PROJETO DE LEI Nº 70/2011. A CÂMARA MUNICIPAL DE IPATINGA aprova:



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Transcrição:

PROJETO DE LEI Nº 70/2011. Institui a Política Municipal de Mobilidade Urbana. A CÂMARA MUNICIPAL DE IPATINGA aprova: Mobilidade Urbana. Art. 1º Fica instituída, no Município de Ipatinga, a Política Municipal de Parágrafo único. Para os fins desta Lei, entende-se por mobilidade urbana o conjunto de deslocamento de pessoas e bens, com base nos desejos e nas necessidades de acesso ao espaço urbano, mediante a utilização dos vários meios de transporte. Art. 2 O objetivo da Política Municipal de Mobilidade Urbana é proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os meios de transporte coletivos e não-motorizados, de forma inclusiva e sustentável. princípios: Art. 3 A Política Municipal de Mobilidade Urbana atenderá aos seguintes I - reconhecimento do espaço público como bem comum; II - universalidade do direito de se deslocar e de usufruir a cidade; III - sustentabilidade ambiental nos deslocamentos urbanos; IV - acessibilidade ao portador de deficiência; V - segurança nos deslocamentos. diretrizes: não-motorizados; Art. 4 A Política Municipal de Mobilidade Urbana observará as seguintes I - priorizar o deslocamento realizado a pé e por outros meios de transporte II - desenvolver o sistema de transporte coletivo do ponto de vista quantitativo e qualitativo; automóvel; III - criar medidas de desestímulo à utilização do transporte individual por IV - estimular o uso de combustíveis renováveis e menos poluentes; V - integrar os diversos meios de transporte; VI - assegurar que todos os deslocamentos sejam realizados de forma segura;

VII - promover ações educativas capazes de sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância de se atender aos princípios da Política Municipal de Mobilidade Urbana; VIII - fomentar pesquisas a respeito da sustentabilidade ambiental e da acessibilidade no trânsito e no transporte; IX - buscar alternativas de financiamento para as ações necessárias à implementação desta Lei. Poder Público: Art. 5 Para o alcance do objetivo proposto no art. 2 desta Lei, compete ao I - realizar diagnóstico que permita identificar aspectos referentes ao transporte e ao trânsito a serem trabalhados e locais a serem qualificados nos termos propostos por esta Lei, de modo a possibilitar a elaboração de um Plano Diretor de Mobilidade Urbana; II - intensificar a fiscalização referente às normas de construção e conservação de passeios; III - intensificar a fiscalização referente à instalação de mobiliário urbano e ao exercício de atividades nos logradouros públicos; IV - implantar faixas de pedestre nas vias coletoras, arteriais e de ligação regional, bem como em frente a escolas e hospitais; V - desenvolver campanhas de conscientização que incentivem o deslocamento realizado a pé; VI - avaliar e aprimorar a sinalização de trânsito horizontal e vertical; VII - desenvolver programas voltados para a qualificação urbanística e paisagística dos espaços públicos. Art. 6 O Plano Diretor de Mobilidade Urbana deverá prever: I - áreas de acesso restrito ou controlado; II - espaços para instalação de estacionamentos dissuasórios; III - medidas que favoreçam a circulação de pedestres e ciclistas; IV - medidas que possibilitem minimizar os conflitos intermodais; V - delimitação de áreas prioritárias a serem tratadas por meio de: a) projetos paisagísticos; b) revitalização da infra-estrutura do sistema viário;

c) pavimentação de vias; d) construção ou manutenção de passeios; e) sinalização viária; f) implantação de ciclovias ou ciclofaixas; para pontos de parada. g) implantação de terminais, estações de embarque e desembarque e abrigos Parágrafo único. Entende-se por dissuassório o estacionamento público ou privado, integrado ao sistema de transporte urbano, com o objetivo de dissuadir o uso do transporte individual. Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Plenário Elísio Felipe Reyder, 13 de maio de 2011.

JUSTIFICATIVA O presente projeto de lei tem como objetivo implantar a Política de Mobilidade Urbana, expressando novos paradigmas de planejamento e gestão de sistemas e regulação de diversos serviços de transportes urbanos (coletivo e individual; público e privado), de meios (motorizados e não-motorizados) e da infra-estrutura associada. Em decorrência do rápido e inesperado crescimento Ipatinga vive hoje graves problemas que demandam políticas públicas articuladas para evitar o agravamento de tensões sociais e diminuir os riscos de prejuízos à sustentabilidade ambiental e de entraves ao crescimento econômico. O transporte coletivo não atende adequadamente à população, seja em razão das altas tarifas, incompatíveis com o rendimento dos cidadãos, ou pela inadequação da oferta dos serviços, principalmente nas periferias das cidades. Paralelamente a isso, os congestionamentos, a poluição ambiental e os acidentes de trânsito acarretam significativos custos para toda a sociedade. Paradoxalmente, a priorização do transporte coletivo nas vias (por meio de faixas, corredores ou pistas exclusivas) para a redução de custos e o aumento da velocidade operacional dos veículos, geralmente, não é adotada. Além dos problemas da desigualdade do acesso ao transporte coletivo urbano, e das oportunidades de usufruir dos serviços municipais, existe também a questão da exiguidade do espaço destinado à circulação de pessoas e bens. Os custos ambientais e socioeconômicos de tal padrão de crescimento urbano são inaceitáveis para uma cidade que se pretende justa e sustentável. As condições de deslocamento das pessoas e bens na cidade estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento urbano e bem-estar social. A política de mobilidade urbana - matéria do ato normativo sugerido - tem, portanto, objeto amplo, e visa desenvolver a cidade, como um todo, a partir dos seguintes princípios: acessibilidade universal; desenvolvimento sustentável; equidade no acesso ao transporte público coletivo; transparência e participação social no planejamento, controle e avaliação da política; segurança nos deslocamentos; justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes meios e serviços; equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros. O Projeto de Lei sugerido tem como objetivo geral estabelecer princípios, diretrizes e instrumentos para que o município possa executar uma política de mobilidade urbana que promova o acesso universal à cidade e às suas oportunidades, contribuindo para o desenvolvimento urbano sustentável. A política de mobilidade urbana é um dos instrumentos da política de desenvolvimento urbano, em perfeita harmonia com o que dispõe os artigos 21, inciso XX e 182 da Constituição Federal, in verbis: Art. 21, XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; Art.182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

O objetivo da proposição é configurar um novo paradigma - o da mobilidade urbana para a cidade sustentável - não contemplado no quadro legal e institucional atual, apontando instrumentos possíveis para a resolução dos problemas existentes. Nunca é demais lembrar que compete ao estado democrático de direito atender, direta ou indiretamente, as necessidades sociais por meio da definição e execução de políticas públicas, em consonância com as normas objetivas consignadas na Lei Maior. Essas são, nobres colegas, as bases da formulação e os motivos da apresentação do presente Projeto de Lei, para o qual conto com o apoio e aprovação desta Casa Legislativa.