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Capítulo Quatro O Guia Definitivo para enfrentar suas Dívidas Em algum nível, mesmo que rudimentar, todos sabemos que o endividamento é perigoso. Mas no dia a dia muitos de nós o vemos como necessário. Adquirimos imóveis dessa forma, compramos carros a prazo, financiamos as férias; e até mesmo brinquedos eletrônicos Fazer dívidas pode até ser útil, mas não é necessário. Na maior parte das vezes, é um luxo. Tive minha primeira experiência séria com endividamento muitos anos atrás. Minha esposa e eu alugamos um apartamento em Washington, capital dos EUA. A proprietária chegou pra gente com uma grande oportunidade: poderíamos comprar o apê por $60.000 sem dar nada de entrada. Bastaria pagar mensalmente apenas $100 além do valor do aluguel para nos tornarmos donos do imóvel. Parecia um ótimo acordo, então aceitamos. Eu era tolo demais na época para me perguntar: Qual o custo real desta dívida? Fizemos uma modalidade de empréstimo chamada Negative Amortization Mortage (Financiamento de Amortização Negativa) com opção de pagar apenas os juros da dívida durante os três primeiros anos a uma taxa de 11% ao ano. Só depois amortizaríamos o principal. Isso implicava $19.800 de juros mais $3.000 de despesas administrativas durante o período. Um empréstimo normal é inteiramente pago ao longo do contrato. Por exemplo, se você faz um financiamento de 30 anos, ao final do período terá quitado tanto o principal quanto os juros, não devendo mais nada. Já na modalidade Negative Amortization Mortage há um cronograma em que os pagamentos às vezes não cobrem nem mesmo os juros da dívida. Essa parcela não paga de juros é acrescida ao valor principal. Dessa forma, cria-se uma situação em que o montante devido aumenta ao invés de diminuir. Esse tipo de empréstimo é pouco comum hoje em dia, mas esteve na moda principalmente durante a bolha imobiliária americana, antes do estouro em 2007.

Por fim conseguimos sair do apê e comprar nossa primeira casa, mas não antes de descobrir que, mesmo abatendo o valor que seria pago de aluguel, aquele acordo havia custado mais de $30.000 aos nossos bolsos, e continuávamos de mãos vazias. Aprendi no episódio que, quando os bancos facilitam a tomada de empréstimo, não é porque você é um cara legal e merece. Dinheiro fácil para quem quase não tem crédito (como era o nosso caso na época) vem sempre acompanhado de uma armadilha. Isso tudo também me ensinou a sempre fazer as duas perguntas críticas sobre empréstimos: 1) Quanto isso vai custar? 2) Posso pagar? Foi uma lição cara. Mas ficou barata 30 anos depois, em 2005, época em que o mercado imobiliário fervia e transbordava para fora da panela. Vendi minhas propriedades especulativas e saí fora do mercado. Isso me preservou milhões, enquanto alguns amigos que ignoraram minhas advertências dançaram feio. Deixe-me dizer novamente: endividamento é desnecessário e perigoso. Desnecessário porque há sempre maneiras mais baratas de se conseguir o que deseja. Perigoso porque às vezes pode comprometer seu patrimônio inteiro. Vou dar dois exemplos. Digamos que, como a maioria, você tem o hábito de comprar com cartão de crédito. Depois de um tempo, percebe que acumulou R$10.000 em dívidas. Aí você decide cancelar o cartão e se livrar da dívida, mas só pode pagar R$1.100 por mês. Quanto tempo vai demorar para quitá-la? Quanto a dívida irá lhe custar? A resposta é desagradável. Você vai levar mais de 2 anos e gastará R$27.682. Desse total, R$17.682 serão correspondentes aos juros. Se só puder pagar R$1.000 por mês, deverá tomar outro empréstimo (mais barato) para não correr o risco de passar a vida inteira pagando o cartão sem abater a dívida. Outro exemplo. Vamos supor que você resolva comprar uma casa de R$300.000. Dá R$50.000 de entrada e financia R$250.000 a uma taxa de juros de 10% ao ano (bem mais baixa do que a do

cartão de crédito, que era 10% ao mês). As parcelas mensais serão de R$2.350, que é o valor que cabe em seu orçamento. Quanto essa casa vai lhe custar de verdade? Exatos R$608.124, sendo mais da metade (R$308.124) correspondente aos juros. E ainda levará 20 anos para quitá-la. Os bancos e as lojas de varejo adoram vê-lo contraindo dívidas. Até o governo gosta disso. Todos desejam que o consumidor utilize bastante crédito, é bom pra eles. Quando você financia um apartamento, compra um carro a prazo ou usa o cartão de crédito para bancar seu estilo de vida, o mercado lucra. As empresas fazem dinheiro com produtos de que você talvez nem precise. E os bancos fazem dinheiro com o seu endividamento. A grande mídia raramente fala sobre os perigos de se fazer dívida. Afinal, o lucro dela vem exatamente das instituições financeiras e das empresas anunciantes. O governo, na verdade, vive nos encorajando a assumir dívidas. Foi essa estratégia que a presidente Dilma utilizou para tentar segurar na marra o crescimento da economia brasileira, incentivando o crédito e o consumo. Pois bem, aqui vai o que você precisa saber sobre endividamento, em conselhos vindos de alguém que não ganha quando você levanta empréstimos Há casos em que a dívida faz sentido. Comprar a casa própria é um exemplo desde que a taxa não seja alta demais. É preciso no entanto tomar cuidado com o mercado de imóveis no Brasil, já que existe clara possibilidade de haver bairros sobrevalorizados. Também faz sentido tomar empréstimo para financiar o lançamento de um negócio próprio. Mas cabe ter mais cuidado ainda, junto à certeza de que o retorno do empreendimento será consideravelmente mais elevado que o custo da dívida. Num cenário de taxa de juros salgadas, como no Brasil atual, a dificuldade aumenta ainda mais. Para a maioria dos casos, fazer dívidas é desnecessário. E perigoso. Como regra geral, devemos viver sem elas.

Não financie seu automóvel, compre-o à vista. E compre aquele que você pode pagar, não o que você acha que vai lhe fazer feliz. Ativos depreciáveis não irão torná-lo mais feliz se você tiver que pagar pelo serviço da dívida. Eu só comprei meu primeiro carro de luxo depois que fiquei multimilionário. Um ativo depreciável é aquele que começa a perder valor no exato minuto em que você toma posse dele ou começa a utilizá-lo. Por exemplo: automóveis e eletrodomésticos. Não compre roupas, comida ou qualquer outra coisa com o cartão de crédito. Use o de débito. Se não tiver dinheiro suficiente na conta bancária para passar o débito, simplesmente não compre. Afinal, se falta dinheiro na conta é porque não é para comprar mesmo. Se não puder pagar o financiamento da casa, venda-a (se for possível) e compre outra mais barata. Vendendo ou não, pague o quanto antes o principal (a quantia que você deve, não os juros que deverá). Trace a meta de adquirir sua casa própria quitando todas as dívidas o mais rápido possível. Chamamos de principal a quantia emprestada do banco, sem contar os juros cobrados. Quando eu comecei a ganhar melhor, a primeira coisa que fiz foi quitar o financiamento da casa. Adorávamos a ideia de ter um lar só nosso, sem dívidas, por isso coloquei cada centavo disponível para pagar esse empréstimo. Jamais esquecerei o quanto me senti bem no dia em que efetuei o pagamento final. Se tiver uma dívida cara como a do cartão de crédito, pague-a primeiro. Taxa de juros com dois ou três dígitos é como um buraco enorme embaixo do cofrinho. É preciso fechar o buraco antes de guardar mais moedas. Agora, se fizer uma dívida mais barata, você será capaz de quitá-la ao mesmo tempo em que guarda dinheiro para poupar e investir.

Vale ressaltar que atualmente no Brasil as dívidas costumam ser caras, de forma que dificilmente seus investimentos renderão com segurança mais do que os juros devidos. É uma questão matemática. Basta comparar o custo anual do empréstimo com o retorno anual de seus investimentos. Você sabe bem o que é inflação, medida no Brasil oficialmente pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Trata-se da taxa em que o nível geral de preços dos bens e serviços sobe a cada ano. Por exemplo, se a inflação é de 6%, o pãozinho que custava R$ 1,00 no ano passado custará R$1,06 neste ano. E, se o preço sobe, você compra menos com a mesma quantia. Se você tem R$5.000 em dívidas no cartão com taxa de juros acima de 200% ao ano e R$10.000 em empréstimo consignado à taxa de 20%, deve pagar primeiro a dívida do cartão de crédito, é claro, já que a taxa de 200% é absurdamente maior. Depois de pagar os R$5.000 (e triturado seu cartão de crédito, espero), sua posição fica bem diferente. O custo do empréstimo é mais parecido com o retorno esperado dos investimentos. De toda forma, o desafio não é matemático, é psicológico. Você deve desenvolver o que eu chamo de mentalidade de rico. Alguém com mentalidade de rico dá valor ao patrimônio e cultiva bons hábitos financeiros. Aprecia poupar e investir. Sente-se desconfortável com dívidas. Por outro lado, alguém com mentalidade pobre enxerga a dívida como algo natural e até desejável. Se você está com problemas financeiros, saiba o seguinte: dá pra sair dessa, como eu saí. E, quando estiver livre das dívidas, poderá usar o crédito de forma estratégica. PS. Como você lida com financiamentos e cartão de crédito? De forma descontrolada ou estratégica? Escreva para renato.torelli@cartasdaiguatemi.com.br e conte sua experiência.