Agrupamento de Escolas de Rio de Mouro Padre Alberto Neto CÓDIGO 170318. Sub-departamento de Educação Especial



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Sub-departamento de Educação Especial A deficiência mental interfere directamente no funcionamento intelectual do ser humano, sendo este abaixo da média. O aluno apresenta comprometidos, além das funções intelectuais, o seu desenvolvimento e o seu comportamento adaptativo (ajustamento social, comunicação, autonomia). Pode ser encontrada em vários graus, desde os mais leves, passando pelos moderados, até aos mais graves. Manifesta-se antes dos 18 anos, excluindo a possibilidade de advir de problemáticas cognitivas degenerativas. Um mito em torno da deficiência mental é acreditar que a criança que tem este problema, tem a aparência física diferente das outras. As crianças que apresentam um grau mais leve não aparentam ter uma deficiência, não se devendo esperar encontrar este sinal clínico para caracterizar um aluno com necessidades educativas especiais. Constituem-se excepções alguns casos graves e severos, assim como o Síndrome de Down. É importante também diferenciar, não confundindo, Deficiência Mental de Doença Mental. A criança com deficiência mental mantém a percepção de si mesma e da realidade. A criança com doença mental tem o seu discernimento comprometido, o que influencia directamente o seu comportamento (concentração, humor) e não a inteligência. Contudo, uma percentagem significativa de pessoas com deficiência mental manifesta sinais de doença mental associados a perturbações tais como depressão e esquizofrenia. Existem características específicas, comuns a grande parte das pessoas com deficiência mental: físicas Falta de equilíbrio Dificuldades de locomoção Dificuldades de coordenação Dificuldades de manipulação sociais Atraso evolutivo em situações de jogo e lazer pessoais Ansiedade Falta de auto-controlo Tendência para evitar situações de fracasso Possibilidade de existência de perturbações da personalidade

Segundo a American Association of Mental Retardation (1992) a deficiência mental define-se como funcionamento intelectual geral significativamente inferior à média, associado a dois ou mais aspectos do comportamento adaptativo, tais como comunicação, cuidado pessoal, competência doméstica, habilidades sociais, utilização de recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. O resultado do teste do Q.I. (quociente de inteligência) assume assim um papel importante mas não suficiente. Reside na capacidade de desempenhar determinadas tarefas, sendo que a determinados estádios de desenvolvimento correspondem determinadas idades cronológicas nas quais são esperados determinados desempenhos. É importante ter em conta que o teste do Q.I. não mede grande parte das capacidades humanas tais como o talento musical, artístico, estabilidade emocional, coordenação física ou nível espiritual. É utilizado fundamentalmente para obter dados sobre o conhecimento académico e prático. CLASSIFICAÇÃO Existem diferentes formas para determinar o grau da deficiência mental tais como medir o Q.I. e avaliar o nível de comportamento adaptativo. Assim, o resultado do teste do Q.I. pode-se traduzir em cinco graus de deficiência mental: Limite ou borderline Q.I. 68-85; IM=13; Estádio de desenvolvimento: Operações concretas. Não reúne consenso sobre se deverá ou não fazer parte da classificação. São crianças com muitas possibilidades, revelando ligeiros atrasos nas aprendizagens ou algumas dificuldades específicas. Podem ser aqui incluídas crianças de ambientes sócio-culturais desfavorecidos, com carências afectivas, de famílias mono-parentais entre outras, que apresentam desfasamentos ligeiros ao nível psicológico. Ligeiro Q.I. 52-67; IM=8-12; Estádio de desenvolvimento: Operações concretas. Inclui crianças que não são claramente pessoas com deficiência mental. São antes crianças com problemas de origem cultural, familiar ou ambiental. Podem desenvolver aprendizagens sociais ou de comunicação e têm capacidade de adaptação e integração no mundo laboral. Apresentam um atraso mínimo nas áreas perceptivo-motoras.

Moderado ou médio Q.I. 36-51; IM=3-71; Estádio de desenvolvimento: Pré-operatório Dificilmente chegam a dominar técnicas de leitura, escrita e cálculo. Podem adquirir hábitos de autonomia pessoal e social, apesar de terem dificuldades acrescidas. Apresentam um desenvolvimento motor razoável. Podem aprender a comunicar pela linguagem verbal, embora apresentem dificuldades na expressão oral e na compreensão dos convencionalismos sociais. Severo ou Grave Q.I. 20-35; IM=3-7; Estádio de desenvolvimento: Sensório-motor Nível de autonomia pessoal e social muito pobre, necessitando de alguma ajuda e protecção. Por vezes têm problemas psicomotores significativos. Podem aprender algum sistema de comunicação mas a sua linguagem verbal é muito débil. Podem ser treinados em algumas actividades de vida diária básicas. Profundo Q.I. Inferior a 20; IM= 0 a 3; Estádio de desenvolvimento: Sensório-motor O desempenho das funções básicas encontra-se seriamente comprometido. Tem handicaps físicos e intelectuais gravíssimos. Apresentam grandes problemas sensório-motores e de comunicação com o meio. São dependentes em grande parte das suas actividades. INTERVENÇÃO Para uma melhor compreensão da criança com deficiência mental deverá ser realizada uma avaliação multidimensional, que incida em todas os aspectos que formam a sua individualidade: - funcionamento intelectual - aspectos psico-emocionais - condições físicas, de saúde e etiológicas - condições ambientais. O currículo escolhido para uma criança com deficiência mental terá de respeitar o seu nível de aptidão, adequando-se ao seu perfil intra-individual. Surgem desta forma os currículos alternativos e funcionais que se destinam a desenvolver competências que permitam à criança funcionar de forma autónoma e eficaz nos diferentes contextos.

Deverão ser maximizadas as capacidades da criança com deficiência mental, intervindo sobre as suas áreas mais fracas, através das áreas mais fortes, rentabilizando as potencialidades de aprendizagem que possui. De acordo com a etapa do desenvolvimento em que a criança se encontra, e com as suas necessidades, deverão ser trabalhados determinados domínios (socialização, independência, consciência e domínio corporal, capacidade perceptiva e de representação mental, linguagem, afectividade), de forma a desenvolver competências-base que, sendo adquiridas, permitirão a estruturação de alicerces de funcionalidade e autonomia. O ensino deverá ser activo (o mais afastado possível da teoria), estruturado (subdividido em pequenas etapas), de transferência (repetitivo e interactivo, objecto/realidade), uma associação de experiências e respectivos sinais verbais (relação acção/palavra), positivo (criação de experiências de aprendizagem positivas originando motivação). As situações de aprendizagem deverão ser construídas tendo em vista o sucesso, perante tarefas ajustadas ao nível de desenvolvimento do aluno, visto que o fracasso ou tarefas demasiado fáceis gerarão frustração, desinteresse e desvalorização. Sintetizando a informação: LIGEIRA Comunicação Capacidade de falar e ouvir deficiente. Consegue manter uma conversa embora possa manifestar certas dificuldades. Vocabulário expressivo restrito Problemas Motores Não apresenta problemas de maior. Aceitável interacção com os outros. Ajustamento Social Autonomia Orientação Profissional Currículo Escolar Aptidões sociais por vezes em deficit. São autónomos. Potencialidades para o emprego competitivo. Mercado normal de trabalho. Podem atingir os níveis de escolaridade do 4º/5º/6º ano.

MODERADA Comunicação Problemas Motores Ajustamento Social Autonomia Orientação Profissional Currículo Escolar Mantém uma conversa simples apesar de existirem problemas de linguagem. Alguns problemas motores e de saúde. Tem capacidade de interacção com os outros, ao seu modo. Podem adquirir capacidade de independência pessoal. Necessita por vezes de ambientes protegidos. Pode conseguir emprego num ambiente competitivo, embora trabalhe a maior parte das vezes em ambiente protegido. Pode adquirir aptidões de sobrevivência e funcionais a nível do 2º/3º ano de escolaridade. Bibliografia CORREIA, L. M. (1997). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares. Porto: Porto Editora. SANTOS, S.; MORATO, P. (2002). Comportamento Adaptativo. Porto: Porto Editora