PRÁTICAS EDUCATIVAS PARENTAIS COMO DETERMINANTES DE ESQUEMAS DESADAPTATIVOS
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- Mônica Rico
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1 PRÁTICAS EDUCATIVAS PARENTAIS COMO DETERMINANTES DE ESQUEMAS DESADAPTATIVOS ODAIZA PADILHA MENA 1 JÚLIA PAULI SACCOL² PAULA ARGEMI CASSEL³ RESUMO Esta pesquisa possui o objetivo de refletir criticamente sobre a influência das práticas educativas parentais no desenvolvimento dos filhos a partir de revisão da literatura científica, adotada como método para este estudo, práticas educativas parentais se correlacionam com a formação de esquemas iniciais desadaptativos (EID) no indivíduo, demonstrando a importância sobre a reflexão acerca da temática apresentada. Concluiu-se que o papel exercido pelos cuidadores ao longo da infância e da adolescência, ou seja, o cumprimento das tarefas evolutivas, influenciará a personalidade do indivíduo, logo será determinante para a formação dos EID s e assim das estratégias de enfrentamento que cada indivíduo desenvolverá ao longo da vida. INTRODUÇÃO Os estilos parentais são um conjunto de atitudes dos pais em relação à criança, sendo essas interconectadas com os aspectos emocionais relacionais que se expressam diferentes práticas educativas (DARLING & STEINBERG, 1993). As práticas parentais são entendidas como comportamentos socializadores, como disciplina, apoio, e comportamentos interativos pais e criança, que se apresentam de forma variável entre diversas situações vivenciadas entre pais e filhos. Os estilos parentais, então, evidenciem ampla variedade de interações entre pais e filhos (KEITH & CHRISTENSEN, 1997). Nesse sentido, as relações entre os estilos e as atitudes e práticas parentais se correlacionam diretamente de forma a interferir na formação da personalidade e as atitudes e comportamentos específicos do indivíduo (YOUNG, 2003). Nesse ensejo, entende-se ainda que os estilos parentais são preditores fundamentais para o desenvolvimento da criança, dizendo respeito às práticas parentais e a interação paisfilhos, de modo que a integração da criança na sociedade fica a cargo dos pais, que devem levar em consideração as demandas externas ao mesmo tempo que procuram assegurar que a criança mantenha um senso de integridade pessoal (VALENTINI E ALCHIERI, 2009). Diferentes estilos parentais: o permissivo, o autoritário e o autoritativo são apontados na
2 literatura científica (BAUMRIND, 1966). Este trabalho tem por objetivo a conhecer a dinâmica de formação de esquemas desadaptativos, considerando as práticas educativas parentais, correlacionadas com estilos parentais. Assim, a compreensão realizada aqui possui fundamentação teórica na Terapia dos Esquemas (TE), que a formação dos esquemas iniciais, sejam adaptativos ou não. O temperamento do indivíduo é colocado mais em foco dentro da TE, sendo definido a partir das bases genéticas herdadas, que, desse modo, exercem influência direta na estruturação da personalidade. Assim, por existirem influências biológicas, as tendências comportamentais, afetivas, cognitivas e motivacionais nunca poderão ser completamente modificadas, apesar de estas passarem por transformações a partir das aprendizagens decorrentes das interações do indivíduo com o ambiente (WAINER et al., 2016). A partir da TE entende-se que o temperamento é um dos determinante das necessidades emocionais básicas dos indivíduos de acordo com os momentos críticos do desenvolvimento de cada um. Assim, a maneira como os cuidadores suprirão ou não tais necessidades também influenciará na modulação da personalidade do sujeito, tendo em vista que as experiências infantis continuadas podem ser apontadas como mais um dos determinantes desta questão (WAINER et al., 2016). METODOLOGIA A metodologia adotada foi de base qualitativa, pois este tipo de pesquisa busca o entendimento de fenômenos complexos específicos, em profundidade, de natureza social e cultural, mediante descrições, interpretações e comparações sem considerar os seus aspectos numéricos em termos de regras matemáticas e estatísticas (SILVA, 2004). Os procedimentos adotados partem de uma revisão da literatura assistemática referente aos estilos e às práticas educativas parentais como determinantes de esquemas desadaptativos, com busca por meio de palavras-chave estilos parentais, práticas educativas parentais e terapia dos esquemas, com seleção por conveniência dos livros e artigos. RESULTADOS E DISCUSSÃO As publicações referentes à TE apontam que o desenvolvimento da estabilidade emocional durante a infância depende de uma base segura, que deve ser fornecida pelos pais e/ou cuidadores através de apego, carinho, segurança, conforto emocional e capacidade de acalmar ansiedades e impulsividades da criança, de modo que compreende-se que diversos
3 fatores ambientais e afetivos que envolvem as práticas parentais serão determinantes para a formação das habilidades de conexão e autocuidado frente a situações de estresse durante ao longo da vida. (WAINER et al., 2016) De acordo com Ramires e Schneider (2010) o desenvolvimento dos bebês está diretamente ligado aos laços estabelecidos com seu cuidador, de modo que seu desejo de proximidade é chamado de apego, que exprime necessidades de segurança e proteção do recémnascido, os pilares de sua saúde mental. A forma como os pais desenvolvem este vínculo inicial é diretamente ligada aos padrões de apego que a criança irá desenvolver. Assim, entende-se, pela TE, que existem domínios esquemáticos, que vão desde o início da vida até a adolescência, seguindo uma ordem cronológica, indicando tarefas evolutivas específicas que dependem da influência dos cuidadores (Estilos parentais) para seu desenvolvimento saudável ou não. São as tarefas evolutivas: aceitação e pertencimento; senso de autonomia e competência adequado; limites realistas; respeito aos seus desejos e aspirações; e expressão emocional legítima. Cada tarefa está ligada a EID s, caso não sejam cumpridas de forma suficientemente boa (WAINER et al., 2016). Cada necessidade básica, indicada pelas tarefas evolutivas, possui estratégias de enfrentamento de problemas adaptativas; e, se não houver supressão de tais necessidades, tais estratégias são sentidas e manifestadas na formatação de sintomas. Igualmente, caso não sejam supridas as necessidades de afeto, cuidado, responsividade, tranquilidade e empatia do indivíduo durante a infância pela família, a mesma contribui para os padrões futuros de personalidade dos filhos, pois fornecem modelos de como lidar comportamentalmente e afetivamente com situações estressantes, conforme demonstra a tabela abaixo: QUADRO 1: TIPOS DE FAMÍLIAS GERADORAS DE PROBLEMAS PARA CADA DOMÍNIO ESQUEMÁTICO Fonte: WAINER, Ricardo et al. (2016, p. 25.)
4 Assim, de acordo com Wainer et al. (2016) o primeiro domínio esquemático desadaptativo da tabela, correspondente a desconexão e rejeição, pode desencadear EID s de abandono, abuso e desconfiança, privação emocional, defeito e vergonha, além de isolamento social e alienação. No segundo domínio, autonomia e desempenho prejudicados, podem ser identificados esquemas de fracasso, vulnerabilidade, dependência e incompetência e emaranhamento. O domínio correspondente aos limites prejudicados está ligado a EID s de autocontrole e autodisciplina insuficiente e grandiosidade. Subjugação e autossacrifício são EID s relacionadas ao domínio de orientação para o outro. E, por fim, EID s de inibição emocional, padrões inflexíveis e hipercriticidade correspondem ao domínio de supervigilância e inibição. CONCLUSÕES Este trabalho teve a finalidade de realizar uma reflexão crítica acerca da influência das Práticas Educativas Parentais no desenvolvimento humano, de modo a contribuir para o melhor entendimento da formação dos Esquemas Iniciais Desadaptativos. Assim, compreende-se que o papel exercido pelos cuidadores durante longo de sua infância e da adolescência, quando formam-se os domínios esquemáticos, reverberará na personalidade, as atitudes e comportamentos específicos do indivíduo ao longo de toda a sua vida. Portanto, quando são cumpridas as tarefas evolutivas, considerando-se que a família não consegue suprir as necessidades de afeto, cuidado, responsividade, tranquilidade e empatia do indivíduo durante a infância, base dos modelos comportamentais e afetivos, estes fatores passam a ser determinantes para formação de Esquemas Iniciais Desadaptativos que serão indicadores das estratégias de enfrentamento utilizadas ao longo da vida.
5 REFERÊNCIAS BAUMRIND, D. Effects of authoritative parental control on child behavior, Child Development, DARLING, N.; STEINBERG, L. Parenting style as context: An integrative model. Psychological Bulletin, 113, , KEITH, P. B.; CHRISTENSEN, S. L. Parenting styles. In: BEAR, G. G.; MINKE, K. M.; THOMAS, A. (Orgs.), Children s needs II: Development, problems and alternatives Bethesda, MD: National Association of School Psychologists, pp , RAMIRES, V. R. R.; SCHNEIDER, M. S. Revisitando alguns conceitos da teoria do apego: comportamento versus representação? Psicologia: Teoria e Pesquisa, Porto Alegre, v. 26, n. 1, p.25-33, SILVA, C. R. O. Metodologia e organização do projeto de pesquisa: guia prático. Fortaleza: Editora da UFC, VALENTINI, F.; ALCHIERI, J. C. Modelo clínico de estilos parentais de Jeffrey Young: revisão de literatura, Contextos Clínicos, v. 2, n. 2, WAINER, Ricardo et al (Org.). Terapia cognitiva focada em esquemas: Integração em psicoterapia. Porto Alegre: Artmed, p. YOUNG, Jeffrey. Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: Uma abordagem focada em esquemas. 3 a ed., Porto Alegre: Artmed, p. YOUNG, Jefrrey E.; KLOSKO, Janet S.; WEISHAAR, Marjorie E.. Schema therapy: A practitioner s guide. New York: Guilford Press, p.
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