3. A Redução da Base de Cálculo dos Tributos Aduaneiros... 146 1.3.3.1.4. As Alíquotas Zero: Isenção Tributária?... 148 CAPÍTULO II - REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS APLICÁVEIS AO SETOR DE ÓLEO E GÁS... 149 2.1. Definição E Aplicabilidade dos Regimes... 149 2.1.1. Tipos de Regimes Aduaneiros Especiais Aplicáveis ao Setor do Óleo e Gás... 156 2.1.1.1. Drawback... 156 2.1.1.1.1. Drawback Suspensão Integrado... 160 2.1.1.2. Admissão Temporária para Utilização Econômica... 175 2.1.1.2.1. Despacho para Consumo na Admissão Temporária nos Termos da Instrução Normativa RFB nº 1.600/2015... 179 2.1.1.2.1.1. Valoração Aduaneira e Subfaturamento na Importação... 185
Sumário 13 2.1.1.2.1.2. Da possibilidade de aplicação de índices de depreciação/valorização na composição da valoração aduaneira no despacho para consumo... 189 2.1.1.3. As Modalidades de Exportação e o Repetro... 193 2.2. Tributos Incidentes Sobre as Receitas de Exportação... 198 2.2.1. Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta: Exportações Diretas... 199 CAPÍTULO III - ENTREPOSTO ADUANEIRO APLICADO AO SE- TOR DE ÓLEO E GÁS... 209 3.2. Entreposto Aduaneiro: Conceito e Base Legal... 209 3.1.1. Os Sujeitos de Direito Aptos à Habilitação ao Entreposto Aduaneiro... 216 3.1.1.1. Consórcios de Sociedades: Modelo Associativo e seus Reflexos no Entreposto... 217 3.1.1.1.1. Consórcio de Sociedades com Participação de Empresas Estrangeira e Brasileira: Processo de Licitação Nacional ou Internacional... 227 3.1.1.2. Sociedades de Propósito Específico (SPE) e a Distinção dos Consórcios... 232 3.1.2. Dinâmica da Habilitação de Importadores e Exportadores ao Siscomex... 236 3.1.2.1. Modalidade Expressa de Habilitação ao Siscomex... 239 3.1.2.1.1. Operador Econômico Autorizado (OEA). 239 3.1.2.2. Modalidades Ilimitada e Limitada de Habilitação ao Siscomex... 243 3.1.3. Da Co-habilitação de Fornecedores ao Regime do Entreposto Aduaneiro... 247 3.1.4. Industrialização por Encomenda no Entreposto Aduaneiro... 259 3.1.4.1. Paralelo entre a Trading Company e a Empresa Comercial Exportadora: a Pragmática da Tributação na Industrialização por Encomenda... 273
14 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DO ENTREPOSTO ADUANEIRO 3.1.4.1.1. Trading Company... 273 3.1.4.1.2. Empresas Comerciais Exportadoras... 277 3.1.5. Admissão de Mercadorias Importadas: Desembaraço Aduaneiro em Unidade da Federação Diversa do Estabelecimento Destinatário em Entreposto Aduaneiro... 281 3.1.5.1. Declaração de Admissão (DA) de Mercadoria Importada e a Obrigatoriedade na Emissão de Relação de Transferência de Mercadoria (RTM)... 285 3.1.6. Substituição de Beneficiário do Regime de Entreposto Aduaneiro... 292 3.1.7. Extinção da Aplicação do Regime do Entreposto Aduaneiro... 297 3.1.7.1. Exportação e Possibilidade de Embarques Parciais para o Exterior... 298 3.1.7.2. Reexportação... 302 3.1.7.3. Transferência para Outro Regime Aduaneiro Especial... 303 3.1.7.4. Despacho para Consumo das Mercadorias Importadas... 304 3.1.7.5. Destruição às Expensas do Beneficiário do Regime.. 307 3.1.8. Tratamento Fiscal dos Resíduos do Processo Produtivo... 309 CONCLUSÕES... 317 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 327
CAPÍTULO I Tributação e Desenvolvimento 1.1. NOÇÕES PROPEDÊUTICAS A tributação no setor de óleo e gás e os meandros dos regimes aduaneiros especiais aplicáveis às operações deste mercado em ascensão é o tema acolhido por esta obra. Não se trata da reprodução de inúmeros enunciados prescritivos dispostos na legislação em sentido amplo e estrito, mas, sim, de um esforço científico com o fito de demonstrar a complexidade das transações com repercussão tributária, vivenciada diuturnamente por parte significativa da economia nacional na atualidade. A temática acerca da exploração dos recursos naturais não renováveis como o petróleo e o gás natural; das operações industriais voltadas à infraestrutura do País; do amadurecimento da legislação tributária brasileira para incentivar e viabilizar o crescimento imediato da produtividade interna com o efetivo aumento da mão de obra especializada e o avanço tecnológico, formam o conjunto de fatores que permeiam o alavancar desta pesquisa.
16 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DO ENTREPOSTO ADUANEIRO O método científico de aproximação do objeto de estudo, percorre as categorias do constructivismo lógico-semântico 1, avançando sobre a linguagem jurídico-normativa, precisamente nas dimensões lógico-semânticas do texto do direito positivo vigente. Este caminho não oferece atalhos ou visões reducionistas, não apresenta glossários que criam definições para reduzir o caminho entre a percepção e a compreensão do objeto, muito pelo contrário, alonga o percurso para que possamos chegar com maturidade ao nosso objetivo científico. Trata-se de tarefa extremamente oportuna e eficiente, eis que nos permite construir um discurso teórico consistente e em condições de propiciar a boa compreensão dos temas com racionalidade e concretude empírica 2. Neste contexto, o primeiro esforço, para o qual convidamos o leitor, é se colocar como figura central do pleno exercício de suas faculdades intelectuais, tratando-se como único sujeito capaz de exercer os atos de conhecimento imprescindíveis à construção da realidade. Nesta visão antropocêntrica, é o homem que, necessariamente, atua para realizar os fenômenos jurídicos da incidência e aplicação das normas, sempre que munido de competência. Ser competente é ter seus poderes atribuídos e bem identificados nas normas jurídicas vigentes, é ver positivado o direito de agir, com atributos de autoridade, a fim de interpretar, compreender e 1. No intenso cotidiano de tentativas de compreensão do mundo jurídico, o Constructivismo Lógico-Semântico é o nosso instrumento de trabalho. Desenvolvendo-se a partir das noções da Ciência Semiótica, este método interage com o texto, em todos os seus planos linguísticos, a fim de encontrar o fato comunicacional disciplinado pelo sistema jurídico posto, constituindo a realidade. O direito, enquanto objeto cultural, é um todo composto por unidades elementares, denominadas normas jurídicas, estas que devem ser representadas na forma de texto, cuja composição é uniforme e homogênea (esquema lógico), apta para ser amplamente preenchida com qualquer conteúdo semântico (heterogeneidade semântica) escolhido pelo intérprete. Desta forma, é sobre este todo de amarras linguísticas que o Constructivismo Lógico-Semântico se apoia para aproximar-se do objeto de seu estudo, o direito. 2. CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Linguagem e Método. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Noeses, 2013. p. 5.
Capítulo I - Tributação e Desenvolvimento 17 construir as normas jurídicas. Há quem classifique 3 as normas de competência como normas de estrutura, uma vez que definem os procedimentos, ao invés de definir condutas deonticamente modalizadas em proibido V, permitido P e obrigatório O. A rigor, diante das construções classificatórias que se colocam como úteis, consideramos que todas as normas postas no sistema jurídico devem ser qualificadas, em gênero, como de conduta, estas que definem ato e procedimento, conceitos indistintamente indissociáveis quando tratados no plano do dever ser. É oportuno tomar o direto como objeto cultural, construído pelo homem para disciplinar os ânimos em sociedade 4. Enquanto construção humana, o direito é flagrantemente um conjunto heterogêneo de conteúdos e homogêneo na forma, composto por textos, conclusão que nos direciona à análise da linguagem nos planos semântico e sintático e suas respectivas interações no labor da composição das normas (pragmática). A heterogeneidade é típica de estruturas que se apropriam da linguagem como integrante constitutiva, ou seja, como manifestação do direito ou seu veículo de expressão 5. Enquanto linguagem, a abrangência semântica é tão ampla e diversificada quanto as possibilidades 3. Cabe à chamada norma de competência indicar o sujeito da enunciação. É ele que deve desempenhar o ato ou conjunto de atos necessários à produção válida de normas no sistema jurídico. É também essa norma que vincula, por meio de uma relação jurídica, o sujeito competente e os demais sujeitos de direito. No cerne desse vínculo encontra-se a possibilidade de editar normas sobre matéria qualquer. Mais uma vez, as respostas sobre quem, como e a respeito do que devem versar as normas para serem jurídicas se encontram nas normas de competência. (GAMA, Tácio Lacerda. Competência Tributária: Fundamentos para uma Teoria da Nulidade. São Paulo: Editora Noeses, 2009. p. 132-133.) 4. El punto de partida de esta concepción de la Teoría del Derecho es que éste se nos aparece en nuestra vida como un sistema de comunicación entre los humanos cuyo objetivo consubstancial es la organización de la convivencia social. (ROBLES, Gregorio. Teoría del Derecho: Fundamentos de Teoría Comunicacional del Derecho. vol. I. 3. ed. España: Thomson Reuters, 2010. p. 87.) 5. CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Linguagem e Método. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Noeses, 2013. p. 181.