Conversando sobre: Os Esquemas do Terapeuta e a Saúde do Cuidador Eliane M.O. Falcone Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social Universidade do Estado do Rio de Janeiro Estresse da condição de terapeuta Depressão (57%) Abuso de substâncias (11%) Burnout(33%) Ameaças a autoestima em ambiente de saúde multidisciplinar (rivalidades com colegas) Levar para casa angústias, tragédias, negligências, abusos, injustiças e crueldades sofridos pelo cliente Esgotamento pelo engajamento emocional com os pacientes Traumatização vicária no tratamento de trauma Proporção excessiva de pacientes difíceis Mahoney, 1998; Miller, 2004; Pereira & Jimenez, 2002 1
As reações do cliente como fontes de estresse para o terapeuta Suicídios ou tentativas de suicídios Comportamento agressivo ou hostil Depressão, desespero Intensa dependência Telefonar para a residência do terapeuta Comportamento sedutor Pagamento irregular Faltas e ou atrasos Relutância em sair após a sessão Demandas da TCC Ênfase no aqui-e-agora Sessões estruturadas e contínuas Foco na mudança através do desenvolvimento de habilidades (solução de problemas; reestruturação de pensamentos) Papel ativo por parte do terapeuta e do paciente Definição de metas Adesão às tarefas de auto-ajuda 2
Demandas da TCC e resistência do cliente Reestruturação de pensamentos automáticos distorcidos Ativação da crença de ser inadequado, vulnerável ou inepto Consequência: Desqualificação da técnica Solução de problemas frente a queixas frequentes Cliente carente de validação Consequência: Escalação das queixas Adesão às tarefas de autoajuda Cliente perfeccionista Consequência: adiamento ou não realização das tarefas Condições de trabalho Ameaças de suicídio, depressão, desespero etc. Quem ele pensa que é para me humilhar assim? (D/V) Eu deveria ter avaliado melhor o problema do paciente (PI) Esse paciente nunca vai melhorar (NP) Demandas da TCC Sou um fracasso como terapeuta (Fr) O paciente ainda está deprimido por minha causa (As) Resistência do cliente Ativação dos ESQUEMAS do terapeuta 3
TCC e resistência do paciente - Estudo N=58 TERAPEUTAS Os comportamentos resistentes de pacientes difíceis são estressantes para os terapeutas Terapeutas experientes mostraram-se mais capazes de manejar com os próprios sentimentos negativos, manifestaram pensamentos e comportamentos mais adequados a situação terapêutica e maior percentual de respostas apropriadas Percentual de respostas muito baixo (10%) na categoria de nível 1 (mais apropriadas na interação com pacientes difíceis) Terapeutas de orientação cognitivo-comportamental tornam-se mais estressados com pacientes difíceis em função das demandas da terapia versus a resistência desses pacientes Falcone& Azevedo, 2004 TCC, diretividade e estresse do terapeuta N= 62 psicólogos clínicos: 34 (TCC); 17 (Human.); 11 (Psican.) Inventário de Sintomas de Estresse(ISSL Lipp, 2000) apontou níveis superiores (embora não significativos) de estresse entre os terapeutas TCC. Questionário de situações clínicas estressantes(qsce Falcone& D Augustin, 2006) terapeutas TCC > situações estressantes do que os Humanistas (p<0,005) e > do que os Psicanalistas. Situações estressantes mais apontadas:aquelas que demandam uma quantidade extra de habilidades interpessoais do terapeuta Conclusão:A diretividadedo terapeuta parece ativar a resistência do cliente e os níveis de estresse do terapeuta, demandando mais habilidades do primeiro na terapia. Falcone& D Augustin, 2007 4
Diretividade versus Não Diretividade em terapia Equilíbrio entre os focos na mudança e na resistência do paciente Habilidades extras do Terapeuta Cognitivo-Comportamental Consequências positivas da condição de terapeuta Crescimento pessoal significativo Terapeutas mais velhos tendem a ser mais ativos nas sessões, menos angustiados pelas experiências emocionais dos clientes e mais habilidosos em confiar em seu conhecimento Terapeutas mais experientes tinham mais habilidades relacionais, eram mais autoconscientes, reflexivos, não defensivos, saudáveis e maduros. A autoconsciência dos terapeutas sobre as próprias emoções tiveram um impacto positivo sobre a acuidade em identificar as emoções do cliente Mahoney, 1998; Bennett-Levy & Thwaites, 2007 5
Cuidado Pessoal Ativo Busca de psicoterapia Interação com colegas (supervisão colaborativa) Ajustamento da quantidade e da gravidade de casos Diversificação das obrigações de trabalho (combinar atendimento, supervisão, ensino e pesquisa ) Atividades físicas, repouso e lazer Exercícios de redução do estresse entre as sessões Hobbies, música, arte e jogos Ter suporte e ser sustentador nos relacionamentos íntimos Obrigada!!! elianefalcone@uol.com.br 6
Referências Bischoff, M.M. & Tracey, T.J.G. (1995). Client resistance as predicted by therapist behavior. A study of sequential dependence. Journal of Counseling Psychology, 42, 487-495. Falcone, E.M.O. & Azevedo, V.S.(2006). Um estudo sobre a reação de terapeutas cognitivo- comportamentais frente à resistência de pacientes difíceis. Em E.F.M. Silvares (Org.). Atendimento psicológico em clínicas-escola. Campinas: Alínea. Falcone, E. M. O.& D Augustin, J.F. (2007). The influence of the professional context and the theorethical approach on the occupational stress of brazilian clinical psychologists. World Congress of Behavioural and Cognitive Therapy, Barcelona, 11 a 14 de julho de 2007. Falcone, E.M.F. (2006). A dor e a delícia de ser um terapeuta: considerações sobre o impacto da psicoterapia na pessoa do profissional de ajuda. Em H.J.Guilhardi& N.C. de Aguirre (Orgs.). Sobre comportamento e cognição. Expondo a variabilidade. Santo André: ESETec Editores. Jones, D. (1997). Stressesin cognitive-behavioural psychotherapists. In V.P. Varma(Ed.). Stress in psychotherapists. London & New York: Routledge. Mahoney, M.J. (1998). Processos humanos de mudança: as bases científicas da psicoterapia. Porto Alegre: Artmed. Miller, L. (2004). Psicoterapeutas traumatizados. In F.M. Dattilio& A. Freeman (Orgs.). Estratégias cognitivocomportamentais de intervenção em situações de crise. Porto Alegre: Artmed. Pereira, A.M.B. & Jiménez, B.M. (2002). O Burnoutem um grupo de psicólogos brasileiros. In A.M.T.B.Pereira(Org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo. 7