CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 01. Teoria Geral

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Transcrição:

CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 01 DATA 27/07/2016 DISCIPLINA Empresarial PROFESSOR Souto Jr. MONITOR Thaís da Mata AULA 01 - Teoria Geral Teoria Geral 1) Código Comercial - 1850 Parcialmente revogado, art. 2045 do CC. 1ª parte - Comércio em geral, fruto da Teoria dos atos de comércio Teoria da Empresa. A Teoria dos atos de comércio dizia que quem praticava os atos constantes no Código Comercial (1850) era considerado ou comerciante (se fosse individual) ou sociedade comercial. Caso contrário, o indivíduo não seria considerado comerciante ou sociedade comercial. Exemplos de atos previstos no Código Comercial: - Atividade bancária; - Compra e venda de bens móveis; - Atividade industrial, etc.,... Ocorre que, houve a unificação do direito empresarial com o direito civil, e esse fato significou a revogação da 1ª parte do Código Comercial, e consequentemente a revogação da Teoria dos Atos de Comércio, que cedeu lugar à Teoria da Empresa (teoria atual prevista no direito empresarial para tratar do comércio em geral). Atualmente, o empresário e as sociedades comerciais são tratados no Código Civil de 2002, a partir do artigo 966. Assim, o nosso estudo será essencialmente no Código Civil. Importante salientar que o Código Comercial de 1850 foi parcialmente revogado, já que ainda está em vigor a sua segunda parte que diz respeito ao comércio marítimo, conforme o artigo 2.045 do Código Civil.

2ª parte - Comércio marítimo 3ª parte - Das quebras essa parte foi revogada do Código Comercial, e atualmente é tratada como falência e recuperação judicial na Lei 11.101/2005. 2) Empresário - art. 966 do Código Civil. O empresário é uma pessoa individual. Duas ou mais pessoas podem ser sócias de uma sociedade empresária. A empresa é a atividade econômica desenvolvida. A responsabilidade do empresário é ilimitada, não há limitação de responsabilidade. Conceito de empresário: é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada a produção ou circulação de bens ou de serviços. Sendo assim, empresário é aquele que exerce: - Profissionalmente - Atividade econômica - Organizada: é aquela atividade que tem seu capital, tecnologia, mão de obra e seus insumos (material). - Produção/circulação - Bens/serviços - Habitualidade - Lucrativo Para que o indivíduo seja considerado empresário, é necessário que o mesmo pratique a atividade com habitualidade e caráter lucrativo. 3) Profissional intelectual - art. 966, parágrafo único, do Código Civil. Caso seja profissional intelectual, mesmo que abranja as características anteriores do conceito de empresário, não será considerado empresário. O artigo 966, parágrafo único, do CC, conceitua o profissional intelectual de acordo com a sua natureza, seja ela uma natureza: - Científica - Artística - Literária

Esses profissionais não são considerados empresários, pois são profissionais intelectuais. Além disso, podem, inclusive, ter auxiliares, funcionários, mas ainda assim não são considerados empresários. Porém, se houver elementos de empresa, que, em regra, ultrapassem o caráter intelectual da atividade/preponderem sobre a intelectualidade, o profissional intelectual será considerado empresário. Exemplo: médico veterinário que oferece diversos serviços em seu pet shop, como hotelzinho e spa para os animais. Conclusão: o profissional intelectual não é considerado empresário, salvo se houver elemento de empresa. 4) Registro do empresário - Art. 967 do Código Civil. O empresário é obrigado ao registro, e antes do início da atividade. Esse registro deve ser feito na Junta Comercial, que é o mesmo que Registro Público de Empresas Mercantis. Mas, e no caso do indivíduo que exerce atividade empresária, mas não é registrado? Será ele considerado empresário? Sim. Esse indivíduo será considerado empresário, ainda que não esteja registrado e não esteja regular, mas será um empresário temporariamente irregular. Importante: a) Empresário irregular pode falir. b) Empresário irregular não pode pedir recuperação judicial. O empresário, mesmo que irregular, pode falir, pois a Lei de Falência não faz essa restrição. Porém, ele não pedir recuperação judicial, pois essa exige que o empresário esteja regular (registrado) há mais de 2 (dois) anos. c) Empresário irregular não pode pedir a falência de outro empresário. 5) Empresário Rural - Art. 970 e art. 971 do Código Civil. O registro do empresário rural é facultativo, não é obrigatório. Caso esse empresário faça a opção do registro, ele se equipara ao empresário - ocorre a equiparação. Porém, ainda que haja a equiparação, o tratamento legal será: - Simplificado; - Diferenciado; - Favorecido.

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Esse tratamento simplificado, diferenciado e favorecido também se aplica ao pequeno empresário. 6) Capacidade e impedimentos ao empresário - Art. 972 ao 975 do Código Civil a) Capacidade - Para ser empresário, deve-se ter capacidade civil. - A capacidade civil no nosso ordenamento jurídico se dá aos 18 (dezoito) anos completos ou aos 16 (dezesseis) anos quando o indivíduo é emancipado. - O menor (não emancipado) não poderá iniciar a atividade empresarial, mas poderá continuar a atividade empresarial, desde que assistido ou representado + autorização judicial + alvará (ressalva patrimonial dos bens anteriores já possuídos pelo menor). Exemplo: o pai do menor, empresário, capaz, com vários funcionários no ramo de bebidas, falece e só deixa o filho de 10 (dez) anos de idade. O menor será assistido ou representado por indivíduo capaz, que vai até o juiz pedir a autorização para continuar a exercer a atividade judicial. Caso autorize, o juiz irá emitir um alvará. Nesse alvará judicial irão constar os bens que o menor já possuía, para que esses bens não se misturem com a atividade empresarial. É como se fosse um patrimônio de afetação, em que esse patrimônio anterior estará protegido da atividade empresarial. a) Impedimentos - Impedimentos: impedimentos legais para ser empresário (empresário individual). A lei está proibindo indivíduos de serem empresários. Em regra, quem está impedido de ser empresário?. Servidores públicos. Delegados. Magistrados. Promotores. Militares. Defensores Públicos - Os funcionários públicos: a) Podem ser sócios ou acionistas. Não há impedimentos para que tais sujeitos sejam acionistas ou mesmo sócios de S/A, sociedade limitada. b) Não podem ser o sócio administrador, ou ser o acionista diretor, controlador.

- O menor não poderá começar a atividade empresarial como empresário (individual), salvo na condição de SÓCIO. O menor pode começar como sócio, desde que: Não seja o administrador; O capital social esteja totalmente integralizado. - Hipótese de incapacidade superveniente: Caso do empresário que, até então capaz, se tornou incapaz por algum motivo. Esse empresário incapaz poderá continuar a atividade, desde que assistido ou representado + autorização judicial + alvará (ressalva patrimonial dos bens anteriores já possuídos pelo menor). - Caso o funcionário público exerça a atividade empresária, ele será considerado empresário irregular (está contra a lei). E, ainda que impedido, se firmar obrigações, responderá por elas, conforme o art. 973 do CC. - O funcionário público que já se aposentou pode ser empresário. - No caso de incapacidade superveniente de empresário, se o assistente ou representante tiverem impedimento legal (como por exemplo: ser funcionário público), ambos poderão nomear um ou mais gerentes. Ou seja, o assistente assiste ou representa, mas faz a nomeação de um ou mais gerentes, já que ele possui impedimento legal. 7) Alienação de imóvel empresarial - art. 978 do Código Civil Alienação de imóvel particular Em regra, no Código Civil, em seu art. 1647, inciso I, na alienação de imóvel, aqueles que são casados necessitam da autorização do outro cônjuge, é a outorga conjugal (outorga uxória), salvo em um regime: separação absoluta. Alienação de imóvel empresarial - art. 978, do Código Civil O empresário poderá alienar o imóvel empresarial sem a autorização conjugal (outorga uxória), independente do regime de bens. Estabelecimento Empresarial Estabelecimento Empresarial - artigos 1.142 a 1.149 do Código Civil. Matéria importante, que, inclusive, caiu no último concurso de Delegado Civil do Estado de Pernambuco. Essa matéria está tratada do artigo 1.142 ao artigo 1.149 do Código Civil.

Muitos chamam de estabelecimento comercial, outros de estabelecimento empresarial. O código trata como estabelecimento empresarial. Não confunda estabelecimento empresarial com o CNPJ, o contrato social, o empresário em si ou a sociedade empresária em si. São dois pontos totalmente distintos. Enquanto o empresário, a sociedade empresária e seus atos constitutivos estão ligados à pessoa jurídica, o estabelecimento empresarial é o complexo de bens. 1) Estabelecimento: é o complexo de bens, tanto bens materiais quanto bens imateriais. O empresário pode vender o estabelecimento, mas vender o estabelecimento não significa vender o CNPJ, nem fazer alteração contratual. O empresário faz a relação dos bens materiais e imateriais, e vende esses bens a um terceiro. É aquele famoso passa-se o ponto, em que se vende o estabelecimento, e, ali estão os bens móveis, o estoque, a marca, a patente, a clientela, enfim, tudo que poderá ser incluído dentro do estabelecimento empresarial. 2) Universalidade de fato: o Direito considera o complexo de bens, o estabelecimento empresarial, como uma universalidade de fato e não de direito. A massa falida e o espólio são universalidades de direito, são complexos de bens patrimoniais de direito, pois a lei prevê essas duas universalidades (espólio e massa falida) e determina como será o tratamento e a destinação de ambas. O espólio vai arrecadar os bens e distribuir entre os seus herdeiros e o cônjuge, e a massa falida vai arrecadar os bens, avaliá-los e vendê-los, para que então, com o recurso adquirido, pague os credores. Então, há o tratamento legal da arrecadação e do pagamento no caso da universalidade de direito. Já o estabelecimento é considerado uma universalidade de fato por ser o contrário à universalidade de direito, pois o empresário é quem define a destinação do estabelecimento, se ele irá aliená-lo, aumentá-lo, diminuí-lo, enfim, é o empresário ou a sociedade empresária que tem o comando sobre o estabelecimento, de modo a serem consideradas pela doutrina como uma universalidade de fato. A universalidade de fato é ponto comum de ser perguntado nas provas. Essa questão foi cobrada, inclusive, no último exame da OAB, que perguntava se o estabelecimento era considerado como universalidade de direito ou de fato, e se poderia ser vendido. Observe os exemplos de bens materiais e de bens imateriais: Bens materiais podem ser: estoque, veículo, móveis, etc.,... Bens imateriais podem ser: marca, patente, aviamento ( good will ), etc.,...

O bem imaterial dito como aviamento foi cobrado na prova de delegado do Estado de Pernambuco. Muitos gostam de chamar o aviamento de goodwill, palavra americana, que significa algo muito simples: é a potencialidade do negócio. Para lembrar o significado de aviamento, o professor gostar de falar em aviamento como ave, um pássaro que voa com o seu potencial de sair da terra e ir para os ares. É a potencialidade do negócio em gerar lucro, riqueza. E, muitas vezes, o aviamento vale mais que todos esses outros bens. Como exemplo pode-se citar um aplicativo que busca descontos na internet e pode ser usado no computador ou no celular. Ao se colar o nome de um produto, como um celular iphone 7, esse aplicativo apresenta lojas que tenham ótima qualificação pelos consumidores, melhor preço, prazo de entrega e comentários que avaliem a qualidade desse empreendimento. Esse aplicativo foi criado por dez mil reais, só que em um ano milhões de pessoas estão utilizando-o, e, o quê vale mesmo é o aviamento, pois, quem comprá-lo, está comprando algo com um potencial muito grande. Outro exemplo recente é o canal UFC, que apresenta lutas em várias modalidades. Dois irmãos americanos compraram o canal por dois milhões de dólares, e venderam o mesmo para um grupo chinês por quatro bilhões de dólares. Nesse caso, certamente o aviamento está presente, pois há a potencialidade desse negócio crescer ainda mais. Sendo assim, quando o empresário, com o seu estabelecimento empresarial, o seu negócio, deseja vendê-lo, ele passa o ponto, que é uma universalidade de fato. E, não se esqueça: a venda do estabelecimento, a sua alienação, se chama trespasse. 3) Venda: trespasse. A alienação (venda) do estabelecimento empresarial se chama trespasse. As questões geralmente cobradas sobre estabelecimento estão ligadas ao trespasse, que é a essa venda do estabelecimento empresarial. Ao se comprar um estabelecimento, o indivíduo adquire também a marca, o estoque, os veículos, os móveis, o aviamento (potencialidade do negócio), etc.,... 4) Autorização dos credores - art. 1.145 do Código Civil. No trespasse há aquele que vende (empresário alienante) e há aquele que compra (empresário adquirente). Vamos exemplificar com uma data hipotética: o negócio ocorreu em 23/05/2016. Aquele que vende (empresário alienante) não precisa pedir autorização aos seus credores para efetuar o trespasse, desde que seja solvente. Caso ele seja insolvente, será necessária a autorização dos credores. Essa autorização ocorre através de uma notificação aos credores que informa acerca da intenção de realizar o trespasse, e o credor terá até 30 (trinta)

dias para responder de forma expressa ou tácita quanto à concordância ou não em relação ao trespasse. Então a regra é simples: Se o alienante é solvente ele não precisa (-) da autorização dos credores para efetuar o trespasse. Se o alienante é insolvente ele precisa (+) da autorização dos credores para efetuar o trespasse, e deve fazer a notificação ao credor, que tem o prazo de 30 (trinta) dias para resposta, que pode ser expressa ou tácita. 5) Concorrência - art. 1.1147 do Código Civil. O alienante, ao vender o estabelecimento, sai do mesmo, e dá lugar ao adquirente, que é quem entra no estabelecimento, quem vai tocar o negócio. Para não criar injustiças em relação à concorrência, há uma regra: o alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente nos 5 (cinco) anos seguintes ao trespasse, salvo estipulação em contrário, desde que expressa. 6) Responsabilidade Adquirente e Responsabilidade Alienante: Depois de realizado o trespasse, se dará a entrada do adquirente, que recebe o bônus, vai pegar o ativo, a marca, a patente, o aviamento, os bens móveis, etc.,... Mas, também pega o ônus, as dívidas. Segundo o artigo 1.146 do Código Civil, o adquirente responderá pelas dívidas contabilizadas. As dívidas contabilizadas significam aquelas dívidas que são documentadas, apresentadas ao adquirente, e não dívidas ocultas, como no caso de retirada por fora, pagamento por fora, obrigações não documentadas, etc.,... Pois, nesse caso, o adquirente não responderá por elas. Para a sua prova, é importante você gravar essa palavra: contabilizadas. Quem entra, entra respondendo pelas dívidas contabilizadas. O alienante, que é quem saiu, fica solidariamente responsável com o adquirente pelo prazo de 1 (um) ano. Ele fica 1 (um) ano solidariamente responsável, para evitar, muitas vezes, fraude. Outro detalhe importante é como contar esse prazo de 1 (um) ano, que deve ser contado dependendo da dívida. Se a dívida já está vencida a contagem de 1 (um) ano se fará a partir da publicação do trespasse. Se a dívida é vincenda a contagem de 1 (um) ano não se conta da publicação, e sim do vencimento. Ou seja, se vencida conta-se da publicação, se vincenda conta-se do vencimento. 7) O trespasse deve ser registrado na junta comercial e publicado no Diário Oficial:

Esse fato ocorre para dar publicidade a terceiros. Muito simples: fizemos o negócio, sai o alienante e entra o adquirente. Então, lembre que, nesse caso, faz-se o registro do contrato de trespasse na junta comercial e publica-se no Diário Oficial para então dar publicidade a terceiros. E, não se esqueça: em se tratando de micro e pequena empresa, é necessário registro na junta comercial, mas não há necessidade de publicação no Diário Oficial ou jornal de grande circulação. Há mais dois pontos importantes para acabarmos a questão do estabelecimento: os contratos e o pagamento do devedor. 8) Contratos: adquirente sub-roga nos contratos. Como há a venda do estabelecimento, o trespasse, há vários contratos que ainda estão ativos. Há uma regra no trespasse: ao ser realizado, sai o alienante, entra o adquirente, e o adquirente sub-roga nos contratos. Essa é a regra, salvo quanto aos contratos de caráter pessoal, aqueles contratos que tem uma pessoalidade muito grande, como um contrato com advogado. Nesses contratos de caráter pessoal não há sub-rogação. Entendimento da doutrina quanto aos contratos de locação: apesar de divergências doutrinárias, a regra é que, havendo o trespasse, o adquirente também sub-roga no contrato de locação, mesmo havendo no contrato de locação cláusula que proíba sublocação, etc.,... 9) Pagamento do devedor Aquele que deve o estabelecimento deve fazer o pagamento, e, depois de realizado o trespasse, o pagamento deverá ser feito ao adquirente, em que o pagamento feito ao adquirente considera-se quitado. O problema é quando o devedor paga ao alienante após o trespasse, no caso em que ele não sabe do trespasse. Nesse caso, há um terceiro devedor de boa fé, que paga ao alienante, e, o alienante, que tinha a obrigação de não aceitar o pagamento, o aceita, de modo a gerar um prejuízo ao adquirente. Nesse caso, não incide a regra de pagou mal, paga duas vezes. Sendo um terceiro devedor de boa fé que efetua o pagamento mesmo que errado ao alienante, é considerada quitada a dívida, e, caberá ao adquirente pleitear junto ao alienante o devido ressarcimento. Encerramos a parte de estabelecimento. Contatos do professor:

Facebook - José Humberto Souto Júnior Instagram - josehumbertosjr Empresa Sociedade Até então, quando o professor mencionou o empresário, ele se referiu ao empresário individual. Quando se fala em sociedade, há duas ou mais pessoas, em regra, que são os sócios. Quem faz parte da sociedade são os sócios, mas a sociedade em si é outra pessoa, é a pessoa jurídica. 1) Pluralidade de sócios: 2 (dois) ou mais sócios. Essa informação é importante para ser memorizada. Exceção: - Subsidiária integral, presente no artigo 251 da Lei de S/A (sociedade anônima), em que o proprietário deve ser uma sociedade nacional. Exemplo: Transpetro, que é uma subsidiária integral da Petrobrás e presta serviço exclusivamente para ela, que é a sua sócia unitária, unipessoal. - Empresa pública, que tem como único sócio a União Federal, o governo (o único dono/ proprietário é o governo). Exemplos: Caixa Econômica Federal e Empresa de Correios e Telégrafos. O segundo ponto importante é em relação à sociedade entre os cônjuges. 2) Sociedade entre cônjuges - art. 977 do Código Civil. A regra é que os cônjuges podem ser sócios entre si e com terceiros, ou seja, podem ser sócios de uma sociedade e podem chamar mais pessoas para serem sócias. São vedados pelo Código Civil, entretanto, dois regimes de casamento: ou a comunhão universal de bens ou a separação obrigatória de bens, que é aquele regime a partir dos 70 (setenta) anos de idade. Então, para a prova, atenção ao artigo 977 do Código Civil, que permite a sociedade entre cônjuges, salvo no regime da comunhão universal de bens ou da separação obrigatória de bens.

No caso da comunhão parcial de bens, da participação final nos aquestos, separação absoluta,... Os cônjuges podem ser sócios, o quê não pode é o regime de separação obrigatória. 3) Operações societárias - Artigos 267 a 269 da Lei 6.404/76. Há sociedades que decidem fazer essas operações para crescer, para atingir o mercado de forma mais eficaz, mais produtiva, e para elevar os seus gastos. E, nas operações societárias, deve-se colocar como artigos para a prova o 267 a 269 da Lei de S/A (Lei 6.404/76). São operações societárias: a) Fusão: exemplo - sociedade A e sociedade B são distintas e independentes. Elas decidem fazer a fusão, e surge uma nova sociedade que é a C. A e B deixam de existir, e surge C. Para isso, as obrigações e os ativos de A e de B se concentrarão em C, em que a nova sociedade assume o bônus e o ônus. É simples, devemos apenas lembrar que as duas vão se fundir, e que a fusão gera uma nova sociedade. b) Incorporação: exemplo - sociedade A e sociedade B são distintas e independentes. A vai absorver/incorporar B, vai trazer B para dentro de si, vai engolir B, e B deixa de existir. A que já existia, continua existindo, só que agora maior. Nesse caso, as dívidas, os ativos e o passivo de B serão assumidos por A. c) Cisão: lembre-se da divisão. A cisão pode ser total ou parcial. Cisão total: exemplo - sociedade A decide acabar e dá origem à B e C. Surgem duas novas sociedades, e A deixa de existir. Nesse caso, as duas novas sociedades irão distribuir o ativo e o passivo, isso é, qual ativo e passivo irá para uma, e qual ativo e passivo irá para a outra. Cisão parcial: exemplo - sociedade A não deixa de existir, mas pegará um pedaço dela, uma perna, que dará origem a uma nova sociedade B. Ocorre que A continua existindo, está ativa, e, nesse caso, a nova sociedade B receberá uma parcela de ativos e passivos. Resumindo: na cisão total, a sociedade acaba para originar novas sociedades. Na cisão parcial, a sociedade continua, A ainda existe, mas um pedaço dela foi divida e transformada em uma nova sociedade. d) Transformação: Gera a mudança do objeto de uma sociedade para outra: era em um determinado ramo e se transforma em outro tipo de sociedade. O quê cai efetivamente na prova é fusão, incorporação e cisão. Grave para sua prova, matéria importantíssima.

Exemplos acerca do assunto: Tem-se A + B e B acabou porque A ficou maior. A já existia, engoliu B e ficou maior. Há uma operação de Incorporação. A existia, mas A deixa de existir, e dá origem à B e à C. Então, como A deixou de existir, houve uma Cisão. 4) Sociedade Nacional - Art. 1.124 do Código Civil. Nesse assunto, há dois requisitos importantes para sabermos para a prova, são eles: Sede de administração no Brasil; Constituída pela lei nacional. 5) Sociedade Estrangeira - Art. 1.136 do Código Civil. A sociedade estrangeira necessita de autorização do poder executivo para funcionar no país; Ela atuará em nosso país mediante as suas filiais. Assim, a sociedade estrangeira vai se estabelecer através de autorização do poder executivo, mediante a instalação de suas filiais, não sendo proibido que ela participe da parte de acionistas em uma determinada sociedade anônima. Não há essa vedação. 6) Sociedades Simples ou Sociedades Empresárias - Art. 982 do Código Civil. É um dos pontos mais importantes no direito societário, pois, se o aluno não entende essa questão ele vai carregar uma dificuldade para toda a parte societária. Nunca se esqueça: em se tratando de sociedade no Brasil, ou a sociedade é empresária ou a sociedade é simples. O artigo 982 do CC diz que as sociedades são empresárias ou simples, mas, há uma regra absoluta: cooperativa é sempre simples, e sociedade por ações é sempre empresária. A sociedade anônima é um tipo de sociedade por ações, e ela será sempre mercantil, empresária, independente do objeto. Cai isso em prova. Sociedade Empresária: Sociedade por ações, exemplo: sociedade anônima, S/A. Exemplos: Sociedade limitada, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita.

Sociedade Simples Cooperativa. Exemplos: sociedade limitada, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita. Mas, se o exemplo de uma pode ser o exemplo da outra, como saberemos a diferença entre ambas? A regra vai pelo objeto, em que iremos diferenciar se uma sociedade é empresária ou simples pelo seu objeto. Lembre-se que na nossa primeira aula, o professor disse que empresário é o do artigo 966 do CC, que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços. No parágrafo único do artigo 966 do CC há o profissional intelectual de natureza científica, artística e literária, que não é considerado empresário, mesmo que tenha colaboradores. Isso quer dizer que, caso duas ou mais pessoas se unam e constituam sociedade, deve-se olhar o objeto, se é objeto de empresário, ou se é objeto de profissional intelectual. Exemplo: sociedade de compra e venda de veículos: o objeto é empresarial. Sociedade de confecção de roupas: o objeto é empresarial. Sociedade de engenheiros: profissional intelectual. Sociedade de pintores: natureza artística. Então, a nossa distinção será entre: O objeto empresarial do art. 966 do CC. O objeto não empresarial do art. 966, parágrafo único, do CC. Mas, e no caso de sociedade de engenheiros que trabalha com a construção de imóveis, a sociedade é empresarial? É uma sociedade de profissionais intelectuais (engenheiros) que tem natureza científica, tem funcionários, mas lembre, nesse caso, há um objeto que não é voltado único e exclusivamente para a intelectualidade. É um ramo empresarial que é a construção de imóveis. Assim, ainda que seja intelectual, há um elemento empresarial de compra e venda dos empreendimentos que são construídos, então cai na exceção e é um objeto empresarial. No caso das sociedades de advogados, muitos entendem que ela seria simples, pois é uma sociedade de profissionais intelectuais de natureza científica. Mas, muitos consideram que não seja nem simples e nem empresária, mas um tipo atípico de sociedade. Registro - Sociedade Empresária Registro na Junta Comercial do Estado que está estabelecida, como por exemplo, se está estabelecida no Pará, o registro deve ser feito na Junta Comercial do Pará.

O registro na Junta Comercial é de empresário ou de sociedade empresária. Registro - Sociedade Simples Registro no Cartório Civil das Pessoas Jurídicas. Atenção para a exceção: Cooperativa. Mesmo sempre sendo simples, o seu registro será na Junta Comercial. Essa é uma exceção, pegadinha, que pode cair na prova. Questão pegadinha: sociedade anônima de pintores é simples ou empresária? Sociedade anônima é sociedade por ações, e sociedade por ações é sempre empresária. Então não tem conversa, sociedade anônima de pintores é sociedade empresária. 7) Personalidade jurídica da sociedade - art. 985 do Código Civil. A sociedade adquire personalidade jurídica com o seu registro, com a sua inscrição. Então quando tem personalidade jurídica, a sociedade tem: Autonomia patrimonial; Titularidade negocial; Titularidade processual. Isso significa que, ao constituir uma sociedade, os sócios levam o contrato à registro e, ao registrar, nasce a sociedade e ela é independente dos sócios. O patrimônio agora é da sociedade, é ela que compra e vende, é ela que abre a conta no banco pelo seu CNPJ, é ela que processa ou é processada. Sócio, acionista, faz parte, mas não é titular. Assim, é importante sabermos que a personalidade jurídica vem com o registro, e o Código Civil separou sociedade que não se registrou da sociedade que está registrada, isso é, o CC separou sociedade que tem personalidade jurídica de sociedade que não tem personalidade jurídica. Esse assunto será trabalhado em nosso próximo bloco, e ele despenca nas provas.