Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências. Avaliação de Tecnologias em Saúde

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Transcrição:

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências Avaliação de Tecnologias em Saúde Sumário de Evidências e Recomendações para o uso do Disco Intervertebral Artificial no tratamento de Doença Degenerativa Discal Canoas, fevereiro 2007.

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências Coordenador: Dr. Alexandre Pagnoncelli (pagnon@terra.com.br ) Revisão da Literatura e Proposição da Recomendação Dr. Fernando Herz Wolff Dra. Michelle Lavinsky (mlavinsky@terra.com.br) Consultores Metodológicos Dr. Luis Eduardo Rohde Dra. Carísi Anne Polanczyk Médico Especialista - Consultor em Neurocirurgia Dr Albert Brasil Cronograma de Elaboração da Avaliação Reunião do Colégio de Auditores: escolha do tópico para avaliação e perguntas a serem respondidas. Início dos trabalhos de busca e avaliação da literatura. Análise dos trabalhos encontrados e elaboração do plano inicial de trabalho. Reunião da Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências para análise da literatura e criação da versão inicial da avaliação. Elaboração do protocolo inicial da Avaliação. Reunião da Câmara Técnica com Médico Especialista e Auditor para apresentação dos resultados e discussão. Revisão do formato final da avaliação: Câmara Técnica, Médico Especialista e Auditor. Encaminhamento da versão inicial das Recomendações para os Médicos Auditores e Cooperados. Apresentação do protocolo na reunião do Colégio de Auditores. Encaminhamento e disponibilização da versão final para os Médicos Auditores e Médicos Cooperados.

MÉTODO DE REVISÃO DA LITERATURA Estratégia de busca da literatura e resultados Busca de avaliações e recomendações referentes ao uso do Disco Intervertebral Artificial no tratamento de doenças discais degenerativas elaboradas por entidades internacionais reconhecidas em avaliação de tecnologias em saúde: National Institute for Clinical Excellence (NICE) Canadian Coordinating Office for Health Technology Assessment (CCOHTA) National Guideline Clearinghouse (NGC) Health Technology Assessment (HTA NHS) 1. Busca de revisões sistemáticas e meta-análises (PUBMED, Cochrane e Sumsearch). 2. Busca de ensaios clínicos randomizados (ECRs) que não estejam contemplados nas avaliações ou meta-análises identificadas anteriormente (PUBMED e Cochrane). Havendo meta-análises e ensaios clínicos, apenas estes estudos serão contemplados. Na ausência de ensaios clínicos randomizados, busca e avaliação da melhor evidência disponível: estudos não-randomizados ou não-controlados. 3. Identificação e avaliação de protocolos já realizados por comissões nacionais e dentro das UNIMEDs de cada cidade ou região. Serão considerados os estudos metodologicamente mais adequados a cada situação. Estudos pequenos já contemplados em revisões sistemáticas ou meta-análises não serão posteriormente citados separadamente, a menos que justificado. Apresentação da Recomendação: Descreve-se sumariamente a situação clínica, a tecnologia a ser estudada e a questão a ser respondida, discutem-se os principais achados dos estudos mais relevantes e com base nestes achados seguem-se as recomendações específicas. Quando necessários são anexados classificações ou escalas relevantes para utilização mais prática das recomendações. Para cada recomendação, será descrito o nível de evidência que suporta a recomendação, conforme a tabela abaixo: Graus de Recomendação A Resultados derivados de múltiplos ensaios clínicos randomizados ou de meta-análises ou revisões sistemáticas B C Resultados derivados de um único ensaio clínico randomizado, ou de estudos controlados nãorandomizados Recomendações baseadas em séries de casos ou diretrizes baseadas na opinião de especialistas.

1. Condição Clínica: Doença Degenerativa Discal Dor lombar é uma condição extremamente comum que afeta até 20% da população americana. A doença degenerativa discal (DDD) é a causa mais comum de dor lombar. A coluna lombar é desenhada para promover a mobilidade do tronco, mecanismos de suporte para o corpo e proteção para elementos neurais. O disco intervertebral se torna fonte de dor comumente referida como dor discogênica sendo resultado da degeneração do disco. As alterações morfológicas envolvem a desidratação do núcleo pulposo com formação de fendas e fissuras, desorganização das fibras de colágeno do anel fibroso com degeneração mixomatosa e esclerose associadas. Em estágios mais tardios o núcleo pulposo e o anel fibroso tornam-se indistinguíveis e o disco intervertebral perde elasticidade. Há uma redução na habilidade do disco em atenuar choques e distribuir o estresse. O fenômeno de incompetência do disco transfere a carga para as facetas articulares podendo levar a degeneração das mesmas 2. A DDD é considerada como a inabilidade da capacidade reparativa do disco de se manter saudável quando exposto aos trauma que ocorre nas atividades cotidianas. Pode ser acompanhada de estenose espinhal, um estreitamento da coluna espinhal que pode causar compressão nervosa, e espondilolistese, disco vertebral mal posicionado 1. Tratamentos não cirúrgicos são considerados a primeira escolha para pacientes com dor lombar associada com DDD. Esses tratamentos incluem fisioterapia, massagem e manipulação. Apesar de alguns estudos controlados demonstrarem que essas modalidades são efetivas, em muitos pacientes a resposta não é adequada. A fusão é o tratamento cirúrgico considerado padrão para DDD que não é responsiva a outros tratamentos. A eliminação da mobilidade através do espaço discal e a redução da carga no tecido discal teoricamente resultam em alívio da dor. As evidências sobre a eficácia da fusão no tratamento de DDD são controversas deixando incerta a validade da cirurgia da fusão lombar como controle para o a substituição total de disco intervertebral 1. 2. Disco Interverbral Artificial Os discos artificiais são desenhados para substituir a função dos discos naturais incluindo a mobilidade, transmissão e absorção de impacto. Há disponibilidade de vários produtos para substituição discal total incluindo o Charité, ProDisc, Maverick, Arcoflex e Flexicore. A maioria apresenta desenho similar com duas extremidades metálicas separadas por estrutura interna desenhada para simular as propriedades mecânicas do núcleo pulposo (Figura 1) 4. A técnica cirúrgica para substituição total do disco intervertebral (STDI) usando o disco artificial pode variar. Geralmente o acesso retroperitoneal anterior é usado através de uma pequena incisão abaixo da cicatriz umbilical. Uma vez que o disco é visualizado é parcialmente ou totalmente excisado (dependendo da prótese utilizada) 3. O disco Charité III tem duas extremidades de cobalto que são inseridas inicialmente para restaurar a altura vertebral. Entre as extremidades uma camada de alto peso molecular é inserida. Os ligamentos espinais são deixados in situ para manter a força de compressão na unidade vertebral e para ajudar a manter a estabilidade do implante. A substituição pode ser feita em um único disco ou em vários níveis durante a mesma cirurgia. A STDI é um tratamento cirúrgico alternativo a fusão lombar direcionado para DDD não responsiva a tratamento clínico por 6 meses, sem instabilidade espinhal (causado

por espondilolistese, fratura ou tumor), osteoporose, cirurgia espinhal prévia, artrite nas facetas articulares ou infecção espinhal. As vantagens teóricas da substituição de disco intervertebral comparada à fusão espinhal são as seguintes: Manutenção da mobilidade da unidade funcional espinhal; Manutenção da mobilidade de discos adjacentes podendo atrasar o início de alterações degenerativas nos níveis adjacentes; As fontes de substâncias auto-imunes e inflamatórias podem ser removidas juntamente com o disco doente; Resultados insatisfatórios de fusão lombar como pseudoartrose e complicações na área doadora seriam evitadas 3. Figura 1. Disco Charité composto de duas extremidades de cromo interpostas por uma estrutura de polietileno de alto peso molecular 4. 3. Objetivo da Recomendação Revisar as evidências científicas na literatura sobre o benefício associado ao uso do Disco Intervertebral Artificial no tratamento de DDD. 4. Resultados da Busca da Literatura 4.1 Avaliações de Tecnologia em Saúde e diretrizes nacionais e internacionais - NICE: uma avaliação de 2004 sobre o uso de disco protético intervertebral 3 ; - Technology Evaluation Center: uma avaliação de 2005 1 ; - CADTH, HTA: não localizadas avaliações específicas; - Diretrizes internacionais: não localizadas;

- Diretrizes nacionais: não localizadas; 4.2 Meta-análises e Revisões Sistemáticas: 2 revisões sistemáticas 5,6 ; 4.3 Ensaios Clínicos Randomizados (ECRs): 5 localizados; 4.4 Séries de Casos: ver abaixo..5. Síntese dos Estudos 5.1 Avaliações de Tecnologia em Saúde e diretrizes nacionais e internacionais Em 2004 o NICE publicou avaliação de tecnologia sobre o uso do disco intervertebral artificial como alternativa a procedimentos consagrados como discectomia ou fusão interverterbral. Os autores concluíram que as evidências de segurança e eficácia parecem adequadas para embasar o uso desse procedimento. Entretanto, há poucas evidências sobre os desfechos além de 2-3 anos sendo importante a obtenção de dados em longo prazo. Recomendam que os profissionais que usarem essa tecnologia orientem seus pacientes sobre a incerteza a respeito da eficácia do procedimento em longo prazo fornecendo informações claras por escrito 3. Em 2005 o Technology Evaluation Center publicou uma avaliação de tecnologia sobre o uso do disco intervertebral artificial na DDD. Os autores concluem que a evidência disponível é insuficiente para estabelecer a eficácia do procedimento ou se há beneficio semelhante aos tratamentos alternativos estabelecidos. O único ensaio clínico disponível apresenta problemas metodológicos que dificultam a interpretação dos resultados 1. 5.2 Revisões Sistemáticas Freeman et al em 2006 5 revisaram as evidências disponíveis de forma sistemática sobre a STDI. Localizaram 2 ensaios clínicos randomizados, 7 estudos de coorte prospectivos, 11 estudos de coorte retrospectivos e 8 séries de casos. Para doença degenerativa em L4/5 ou L5/S1, os desfechos clínicos e a incidência de complicações maiores após a STDI com o disco Charité foram consideradas equivalentes as observadas após cirurgia de fusão lombar anterior em 2 anos de seguimento. Entretanto, apenas 57% dos pacientes submetidos a STDI e 46% submetidos a artrodese atingiram os 4 critérios de sucesso. A variação de flexão/extensão foi restabelecida e mantida como disco artificial Charité. O papel da STDI no tratamento de DDD em 2 ou 3 níveis permanece sem embasamento científico. Até o momento, não há estudos que demonstrem que a STDI seja superior a fusão lombar em termos de desfechos clínicos. Os benefícios e complicações em longo prazo ainda não são conhecidos. Os autores concluem que há necessidade de ensaios clínicos randomizados bem

desenhados antes que essa tecnologia seja aplicada de forma indiscriminada na prática clínica. Kleuver et al em 2003 6 publicaram uma revisão sistemática sobre o uso da STDI em pacientes com dor lombar crônica. Os autores não encontraram estudos controlados e descreveram um total de 564 artoplastias em 411 pacientes. As próteses utilizadas foram Charité em 8 estudos e Acroflex em 1 estudo. Os resultados foram classificados como excelentes ou bons em 50 a 81%. Complicações foram observadas em 3 a 50% dos pacientes. Os autores concluem que apesar da tecnologia estar sendo usada há cerca de 15 anos, não há dados até o momento do estudo que permitam avaliar adequadamente a performance do disco artificial. Dessa forma seu uso deve ser considerado em procedimentos experimentais e apenas em estudos clínicos. 5.3 Ensaio Clínico Randomizado (ECR) McAfee et al em 2003 7 publicaram um ECR envolvendo 60 pacientes com dor discogência em único nível confirmada por radiografia, ressonância nuclear magnética e discografia provocativa para DDD. Os pacientes foram randomizados para substituição total de disco lombar com o disco artificial CHARITÉ ou fusão lombar anterior. A duração da cirurgia foi em média 88,4 minutos em ambos os grupos. A duração da hospitalização foi de em média 3,03 dias. O Índice de Incapacidade de Oswestry (ODI) no grupo controle foi 45,9 antes da cirurgia e 23,5 após o seguimento (P<0,001). O ODI correspondente para os pacientes que receberam o disco artificial foi de 50 antes da cirurgia e 25 após o seguimento (P<0,001). Os autores concluem que esse foi o primeiro estudo que demonstrou resultados de sucesso comparáveis a cirurgia de descompressão de estenose espinhal lombar. Comentário: Os autores não apresentam resultados comparando os resultados das duas intervenções. Blumenthal et al em 2005 4 publicaram um ECR multicêntrico regulado pelo FDA avaliando a segurança e efetividade da STDI com o disco artificial Charité versus fusão lombar anterior para o tratamento de DDD em único nível entre L4-S1 não responsiva a 6 meses de tratamento clínico. Trezentos e quatro pacientes incluídos no estudo de 14 centros dos Estados Unidos foram randomizados para receber disco artificial (n=205) ou cirurgia de fusão lombar anterior (n=99). Os pacientes tinham entre 18 e 60 anos. Os desfechos avaliados foram Escala Análogo Visual de dor lombar (VAS), Índice de Incapacidade de Oswestry (ODI) e Escala SF-36 de qualidade de vida aferidos no pré-operatório, 6 semanas, 3, 6, 12 e 24 meses após a cirurgia. A resposta clínica foi considerada bem sucedida se 4 critérios fossem cumpridos: mais de 25% de melhora no ODI aos 24 meses comparado com o escore pré-operatório, ausência de falha da prótese, ausência de complicações maiores e ausência de deterioração neurológica comparado a apresentação pré-operatória. Não houve diferença entre os grupos em termos de duração cirúrgica (110,8 minutos versus 114 min no grupo controle; P=0,6), perda sanguínea (205 ml versus 208,9 ml

no grupo controle; P=0,8). O período de hospitalização foi menor no grupo do disco artificial (média de 3,7 dias versus 4,2 dias no grupo controle, P=0,003). Os 4 critérios para sucesso clínico foram atingidos por 57,1% dos pacientes do grupo intervenção versus 46,5% no grupo controle (P<0,0001). Entre os pacientes que cumpriram os 24 meses de seguimento, o sucesso clínico ocorreu em 63,6% dos pacientes submetidos ao disco artificial versus 56,8% no grupo controle (P = 0,0004). As escalas ODI e VAS tinham escores equivalentes no pré-operatório. No seguimento houve melhora dos escores em ambos os grupos (P<0,05). Os pacientes do grupo do disco artificial apresentaram nível de melhora significativamente maior em ambos os escores quando comparados ao grupo controle em todos os pontos de seguimentos exceto aos 24 meses. Não houve diferença significativa em termos de complicações entre os dois grupos (P=0,32). Necessidade de re-operação, revisão ou remoção da prótese ocorreu em 11 (5,4%) dos pacientes do grupo intervenção e em 9 (9,1%) do grupo controle (P=0,44). Não houve mortalidade em ambos os grupos. Os autores concluem que ambas as técnicas demonstraram resultados clínicos equivalentes, tendo a substituição total de disco lombar com o disco artificial Charité apresentado melhoras clínicas precoces que se mantiveram durante os 24 meses de seguimento. Consideram, portanto, o disco artificial Charité seguro e efetivo para o tratamento de lesões lombares degenerativas em único nível como alternativa a fusão em pacientes devidamente selecionados. Comentário: A análise realizada não foi por intenção de tratar. Deve ser ressaltado que apesar da intervenção considerada como controle (fusão lombar anterior) ser considerada o tratamento cirúrgico padrão, ainda há dúvidas quanto a sua efetividade comparada a tratamentos alternativos não cirúrgicos. Um estudo para avaliar eficácia e segurança após 5 anos de seguimento está em andamento. McAfee et al em 2005 8 publicaram os resultados radiográficos do ensaio clínico regulado pelo FDA descrito acima. As radiografias eram analisadas considerando a variação na mobilidade da flexão/extensão e a restauração da altura do espaço discal. O posicionamento da prótese nos planos sagitais e coronais foi analisado em 276 pacientes. Após 24 meses de seguimento, os pacientes do grupo intervenção apresentaram uma média de 13,6% de aumento na variação da mobilidade da flexão/extensão enquanto os pacientes do grupo controle apresentaram uma redução média de 82,5%. Os pacientes que receberam o disco artificial tiveram melhor restauração da altura discal do que o grupo controle (P<0,05). A acurácia técnica do posicionamento do disco foi ideal em 83% (grupo I), subótimo em 11% (grupo II) e pobre em 6% (grupo III). Os escores médios do ODI aos 24 meses de seguimento foram melhores de acordo com o grau de acurácia de posicionamento do disco: grupo I, 24.1; grupo II, 30.3; grupo III, 36.3 (P<0,05). Os escores médios da escala análogo visual aos 24 meses também foram melhores de acordo com o grau de acurácia técnica de posicionamento da prótese: grupo I, 28.3; grupo II, 35.4; e grupo III, 48.4 (P = 0.016). A melhora da variação da mobilidade de flexão/extensão esteve relacionada com o posicionamento radiográfico acurado da prótese. O grupo que recebeu o disco Charité apresentou restabelecimento e manutenção da variação na mobilidade de flexão e extensão aos 24 meses após a cirurgia. Além isso,

apresentou melhor restabelecimento da altura discal comparado ao grupo controle. O posicionamento cirúrgico ideal esteve correlacionado com melhores desfechos clínicos. Geisler et al em 2004 9 publicaram os dados referentes as complicações neurológicas do ensaio clinico randomizado controlado pelo FDA comparando 205 pacientes submetidos a STDI com disco Charité com os submetidos a fusão lombar anterior. Não houve diferença no estado neurológico dos pacientes entre os dois grupos aos 6, 12 e 24 meses pós-operatórios. Os autores concluem que o disco artificial Charité não foi responsável por maior incidência de complicações neurológicas comparada com a cirurgia de fusão lombar. Delamater em 2003 10 publicaram os resultados precoces do ensaio clínico randomizado multicêntrico (18 centros americanos) controlado pelo FDA que comparou o a STDI usando o disco ProDisc com a cirurgia de fusão circunferencial para DDD em um ou dois níveis. Os desfechos avaliados foram dor (VAS), incapacidade (ODI) e achados radiográficos. As aferições foram feitas antes da cirurgia, na 6 a semana, 3, 6 e 12 meses pós-operatórios. Esse artigo incluiu os dados de seguimento até 6 meses dos primeiros 53 pacientes randomizados. Os pacientes submetidos à substituição discal (n=35) apresentaram redução da dor e incapacidade na avaliação precoce. Aos 6 meses não houve diferença na melhora das escalas VAS e ODI em ambos os grupos. Maior mobilidade foi encontrada em L4-L5 entre os pacientes submetidos a substituição discal quando comparados aos pacientes submetidos a cirurgia de fusão lombar (P<0,05). Comentário: Os resultados finais com seguimento completo dos pacientes ainda não foram publicados. McAfee et al em 2006 11 publicaram resultados referentes à incidência e causas de reintervenção cirúrgica observados em estudo americano multicêntrico regulado pelo FDA. Foram incluídos 688 pacientes sendo 99 controles submetidos à cirurgia de fusão lombar anterior e os demais submetidos à substituição total de disco lombar com o disco artificial CHARITÉ. Entre os pacientes que receberam o disco artificial 52 (8,8%) necessitaram reintervenção versus 10 (10,1%) no grupo controle (P=0,7). A necessidade de reintervenção se deu em média após 9,7 meses do procedimento. A remoção da prótese ocorreu em 1 paciente do grupo controle (1%) e em 24 (4,1%) pacientes do grupo intervenção. Vinte e quatro pacientes do grupo do disco artificial foram submetidos a um novo acesso retroperitoneal anterior sendo que 91,7% desses apresentando remoção bem sucedida da prótese. Um total de 29 pacientes (4,9%) no grupo do disco artificial necessitou de instrumentalização posterior versus 10 (10,1%) no grupo controle (P=0,056). Sete das 24 próteses que necessitaram remoção foram revisadas e trocadas por um novo disco artificial. O dano a vascular relacionado ao acesso cirúrgico ocorreu em 2 (2%) pacientes no grupo controle versus em 20 (3,4%) no grupo do disco artificial.

Série de Casos Fraser et al em 2004 12 avaliaram de forma prospectiva a STDI com a prótese ArcoFlex. Esse implante difere das próteses de baixa fricção como o Charité e o ProDisc já que é usado um elastômero para reproduzir a elasticidade do disco intervertebral humano normal. Foi realizado um estudo piloto com 28 pacientes com doença degenerativa sintomática em um ou dois níveis documentada em discografia. Vinte e quatro procedimentos foram desenvolvidos em único nível. O ODI melhorou de 49,3 para 34,4 após 24 meses de seguimento. Houve uma melhora em 5 dos oito itens do questionário de qualidade de vida SF-36. Complicações incluíram irritação neural, auto-fusão, expulsão anterior parcial, embolia pulmonar e ejaculação retrógrada. A descoberta de ruptura do disco com osteólise associada levou a interrupção do estudo e a retirada do ArcoFlex do mercado. Comentário: Esse estudo ilustra a necessidade de estudos com longo período de seguimento em todos os implantes dessa classe já que problemas com a prótese podem ocorrer em pós-operatórios tardios. Bertagnoli et al em 2005 13 publicaram uma série de 25 pacientes submetidos a substituição de disco em vários níveis usando o ProDisc ( 10 pacientes com substituição em 2 níveis e 15 pacientes com substituição em 3 níveis). O seguimento mínimo foi de 2 anos. A mediana do ODI diminui de 65% para 21% em 2 anos. Os valores da VAS foram reduzidos de 8.3 para 2.1 em 2 anos. Complicações incluíram extrusão anterior do componente de polietileno e ejaculação retrograda transitória. Bertagnoli et al em 2005 14 publicaram os resultados de uma série prospectiva de 118 pacientes submetidos a STDI com prótese ProDisc em pacientes dor lombar incapacitante em único nível. Os pacientes incluídos apresentavam idade entre 18 a 60 anos de idade, com dor incapacitante com ou sem dor radicular secundária a dor discogência em único nível de L3 a S1. Um total de 104 pacientes (88%) preencheu os critérios de inclusão. A mediana da idade foi de 47 anos. Ocorreu melhora estatisticamente significativas nos escores VAS, ODI e de satisfação do paciente nos primeiros 3 meses pós-operatórios que se manteve após 24 meses de seguimento Não foram necessárias cirurgias adicionais durante o período avaliado. Avaliações radiográficas revelaram aumento da altura do disco afetado de 4mm para 13 mm (P<0,001) e mobilidade do disco afetado de 3 o para 7 o (P<0,004). Huang et al em 2005 15 publicaram um estudo retrospectivo avaliando a relação entre a mobilidade espinhal entre pacientes submetidos a STDI e desfechos clínicos após 8,6 anos de seguimento. Trinta e oito pacientes foram submetidos a implante em 1 ou dois níveis com STDI. Os desfechos clínicos foram medidos após 8,6 anos através de escores modificados de Stauffer-Coventry, ODI e graduação subjetiva de dor lombar, dor em membro inferior e incapacidade. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com sua mobilidade (>5 o e < 5 o ). O coeficiente de correlação de Spearman revelou uma associação fraca a

moderada, mas significativa entre a mobilidade e dor lombar (r=-0,35, P=0,034), ODI (r=-0,33, P=0,046) e escore modificado de Stauffer-Coventry (r=0,42, P=0,0095). Os pacientes com mobilidade maior de 5 o tiveram desfechos superiores na escala de ODI (diferença média de 12.6 pontos, P=0,026) e nos escores de Stauffer-Coventry (diferença média de 2,2 pontos, P=0,015). Putzier et al em 2006 16 avaliaram retrospectivamente os desfechos clínicos e radiológicos de uma série de 71 pacientes com DDD moderada a severa submetidos a STDI com o disco Charité. Cinqüenta e três pacientes foram seguidos por 17 anos. A implantação do disco artificial Charité resultou em uma taxa de 60% de anquilose espontânea após 17 anos. Reintervenção foi necessária em 11% dos pacientes. Os autores concluem que não há dados, até o momento, que assegurem que os resultados em longo prazo da STDI sejam ao menos tão bons quanto os da cirurgia de fusão lombar. Zeegers et al em 1999 publicaram uma série de casos prospectiva envolvendo 50 pacientes submetidos à STDI com o tipo modular Charité SB III após 2 anos de seguimento. 70% dos pacientes apresentaram resultados clínicos satisfatórios. Análise de subgrupos revelou que pacientes com discopatia isolada sem cirurgias prévias ou outras patologias no mesmo nível ou em outro nível espinal tiveram maior benefício com a cirurgia. Doze pacientes necessitaram de reintervenção que foi bem sucedida em apenas 3 deles. A cirurgia em 1 dos pacientes teve que ser convertida para cirurgia de fusão lombar. 6 Benefícios esperados Desfechos Primordiais: o Não é esperado impacto em desfechos primordiais; Desfechos Secundários: o A cirurgia de substituição total de disco intervertebral com disco artificial apresentou resultados clínicos semelhantes à cirurgia de fusão lombar em curto e médio prazo; o Ausência de evidências de superioridade na maioria dos desfechos avaliados; o Ausência de avaliações de desfechos em longo prazo (maior de 2 anos).

7. Interpretação e Recomendações A cirurgia de substituição total de disco intervertebral com disco artificial é tecnologia emergente que tem eficácia em curto prazo pelo menos semelhante à terapia padrão consagrada por fusão lombar. Como se trata de estratégia de alto custo, sem evidência científica sólida de superioridade e segurança em longo prazo, no presente momento, recomendase que esta estratégia seja considerada procedimento experimental ou aplicada apenas a estudos clínicos no tratamento da doença degenerativa discal. Essa recomendação pode ser reavaliada com a publicação de novos estudos com desfechos clínicos relevantes e tempo de acompanhamento prolongado. Referências 1. Technology Evaluation Center. Artificial Vertebral Disc Replacement Assessment Program Volume 20, No. 1 April 2005. 2. Kulkarni AG, Diwan AD. Prosthetic Lumbar disc replacement for degenerative disc disease. Neurol India 2005;53:499-505 3. National Institute for Clinical Excellence. Prosthetic intervertebral disc replacement November 2004 ISBN: 1-84257-817-0. 4.Blumenthal S et al. A Prospective, Randomized, Multicenter Food and Drug dministration Investigational Device Exemptions Study of Lumbar Total Disc Replacement With the CHARITÉ Artificial Disc Versus Lumbar Fusion Part I: Evaluation of Clinical Outcomes. Spine 2005;30:1565 1575. 5. Freeman BJC et al. Total disc replacement in the lumbar spine: a systematic review of the literature. Eur Spine J (2006) 15 (Suppl. 3):S439 S447. 6. Kleuver M et al. Total disc replacement for chronic low back pain: background and a systematic review of the literature. Eur Spine J (2003) 12 :108 116. 7. McAfee PC et al. Experimental Design of Total Disk Replacement Experience with a Prospective Randomized Study of the SB Charite. Spine 2003;28: S153 S162 8. McAfee PC et al. A Prospective, Randomized, Multicenter Food and Drug Administration Investigational Device Exemption Study of Lumbar Total Disc Replacement With the CHARITÉ Artificial Disc Versus Lumbar Fusion Part II:

Evaluation of Radiographic Outcomes and Correlation of Surgical Technique Accuracy With Clinical Outcomes. Spine 2005;30:1576 1583. 9. Geisler FH et al. Neurological complications of lumbar artificial disc replacement and comparison of clinical results with those related to lumbar arthrodesis in the literature: results of a multicenter, prospective, randomized investigational device exemption study of Charite intervertebral disc. J Neurosurg Spine. 2004 Sep;1(2):143-54. 10. Delamarter RB et al. ProDisc Artificial Total Lumbar Disc Replacement: Introduction and Early Results from the United States Clinical Trial. Spine 2003;28: S167 S175. 11. McAfee PC et al. Revisability of the CHARITE Artificial Disc Replacement. Analysis of 688 Patients Enrolled in the U.S. IDE Study of the CHARITE Artificial Disc. Spine 2006;31:1217 1226. 12. Fraser R. et al. AcroFlex design and results. The Spine Journal 4 (2004) 245S 251S. 13. Bertagnoli R et al. The Treatment of Disabling Multilevel Lumbar Discogenic Low Back Pain With Total Disc Arthroplasty Utilizing the ProDisc Prosthesis A Prospective Study With 2-Year Minimum Follow-up. Spine 2005;30: 2192 2199. 14. Bertagnoli R et al. The Treatment of Disabling Single-Level Lumbar Discogenic Low Back Pain With Total Disc Arthroplasty Utilizing the Prodisc Prosthesis A Prospective Study With 2-Year Minimum Follow-up Spine 2005;30:2230 2236. 15. Huang RC et al. Correlation Between Range of Motion and Outcome After Lumbar Total Disc Replacement: 8.6-Year Follow-up. Spine 2005;30:1407 1411. 16. Putzier M et al. Charite total disc replacement clinical and radiographical results after an average follow-up of 17 years. Eur Spine J (2006) 15: 183 195.